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Racismo. Xenofobia. Segregação. Há quem goste de palavras fortes e as use com desembaraço, revelando com orgulho os seus direitos de propriedade sobre elas. É que há conceitos que só podem ter nascido na consciência de alguns. Dos poucos cuja moral se ergue acima da mancha humana. Daí que esses donos da moral não hesitem também em estabelecer limites à liberdade de expressão e - porque não dizê-lo - de pensamento alheio.
"As palavras são demasiado importantes", vociferam. Foi esta preocupação que esteve subjacente a uma das suas mais emblemáticas criações, a do novo conceito a que chamaram "politicamente correcto".
Basicamente a aplicação deste conceito destina-se a prevenir os erros de avaliação grosseiros e a natural leviandade dos outros. Para darem o exemplo eles próprios são os primeiros a praticar a contenção que recomendam. Nas matérias consideradas mais apropriadas exercem com perícia o autopoliciamento e são implacáveis na vigilância do discurso de terceiros.
Desta forma, os donos da moral passaram também a ser os donos da verdade. Tal estatuto é, porém, vivamente repudiado pelos próprios. Creio que é porque não o consideram politicamente correcto.
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