por Luís Naves, em 10.07.09

Gritaria
Não tenho muitas dúvidas de que a campanha das legislativas vai ser marcada pela cólera, a raiva e a deselegância.
Ontem, perante afirmações de Manuela Ferreira Leite que apontavam para alguma moderação, escrevi neste blogue que me parecia sensata a linguagem que a líder do PSD usou. Em vez do “rasganço” defendido por alguns dentro do seu partido (rasgar todas as políticas do actual governo), surgia um discurso cauteloso.
Escrevi em comentário que o eleitorado precisa de segurança e que rupturas demasiado abruptas não dão segurança a ninguém. Veremos o programa, as listas, etc.
Logo a seguir ao meu comentário surgia outro, de um leitor certamente próximo do PS, que mostrava como será difícil manter a contenção. A raiva surge por todo o lado na blogosfera, à esquerda e à direita. Repete por enquanto em surdina aquele que será o discurso dominante da política portuguesa nos próximos três meses.
Acho que o PS vai fazer uma campanha negativa, a repetir alguns casos dos anteriores governos PSD, para tentar levar Manuela Ferreira Leite a um discurso também negativo. A ideia dos socialistas será a de condicionar o debate, impedir os argumentos incómodos, levar o adversário para o campo da igualdade: Se forem os dois iguais, para quê mudar?
Na minha opinião, os social-democratas terão a ganhar com a serenidade, em vez de usarem um tom agressivo.
A realidade, infelizmente, tenderá a levar a política para uma gritaria histérica que impeça o país de pensar.