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Nicolas Sarkozy, ainda há poucos meses o bombo da festa de uma certa esquerda europeia, que não via nele mais do que um certo "monsieur Bruni", emerge da actual crise como o único estadista europeu digno desse nome. Mobilizou a Europa neste semestre em que Paris esteve à frente dos destinos da União Europeia, deslocando-se de uma capital a outra com uma habilidade de negociador nato, recuperando a velha tradição gaullista de uma França activa na política externa depois da crepuscular presidência Chirac. A ele se devem a recuperação do diálogo entre Moscovo, Bruxelas e Washington (contrariando a passividade de Durão Barroso) na sequência do conflito no Cáucaso e a adopção de directrizes claras para enfrentar o colapso dos mercados financeiros. A ele se deve também a cimeira de ontem do G20 na capital americana, que reuniu países que acumulam 65 por cento da população mundial e 90 por cento do PIB planetário.
Ironia da História: não podia ser maior o contraste entre um apagado George W. Bush no seu último encontro de alto nível na cena internacional, depois de ter visto severamente julgados pelos eleitores norte-americanos os seus oito anos de mandato, em que os EUA perderam influência e prestígio no mundo, e um Sarkozy impante de orgulho, como verdadeiro maestro de um hipotético renascimento europeu. Nem o facto de a zona euro estar em recessão parece preocupar excessivamente o Presidente francês.
E a verdade é que, tirando ele, não se vê mais ninguém que possa inverter a tendência depressiva do continente mais rico do planeta. Não será certamente Zapatero, que andou a mendigar um assento no banquete de Washington, apesar de a Espanha ser a oitava potência económica à escala mundial, ou os Governos da Holanda e da República Checa, que também conseguiram dois lugarzinhos no repasto depois de muito implorarem. Por pouco não aparecia também o nosso Sócrates, a fazer mais uma distribuição do seu computador de bolso a preço de saldo. Se isto aconteceu para ficarem na fotografia ao lado do derrotado Bush, imaginem o que não será com Obama nos meses mais próximos...
Pobre Europa, cheia de complexos de inferioridade. É também isto que me leva a admirar o irrequieto Sarko com a sua aura de miúdo traquina, transbordando energia e autoconfiança numa turma de cábulas que parece parada no tempo e congelada no espaço.
ADENDA: No banquete de Washington bebeu-se Shafer Cabernet Sauvignon Hillside Select, um dos dez vinhos mais caros dos EUA, a cerca de 150 dólares por garrafa. Um néctar ideal para molhar a palavra em tempo de crise...
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