por João Távora, em 17.06.08
O futuro e o erro
Porque será que tanta gente se sente amedrontada com o novo, com o desconhecido, com a incerteza das probabilidades? Porque persiste tanta gente nas certezas arcaicas e ultrapassadas só por medo de que a futura realidade lhes fuja por entre os dedos (como se não fugisse já!), pelo conforto da sensação de que se controla o que nos rodeia? Vergamo-nos tantas vezes sob o peso dum fardo que ainda não carregámos, que quase o obrigamos a tornar-se real. O futuro não pode constituir uma ameaça maior que o passado. E faz-se disso: de incertezas, de um sem número de possibilidades de erro, de críticas, de insucessos, mas felizmente, também, e não há outro caminho, de conquistas e vitórias.
Pior do que qualquer desaire é deixarmo-nos definhar na ilusória segurança do conhecido e dos danos calculados. Não pretendo com isto dizer que o risco não deva ser avaliado e ponderado, mas, apenas, que há uma boa dose de imprevisto em grande parte das decisões importantes que tomamos e que este facto não nos deve travar o desejo de mudança. Ainda que devagar, ainda que à custa de pequenos recuos se necessário, mas sem medos. A diferença entre a euforia estéril e o avanço responsável de uma sociedade é exactamente esse: reconhecer os erros e emendar. Trabalhar as dúvidas e apostar nas convicções, com a ressalva de que não há soluções milagrosas. Mas há vontade, determinação e confiança. E humildade suficiente para aprender, sempre. É isso que nos salva.