O Tiago embatucou com a posição dos bispos ainda por divulgar, mas não passível de surpresa, quanto à legalização do casamento entre homossexuais, matéria sagrada de uma certa Esquerda com Cio e de uma certa Direita Discreta e Liberalóide com Tesão. Em sociedade, não se percebe por que raio as políticas, os governos, terão a assumir promulgações unilaterais em matéria de costumes. Não tarda nada e promulgar-se-á a poligamia e as permutas sexuais em regime interfamiliar e intercasal pelo caminho encetado. Seja como for, o que é triste, no novo registo do Tiago, mais solto e menos compendiário, é que não entenda ser problema de estes bispos o excessivo acanhamento e não os manifestos nostálgicos de força e ascendente. Os bispos sabem que o Estado é laico e que isso é uma vantagem para a desaviarização dos crentes. Há mais carácter e mais verdade quando se é um voluntário absoluto da Fé e nem sempre quando se nasce nela. Para os bispos portugueses mandar nas consciências não se coloca e é um abuso de estilo despachar essa ideia garota, ó Tiago. Trata-se de uma criancice popularucha, de um socratismo bacoco, vá!, achar que o preocupante é que a população portuguesa em geral e a classe política em particular lhes dê a eles, bispos, algum tipo de importância. Como se a dessem. O mal dos bispos portugueses consiste na falta de comparência, consiste no seu lado poltrão e na mesura das palavras perante tanta alarvidade liberal, tanto desejo de exploração e tanta imoralidade entre os gestores que o Estado amamenta em face do povo que trabalha.
Passando por cima da parte menos simpática, que não cair no ridículo de lhe dar um raspanete à conta da «certa Esquerda com Cio e de uma certa Direita Discreta e Liberalóide com Tesão», pergunto: qual é o problema do casamento homossexual e da poligamia? Onde está a imoralidade?
Não queria ser-te antipático, apenas cómico, evocando coisas que não são necessariamente tu. Quanto à pergunta, aparentemente nenhum, se tais práticas nos fossem cultura. E não são. Também compreendo que te seja uma violência obrigar-te o Estado a uma solidariedade ou supletividade fiscal para a qual não estás vocacionado nem vês sentido, especialmente em domínios como os da saúde e da educação.
Reforço que os bispos falam de menos e não de mais.
Isso é o típico exemplo circular: só pode haver poligamia ou casamento homossexual se já houver poligamia ou casamento homossexual. Não faz sentido. O que temos de perguntar é: se os homossexuais se casarem, estão a fazer mal a alguém? Se duas mulheres e dois homens se casarem entre si, estão a fazer mal a alguém? Não. Não estão. E se não estão, ninguém tem o direito de os impedir.
Quanto à solidariedade. Isso é a típica, mais uma vez, avaliação que muitos fazem dos liberais. Lá por eu não aceitar que o Estado me tire os frutos do meu trabalho à força para dar a quem decide, não significa que eu não seja solidário. Significa apenas que não vejo ao Estado autoridade nem tampouco legitimidade para o fazer.
E os bispos podem até falar todos os dias. Desde que não interfiram, enquanto bispos, na condução da política nacional.
Eu sou o primeiro a achar que não. Não fazem mal a ninguém. Não sei é se é possível sodomizar todo um edifício jurídico, aliás cada vez mais babilónico, crivá-lo de entorces ao ponto de se verem as famílias procriatórias acossadas com ónus que se removem nos outros casos, aliás, precisamente esses casos.
Se não aceitas que o Estado te tire os frutos do teu trabalho à força para dar a quem muito bem decide, porque não lhe reconheces autoridade nem legitimidade para o fazer, porque lhe reconheces autoridade e legitimidade para forçar a lei em matéria de costumes, de terminologia, em nome de uma minoria respeitável mas minoritária?!
Passas por conceber um Estado-Ementa e o Estado poderá passar a olhar para ti como um cidadão facultativista, tão selectivo no plano cívico como uma zebra tem riscas, não é?!
O Joaquim está a colocar a questão ao contrário. É que o Estado não vai obrigar ninguém a casar. O Estado vai apenas levantar uma proibição idiota. Idiota porque as proibições de actos só fazem sentido quando esses actos afectam terceiros. Se não afectam...
Para que há-de um Estado omisso ser particularista e caucionador de terminologia errónea?! Por que se há-de chamar "casamento" a uma união gay já reconhecível nos planos legal?! Esse Estado, que nunca impediu um casal gay de ter intercurso e ser feliz e se propõe chamar nomes novos a tal união, usurpa no mínimo o rigor mais profundo da Língua Portuguesa e extravasa as suas competências.
Toda a idiotia, Tiago, está nessa usura do conceito e usurpação da união natural homem/mulher. Tanto academismo deveria possibilitar dar a César o que é de César e não ao gato.
Mas o problema todo é com o nome? Não seja por isso. Chame-se «funini» ou «brrrum». Agora que se permita a quem quer casar casar.
Acho que quererias dizer que se o problema é o nome chame-se «funini» ou «brrrum», mas se permita a quem quer "casar" funininar e brrumar.
Lembras-te do eufemismo "interromper" por abortar/exterminar?! Se te não lembras, devias. Ou também achas que aqui o peso dos conceitos é de somenos?!
Não se podem misturar as duas situações: numa está a tirar-se uma vida, noutra está a permitir-se a duas pessoas assinar um contrato. Se em tempos se lembraram de chamar a esse contrato «casamento», então o que essas pessoas querem é celebrar um contrato chamado casamento. Porquê privá-los disso? O que é que a sociedade ganha?
Não se pode nem deve privar ninguém de nada, todavia será necessário escamotear o sentido simbólico e originário do casamento enquanto intuição preservadora da espécie humana?!
Um papel é um papel. Ninguém se zanga por um papel, tirando o mimetismo moderneiro de modismo nestas coisas experimentais como se o casamento convencional não fosse das instituições mais atacadas: atacada laboralmente, atacada legalmente, atacada economicamente.
Os bispos, se fossem homens carismáticos, teriam mais era que interferir no rumo amoralista, batoteiro e sofreguista com que se conduzem as coisas da política em Portugal. Têm um Evangelho em nome do qual proclamar o que é recto, ético, edificante.
Abstêm-se, encolhem-se, logo pecam redobradamente. Pertencem à alta sociedade com a qual convivem principalmente, de modo que também são Liberais, isto é, insensíveis com quem sofre as carências mais prementes da cidadania e do bem-estar.
Vou tentar explicar de forma simples, primária mesmo, para que todos, mas todos, os portugueses entendam:
O Tiago não se chama Tiaga. E porquê? Porque há o género masculino e feminino. A Tiaga, irmã do Tiago, há-de anatomicamente ser diferente. Como diferente é um Opel de um Toyota, dai não se chamar apenas automóvel. Se a Tiaga, se chamasse não Tiaga mas também Tiago, não se sabia se chamávamos pelo irmão ou irmã.
Poder-se-ia argumentar que há substantivos uniformes quanto ao género, por exemplo televisão. Se nós dissermos que o Portugal /Bósnia dá na televisão, não sabemos em qual delas é que dá. Porque as programações são diferentes, tiveram que encontrar formas de as distinguir: têm identificações diferente: RTP; SIC; TVI, etc.
Se em tudo o que é diferente há substantivos diferentes, qual a razão que fundamente que o substantivo que identifica o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida” seja o mesmo que identifica o contrato celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo (não já de sexos diferentes) que pretendem uma plena comunhão de vida?
Não se questiona a extensão dos direitos e obrigações resultantes do contrato de casamento ao contrato celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo, mas sim a impossibilidade de distinguir duas realidades diferentes.
Será tão difícil encontrar uma designação que identifique o contrato celebrado entre pessoas do mesmo sexo que pretendam uma plena comunhão de vida?
Vou tentar explicar de forma simples, primária mesmo, para que todos, mas todos, os portugueses entendam:
O Tiago não se chama Tiaga. E porquê? Porque há o género masculino e feminino. A Tiaga, irmã do Tiago, há-de anatomicamente ser diferente. Como diferente é um Opel de um Toyota, dai não se chamar apenas automóvel. Se a Tiaga, se chamasse não Tiaga mas também Tiago, não se sabia se chamávamos pelo irmão ou irmã.
Poder-se-ia argumentar que há substantivos uniformes quanto ao género, por exemplo televisão. Se nós dissermos que o Portugal /Bósnia dá na televisão, não sabemos em qual delas é que dá. Porque as programações são diferentes, tiveram que encontrar formas de as distinguir: têm identificações diferente: RTP; SIC; TVI, etc.
Se em tudo o que é diferente há substantivos diferentes, qual a razão que fundamente que o substantivo que identifica o contrato celebrado entre duas pessoas de sexo diferente que pretendem constituir família mediante uma plena comunhão de vida” seja o mesmo que identifica o contrato celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo (não já de sexos diferentes) que pretendem uma plena comunhão de vida?
Não se questiona a extensão dos direitos e obrigações resultantes do contrato de casamento ao contrato celebrado entre duas pessoas do mesmo sexo, mas sim a impossibilidade de distinguir duas realidades diferentes.
Será tão difícil encontrar uma designação que identifique o contrato celebrado entre pessoas do mesmo sexo que pretendam uma plena comunhão de vida?
Mas o stresse é todo esse? Um nome?
Um casamento entre duas pessoas de vinte anos e duas pessoas de quarenta anos também não igual. Nem tampouco é igual um casamento com pessoas de uma mesma raça e pessoas de raça diferente. Para mim era arranjar nomes diferentes para isto tudo! Que é para não haver cá confusões.
Caro Tiago, desde sempre que a Igreja Católica em Portugal tem preocupações sociais, assim como verifica que a realidade actual poderá vir a ser alterada prepara uma posição em relação ao tema! É proibido? Não vejo o porquê da sua indignação, trata-se de uma organização (neste caso, religião) muito ligada ao povo português, tendo em conta que 86% dos portugueses se afirmam como católicos, que exprime a sua opinião. Essa diferenciação que faz entre o estado civil e a igreja é verdade, mas no tom com que a usa, parece um republicano primário de 1911 e não de alguém que pelo que leio tende a ser moderado e inteligente nas suas observações. Não é por o estado na teoria ser laico que o povo tem de abdicar os seus principios axiologicos e religiosos.
Também ninguém obrigará os padres a celebrerar matrimonios homossexuais nas igrejas, mas eles tendo em conta que defendem determinado tipo de família (a convencional) sentem necessidade de reiterar a sua posição. E mais uma vez repito, não vejo mal nenhum nisso. É sinal de liberdade de expressão.
Cumprimentos
De Francisco a 25.10.2009 às 10:19
Nos Estados Unidos há Igrejas que já estão a ser processadas nos tribunais por se recusarem fazer casamentos de pessoas do mesmo sexo.