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Quando alguém troçava ontem do empolgamento que pus na análise da entrevista de Miguel Sousa Tavares ao nosso «Premier», estava, sem o saber, a fornecer-me material de reflexão e tema para este post. A ideia dele era que ando obcecada com a política. E eu sei que alimento a ideia. Mas é apenas uma ilusão, porque a minha curiosidade pela política é quase nula. Nos termos em que a vejo exercida por cá e um pouco por toda a parte, considero a política uma actividade que se especializou – e amesquinhou - na gestão de um punhado de interesses particulares em detrimento do interesse geral, num percurso sem recuo, como não recua a bola de neve que provoca a avalanche. Tenho, por isso, a convicção – que é quase uma certeza - de que talvez ganhássemos em «despedir» a política, que nos esbanja os bens públicos, que nos administra deficientemente os serviços e que nos atrofia o tal génio empreendedor, de que não regateamos provas «extra-muros». O que está em causa não é, portanto, a actividade política, mas os seus protagonistas. E a minha curiosidade é - confesso-o - de «profiler». Tenho o gosto da especulação sobre a natureza humana e a variedade de caracteres que nos oferece, e reconheço que o mundo da política é, a par do tráfego citadino, o meio que melhor testa a elasticidade «nervosa» e «valorativa» do homem, provocando tensões capazes de lhe quebrar o fio condutor e de nos surpreender com extraordinários fenómenos de inflexão de rumo, de duplicação de personalidade ou até de total metamorfose. E que vi eu de curioso na dita entrevista? Vi o combate de um homem repousado no sucesso do seu trabalho com um homem enrijecido na luta pela sua sobrevivência. Vi um homem politicamente diletante ao ataque de um homem politicamente escudado numa impenetrável armadura de lugares comuns. Mas, sobretudo, vi ou revi, no primeiro desses dois homens, aquilo que realmente sou: uma portuguesa irritada porque a tomam por parva, mas mais ainda frustrada e desistente perante a sua própria incapacidade de derrubar a muralha da estupidez do mundo.
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