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Impasse em Teerão

por Luís Naves, em 17.06.09

O Irão desenvolveu um regime autoritário vigiado pelo poder teocrático e no ocidente é normal ter simpatia pelas elites que querem mudanças nesta sociedade inflexível e altamente fanatizada.

Por enquanto, é impossível perceber para onde caminha a revolução islâmica. Talvez isto acabe numa mudança de regime, sendo mais provável a pequena evolução e consequente afastamento dos elementos radicais.

Não acredito que possa haver uma mudança sísmica no poder religioso, personificado no Ayatollah Ali Khamenei, mas seria lógico o afastamento de Mahmoud Ahmadinejad, presidente acusado de ter vencido as eleições através de uma fraude em larga escala. Os dirigentes religiosos estão muito divididos e as pessoas não abandonam as ruas. Talvez um milagre seja possível.

O anúncio da derrota de Ahmadinejad seria uma boa notícia para o Irão e para o mundo. Haveria esperança dos iranianos abandonarem o seu perigoso programa nuclear e moderarem as ambições de hegemonia regional.

Infelizmente, como aconteceu na Birmânia, ninguém pode excluir a possibilidade dos ultra vencerem, forçando o Irão a entrincheirar-se ainda mais no seu beco sem saída. Mesmo que ganhem os moderados, é preciso não esquecer que esta será uma democracia tutelada e limitada desde o momento de escolha dos próprios candidatos, o que inclui Mir Houssein Mousavi, que é um membro deste regime. 

 


5 comentários

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De Tiago Moreira Ramalho a 17.06.2009 às 21:52

Luís,

Mousavi já deixou implícito que quer manter o programa nuclear, ao apregoar que as intenções são pacíficas. Nesse ponto, duvido muito que vá haver alguma mudança independentemente do que acontecer daqui para a frente.
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De Luís Naves a 18.06.2009 às 09:04

As declarações por vezes são apenas isso; o Irão tem de encontrar uma qualquer via que lhe permita manter a face e largar o programa nuclear militar, que é altamente desestabilizador
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De Anónimo a 18.06.2009 às 00:33

"sociedade inflexível e altamente fanatizada"

Tem a certeza, Luis? Em vez de "sociedade", não será mais rigoroso dizer "regime"? A sociedade iraniana é diversificada, e muitos dos que se manifestam agora na rua (que são milhões), não me parecem exactamente inflexiveis e fanatizados. Não estará a diabolizar essa gente, que afinal o que quer é um pouco mais de liberdade de expressão e de costumes e democracia? Não me parecem todos guardas da revolução...

Pedro

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De Luís Naves a 18.06.2009 às 09:17

A minha intenção não é a de diabolizar os iranianos, mas tento perceber a realidade. Na sua óptica, os guardas da revolução não servem para descrever a sociedade iraniana, ao contrário dos reformistas que querem mais democracia; eu acho que ambos pertencem a esta sociedade. O que eu quis dizer foi que o regime é rígido e tem dificuldade em evoluir. Em muitas coisas, ficou parado no tempo. Os guardas da revolução pertencem a uma geração que sofreu grandes horrores durante a guerra com o Iraque e essa geração também tem milhões. A minoria ocidentalizada a que damos mais atenção é apenas um dos elementos do Irão contemporâneo. Lendo certas descrições em blogues e jornais, parece que aquilo está à beira de rebentar; eu limitei-me a lembrar que as aparências iludem e que este país é muito mais fanatizado do que andam a dizer. Usei a palavra sociedade porque o regime teocrático criou uma nova sociedade, através de uma revolução dramática e sangrenta, mas genuinamente popular, em 1979. Isto é politicamente incorrecto, mas temo que seja assim...Não me importo nada de estar enganado e de ser desmentido pelos acontecimentos.
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De Anónimo a 18.06.2009 às 11:12

"eu acho que ambos pertencem a esta sociedade".

Luis, foi isso precisamente que eu disse, quando afirmei que a sociedade iraniana é diversificada. O Luis é que disse que a sociedade iraniana (sem especificar) era fanática e extremista.
Quanto à "nova sociedade" criada pelo regime teocrático, lembre-se que já lá vão trinta anos. Surgiu entretanto uma nova geração. E mesmo em relação às gerações anteriores, não me parece que se possa qualificar a mesma como um bloco rígido. E não sei se aqueles que vemos nas manifestações, são ou não uma "minoria ocidentalizada". Quantos são os dessa "minoria"? E nem todos os que não pertencem à minoria ocidentalizada, podem, a meu ver, ser qualificados como fanáticos e extremistas. A coisa é mais complexa do que isso.

Pedro

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