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A extinção
Um leitor atento descobriu uma frase mal escrita num texto meu. Tem toda a razão, mas a culpa é do senhor Naves, que transcreveu mal as notas que eu lhe enviei (ele posta por mim, porque não sei postar). O Naves é que é o analfabeto. No entanto, o incidente revela um aspecto interessante: foi um dos poucos comentários que tive; é o mesmo que escrever para uma parede ou escrever na parede de um beco onde ninguém passa.
As pessoa não sabem distinguir a realidade da ficção: personagens bipolares com a quarta classe podiam escrever desta forma, porque também falam desta forma. Aceita-se o maneirismo de linguagem em literatura e há toneladas de teorias sobre o assunto, mas aqui não pode ser, porque supostamente é blogosfera, ou seja merda. Ficção em blogues? Crónicas mais sofisticadas? Isso é utopia. Eu tenho de escrever à doutor, por pouco conteúdo que esteja disponível. Falar de flores, passarinhos e passarinhas, primavera e tal. A culpa é minha, certamente, que não apanhei bem o registo da minha própria escrita, ou seja, sou uma personagem mal concebida por mim próprio. Bobeou, dançou.
Uma coisa é certa: no que me diz respeito, a fasquia está mais alta; afinal, perco o meu tempo, apesar de ter tempo a dar com um pau; o país anda de tal maneira tontinho que perdeu a graça, já não percebe a ironia (coisa que nunca percebeu), gosta do sarcasmo alarve, porque não distingue o que é brincadeira ou que é a sério, só percebe o gozo que arrasa adversários. Só percebe o insulto. De resto, o país leva tudo a mal ou mergulha num silêncio desconfiado e ofendido.
Eu diria que os leitores querem a bloga desinfectada e politicamente correcta. No que me diz respeito, é melhor que a tenham desinfectada e politicamente correcta, bem dividida em preto e branco, esquerda e direita, tribos partidárias optimamente definidas, tudo separadinho para não contaminar, uns inteligentes a escreverem de cátedra, os estúpidos como eu a papaguearem o que os inteligentes escrevem. Nada de criticar disparates, isso é que está mal. Nada de criatividade na bloga, isso é de evitar. Enfim, prometo portar-me bem a partir de agora. O que escrevi foi lido à lupa, mas parece que ninguém entendeu, nem quis. Mais vale estar calado ou emigrar para o twitter. Fica o cinzento do Naves a tratar da casota.
Adolfo Ernesto
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