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O dia em que o diabo andou à solta

por Rui Crull Tabosa, em 01.02.10

Cumprem-se hoje 102 anos sobre a  data do regicídio.
Nesse dia, o Rei D. Carlos e o príncipe D. Luís Filipe foram barbaramente assassinados por dois maltrapilhos, um tal buiça e outro de nome costa.
Os regicidas foram executados ainda no local, o que dificultou o esclarecimento de quem seriam os mandantes desse abominável acto. O certo é que o processo desapareceu depois de a República ter sido proclamada, o que faz suspeitar que no crime tenham estado envolvidos poderosos carbonários republicanos.
Seja como for, o 1.º de Fevereiro será sempre uma data trágica, um dia de luto.
Como bem assevera Veríssimo Serrão, “qualquer que seja o ângulo político por que se encare o regicídio, foi uma página de sangue que não enobrece a história nacional.”
E Ramalho Ortigão definirá mesmo o regicídio como “o acto canibalesco de serem espingardeados como feras à esquina de uma rua de Lisboa” duas pessoas que não mereciam tal destino.
D. Carlos foi um mártir.
Sobre ele escreveu o historiador Fortunato de Almeida: “Não houve monarca tão indignamente abocanhado por difamadores ignaros como o desventurado D. Carlos I (…). Alegre, jovial sem quebra de gravidade régia, bondoso até ao carinho com os seus próprios servidores, tolerante com todos e bem disposto a desculpar faltas de alguém, esmoler e caritativo, apesar das dificuldades económicas que lhe criaram, forte na adversidade e modesto nas circunstâncias felizes, tal foi D. Carlos como homem. Considerado como Rei, em D. Carlos vemos o mais fervoroso amigo da sua pátria e do seu povo…”
E o escritor Fialho de Almeida, embora simpatizante das doutrinas republicanas, descreveu assim o malogrado rei: “superior, inteligente, culto, bravo e mesmo generoso…enjoado da torpitude dos partidos, e tendo pela ideia da pátria um culto inverosimilmente alto e absorvente”…
A 1 de Fevereiro de 1908 o diabo andou à solta. E ainda anda, como se pode ver aqui.

Ficaria pois bem aos actuais governantes honrar a República, condenando sem reservas o assassinato daquele que, afinal, foi um Chefe do Estado Português.


15 comentários

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De editor69 a 01.02.2010 às 11:07

Há quem diga que a violência só gera mais violência...mas não se consegue juntar um grupo para ir "celebrar" as trombas desta mitragem?
Eu desde já ofereço-me!
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De João Cardiga a 01.02.2010 às 15:48

Caro Rui,

Parece-me que ao longo da nossa história existiram muitos assassinatos (pense na conquista do território), deveriamos também condenar "sem reservas" esses assassinatos?
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De Rui Crull Tabosa a 01.02.2010 às 16:08

Caro João Cardiga,
Dê-me exemplos de assassinatos comparáveis ao de 1 de Fevereiro de 1908, ou seja, em que Portugueses assassinaram um Rei de portugal.
Convirá que não vai ser fácil, e ainda bem que assim é...
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De João André a 01.02.2010 às 19:09

O Mestre de Aviz não terá assassinado um Rei de Portugal, mas não deixou de ser um crime de alguém que depois foi Rei.

E estou-me pouco lixando se o morto era Rei, Príncipe ou um simples lacaio. O assassinato foi a forma errada de instaurar a República, mas é indiferente se foi pela morte do Rei ou de outro. Com a quantidade de mortos às mãos de reis e seus criados ao longo dos séculos em lutas de poder, esta história seria quase fait-divers.

O que interessa é que a República existe em Portugal. E ainda bem.
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De Réspublica a 01.02.2010 às 21:15

Não, de lamentar é um homicídio, pois ao matarem o rei e o príncipe real praticaram um acto de extrema violência, mesmo que em relação a um rei que deixava muito a desejar em matéria governativa...
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De João André a 02.02.2010 às 10:04

Não interessa se mataram um rei e um príncipe, o que interessa é que mataram duas pessoas. Isso, por si só, é um acto de extrema violência. Infelizmente aconteceu, mas não é diferente dos muitos actos de violência a que os monarcas portugueses levaram ao longo dos séculos apenas porque teriam um qualquer "direito divino" a governar. Incluindo o massacre de opositores.

Ainda bem que a República se tornou realidade. Pena que tivesse sido sobre o sangue de duas pessoas (que foram 4, se incluirmos os homicidas).
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De Réspublica a 02.02.2010 às 10:40

Na realidade 5, um pobre caixeiro da baixa também foi morto sem culpa nenhuma, até porque havia mais regicidas...
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De Maria da Fonte a 02.02.2010 às 02:49

Qual Conquista?

Pode ser mais claro?
Será Conquista ou RECONQUISTA?

Maria da Fonte

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De Réspublica a 02.02.2010 às 10:42

Deve estar a falar do ermamento!?!?
Mas obviamente não é uma coisa nem outra, os Portugueses não conquistaram ou reconquistaram nada, apenas expulsaram do nosso território os invasores fieis a mafamede...
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De Ega a 01.02.2010 às 20:58

O Mestre de Avis matou o Andeiro.
D. João II apunhalou o Duque de Viseu.
Etc. etc. etc.
Iam lá os sécs. XIV/XV.
A História não deu grande relevo aos factos. Eram patrióticos e eram, sobretudo, - DA ÉPOCA.

Depois - e só para exemplificar - foi o martírio dos Távoras. Ainda hoje se fala deles. De uma forma sempre horrorizada.
Mentor: o M. Pombal. Essea quem a Irmandade levantou a mais alta estátua lisboeta.

O suplício dos Távoras já não era consentâneo com a sua época. Por isso ainda hoej se fala dele.

E muito mais o cruel assassinato de D. Carlos.
Até porque foi também com o crudelissimo assassinato do Principe D. Luis Filipe.
Porque mataram o Príncipe? Por ser filho do Rei.
Azar: nasceu filho de Rei.
Previlégio ser filho de Rei?

Saiamos de Portugal.
Kennedy, Olof Palm... assassinados. Hà quem ssustente a justeza do assassinio? Creio que não.

No séc. XX, já os assassinios politicos não tinham justificação. O da Família Realportuguesa só defeine o desespero de quem recorre ao limite de «os fins justificam os meios».
Essa a democracia republicana.
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De Réspublica a 02.02.2010 às 10:44

Está errado caro amigo, D. João II executou um traidor, D. João I executou um espião estrangeiro...
O Marques foi largamente o bode expiatório das más acções de D. José.
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De Maria da Fonte a 02.02.2010 às 02:44

Pois é ,caro Ega!

Vamos sempre dar ao mesmo.
A Adulteração da História. Não só a de Portugal.
A de toda a Humanidade.

Adulterada, por quem tinha nisso conveniência.

Dom João II não apunhalou o Duque de Viseu!
Não só não tinha nenhum motivo para o fazer, como nunca o poderia ter feito.

Quem foi assassinado, foi Dom João II, mas nunca pelo Duque de Viseu, seu especial amigo.

Dom João II foi assassinado por D. Manuel e pela Rainha D. Leonor, a da Teia, a da Rede, que nos amarrou a todos por mais de quinhentos anos.

Porque, para quem queria controlar o Mundo, era imperioso que o Rei morresse.

E o que é terrível em toda a História, é que todos os nomes que escreveu foram assassinados pelo mesmo motivo, incluindo Dom Sebastião.

Não se esqueça, da estranha morte de D. Manuel II, em Inglaterra, e que Don Duarte Nuno escapou por pouco.
E que não foi só o Presidente Kennedy, quem foi assassinado. Toda a família foi perseguida, e um dos irmãos e o filho acabaram também por ser assassinados.

É caro Ega, precisamos de tirar a camada de verdete que colocaram sobre o passado, ou nunca romperemos a Teia com que Leonor, A Misericordiosa, A Compadecida, nos atou.

A nós, a parte da Europa, e à América!

Maria da Fonte
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De Réspublica a 02.02.2010 às 10:47

Tem toda a razão, Manelinho e a bruxa da irmã mataram o maior de todos os portugueses, mas ele efectivamente executou o Duque de Viseu, sabe ele andava metido na conspiração com a bruxa da irmã e o demente do irmão. O D. João II devia era ter tratado da saúde de forma permanente ao duque de Beja e à rainha, o mal foi ele não ter casado com D. Joana, essa sim uma grande senhora.
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De Maria da Fonte a 03.02.2010 às 06:29

Caro Rés

A Megera e o Manelito, assassinaram o nosso Dom João II, mas o Duque de Viseu não morreu.

Dom Diogo, tal como Dom Fernando de Bragança, não foram mortos.
A conspiração foi outra. Mas não era contra Dom João II.

O que aconteceu, foi que se decidiu colonizar a América, para onde os nossos já viajavam, desde o tempo do Reino Suevo de Portucalle.

E essa colonização ía ser feita com Portugueses e com os Castelhanos, que haviam apoidado Dona Joana e Dom Afonso V, e que iam construir um Reino novo na América, chefiado pelo Duque de Viseu.

Claro que Fernando de Aragão e Isabel a Católica tinham que estar ao corrente. Mas não inteiramente, porque na espanholada não se pode confiar, como mais uma vez se provou.

Foram levados ao colo para Lameric, que eles nem faziam a menor ideia onde ficava, e pagaram-nos assim!

Maldita Vila de Tordesilhas!
E Malfadado Tratado!

Maria da Fonte
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De Réspublica a 03.02.2010 às 10:21

Calma...
A teoria é muito interessante...
Mas olhe até acho que já encontrei um descendente dos duques de coimbra.

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