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Já me surpreenderam a defendê-la em demasiadas ocasiões para poder continuar a ignorar este meu impulso que já me valeu o título de “ferreira leitista envergonhada”. A verdade é que o laranja nunca foi sequer o tom da minha camisola que aliás, nos tempos que correm, é cada vez mais cor de burro quando foge.
O que me leva a defender a mulher que quando foi ministra da Educação e das Finanças tantas vezes foi alvo das minhas críticas e poucas ou nenhumas objecto da minha simpatia? Eu e o meu umbigo, após rápida reflexão concluímos que foram as circunstâncias que a transformaram aos meus olhos. Afinal não é sempre assim?
A tão debatida degradação da classe dirigente, com a fuga dos melhores e a consolidação dos profissionais mais empenhados na gestão das suas carreiras do que da coisa pública, propiciaram um enquadramento que lhe foi muito favorável. O facto de saber que ela é um dos poucos políticos que está na política para servir e não para se servir conferiu-lhe a qualidade humana que alterou a minha perspectiva. E quando as suas inabilidades ao nível comunicacional e os vários erros tácticos começaram a minar e a ameaçar o seu consulado fui a primeira a relativizá-los.
São graves essas incompetências na política? Diz que sim. Eu sei que sim. Estamos na era da comunicação, comunicar é tudo, bla, bla, bla. Mas a verdade é que também todos, com a mesma convicção, criticamos a espuma da política e a política que se faz de espuma.
Acredito que Manuela Ferreira Leite estivesse convicta de que os portugueses, habitualmente queixosos de tanta inconsequência e arbitrariedade fossem sensíveis ao seu modo espartano de fazer política. Em teoria não seria esse um sinal inequívoco de seriedade, honestidade e vontade de se demarcar do estilo palavroso e inconsequente dos seus antecessores?
Estou convencida de que ela, ingenuamente, acreditou nesta estratégia. Não contou, porém, com a duplicidade da natureza humana. Os portugueses e mais especificamente os jornalistas e opinion makers que criticam ferozmente a demagogia, o som e as luzes da política espectáculo, paradoxalmente cobram aos políticos que dela se demarcam a ausência de ruído e falta de brilho.
Poucos dias depois de ter assumido a presidência do PSD começou a campanha contra o seu “silêncio”. Agora a palavra de ordem é a “tristeza” do seu discurso, tão contrastante com o optimismo de Sócrates que também, diga-se em abono da verdade, tem sido amplamente criticado mas nunca com o propósito de reconhecer mais realismo nas palavras da sua oponente. A crítica ao anúncio do aumento do salário mínimo pelo Governo também foi mal acolhida, embora ninguém conteste que se trata de uma medida eleitoralista.
Na verdade acho que ela já chegou ao ponto de não retorno em que nada que possa fazer ou dizer poderá reverter a imagem negativa que lhe colaram desde o primeiro momento. Os baixos índices de popularidade de M.F.L. divulgados há dias reflectem que o pensamento único está a fazer o seu caminho.
Não partilho muitas das suas ideias, mas confesso que gostava de ver um político como ela, um político inábil a comunicar, mas sério, desinteressado e consequente a fazer alguma coisa. Quem sabe, talvez não ficasse tudo na mesma. Mas fazer política é dar espectáculo com sessões diárias a partir das 20h (hora a que começam os telejornais). Não é a política que tem horror ao vácuo. Pelos vistos somos todos nós, espectadores impenitentes, sempre ávidos de estímulos que nos preencham a vida.
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