por João Távora, em 19.07.08
Graças a Deus uma vez mais estou de abalada para uma curta temporada balnear. Isto não acontecerá sem que logo à noitinha eu mais a minha Maria vamos de comboio, ganga e sapatilhas, ouvir o velho Leonard Cohen recitar ali prós lados de Algés. De resto o remanso familiar decorrerá em Milfontes, como deve ser, como sempre foi desde que tenho memória, e que apenas o PREC teve o poder de interromper por um longo período.
Normalmente este é tempo de dar soltura às crianças, vestir calções e chinelos o dia todo; arejar as leituras com jornais (quase até ao obituário), ler crónicas, contos e até quem sabe um romance. Ao fim de alguns dias, o inevitável resultado desta receita temperada com mar, muita poeira, cerveja e peixe fresco é uma ociosa descompressão que reservo para uns últimos dias em S. João do Estoril, já com as horas trocadas, filmes alugados e leituras nocturnas à varanda. Grosso modo as minhas férias são bastante previsíveis e terminam com direito a missa de Nossa Senhora da Assunção e a familória toda reunida em S. João para a minha habitual festa de anos. É assim que vai ser este ano outra vez e como tal continuará no futuro, se Deus quiser, enquanto eu viver e tiver saúde: um conservador é um conservador, e entre outras coisas tem convicções, não faz cedências, e desconhece familiares do Bloco de Esquerda. Não quero desiludir ninguém, mas o velho Sousa Homem é uma benévola e politicamente correcta idealização de um reaccionário, só possível pela mente arrevesada de um cândido progressista.
De resto, há alguns anos que aguardo por uma intricada conjugação de factores que permita levar a "família pipocas" em passeio a Paris só com a ajuda dum GPS e do Guide du Routard: uma folga financeira e não termos uma endiabrada criancinha pequena. Suspeito que a oportunidade se adivinha para os próximos anos, só não sei se os miúdos mais velhos ainda terão pachorra para a empreitada.