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Dúvida existencial

por Tiago Moreira Ramalho, em 12.02.09

Porque é que ao ler isto sinto um profundo nojo, mesmo passados dois anos?

 

Comentário do Joaquim Carlos (Palavrossavrvs Rex):

 

«Tiago, é de ter nojo e um nojo Absoluto essa tradução em Lei de uma prática abjecta do princípio ao fim: a abjecção que é a supressão naturalíssima de uma vida em dada fase do seu desenvolvimento natural, a facilitação e quase encorajamento disto.

Não há emancipação verdadeira que suporte e se sustente numa ideia de Sangue Derramado como saída 'moderna' e 'decente', por razões de 'dignidade' ulterior do nascituro ou de 'economia' familiar.

É um capricho brutal e um retrocesso civilizacional tolerar, como no tempo dos Romanos que abandonavam recém-nascidos à sorte e à morte ou dos Povos que praticavam sacrifícios humanos, a redução do conceito de liberdade corpórea e de definição livre de um rumo individual a permissão de matar sob os auspícios do Estado, havendo tantas e tão belas saídas positivas, menos o pôr e dispor de um potencial de vida que ninguém pode calcular nem caluniar antecipadamente.

Estamos no âmago de um genocídio silencioso tão asqueroso como qualquer outro em qualquer época. É de ter nojo da mesquinhez, mero vão-de-escada-moral, a que nos trouxe tal lei»

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16 comentários

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De Tiago Moreira Ramalho a 13.02.2009 às 11:45

João André,

Apenas algumas notas:

1. Dizer que a legalização do aborto veio diminuir o problema é gozar com a tropa.

2. Logicamente, o argumento do "vao de escada" não é válido. Lá porque você o repete até à exaustão, nada se altera.

3. Sou homem, mas se engravidasse uma mulher não aceitaria que ela fizesse um aborto. A culpa seria do homem e da mulher, não da criança: uma criança não tem de morrer apenas porque os pais não assumem as suas acções.

4. Sou completamente a favor do uso de todos os métodos contraceptivos.

5. Isso dos católicos passados (e presentes) cujo moralismos leva a esses extremismos é lamentável. Mas a introdução do dado na discussão apenas prova que não compreendeu o que o Joaquim queria dizer.

6. Tenho uns 4 posts sobre o aborto no meu outro blogue: O Afilhado (http://oafilhado.blogs.sapo.pt/). Se o João André quer um debate, aqui me tem prontinho, se quer perpetuar a sua opinião de forma clubística, é lá consigo.

Cumprimentos
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De João André a 13.02.2009 às 15:39

Ainda estou para saber porque razão a questão do aborto clandestino não é um argumento. O Tiago estabelece a comparação com um assalto, mas essa comparação é completamente falaciosa. Uma mulher que aborta não o faz para ganhar vantagens específicas (como um ladrão). Uma mulher que aborta também sofre. Seja fisicamente, seja moralmente, seja psicologicamente.

Em todo o caso, faço-lhe uma pergunta: concorda que as mulheres que abortam sejam criminalizadas e presas?

Quanto aos seus números, a Lancet falava em 2003 de 42 milhões, número com tendência decrescente desde 1995 (46 milhões, com menor população). Também re refere no artigo:

«The abortion rate per 1000 women was lowest in
western Europe (12), and was also quite low in northern
and southern Europe (17–18) and Oceania (17). In these
geographic areas, most abortions were legal and abortion incidence had been low for decades»

Ligação: http://media.mcclatchydc.com/smedia/2007/10/17/13/Chang-Guttmacher_Institute_abortion_report.source.prod_affiliate.91.pdf

Quanto à questão moral, também não gosto do conceito de aborto. Sou contra ele. Apenas não imponho esse conceito a outros nem envio ninguém para a prisão por causa dele.

Em relação à questão: «o que chamar a um feto?», ela tem a sua própria resposta: um feto. Ou o Tiago também quer considerar aborto uma masturbação que desperdiça tantos espermatozóides que poderiam dar origem (com óvulos) a crianças? (Este argumento, reconheço-o eu, é desonesto, mas pouco mais que a questão do que chamar a um feto).
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De Tiago Moreira Ramalho a 13.02.2009 às 18:22

É um argumento, a questão é que é falacioso. O argumento de: o aborto deve ser legalizado, pois caso não o seja vai haver mulheres a fazer abortos em vãos de escada, faz um apelo às consequências, isto é, em vez de analisar a moralidade do acto, incide sobre as consequências da sua não legalização. Um raciocínio semelhante é: há tráfico de órgãos, como a retirada dos órgãos é feita em más condições, os compradores podem sair lesados, logo, é preferível que se legalize e que se passe a retirar os órgãos de forma mais limpinha. A analogia não é falaciosa: a mulher quando faz um aborto tem um benefício, senão não o faria. Cada mulher terá o seu, mas qualquer uma terá algum, mais não seja, esconder do papá que engravidou no fim de semana com as amigas.

O João André diz a determinada altura que não gosta do conceito de aborto e que é contra ele. Mas a seguir diz que não impõe esse conceito a outros nem envia ninguém para a prisão por causa dele. Bom, a mim não me agrada o conceito de homicídio, sou contra os assassinatos. No entanto, não imponho isso aos outros, logo, quem achar que matar não é errado é livre de o fazer.

Quando nos masturbamos não estamos a matar ninguém. Quando nos masturbamos estamos a "mandar fora" células nossas, no máximo, estamos a cometer suicídio parcial. Quando fazemos um aborto, o caso muda de figura. E quando eu disse o que lhe chamar era em relação à discussão da humanidade ou não humanidade do feto: há quem diga, sabe Deus porquê, que o feto não é humano. Deve ser um canídeo ou uma ave qualquer.

Quanto à pergunta que me coloca: sim, as mulheres que fazem abortos deveriam ser presas. E se quer que lhe diga, o sim ganhou exactamente por uma boa parte dos eleitores ter interesse no assunto: muitas mulheres fizeram abortos clandestinos em Portugal e dá jeito que o aborto seja legalizado. Mas, infelizmente, do lado do sim não ouvi um único argumento que me fizesse pensar que matar um feto não é errado, porque é aqui que está a questão: matar um feto é ou não errado?

Cumprimentos

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