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A leitura de um artigo de Henrique Raposo, publicado no Expresso e disponível neste link, suscitou-me vontade imediata de entrar em polémica com o autor. Sou favorável à adesão da Turquia à UE, tal como o Henrique, mas acho que as razões que ele invoca são as erradas.
O peso de uma palavra
Henrique Raposo usa muito a palavra “jacobina” para descrever a classe dirigente republicana, laica ou kemalista. Julgo que esta utilização tem propósito de denegrir a classe dirigente e que produz um erro de análise. A comparação final com Portugal de 74 a 82, a propósito de uma “espécie de conselho da revolução”, a meu ver não faz qualquer sentido.
Diz o autor que pensar a Turquia como país de natureza muçulmana corresponde a um raciocínio que fecha as portas da Europa à Turquia. Discordo, pois há 15 milhões de muçulmanos na UE e não consta que estejam fora da identidade europeia. A União é um espaço laico, tolerante com todas as religiões, onde a matriz judaico-cristã é crucial, mas que não excluiu da sua História e da sua actualidade as raízes islâmicas. No entanto, a minha opinião e a do autor acabam por ir dar ao mesmo sítio: a exclusão da Turquia por motivos religiosos seria absurda. Já nem falo do argumento da geografia, que esse é mesmo um disparate.
Três argumentos
A certo ponto, Henrique Raposo explica as três razões que o levam a apoiar a adesão turca: energia, capacidade militar e o que me pareceu ser uma espécie de limitação do poder dos três grandes no interior da UE.
Os argumentos aplicam-se, mas nenhum deles justifica a adesão. A energia, por exemplo: qual é a vantagem de estar dentro? Se não entrar, a Turquia deixa de ser para os europeus uma alternativa à dependência energética russa? E, na questão militar, eles não estão na NATO? Por que motivo precisa a UE que entrem para aumentar a segurança militar, que nem sequer existe a 27, quanto mais a 30 e tal?
Parece-me que nestas duas questões a Turquia ficar de fora ou entrar é sensivelmente a mesma coisa. O último argumento contraria a entrada. Tratando-se de um país de grande dimensão, que terá o mesmo poder que a Alemanha, a Turquia criará uma perturbação institucional demasiado importante para ser ignorada. A redução da influência relativa da Alemanha, França e Reino Unido não possui qualquer vantagem para Portugal.
Devido à extensão do artigo, decidi dividi-lo em dois posts…
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Claro. Tudo será cabal e integralmente esclarecido...
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