Que dirá Sócrates, posto perante a evidência de que «o nosso maior défice é o défice de credibilidade», como acaba de admitir o primeiro-ministro grego, o socialista Papandreou?
Que dirá Teixeira Santos quando for forçado a «convidar» o Eurostat – como vai ser forçada a Grécia - a auditar as contas portuguesas, para determinar por fim se o défice público é de 2%, desculpe, de 5%, desculpe, de 7%, desculpe de 8,3%, desculpe de 9,3% do PIB ou não, e se é verdade que as autoestradas são gratuitas, e o aeroporto e o TGV?
Como explicarão Sócrates e Teixeira dos Santos que uma crise que é de origem, segundo eles, inteiramente internacional tenha atingido tão ferozmente apenas Portugal e Grécia?
Que dirá o governo socialista quando , ao querer agravar ainda outra vez a carga fiscal, lhe explicarem, como explicaram à Grécia, que isso é apenas transferir a crise do sector público para o privado, e não resolve nada?
Que dirá Teixeira Santos das agências de rating quando andar pela mão delas a fazer roadshows - como anda a Goldman Sachs com a Grécia - para vender títulos da dívida pública na China?
E que dirá Sócrates dos bancos e dos consórcios bancários (ele que se preparava para os eleger como novos bodes expiatórios do mau governo, e taxá-los mais, e paralisá-los e culpá-los da crise) quando bancos e consórcios bancários montarem para o governo português – como o JPMorgan para a Grécia - resgates e empréstimos?
Ora, dirão que tudo se deve a não ter o governo socialista baixado os braços, que tudo se deve à sua força mobilizadora.
E talvez acreditem nisso uns 36% de uma pequena minoria de palermas.
Fui eu! Eu é que peguei o touro pelos cornos!