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Habituei-me a lê-lo na minha meninice em casa dos meus avós maternos já que as suas crónicas faziam parte da gigantesca biblioteca do meu avô. Nesta, algumas obras mereciam a minha atenção permanente: a suculenta Diana - Caça e Pesca que eu, literalmente, "devorava" e as igualmente apetecíveis crónicas de Laidley. Falo de Fernando Laidley, um dos portugueses que soube compreender que Portugal não era apenas este rectângulo à beira mar plantado e que teve uma visão portuguesa do mundo, nomeadamente de África. Aos 93 anos de idade, e depois de uma vida "bem vivida" e com muito para contar, morreu um grande português. Ficou conhecido por ter sido o primeiro luso a dar a volta a África de automóvel ao ter realizado o feito inédito de, aos 36 anos, conseguir fazer uma expedição que nunca ninguém tinha realizado: percorrer o continente africano de automóvel. Laidley fez a diferença.
Acompanhado pelos seus companheiros José Guerra e Carlos Alberto, respectivamente o mecânico e o fotógrafo da expedição portuguesa, os três seguiram a partir do Marquês de Pombal, no já longínquo 25 de Abril de 1955, num Volkswagen modelo «carocha», já em segunda mão, rumo à aventura africana.
Português nascido em África, concretamente em Luanda, Angola, a 30 de Março de 1918, Laidley veio ainda a protagonizar várias outras viagens únicas e ímpares pelo continente africano e asiático, como a ligação a Goa, a Damão e a Diu. A par disto, foi também repórter de guerra no Norte de Angola, nomeadamente para as revistas «Século Ilustrado» e «La Semana», de Espanha, tendo publicado inúmeras obras entre as quais, em 1964, o livro «Guerra e Paz».
Fez 26(!) travessias do deserto do Sahara e 12 viagens de ida e volta de Lisboa a Luanda. Com a sua derradeira viagem, Portugal ficou mais pobre.
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