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Há dois Algarves dentro do Algarve. Sobretudo em Agosto, quando a diferença entre ambos é ainda maior. Há aquele Algarve que faz as delícias de certos cronistas profissionais, que todos os anos aproveitam uma penosa deslocação ao sul do País para tema de mais um triste texto a maldizer uma região cheia de parolos que arrastam o chinelo por tudo quanto é sítio, atafulham supermercados e restaurantes, esgotam o stock disponível de sardinha assada, entopem o trânsito e transformam o turismo tão acarinhado pelo ministro Manuel Pinho na sua mais feroz caricatura.
Não há "Allgarve" que valha a isto. Tropecei há dias no fenómeno, numa incursão ocasional a Armação de Pera - um pesadelo urbanístico interdito a quem queira passar umas férias dignas desse nome. Magotes de tugas congestionam as pequenas artérias da povoação, que noutros tempos teve um dos melhores areais do Algarve. Hoje não cabe lá um alfinete - nem na areia nem no asfalto, onde se registam engarrafamentos capazes de ombrear com muita periferia de Lisboa e Porto. Esta gente, incapaz de atravessar a rua sem ser de automóvel, traz para o Algarve o stress de todo o ano. E em vez de o atenuar aqui, só consegue agravá-lo.
Rumo poucos quilómetros para barlavento: encontro outro Algarve. No belo concelho de Lagoa, entre o Carvoeiro e Ferragudo. Há imenso espaço e o tempo passa muito devagar. Meia dúzia de pessoas à volta da larga piscina. O mar vê-se logo adiante, além da mata de pinheiros mansos orlada de alfarrobeiras e medronheiros. Ruído? Só o das cigarras quando está sol e o dos grilos a cantar ao desafio quando anoitece. Ajuntamentos? Só o dos melros, pelo fim da tarde, à cata de alimento junto à sebe do jardim. Pode-se andar a pé, ou de bicicleta. Passa um carro de longe em longe. E nem é preciso reservar mesa nos restaurantes.
Deste Algarve onde me encontro, gosto muito. Mesmo em Agosto. Por mim, ficava cá o ano inteiro.
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