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A coragem de Manuela

por João Távora, em 03.07.08

Numa época de assumpção plena do relativismo dos valores fundadores da nossa sociedade, sempre em benefício do imediato interesse do mais forte, o casamento civil vem sendo progressivamente esvaziado dos seus frágeis fundamentos. Transformado num precário acto burocrático e muitas vezes pretexto para burlescos regabofes à moda de Las Vegas, decadentes  exibições de intemperança, a admissão de pares do mesmo sexo na mesma caldeirada será a prazo a machadada fatal na instituição. Assim se vai afirmando ao mundo o Ocidente, berço da civilização, hoje terra da opulência e da ganância, cada vez mais agrilhoada a um decadente hedonismo.  

Porque não acredito na inevitabilidade dum caminho para a História, porque não creio que o progresso tenha um sentido obrigatório, acho importante a assumpção do contraditório face ao progressivo pensamento único instalado nas nossas pseudo-elites. Assim, considero que Manuela Ferreira Leite foi corajosa ao afirmar claramente as suas reservas quanto ao casamento entre homossexuais. MFL exprime e reflecte uma opinião legítima que é partilhada por muitos portugueses ainda não subjugados à propaganda da moderna inquisição.
De resto, insisto que o respeito pelas pessoas e suas diferenças é antes de mais um acto concreto da relação. É uma aprendizagem de berço e não é legislável.

 


11 comentários

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De José Manuel Faria a 03.07.2008 às 12:25

Então o casamento tem como 1º objectivo a procriação!

Caso MFL se divorcie nunca mais casa.
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De Anónimo a 03.07.2008 às 13:29

Por mero bom gosto deviam impedir este Távora de escrever as barbaridades a que habitualmente nos submete. Nem por caridade cristã isto se entende.
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De João André a 03.07.2008 às 14:10

Tanta qualidade de escrita (quisera eu) para dizer absolutamente nada. Diga lá João, porque razão é o casamento entre pessoas do mesmo sexo «a machadada fatal na instituição». É que isso não se vislumbra no seu post. Apenas que diz que será a tal «machadada final», nada mais. Isso tem tanta validade como eu andar a dizer que a religião é "o ópio do povo" ou não? é tão disparatada uma como outra afirmação, uma vez que carece de justificação.

Tanto quanto vejo, o casamento entre pessoas do mesmo sexo poderá aumentar o número de casais. Note o João que estas pessoas que se querem casar não vão deixar de viver juntas ou de ter vida comum apenas porque não podem assinar esse papelinho. O que é diferente é que deixam de poder ter direitos relativamente a essa convivência. Aparentemente, para o João, os actos de amar, acarinhar, apoiar em momentos difíceis e partilhar felicidade, bem como o desejo de fazer estas coisas para o resto da vida, tudo isto, para o João, vale zero! É isto?

Quanto às declarações de MFL, são patéticas e servem apenas e só apra deixar a salivar os cãezinhos anti-casamento homossexual como o João Távora. É mesmo pavloviano. Espero a mesma reacção quando se vier falar de casais inférteis ou demasiado velhos. Suponho que um senhor de 67 e uma senhora de 63, ambos viúvos, não poderão casar não é verdade? Pobres mulheres que entrem na menopausa: ou morrem antes do marido ou morrem sós. É isto que MFL e João Távora desejam.
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De TragédiaGeek a 03.07.2008 às 14:56

Também não entendi essa da machadada. Estará o meu casamento em perigo se os meus vizinhos gay se casarem? É isso João, ou receia que seja contagioso?
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De l.rodrigues a 03.07.2008 às 16:14

Mas, mas, mas... O berço da civilização não era a Mesopotâmia?
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De tric a 03.07.2008 às 17:02

"Porque não acredito na inevitabilidade dum caminho para a História, porque não creio que o progresso tenha um sentido obrigatório, acho importante a assumpção do contraditório face ao progressivo pensamento único instalado nas nossas pseudo-elites."



Bom Post
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De xtremis a 03.07.2008 às 18:31

Bom, eu até me considero um elemento típico da população "normal", "média", enfim, um verdadeiro "Joe Six-pack" e devo confessar que isso dos homossexuais e casamentos apenas civís não me aquece nem me arrefece.

E como eu, acredito que para muita gente, tanto faz, desde que, claro, não nos venham chatear ao nosso cantinho.

Ó diabo, será que estou a ser "subjugados à propaganda da moderna inquisição" e não sabia?
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De Manuel Leão a 03.07.2008 às 22:07

.Senhor João Távora:

Não concordo consigo.

Mas julgo que há aqui grandes confusões incluindo confusões de ordem semântica.

O casamento civil é diferente do casamento religioso. No casamento católico a cerimónia é comum, mas só isso. É evidente que a Igreja (neste exemplo, a Igreja Católica) pode determinar os pressupostos para a realização do casamento, enquanto Sacramento, como é o caso, por exemplo, dos cônjuges terem de estar baptizados.

Se a Igreja não admite casamentos homossexuais, é óbvio que só restaria aos interessados casarem civilmente se (ou quando) a lei civil o permitir. E não vejo porque não o possa permitir. Ninguém tem o direito de impedir que os outros possam ser felizes.
Infelizmente, MFL ainda foi muito mais longe, ao dizer que:
«A sociedade está organizada e tem determinado tipo de privilégios, de regalias e até de medidas fiscais no sentido de promover a família como algo que tem por objectivo a procriação». Li e tive de reler para ver se me teria enganado!

Ora isto, para mim, é inadmissível.
Para além de tudo o mais porque não se pode aceitar que a sociedade seja imutável. Para MFL a sociedade é assim, ponto final. Fim da História.

Depois porque se infere, do que disse e como disse, que os casais em que pelo menos uma das pessoas seja infértil, em função da idade ou de outra qualquer razão, não podem (ou não devem) casar.
Depois porque os padrões morais de MFL (se é isso em que ela se baseia) ou de qualquer outra pessoa não podem impedir o direito à felicidade de quem quer que seja. Desde que não exista escândalo público e que não haja atentado aos direitos de terceiros, cada um é livre de ser feliz à sua maneira. Conceitos religiosos pertencem ao foro íntimo de cada um e não podem ser impostos. Afinal não é isso que se critica aos outros fundamentalistas religiosos? Como é? Em que ficamos?

O que foi dito por MFL não mostra coragem nenhuma. Mostra apenas fundamentalismo religioso e ou social.
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De Ângelo Ochôa a 04.07.2008 às 01:12

Meu apoiado a autor de post sobre palavras de MFL . A ordem natural das coisas a tal me obriga, e não a cumplicidade com lobbies e rebaldarias gay ou quejandas.
Meu apoiado igualmente a Manuela Ferreira Leite, custe-lhe embora o apoio «iluminado» de uns tantos pseudo-liders » (vai com erro) de opinião como um tal Senhor de Pitta penso que com 2 t de blog «daliteratura » -- é por falta de coragem e por desrespeito do que é naturalmente sagrado que grassa por í esta subversão de valores que confrange. Ganhem juízo, e sejam somente humanos.
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De fcl a 04.07.2008 às 15:34

Ó sr JT ia comentar seu post mas verifico q, exceptuando UM ou DOIS comentários, estou dacordo com todos os outros. Assim, nada resta para comentar qto às enormidades por si aqui proferidas. Ao menos a MFL ainda tem a "desculpa" da idade! Enfim...
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De João Távora a 06.07.2008 às 17:56

Agradeço os comentários, e quanto às opiniões contrarias (que conheço bem, são-me marteladas diariamente) aceito-as. Tentem aceitar a diferença, e evitem uma visão maniqueísta das ideias.

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