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Desabafo
Bem lá no fundo, o meu amigo Naves é um homem do povo. Um elitista intermitente, algo distraído, porventura. No outro dia convidou-me para ir ao jantar do nosso blogue, o cut-fights (em inglês tem mais gravitas), mas trocou o nome do restaurante, o que aliás faz sempre, porque é muito distraído:
“Farto-me de trocar nomes, desculpa lá, ò Adolfo Ernesto”, disse o Naves, no dia seguinte.
Por isso não fui ao jantar, nem compareci. O senhor Naves disse-me depois que até teve graça, que aproveitou para tomar o poder e assumir-se como ditador do blogue:
“Havias de ter visto a cara deles, ò Adolfo Ernesto. Assustaram-se e tudo”.
Foi no decurso do já lendário jantar que este blogue se tornou benfiquista. É verdade.
O senhor Naves é um homem de letras, que se leva bastante a sério, um bocadinho pomposo e solene, com rastilho curto e temperamento bilioso, escusado e exorbitante. Muito palavroso, está sempre a fazer planos:
“Adolfo Ernesto, tenho já planeado um grande romance, um fresco da nossa época, com 250 capítulos e 1900 páginas, e até já escrevi a lista de capítulos”, dizia-me ele no outro dia. “O mais difícil já está feito”.
Jornalista high profile (ele diz que há mais de vinte anos que não precisa de escrever uma notícia), esta figura da nossa inteligentsia costuma perorar sobre toda a espécie de assuntos irrelevantes, à maneira dos tudólogos.
Mas, como dizia no início, atrás do verniz da civilização contemporânea, esconde-se um coração camponês. Recentemente, dizia ele que desejava regressar ao bucolismo de um prado verdejante, de um pinhal cantante, de uma serra indolente. Que sonhava com a calmaria dos campos frondosos e com o silêncio de uma aldeia vazia.
"Ah, como desejo regressar ao passado", afirmou o estupendo analista, num desabafo tão sincero que até me comoveu.
Adolfo Ernesto, um vosso criado
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Mendonça da Cruz,Breve e limpo.Continua no post de...
José Mendonça da Cruz,Muito bem. Os comentários co...
"Merdia" portuguesa, um imenso , ignorante , mas p...