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Chegado da Europa Central, onde estive separado na nossa visão do mundo, percebo que na crise georgiana muitos blogues portugueses parecem dar razão à Rússia.
Parece-me que é um pouco como dar razão à Áustria-Hungria, na sua reacção ao assassinato do arquiduque Franz Ferdinand, em Agosto de 1914. Vivemos no século XXI, mas as duas últimas semanas pareceram tiradas de alguma novela anacrónica, do século XIX e da guerra anterior, com direito a canhoneiras e expedições punitivas.
Dar razão à Rússia, neste contexto, é fácil de fazer em Portugal, pois aqui nunca se sentiu a influência imperial russa (e é disso que estamos a falar).
Acho que esta crise terá duas consequências: Moscovo ficará mais isolada e o regime de Vladimir Putin vai entrincheirar-se ainda mais num medo policial e autoritário. A esperança da democracia ficou adiada outro década e aquele poderoso império continuará a mergulhar no seu imparável declínio político e demográfico, entretido num apagamento que julgo não ter qualquer paralelo na história recente. E para culminar o absurdo, a Rússia precisará cada vez mais do seu pior pesadelo, a China.
Como provou o caso citado acima, a política internacional não tem de ser lógica ou sequer racional. Um atentado político transformou-se num conflito que matou milhões de pessoas e os diplomatas perderam o controlo da situação numa altura em que ninguém previa que pudesse estalar um conflito. O mau exemplo foi agora lembrado por Mikhail Gorbachov. A Primeira Guerra Mundial podia ter sido evitada, mas a Europa preferiu suicidar-se. Pareceu mais importante defender a razão de Estado. A monarquia austríaca sabia que estava a lançar-se numa aventura e que não tinha capacidade para sustentar uma guerra moderna, mas atirou-se de cabeça.
E não podia discordar mais deste post do Eduardo Pitta. Quando os europeus estão genuinamente preocupados e falam duro, como é o caso, são irrequietos; se ficam divididos, mais valia estarem calados; se ficam calados, mais valia falarem duro.
Nunca vi os europeus tão unidos e preocupados. Mas em Portugal, que não depende do gás natural russo, é mais fácil desvalorizar o perigo.
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Não há como discordar Felizmente temos blogs com o...
de vez em quando você diz umas coisas acertadas e...
Eu vi a entrevista em directo e fiquei muito incom...
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Há sempre uma coisa que tenho em mente e que se co...