De Ega a 25.02.2010 às 21:16
EXCERTO DE «MEMÓRIAS DE UM ÁTOMO»:
Era uma vez a República.
A república era uma senhora muito boazinha e sempre jovem. Nascida já no tempo da Grécia antiga, gostava muito de todos os seus filhos que eram todos menos os escravos, esses malandros que tinham de trabalhar enquanto os filhos dela «democratavam» no àgora.
A República gostava, por isso, de toda a gente mas uma vez um Rei, chamado Cristo, fez a maldade de dizer que não devia haver escravos.
Passaram-se uns meses e foi surgindo por toda a parte outra mauzona chamada Monarquia que, uns meses depois, quis acabar com a escravatura em muitos sítios, como Portugal e o Brasil.
Mas já antes a República descobrira outros mauzões em França (de onde vem os meninos para o Mundo inteiro, no bico da cegonha) e... zás! A República enfiou-os todos debaixo da guilhotina, só para lhes cortar o pescoço e tapar-lhes a boca, que é como quem diz, cortar-lhes aquelas partes todas do corpo, desde a língua até à traqueia que a gente já não sabe porque a Anatomia é uma ciência muito chata.
Um dia a república chegou a Portugal, matou o lobo mau e ficou a viver aqui na casa da Avózinha. E prometeu imensos doces para os netinhos todos. A distribuir por igual.
Vai daí, a República não queria que as senhoras votassem. Mas a República enfrentou tanto barulho das senhoras que - tão boazinha - as deixou escolher os partidos, até porque mesmo na terra dos maus elas já votavam.
E a República, sempre cheia de razão, batia nos que não gostavam dela.
E também batia nos que gostavam dela, mas queriam que se vestisse de outra maneira.
A República era muito boazinha mas tinha mau génio. Zangava-se quando alguém a contrariava e trazia uns amigos chamados pides para pregar partidas a esses malcriados.
Foi assim durante mais meses ainda.
Depois a República achou que os meninos já estavam fartos desse colégio. Então resolveu abrir uma escola nova, porque a república gosta muito de meninos bem comportados.
E passou a ensinar-lhes partidas giras e inventou um carnaval de todos os dias: os meninos podiam sempre fazer umas brincadeiras, jogar à batota, empenhar a mesada de muitos meses e depois não pagar o que prometiam pagar. Ou então, roubar aos outros para, sempre muito bem comportados, pagar o que deviam às pessoas.
Quando fores grande, vê lá se és como a República.
Mata e esfola todos os maus que são os que não gostam da República, os que têm mais do que tu e todos os que não te deixam ganhar o que quiseres, pisando quem tu quiseres.
Meu caro João.
Ainda às voltas com o livro ? Mas publica a coisa ou não ?
Não atire pedras aos telhados de vidro dos outros caro amigo, nem meta a República do Costa (não é o gato, é o outro...), do Salazar, do PREC, do Soares...
... Bom, realmente é verdade que esta porra meteu água por todos os lados, com a feliz excepção do Cavaco a PM; poderia ter também resultado noutras alturas não fosse terem morto o Sidónio e o Sá Carneiro (já agora gostaria de saber em que capítulos fala o livro desta historia) mas em suma, foi pobre esta República.
O problema é que para os lados da Monarquia a coisa também é confusa, uns dizem que D Manuel assinou um tratado que dá poder ao D Duarte, outros dizem que o Napolitano comprou o trono à D Maria, outros ainda dizem que a D Maria tem duas filhas que podem ocupar o cargo...
João da Ega, acabe lá a porra do livro para a gente fazer de si o Rei aqui da terra e não se fala mais nisso , se não for de Portugal que seja ao menos de Celorico!
E oh, queira fazer o favor de perdoar a indelicadeza que já me esquecia, cumprimentos à Srª Cohen.
De Ega a 26.02.2010 às 00:09
Caro Nuno:
Começo a crer que longe não vem o tempo em que lhe ofereço os livros. Publicados. Mais do que um. Encotramo-nos com outros aqui dos blogs, com quem já somos amigos.
Temos uma disciplina rígida, diria «à Salazar», - todos respeitamos as diferentes ideias de todos. Mais um bom almoço.
São as únicas regras que eu aceito e imponho - respeito, educação.
Quanto ao mais: indiscutível a pessoa do Rei. Já sabe quem. O Amigo, obviamente, é livre de uma opinião contrária. Mas acordos nessa matéria - impossivel.
De qualquer modo, tema de conversa, se quiser.
Meu caro Craft - apareça. Podemos ficar aqui pelo meu exílio, no Porto. E dar um toque para a Lusa Atenas e mesmo para a capital. São almoços divertidos, creia.
Uma boa-noite.
Caro João.
Deixe lá a história do Rei, se o monarca for de qualidade reconhecida até lhe aceito a carta de foral, também não estou virado para discutir o sexo dos anjos ou o ciclo de vida da couve flor, que discuta a realeza entre si e depois que comunique à plebe para a gente nomear o representante das cortes.
Entretanto ligue lá para Coimbra e Lisboa e marque a coisa, encontramo-nos nos seus domínios aí da Foz, onde a mamâ lhe deixou a casa !
De Ega a 26.02.2010 às 08:26
Não, meu caro, quando eu pensava que a mamã abria os cordões à bolsa para umas belas vistas sobre o rio, ali em frente ao Cabedelo... o P. Serafim apareceu com uma obra pia qualquer e eu tive de me resignar com a Boavista.
É onde vivo, neste exilio tristissimo, longe do poderio dos Egas de outrora. Corrido pelos Egas de agora. Enfim, uma história terrível, um drama autêntico.
Lá vou eu, de partida para S. da Madeira, ganhar o pão do meu sustento.
Bom dia para si.
Também, quem o mandou a si João da Ega andar a ler aquelas porcarias literárias modernas do realismo ?
Andou o meu amigo a levar vida de marialva e depois queixa-se dos castigos da mamã, até os padres pagaram pela ira do divino despertada pela sua vida airosa entre soirées e concubinas !
De Ega a 26.02.2010 às 23:06
Chiuuu!
O meu Amigo quer que eu sofra o inferno na terra?
Deixemos então a discussão para as nossas Soirées em privado.
Um abraço caro João.
De Ega a 26.02.2010 às 00:12
Já agora:
Se mete a Raquel ao barulho, faz-me um sarilho que nem queira saber...
O marido não se importa... e lá na praia ninguém viu nada !
De Velho da floresta a 25.02.2010 às 23:19
Caro Ega, gostei, gostei mesmo muito, parabéns.
De Ega a 26.02.2010 às 00:42
Obrigado, caro Velho da Floresta.
Vindo de si, esse comentário é sempre um grande incentivo.
Caro amigo a República (Respublica) nasceu em Roma, post regnum expulsa, na Grécia nasceu a Demokratia, havia obviamente uma diferença entre ambos os regimes, na República ocorria um sistema eleitoral e o governo eprtencia a um corpo representativo da urbe e, apenas em alguns casos, é que as assembleias populares eram convocadas, enquanto que na Demokratia ocorria o sistema direicto com todos a decidir nas assembleias populares. Não me diga que já esqueceu as lições do Sebastião Cruz.