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Aquilo que pode parecer um dos aspectos mais interessantes dos países árabes depressa se torna um pequeno pesadelo para os backpackers. Discutir o preço de tudo, regatear quanto custa uma garrafa de água, uma distância de táxi ou uma ajuda interesseira deixa de ser divertido depois da terceira vez. Quando se é um turista de aquacultura e se viaja inserido num grupo de excursionistas, com pacote pago à partida, toda esta luta diária é uma miragem distante. Mas para quem chega de mochila às costas, regatear não é apenas uma prática é uma necessidade. Pelo caminho, encontra-se tudo. Quem nos queira vender refeições grátis a preços proibitivos e quem nos trate como irmãos, mostrando o que de melhor há no povo árabe. Feitas as contas, o ganho é enorme. Mas eu não sabia disso, quando aterrei às dez da noite no aeroporto do Cairo.
Mal nos aproximámos da porta do avião, sentimos o ar quente e denso da capital do Egipto. A manga de ligação ao terminal, rasgada em algumas zonas, permitia ver o exterior, rangia de forma generosa e parecia ter sido importada há várias décadas. Sem grande sinalização, passámos pela única loja, fechada agora, que costumava vender televisões que as casas de arte retro transformam em floreiras.
Antes da recolha das bagagens, os turistas de aquacultura já têm à espera guias barbeados prontos a falar inglês sem “rs”. Os outros ficam entregues à falta de informação e a um ou outro oportunista. Trocámos dinheiro na casa de câmbio, uma quantia que viemos a saber ser cerca de quatro ordenados médios no Egipto, e juntámo-nos a uma massa humana mais ou menos organizada em filas, que parecia não andar nem por milagre.
Outra característica muito própria dos países árabes é a espera. Um alemão que viríamos a conhecer e que vivia há cinco anos no Sinai garantiu-nos que a palavra “Egipto” significava “espera”. Por norma, “five egyptians minutes” têm correspondência a trinta minutos europeus. Estes valores apenas não estavam nos ecrãs das casas de câmbio.
Neste caso, esperávamos pelo controlo dos passaportes. Cada um verificado por quatro funcionários, que partilhavam o mesmo guiché. O primeiro recebia o passaporte e o visto, averiguando as validades; o seguinte colava e preenchia o visto; o terceiro verificava a autenticidade do passaporte; por último, foram-nos dados os passaportes e os votos de boa estada. Estava a par da política de empregabilidade do Governo egípcio e da crescente burocratização do país, mas, desconhecendo o paradeiro das bagagens e sob um calor irrespirável, tudo aquilo me parecia desapropriado. (continua)
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