Corta-fitas

Meu caro Rui:

O filme das exéquias d'El-Rei e do Princípe Real que transmitiu é tão triste quanto o nosso Portugal.
Não é um filme preto-branco. É um filme negro, todo ele negro.

Essa ausencia de cor transmite o medo, o silêncio de susto, a dor de um País que acabava de viver um dos maiores crimes da sua História.
Nunca antes fora preciso chegar tão longe para conseguir uma vitória meramente política. Foi só isso.

Ou talvez não: ainda hoje se fazem romagens à jazida dos assassinos para comemorar esse crime. Pelos herdeiros morais dos seus autores.

Já não queremos justiça humana. Nem ela é justa. Fica apenas entre as pessoas de bem - e independentemente das suas convicções, a certeza que continuamos a lidar com má gente.

O resultado é o País de hoje.

Um abraço.

P.S. A missa dos Clérigos estava cheia. São poucos (%) mas são muitos. Oxalá os bastantes para continuar.
Viva o Rei! Viva Portugal!

De inédito não tem rigorosamente nada.

Está catalogado e faz parte dos fundos da cinemateca nacional, aliás bem mais completo (10 min) que este pequeno excerto.