Corta-fitas

Caro Manuel, eu até concordo com a parte dos adeptos e dos jogadores, mas há que considerar que aqueles que mais criticarão João Moutinho serão possivelmente os adeptos mais fieis do clube. Aqueles que, ao longo daqueles longos 18 ou mais anos não deixaram de ir ao estádio, de apoiar a sua equipa, de comprar camisolas e até de consumirem qualquer que fosse a companhia a ser publicitada nas camisolas.

Não é este desejo de João Moutinho em mudar de ares que os vai impedir de o continuar a fazer. O que temos de nos lembrar é que, à excepção daqueles que tenham grandes azares ou sejam já excessivamente idosos, qualquer um desses adeptos ainda o será quando joão Moutinho (que apenas tem 21 anos) acabar a sua carreira. Moutinho tem poucas oportunidades e não sabe quando (e se) esta poderá voltar. Espera-se que haja muitas mais, esteja ele no Spoting ou noutro lado, mas no futebol é difícil de dizer, especialmente com carreiras curtas.

É um facto que Moutinho é jovem e Petit tem 32 anos, mas veja-se o que sucedeu neste último caso: o clube que representava deixou-o sair a custo zero para que assinasse o último grande contrato da sua vida, de forma a recompensar a sua entrega e profissionalismo. Não acho que o Benfica tenha sido modelo de respeito para com os seus jogaores nos últimos 10 ou 15 anos, mas esta última atitude é de assinalar. Ao Sporting, fosse eu observador isento (que não sou, é um facto), aconselharia a deixar Moutinho sair. E note-se: não seria a custo zero como Petit.

Sr. João André:

As justificação para a saída do Petit foi que o Benfica deixava de despender X Euros, dos vencimentos vincendos. Foi, digamos, a contrapartida para sair a custo zero. Não foi, nem poderia ser, um acto nobre da Direcção do Benfica. Existe uma entidade chamada CMVM, em relação à qual todas as empresas têm de justificar os actos de gestão patrimonial, imediatamente. As SADs, cotadas em bolsa, não podem, à luz dos critérios de gestão exigidos, dar esse tipo de benesses. Faz parte das regras.

No caso do Moutinho, o contrato que assinou e que quase lhe duplicou o salário, foi assinado há poucos meses.

A ser assim, os clubes passavam a ser ingovernáveis.