por Tiago Moreira Ramalho, em 10.04.09

Nesta nossa amada terra, onde a Europa pouco mais é que um pai ausente que nos manda uns dinheiros para a faculdade, a campanha para o Parlamento Europeu começa a surpreender. Pela positiva.
É sabido que o PSD, que começa a afirmar-se cada vez mais como o partido-tabu, ainda não apresentou os seus candidatos, mas isso pouco importa ao caso, pois sete eurodeputados (ou nove, vá) não farão certamente mossa à análise.
Do lado do PCP, que julgo ter sido logo o primeiro a apresentar a sua lista, temos a nulidade de Ilda Figueiredo, que cada vez que aparece publicamente me leva a pensar numa proposta de “voto negativo” – deixa de me interessar votar a favor de alguém, interessa-me é que ela não vá.
O PS apresentou Vital Moreira como a grande revelação. O espectáculo do XVI Congresso pariu um rato, o Vital que me perdoe. A lista do PS é, quanto a mim, um manifesto desrespeito pelos eleitores, com Ana Gomes e Elisa Ferreira a candidatar-se tanto ao Parlamento Europeu como a municípios e a afirmar, categoricamente, que optarão sempre pelos municípios. Em quem estaremos a votar, então, se por acaso democrático vencerem em Sintra e no Porto?
Por estranho que possa parecer, as duas melhores listas que se me afiguram nestas eleições são as do Bloco de Esquerda e do Partido Popular. Os irmãos Portas sabem como fazer as coisas. O Miguel Portas, sendo sabido que pouco do que ele diga levará a minha cabeça a acenar, é um ás do debate e fá-lo sempre de uma forma elevada e respeitadora. A sua formação em Economia permite mesmo que se intrometa em áreas caras à população nesta fase que atravessamos. Claro que temos a babe Marisa Matias, mas logo se lhe segue o também interessante Rui Tavares. O CDS envia para Estrasburgo a sua crème de la crème: Nuno Melo, Diogo Feyo e Teresa Caeiro. Sabendo de antemão que teremos um Parlamento Nacional com menor qualidade, não que as minhas opiniões vão de encontro às dos membros da listas, mas sim por ser consensual a qualidade do trabalho dos três deputados, que certamente não passam as sessões a conversar no twitter ou, simplesmente, a dormir.
O PSD parece-me estar em muito maus lençóis. Ou a sua lista “rouba” a ala direita do PS (desamparada, pela escolha de Vital) e segura o eleitorado tipicamente social-democrata, ou poderá ver o CDS tirar-lhe muito daquilo que está habituado a ter.