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Da intolerância e má fé

por João Távora, em 15.04.10


Nestes duros dias de despudorado achincalhamento aos católicos,a Igreja absolve os Beatles tem sido uma abusiva manchete glozada e abusada pela comunicação social e pelos jacobinos do costume. Este inusitado tema surge a propósito dum artigo publicado no L'Osservatore Romano em que o editor chefe da publicação, Giovanni Maria Vian, se afirma encantado com a música da mítica banda dos anos sessenta. Naquilo que considero uma clara demonstração de bom gosto, há uns meses atrás o mesmo jornal elegera "Revolver" como um dos dez melhores álbuns da história da música Pop e agora anuncia que as atitudes e declarações libertinas dos Quatro de Liverpool ocorridas nos loucos anos sessenta, são hoje águas passadas, e que o que permanece é um precioso legado artístico.
Para além da expressão dalguns legítimos protestos, afirmados à época por alguma hierarquia a propósito das provocações dos rapazes (principalmente John Lennon), a Igreja nunca teve nem poderia ter uma posição oficial sobre o assunto. Custa-me entender a má fé com que os media tratam este tema e quase tudo o que a Igreja Católica afirme: diga o que disser, uma coisa ou o seu contrário, essas afirmações, retiradas do seu contexto, são rapidamente julgadas queimadas na voraz fogueira do pensamento único.

A verdade é que naquele tempo até o meu saudoso pai, uma pessoa culta e criterioso melómano, contemporizava apreensivo, a forma apaixonada e insistente como o meu irmão e eu aderíamos à onda da beatlemania. Também ele acabou passados alguns anos por se render à fascinante criatividade musical dos quatro de Liverpool. O caso, é que a adolescentocracia instaurada não descansa enquanto não matar o pai. Essa é a razão porque o desafio à santidade proposto por Cristo, colocada ao lado do sacrossanto relativismo moral que desobriga o indivíduo da sua perene responsabilidade na História tende a ser mal interpretada. De resto, suspeito que a fogueira com que o mundo, intolerante, hoje queima a Igreja e as religiões em geral, há-de queimar muito mais à sua volta. Quem sabe a própria civilização.


25 comentários

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De Maria da Fonte a 16.04.2010 às 05:38

Esse questão tem muito que se lhe diga.
Porque quem pode afirmar com certezas hoje, que matou e quem morreu.

A História é milhares de anos mais antiga do que pensa, mas podemos começar por Tomás de Torquemada.

Torquemada, O Inquisidor-Mór, dependia do Rei. Era completamente Independente do Vaticano.

Estranho?
Ou talvez não!

Quem foi, na realidade Tomás de Torquemada?

E quem eram realmente os que morreram na fogueira?

É que nem sempre o que parece, é!

Maria da Fonte

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