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Escrevi aqui já várias vezes sobre o gosto que os Governos socialistas nutrem pelo ajuste directo na adjudicação de obras públicas e na aquisição de bens e serviços pelo Estado.
Recebi então os insultos habituais da dupla de anónimos de serviço.
Mas tenho de reconhecer que, na altura, não imaginava sequer que, segundo o Observatório das Obras Públicas, o Governo e as câmaras escolheram o ajuste directo em 97,5% dos contratos celebrados desde Junho de 2009 (num universo de 10.220 contratos, foram celebrados 9965 ajustes directos…).
Dito de outro modo, em cada 40 contratos que o Estado celebra, 39 são ajustes directos!
Isto não é um regime excepcional. É a regra de um sistema que distorce a sã concorrência entre empresas, que põe seriamente em risco a transparência na realização da despesa pública e convida, objectivamente, à proliferação da corrupção nas adjudicações públicas.
Será que esta realidade, que envolve muitos milhares de milhões de euros saídos da esfera pública por ajuste directo, não interessa às autoridades judiciais?
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