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A obediência consentida

por Rui Crull Tabosa, em 18.03.10

Temos assistido, na nossa sociedade, a um permanente ataque a todos os atributos, instrumentos e manifestações da Autoridade.
Apoucam-se os símbolos nacionais, degrada-se a função política, defende-se a irrelevância das Forças Armadas, desprestigia-se a Justiça, desrespeita-se sistematicamente a polícia, ignora-se a relevância da missão formadora e socializadora da família, destroi-se a tarefa educadora dos professores.
Em alguns casos têm sido os próprios agentes dessas funções públicas a contribuir para a presente situação negativa.
O resultado de tudo isto é a degradação funcional dos instrumentos da Autoridade, a qual é já bem visível nas instituições políticas do Estado, nos tribunais, nos estabelecimentos de ensino e na própria acção policial.
Há dias seguia de carro, sem cinto de segurança e a falar ao telemóvel. Deparei-me com uma operação Stop. De imediato abrandei, liguei o pisca da direita em sinal de paragem e encostei o carro junto aos polícias, não esperando destes a previsível ordem de paragem. Mostrei os documentos, assumi o meu erro e o polícia lembrou-me o risco que a minha condução estava a representar para mim próprio e para terceiros, reconhecendo embora a meu favor a atitude colaborante que tive ao parar voluntariamente, não me armando em distraído ou chico-esperto. Não houve caça à multa, apenas pedagogia cívica. Aprendi.
Vem isto a propósito do trágico falecimento recente de um automobilista que foi mandado parar também numa operação Stop, mas que não obedeceu à ordem policial, optando por fugir e só sendo imobilizado alguns quilómetros depois.
Claro que a sua morte é lamentável e estou certo que o polícia que desferiu os tiros (creio que primeiro dois para o ar e só depois um para o veículo em fuga) estará profundamente consternado com o desfecho do caso.
Mas a verdade é que não compreendo, não posso compreender como é que um condutor, à ordem policial de paragem, não obedece e se põe em fuga.
Que razões ponderosas o levaram a fugir à polícia, perguntar-se-á sempre qualquer agente minimamente zeloso? Será um assassino? Um terrorista? Um ladrão? Um raptor? Um violador? Ou um qualquer outro criminoso não subsumível nas referidas categorias?
Não esqueçamos que, ainda ontem, um agente da polícia foi morto por um terrorista da ETA que levantara suspeitas por conduzir em excesso de velocidade…
Os cidadãos têm pois de perceber que, quando fogem à polícia numa operação Stop, se colocam à margem da lei, sendo lícitas todas as suspeitas sobre o seu comportamento.
Obedecer às ordens policias não significa apenas respeito pela Autoridade. É também um pressuposto do salutar convívio numa sociedade livre e democrática, como é o nosso caso.
Daí que o que aconteceu, sendo obviamente de lamentar, deve, no entanto, servir de aviso para todos aqueles que, não sendo lobos, tenham a tentação de lhe querer vestir a pele


134 comentários

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De lxxmaria a 18.03.2010 às 16:16

Ai Sr Carneiro,
Quando diz:
"Mas na infeliz ocorrência, a vítima não estava a praticar qualquer crime, apenas não parou. Não pode morrer com uma bala por isso."
Acho que queria dizer infeliz ocorrência para o policia porque a vitima praticou o crime de não parar a uma ordem que lhe foi dada. E porquê ? Sabe? Algum motivo deve ter tido e não deve ser nada bom.
Eu tenho três filhos e estava a sair do meu carro para ir para casa quando apareceram 8 negros que me cercaram, puxaram o casaco, a mala, os sacos das compras atiraram-me ao chão deram-me uns pontapés e foram-se embora.
Aí eu pensei ainda bem que se foram embora e não me fizeram pior, ainda bem que os meus filhos hoje não vinham comigo e porque raio não havia aqui policia para verem isto.
A seguir fui à esquadra participar o caso e depois? Nada a fazer!! Já tinham conhecimento que um grupo de negros estavam a fazer asneira atrás de asneira num espaço de 1 Km. Assaltaram, agrediram, partiram automoveis e não houve ninguem que fizesse nada contra, nem sequer sabiam quem eram. É claro que não concordo com o assassinar alguem, mas tambem não concordo que não possamos viver em paz. Talvez quando o ser precisar da policia lhe de algum valor.
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De carneiro a 18.03.2010 às 17:59

A Senhora foi assaltada por 8 negros, por isso o Polícia fez bem em matar pelas costas este "negro". Certo ? O seu argumento é este, não é ?

Se assim for, tem razão. O Polícia fez bem. Já só faltam sete.

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