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Há alguns dias, um prestigiado economista, Simon Johnson, afirmou que Portugal "pode ser o próximo problema global". Esta afirmação mereceu de Teixeira dos Santos a acusação de que o referido ex-economista chefe do FMI apenas disse "disparates" que revelam "ignorância".
Uma tal reacção vinda de um ministro das Finanças que, já em plena crise, se enganou oito, escrevo bem, oito (!) vezes no cálculo do défice de 2009, não está mal...
É verdade: em Outubro de 2008, a previsão do Governo era de 2,2% do PIB; no início de Janeiro de 2009 passou para 3%; ainda em Janeiro desse ano, aquando do Orçamento rectificativo, subiu para 3,9%; em Maio seguinte alcançou os 5,9%; em Novembro arredondou nos 8%; no início de Janeiro de 2010 foi corrigido para 8,7%; ainda nesse mês chegou aos 9,3%; e, em Março passado foi finalmente corrigido para 9,4% do PIB.
Ou seja, em 18 meses a previsão do défice de 2009 subiu de 2,2% do PIB para 9,4% do PIB, mais do que quadruplicando. É obra!
Não surpreende assim que a resposta de Simon Johnson à jactância de Teixeira dos Santos tenha sido a seguinte: “temo que o Governo português esteja em estado de negação”.
A agravar a situação, também o Nobel da Economia (2001), Joseph Stiglitz, veio agora dizer que "Si Grecia es Bear Stearns - el banco de inversión que fue rescatado -, la duda es quién puede ser Lehman Brothers, que quebró meses más tarde. ¿Tal vez España? ¿Quizá Portugal?"
Perante estes tão claros avisos, continuará o Governo a negar a necessidade de revisão do PEC ou saberá antes orientar-se para os cortes da imensa despesa inútil do Estado e do sector público, bem como para uma política assente num princípio de efectiva responsabilização social dos indivíduos, que não se reduza a um mero e injusto aumento da carga fiscal da classe média?
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