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Taninos e sabores frutados
Problema número 1 - “Caros senhores, recebi com surpresa e agrado o vosso convite para cortar uma fita aí na vossa elegante mansão”, respondi ainda atordoado. Ao júbilo do primeiro momento foi-se acrescentado o pânico e a dúvida, algo me gritava aos ouvidos “não estás a ver que eles se enganaram?”, pelas reduzidas capacidades do meu cérebro, agora ainda mais reduzidas pelo choque do e-mail acabado de ler e que “só pode ter vindo parar à morada errada ou então é spam, já não me chegava ter a Brenda, e Ana e a Patricia a prometerem um “penis enlargement” de fazer inveja ao John Holmes, agora também recebo disto”.
Estava a meio caminho de atirar com a mensagem do "Desassosego" para o lixo quando um último relampejo de socialidade e fé no futuro me soprou para os ouvidos “olha lá o melhor é responderes ao remetente, o Pedro Correia não vai ficar chateado contigo por isso, quando muito confirma-te as suspeitas”:
- Caro Hélder Franco por razões que não lhe consigo explicar esse e-mail chegou à sua caixa de correio, na realidade pretendia convidar o Omar Telo, do blogue Ónus do Vil Metal, mas o corrector ortográfico fez das dele. (…)
Puro engano, ou uma generosidade do outro mundo, a resposta foi na realidade: “contamos consigo”. Ora esta mensagem entregou-me ao problema número dois: “Mas o que raio vou eu escrever?”. No meu quadro de ardósia mental, escreveram-se tópicos, assuntos e parvoíces – por azar vieram mesmo calhar a esta última as decisões finais desta missiva. Política – Deus me livre, isso era o mesmo que assinar o meu pedido de extradição para um gulag na Sibéria; Ferreira Leite e Pacheco Pereira – lembra-te de não fulanizares a coisa que eles conhecem os senhores em questão muito melhor que tu; Cinema – isso era coisa para levares uns 7-1 –deixa mas é de ser parvo; Desporto – ah e tal e coisa e não sei quê, quando isso sair já os teus dotes de professor Karamba estão desactualizados e a selecção voltou para casa, carregada em ombros pela energia positiva de quem empurra o autocarro que o gasóleo está caro.
Depois de cinco dias nisto desisti. Mandei um e-mail ao Pedro Correia em que fiz questão de agradecer o convite e lembrei-me da única coisa que poderia fazer a quem tão amavelmente me recebeu: fica já guardada uma garrafa de Quinta de Sant’Ana 2006 para que estejam etilizados o suficiente na hora de apreciar este texto. Azarado como sou, o Duarte Calvão ainda me vai trucidar com os taninos, aromas frutados e outras coisas que tais, porque isto na realidade há dias em que nem os textos devem sair de casa.
Helder Franco (do blogue Os Anos do Metal)
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