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A perplexidade

por Luís Naves, em 29.09.09

Em muitos blogues, e também aqui no Corta-Fitas, alguns autores parecem perplexos com a derrota do PSD nas legislativas. Talvez estas histórias ajudem a perceber:

Participei na campanha (acompanhei o Bloco de Esquerda como jornalista) e cruzei-me várias vezes com a campanha do PSD. Em Braga, os social-democratas organizavam num hotel da cidade uma sessão pública, mas a sala era minúscula, o calor insuportável; havia umas pessoas aos berros, mas poucos dirigentes disponíveis para falar com militantes. Foi uma sessão de meter medo e aquilo mais parecia um funeral. No mesmo dia, o BE organizou um comício na praça principal: estava cheio, apesar desta ser uma zona bastante conservadora.

Num outro dia, no Porto, Manuela Ferreira Leite tomava o pequeno-almoço e cruzei-me com a senhora (que não me conhece). Estava a um metro de distância quando uma hóspede do hotel se aproximou, cumprimentando Ferreira Leite: "Como está, senhora doutora?". Pois, esta eleitora foi enxotada da pior maneira, como se fosse um incómodo matinal. Paulo Portas teria aproveitado para incendiar a sala de pequenos-almoços, ia cumprimentar a família da eleitora, ganhava ali dez votos. Francisco Louçã seria mais comedido, mas usaria sempre a sua boa educação para sorrir, meter conversa, etc. 

Num país onde alastra um poderoso descontentamento, a campanha do PSD falhou nos temas, na mobilização, foi ultrapassada pela máquina de propaganda do adversário, quase que tinha horror dos eleitores. Em resumo, não teve argumentos. Tinha tudo para ganhar e perdeu miseravelmente.

O voto dos descontentes foi para o bloco e para o CDS; e, sem alternativa, muitos portugueses votaram nos socialistas, apesar de não acreditarem que um milagre possa alterar a situação.

O próximo governo terá tolerância zero e o país estará em crise política mais dois anos. Mas a culpa foi da oposição que não se soube unir. Falharam demasiadas vezes, venha gente nova. 


11 comentários

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De ruy a 29.09.2009 às 13:02

Se a publicidade, o marketing não produzisse resultados, as grandes empresas não investiriam tanto dinheiro na promoção dos seus produtos. Por outro lado, a generalidade dos meios de comunicação social, alguns de modo vergonhoso, apoiaram inequivocamente a campanha do PS. O marketing político profissionalizado da campanha do PS associado ao domínio que possui nos principais órgãos de comunicação social, constituem dois factores importantes, ou mesmo decisivos, da vitória do PS ou, o que vem dar no mesmo, da derrota do PSD.

Somando a isto, a falta de empatia com o eleitorado, a falta de carisma de Ferreira Leite, com os erros objectivamente e teimosamente por si cometidos em vésperas da campanha, (a inclusão nas listas de António Preto, Helena Lopes da Costa, e por outras razões de Maria José Nogueira Pinto) não deixam de se apresentar como naturais os resultados eleitorais.

Ferreira Leite não foi capaz de mobilizar todo o seu eleitorado, (repare-se que os distritos em que o PSD foi maioritário coincidiram com os distritos com maior percentagem de abstenção) e esta falta de mobilização torna-se igualmente responsável pelo fracasso eleitoral do PSD.
Por fim, e como último actor responsável, Cavaco Silva.
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De Anónimo a 29.09.2009 às 17:12

"Meios de comunicação social que apoiaram o PS" - deixa-me ver: TVI, SIC, Público, Correio da Manhã, Sol, Expresso, Sábado... será que falta mais algum? Gaita, espera lá!!! Estes eram os do contra... quem estava a favor??? Já sei - o "Acção Socialista"!!!!!!!!

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