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Mais nacionais que europeias

por Tiago Moreira Ramalho, em 07.06.09

Os vinte e dois deputados ao Parlamento Europeu estão eleitos e é hora de se fazer algumas considerações. Primeira conclusão: não se acredite nunca mais em sondagens. As sondagens, que tinham uma marca de credibilidade até hoje, falharam redondamente e todos sabemos que as sondagens afectam directamente as intenções de voto. Não é por no dia de reflexão não se apresentar nenhuma que os efeitos das anteriores são apagados da memória dos eleitores. A segunda conclusão a retirar é que nasceu uma nova estrela na política: Paulo Rangel. Surgiu sem ser dos meandros partidários, dos favores e lambe-botismos, e conseguiu afirmar-se como um excelente político, um político à moda antiga. Esta vitória foi também, e não vale a pena tentar escapar a esse facto, uma vitória de Manuela Ferreira Leite. Calem-se os que apregoam, estupidamente, contra as estratégias comunicacionais e apresentações tardias de candidatos. Calem-se ou passem por novas vergonhas. Marques Mendes teria sido um bom candidato, mas não sei até que ponto Paulo Rangel não superou todas as expectativas do partido. Quanto ao Bloco de Esquerda, não considero que se tenha tratado realmente de um reforço sólido da sua importância. É meritório ter eleito três deputados. Tem os melhores deputados da «esquerda» portuguesa. No entanto, considero que se trata apenas de uma consequência óbvia do contexto: contexto de crise que tende a extremar o discurso e contexto de contestação em relação ao executivo. Noutros países não foi a extrema esquerda, mas sim a extrema direita a arrecadar mais votos. Na Holanda tiveram 16%. É um resultado normal, previsível, não deixando, ainda assim, de ser preocupante. Em relação a Vital Moreira, o grande derrotado da noite, há que dizer que levou uma chapada com a mais imaculada das luvas por parte do eleitorado que, felizmente, o castigou pela campanha vergonhosa. Voltei a ter alguma esperança na democracia portuguesa. Tentou, frustradamente, arcar com todas as responsabilidades, o que não seria difícil dado que é independente, no entanto, e como é habitual, a declaração de Vital esbarra com o que disse José Sócrates há uns tempos: "As eleições europeias servirão de caução às políticas do Governo no investimento público". O governo está fragilizado e não é difícil apontar um cenário com Manuela Ferreira Leite como primeira ministra, a primeira mulher a assumir o cargo através de eleição. Estas eleições, nas suas repercussões, revelaram-se mais portuguesas que europeias.


4 comentários

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De Jorge Sousa a 08.06.2009 às 01:07

«Esta vitória foi também, e não vale a pena tentar escapar a esse facto, uma vitória de Manuela Ferreira Leite. Calem-se os que apregoam, estupidamente, contra as estratégias comunicacionais e apresentações tardias de candidatos. [...] não sei até que ponto Paulo Rangel não superou todas as expectativas do partido.»

Não está aqui uma contradição? Bem, na minha opinião está. Sendo as expectativas baixas, a vitória da MFL tem de ser muito relativizada, o que implica não deixar de questionar essas estratégias.
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De Tiago Moreira Ramalho a 08.06.2009 às 01:15

Relativizada? Jorge, até há nem seis meses não havia PSD.
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De Jorge Sousa a 08.06.2009 às 01:22

Tudo bem, mas nos últimos 6 meses o PSD foi o Rangel, basicamente. O que vai ser do PSD até às legislativas?

De qualquer forma, é uma vitória relativa. Houve mais de 60% de abstenção, o PSD obteve apenas mais 2% de votos (considerando todos os potenciais votantse) do que o PS. É uma vitória relativa.

Houve 4,5% de votos em branco e a restante esquerda subiu. O PS foi penalizado, como o PSD-PP foi penalizado em 2004. A diferença é que o PS, em 2004, com uma abstenção semelhante, recebeu 44% dos votos. O PSD recebeu 31%. É uma vitória muito relativa e o que afirma não vai contra o que eu disse. As expectavivas eram baixas. Só para o PSD a vitória poderá não ser relativa.

É que foi tão relativa, que, naquilo que supostamente deveria interessar - os deputados europeus -, o PSD está do lado de quem perdeu, em Portugal. O PPE elege 10 deputados em Portugal, contra 12 da esquerda, que se encontra repartida por vários partidos europeus.
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De Anónimo Veneziano a 08.06.2009 às 02:49

Por muito que estes resultados eleitorais sejam interessantes e significativos, julgo que subsiste um problema de fundo: os partidos não conseguem "ler" o Portugal profundo, as pessoas normais, os que anonimamente trabalham e sofrem com sábia resignação, a maioria silenciosa (embora eu deteste esta expressão), o que lhe queiram chamar. O divórcio entre a classe política e o povo não só é manifesto como continua a assumir proporções excessivas.

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