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O lado negro da bloga
Respondendo ao convite do Pedro Correia, vou discretear sobre o que considero ser o lado negro da bloga: a intolerância face à opinião do outro. Não me refiro a discordâncias, sempre legítimas, e enriquecedoras da troca de ideias desde que manifestadas com discernimento e assertividade. Não é disso que se trata. O ponto é que a bloga reflecte o défice de democracia da sociedade portuguesa. Sempre que um tema-limite mobiliza a opinião publicada (este publicada inclui textos em linha), o azedume toma conta da comunidade bloguítica. Foi assim com o chamado arrastão de Carcavelos, o dossiê Ota, a guerra entre Israel e o Hamas, o folhetim Esmeralda, a actuação da ASAE, as coteries críticas, o canudo do primeiro-ministro, a marcha dos professores, os cartoons dinamarqueses, a despenalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a lei do tabaco, etc. (Cito de cor, sem obediência à cronologia ou a qualquer hierarquia.) Nessas ocasiões, há sempre quem tente impor o pensamento único. Por razões que a sociologia explicará, os sectores conservadores, à direita e à esquerda, têm um peso significativo na bloga nacional. Em princípio, isso não devia ser um mal nem um bem. Deveria ser apenas uma evidência estatística. Contudo, a realidade traduz o país que somos. Quarenta e oito anos de Estado Novo não se apagam de um momento para outro, sobretudo porque, no outro extremo, a dialéctica dos amanhãs que cantam, em vez de evoluir no confronto dos contrários, propendia à simetria do argumento. Em nenhum outro lugar como na bloga, as obsessões, os procedimentos e os equívocos da ditadura (e do combate que contra ela se fez) têm uma tal nitidez. O manto diáfano da modernidade, tingido, aqui e ali, de uns pós de cosmopolitismo, não é suficiente para disfarçar a pulsão de cartel.
Eduardo Pitta (do blogue Da Literatura)
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