por Tiago Moreira Ramalho, em 13.04.09

Oiço na rádio que apenas um quarto dos portugueses pretende votar nas Europeias que se avizinham. De igual modo se comportam os restantes europeus, sendo que apenas um terço dos eleitores do Velho Continente o pretende ser realmente.
Deparado com esta informação, que de notícia tem pouco, dou por mim a pensar, mas a sério, sobre que tipo de regime democrático é este que os europeus querem, ou pensam querer, viver. Uma Europa que no século passado foi devastada, de lés a lés, por regimes totalitários fascistas, nacional-socialistas e comunistas, que se viu envolvida nos dois conflitos bélicos mais desastrosos da História da humanidade, que se reagrupou, unida, por um ideal de paz e de desenvolvimento; vê-se agora com centenas de milhão de pessoas de braços caídos, sem qualquer interesse na construção do futuro e sem qualquer interesse em escolher quem decidirá por si.
Numa democracia, votar, mais que um direito, é uma obrigação. Porque se o povo chama a si o poder, não pode de seguida desprezá-lo, negligenciá-lo e deixá-lo a cargo de outros, sabe-se lá quem.
Deram muito maus resultados episódios nos quais o povo não via em si próprio um líder capacitado para tal e deixou que outros tratassem de tudo. Salvadores de Pátrias acabarão por surgir, cheios de determinação e coragem, cheios de capacidade de mobilização, cheios de sede de poder e cheios de poder para o mal. Continua Europa, continua Portugal. Parecem ambos esquecidos. Esperemos que ninguém por aí apareça para nos reavivar a memória da pior maneira.