por Pedro Correia, em 28.11.08

O PCP vai reunir em congresso, a partir de amanhã, para aprovar umas Teses que defendem isto:
"Importante realidade do quadro internacional, nomeadamente pelo seu papel de resistência à «nova ordem» imperialista, são os países que definem como orientação e objectivo a construção duma sociedade socialista – Cuba, China, Vietname, Laos e R.D.P. da Coreia." (1.3.14)
E isto:
"A revolução cubana, que assinalará na viragem do ano o seu 50º aniversário, defrontando ao longo deste meio século permanentes campanhas de ingerência, desestabilização e agressão, projecta-se no mundo pelas conquistas políticas, económicas, sociais e culturais alcançadas, pela defesa intransigente da sua soberania nacional, pelo seu exemplo de patriotismo e internacionalismo."(1.3.15)
E mais isto:
"A contribuição da URSS e, posteriormente, do campo dos países socialistas, para os grandes avanços de civilização verificados no século XX foi gigantesca." (1.4.1.2)
E ainda isto:
"A caminhada da humanidade para o socialismo e o comunismo sofreu profundos reveses no findar do século com a destruição da URSS e as derrotas do socialismo no Leste da Europa." (1.4.1.3)
Leio que estas Teses foram aprovadas por unanimidade no Comité Central comunista. Pasmo com esta unanimidade: como é possível que deputados prestigiados como Agostinho Lopes, António Filipe e Honório Novo, autarcas de mérito como Ruben de Carvalho e Rui Sá, sindicalistas combativos como José Ernesto Cartaxo e Maria do Carmo Tavares, o ex-secretário-geral do partido, Carlos Carvalhas, e até um poeta como Manuel Gusmão possam subscrever parágrafos como os que acima transcrevi? Que partido é este que sacrifica o debate interno à regra da unanimidade em defesa de modelos ditatoriais, verdadeiras perversões do ideal socialista?