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Grupos de raparigas

por José Mendonça da Cruz, em 15.01.10

 

Seguindo, hoje, pela televisão, o debate do Orçamento na Assembleia da República, olhando o Primeiro-Ministro José Sócrates, olhando depois o ministro Pedro Silva Pereira, a seu lado, dei comigo a afastar-me dali e a considerar como serão os sonhos, as frustações, os sentimentos mais íntimos naqueles momentos a sós destas pessoas que são sempre «o outro» em relação a um protagonista. Podia bem ser: «Estava o Sócrates e o outro, como é que ele se chama?» Não é só aqueles casos em que as pessoas têm parecenças; é o caso de pessoas do mesmo círculo ou que trabalham juntas, e em que um, que será o mais fraco, mima os gestos, a pose, os ademanes de voz, o penteado do outro.

Mas isso não interessa nada. São amigos... 

Sim, claro que podem ser amigos, podem ser amigos sincera e genuinamente. Mas não haverá algum momento em que o fraco pensa o que terá sido que lhe faltou, que dom, que esforço suplementar, que opção em que encruzilhada da vida, que talento, que parcela de inteligência ou eloquência tem ele a menos que não faltou ao outro, que chegou onde ele não chega?

É como aqueles grupos de raparigas em que segue, ao meio, a criatura deslumbrante, passo firme, cabelo enérgico, narinas vorazes, olhos francos, corpobonito (uma rapariga daquelas que põe os rapazes ali parados, a balançar de um pé para o outro, a quererem ardentemente dizer alguma coisa, Deus ajuda-me, e que seja interessante, e ela ria). E, ao lado, talvez mesmo de um lado e do outro, seguem duas figuras apagadas. Não são feias, apenas não tão atraentes. Mais que da luz da estrela, beneficiam da sua sombra. E deverão partilhar alguma da atenção que o grupo chama. A situação agrada-lhes, gostam da companhia. E serão amigas, genuínas e sinceras. Mas naqueles momentos a sós, naqueles exames de consciência espontâneos e dolorosos, estas pessoas louvarão a amizade, como vem no catecismo, ou, mais prosaicamente, sentem passar uma nuvem de tristeza?


12 comentários

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De José Mendonça da Cruz a 15.01.2010 às 19:09

Olá, comentaristas e amigos,
Como algumas pessoas não lêem lá muito bem, apenas dois esclarecimentos:
1. Este post não é humorístico, portanto o título não abriga qualquer alusão velada a quaisquer rumores sobre a eventual homossexualidade seja de quem seja;
2. Sócrates não é a loira.
Com cumprimentos e larguras, prossigam.
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De Essa parte não imagino a 15.01.2010 às 19:23

As frustações não consigo imaginar como serão...
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De Naquelas, voto! a 15.01.2010 às 19:27

Aquelas deputadas, são do partiddo do Berlusconi? Naquelas, voto!
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De João Sousa a 15.01.2010 às 20:25

Está tudo muito bem, mas Sócrates não é "a criatura deslumbrante, passo firme, cabelo enérgico, narinas vorazes, olhos francos, corpo bonito". Na verdade, é quase blasfemo usar estes termos no mesmo parágrafo em que está o nome de Sócrates.

Mas percebi onde quer chegar. Várias vezes me interroguei sobre as criaturas dos partidos que aparecem sempre atrás do líder e que, quando este é substituído, aparecem com a mesma desenvoltura e a mesma convicção atrás do novo. Gente como Jorge Coelho, Armando Vara, Dias Loureiro, etc.

As eminências pardas têm um papel: servir de muleta para o desmesurado ego daqueles que querem ser líderes. Na prática, são eles os espertos: estão na sombra e vão acumulando poder de influência. Além disso, estar atrás do líder também tem as suas vantagens: facilita o acto de esfaquear-lhe as costas quando o seu prazo de validade já expirou.
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De Ega a 15.01.2010 às 20:37

Já nos saudosos tempos do Liceu era assim. A giraça polarizava uma série de aias, menos dotadas, muito dedicadas e, é claro, sempre na mira das «sobras».

Não sei estabelecer termos de comparação com os senhores ministros de Sócrates. Em relação à imagem apresentada, tenho uma vaga noça de que um é o «Afirma Pereira» do ContraInformação. O outro, merece-me outra ponderação. Talvez seja menos dependente.

Enfim, a questão é de transcendencia muito limitada. O Governo não é mais do que é - uma aparencia de coveiro.
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De Anónimo a 16.01.2010 às 20:14

Já nos tempos saudosos do liceu era assim!

Portanto, o fenómeno não é recente. Um contributo à Ega. Ao jeito do RMD.

Sem palavras

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De Ega a 17.01.2010 às 10:39

E como V. já deve ter percebido, caro Mendonça da Cruz, RMD significa Rodrigo Moita de Deus e este vosso blog «Corta-Fitas» começa a ficar infectado pelo mesmo virus que atacou o «31».

Somente, o «Corta» tem um sistema mais eficaz para combater o mal, ou seja, a possibilidade de, à partida, fazer a triagem de quem entra aqui.

É claro que a casa é vossa e são vocês que escolhem a vossa freguesia.

Pela parte que me toca, sentindo-me parasitado, deixo o blog e dedico-me à leitura dos jornais, sem o zumbido das varejas a perseguirem o sagrado sossego.

Aguardemos os acontecimentos seguintes.
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De Anónimo a 18.01.2010 às 00:45

Que nunca se responda ao estulto, sob pena de se ser mais estulto.

Elitismos fidalgos, que os nobres nunca suportaram
Elitismos terrenos de quem ousa apontar o dedo e aconselhar onde nem sequer é chamado.
O José Mendonça, certamente, tem cabeça e pensa por ele próprio.
É isto a mentalidade portuguesa, a da caça, dita de benta de intenções e de separatismos. Quem sabe de hóstias domingueiras. Que não se desfazem na boca, por caua do fel da saliva.


Nem assino, pois o discurso é tão conhecido.
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De São silvas... a 15.01.2010 às 20:39

Não repugna imaginar que passe pela cabeça do SP que, tanto quanto se sabe, tem uma licenciatura e um mestrado regulares (e não pela UI), não projectou fraudulentamente casas mal-amanhadas, não tem rabos-de-palha como aquele que mima, uma nuvem de funda melancolia.

É a vida, ele que se habitue...
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De Anónimo a 15.01.2010 às 21:09

As cabecinhas a pronunciar-se...

Os neurónios de molho, não é?
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De Anónimo a 15.01.2010 às 22:00

De molho está o bacalhau.
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De Jacinto Nojo a 16.01.2010 às 08:08

Pena o beicinho que compromete, senao seria o perfeito clone: acefalo!!!

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