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A proposta de pagar a gestão da biomassa fina a quem mantenha o seu terreno, não agrícola, com menos de 50cm de altura de matos e ervas tem sido bastante criticada pelas mais diversas razões (como eu os percebo, acho uma péssima proposta, sobretudo se evitarmos qualquer comparação com todas as outras).
Motiva aliás uma estranha coligação entre liberais e estatistas.
Os primeiros são contra a criação de um mercado de base pública, financiado pelos contribuintes, por acreditarem que a situação actual decorre de tenebrosas forças anti-mercado e, em qualquer caso, são contra a criação de rendas para os proprietários. Uns idealistas que acham que a situação actual não resulta do contexto sócio-económico do qual resultam os preços dos bens e serviços que condicionam a competitividade das acções de gestão.
Os segundos acham que todos os proprietários têm o dever moral de usar convenientemente a propriedade privada, portanto defendem uma taxação que obrigue o proprietário a prescindir do seu direito de propriedade ou faça acções de gestão ruinosas, para que o Estado depois confisque os terrenos para os ceder a terceiros que irão gerir bem esse activo, sem perder tempo a explicar que gestão é essa que permite tirar rendimento do activo e, em qualquer caso, são contra a criação de rendas a favor dos proprietários. Uns moralistas que acham que deve ser o Estado a decidir o que é o bom ou mau uso da propriedade privada.
Uns e outros não explicam que raio de renda é essa que só existe quando a gestão produz um efeito pré-definido.
Uns e outros, na verdade, acham que a situação actual não é suficientemente grave para que seja preciso encontrar soluções de curto prazo para gerir a biomassa fina e portanto preferem soluções perfeitas, ainda que abstractas, a soluções que funcionam, ainda que não resolvam tudo.
A Montis, que uso como exemplo, terá qualquer coisa como 350 sócios que pagam uma quota anual de 25 euros, portanto terá um valor de quotas à volta de 8 750 euros.
Apesar de ser uma associação muito conservadora em matéria de projectos de financiamento (é fácil ir buscar dinheiro a projectos, mas a verdade é que quem vive de projectos serve os objectivos dos financiadores, não os dos sócios da associação), estes 8 750 euros de quotas alavancam outras fontes de financiamento.
Por exemplo, a consignação de IRS (que este governo alterou de 0,5% para 1%, e acredito que tive alguma influência nisso, embora ténue) representou mais uns 4 mil euros, há alguns projectos e parcerias, de maneira que o valor global das receitas da Montis, no ano passado, terá sido à volta de 80 mil euros. Dos quais uns 40 mil corresponderam a um projecto com a Caudalie com obrigações bem definidas.
Estes são, portanto, os recursos à disposição da Montis para produzir biodiversidade.
As vendas do sector de pasta, papel e cartão, variam de ano para ano, claro, mas o erro contido no valor que vou usar não é relevante para o que estou a escrever: andam acima dos dois mil e quinhentos milhões de euros. Escrevo com números: 2 500 000 000 contra 80 000 da Montis.
Claro que é uma comparação da treta porque estou a comparar todo um sector com uma pequena organização de outro sector, mas a disparidade é de tal maneira grande que facilmente se percebe que todo o sector da conservação nunca chegará a valores de 2 500 milhões de euros anuais, o que explica por que razão há mais produção de eucalipto que produção de biodiversidade (o Instituto da Conservação da Natureza, talvez o maior agente de conservação no país, não deve ter mais de 100 milhões de euros disponíveis anualmente, ou seja, precisaria de multiplicar os seus recursos anuais por 25, para estar ao mesmo nível do sector da pasta, papel e cartão).
Quem é que entrega recursos tão grande ao sector da pasta, papel e cartão?
Somos nós todos quando compramos produtos que são produzidos pelo sector, se alguém acha que o sector tem recursos a mais, tem bom remédio: parar de consumir os seus produtos.
E quem acha que a conservação deveria ter mais recursos, tem bom remédio, pague mais a quem faz conservação ou produza-a directamente, nos seus terrenos ou no de terceiros.
Fazer manifestações (com cartazes feitos pelo sector da pasta, papel e cartão), inventar histórias da carochinha sobre o sector, pintar fachadas, e outras sinalizações de virtude, parecem-me actividades ociosas e inconsequentes.
A razão pela qual o sector prospera é apenas porque há quem consuma os seus produtos ao preço a que são vendidos.
Eu conheço os argumentos, são as portas giratórias, é a captação do Estado, é a falta de vontade política, é a permissividade administrativa, é a corrupção, etc., etc., etc., mas a verdade é que se tivessem razão, bastava demonstrar qualquer uma destas coisas.
A razão pela qual a generalidade da sociedade se está nas tintas para o actual movimento ambientalista é porque o vê mais preocupado com a sinalização de virtude que com a realidade, não é por causa de razões escondidas e processos manhosos, é mesmo porque não têm razão no que dizem, mesmo que sejam muitos a dizer (e nem isso são).
Há já bastante tempo um amigo dizia-me que não percebia por que razão, sabendo ele que eu não tinha nenhum apreço pelas paisagens de eucalipto, que acho monótonas, homogéneas e hostis, eu não intercalava umas críticas a essas paisagens no meio do que dizia, para não ser completamente ostracizado no mundo da conservação.
Ele tinha razão, no caso de eu ligar alguma coisa à minha reputação junto de pessoas e organizações cuja opinião é determinada pela necessidade permanente de demonstrar superioridade moral e distância (fictícia) aos interesses económicos.
Só que não tenho a menor intenção de ceder à definição do problema aceite pela wokaria, eu discuto o assunto nos termos que eu entender, e não nos termos de quem não tem nada a acrescentar à discussão, repetindo os mesmos slogans há trinta anos como uma espécie de senha de acesso à superioridade moral que caracteriza o sector da conservação.
Cego, completamente inapto para qualquer cargo governativo, coube a este homem, Teixeira de Sousa, salvaguardar o regime e defender a dinastia de Bragança, no dia 5 de Outubro de 1910. Misto de cacique de província e burguês obtuso, grosseiramente liberal e alheado de qualquer princípio, de carácter bovino e pedante, pode perfeitamente representar o que de pior produziu aquele liberalismo. O jornalista Joaquim Leitão escreveu a propósito: "Quem uma vez passou em Trás-os-Montes traz os ouvidos cheios destes dois nomes: filoxera e o sr. Teixeira de Sousa". A ascensão de um enviesado apenas pode ser explicada pela rápida liquidação dos principais líderes políticos (Hintze Ribeiro, Vilhena, Campos Henriques e Wenceslau de Lima) e pela profunda crise que se abateu entre os partidos do regime.
De forma insólita, Teixeira de Sousa pactuou com a desordem. Não terá sido um traidor, como lembrou um antigo colaborador do seu governo, mas apenas "burro". Ajuizando à distância das emoções, não podemos acusá-lo inteiramente, nem lançar culpas ciclópicas aos ombros de um pigmeu. Não foi o único responsável, certamente, nem isenta outras forças que deviam ter defendido o rei. Porém, coube-lhe a maior responsabilidade - o que impede qualquer comoção face à alarvidade do homem. Na sua lógica, para “desarmar a revolução”, era preciso “realizá-la” (a perfeita contradição na mais bárbara das formulações).
A data que todos os anos o regime republicano celebra, não podia ter sido mais insólita, mais bizarra, recheada de contradições, traições e cobardias - de tudo aconteceu. Longe do heroísmo, foi uma fatalidade, uma comédia trágica que exilou uma dinastia secular. Apesar de todas as críticas que possamos fazer, Teixeira de Sousa foi, ao mesmo tempo, produto de um sistema, a perfeita consequência da revolução liberal, a realização de uma ideologia que originou os seus próprios inimigos.
Quando passa mais uma outubrina época de triste memória, eis que as comemorações são empolgada, talvez pelo mais vivo momento de sempre! A República foi lembrada pelos Sapadores Bombeiros.
Do seguinte resumido modo: umas largas centenas seus, funcionários públicos mas sempre "soldados da paz", fartos de servirem e de o Estado se lambuzar com o seu serviço, foram em manifestação à "Casa da Democracia". Porquê? Porque andavam a ser lambuzados na sua missão que acode a todos, respeitavelmente a todos que os respeitam e admiram.
Somente, o Estado, a República, explora-os. Paga mal, quando paga, nada contempla a sua vida dedicada a apagar os fogos e a acudir aos acidentes dos outros.
Assim assistimos aos "soldados da paz" invadindo a escadaria do palácio que a República usurpou; ao seu confronto com a polícia; e, sobretudo, aos fumo negro dos pneus queimados, à confusão dos archotes e dos petardos.
A Repúbica calou o mais possível a ocorrência. O Presidente desta ocasião discursou depois em dizeres vagos (todos os anos repetidos) de que ainda não se chegou à perfeição. Pois não. Nem jamais se chegará, ou o seu discurso não fosse um intervalo, entre tantos, sobre a questão orçamental, quid momentum est. Afinal, outro fait divers.
Depois de 2017, depois do passado Setembro, a República desnuda-se nas suas adiposidades e dificuldades de locomoção. Os Bombeiros já o perceberam. Ainda bem! São mais uns tantos. Outros virão, oxalá ainda no Portugal português.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, aproximaram-se de Jesus uns fariseus para O porem à prova e perguntaram-Lhe: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus disse-lhes: «Que vos ordenou Moisés?». Eles responderam: «Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Jesus disse-lhes: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe para se unir à sua esposa, e os dois serão uma só carne’. Deste modo, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu». Em casa, os discípulos interrogaram-n’O de novo sobre este assunto. Jesus disse-lhes então: «Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério». Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». E, abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas.
Palavra da salvação.
Bandeira da Carbonária (organização terrorista secreta republicana).
Depois de aqui há anos, no centenário da República, ter sido realizado o maior escrutínio historiográfico alguma vez feito a este período negro da nossa história, seria natural que os bem-intencionados titulares do regime se envergonhassem um pouco no momento de o festejar: a revolução de 5 de Outubro de 1910, definitivamente, não merece quaisquer celebrações num país que pretenda ser civilizado.
Mas, porque a memória é curta, atrevo-me a fazer hoje uma pequena síntese daquele período de terror, emergente do feroz regicídio, o assassinato do Rei Dom Carlos e do Príncipe Dom Luís Filipe, acicatado pelas mais indecorosas campanhas de propaganda populista pelos extremistas na imprensa livre das cidades de Lisboa e Porto, que fariam corar de vergonha os seus homólogos da actualidade.
Poucos anos antes de 1910, o PRP era um partido sem implantação nacional, só com alguma expressão nos grandes centros urbanos, como acontece actualmente com os partidos da esquerda radical: as suas estruturas paroquiais não funcionavam, e os seus líderes detestavam-se passando o tempo em intrigas e guerras intestinas. Por isso, apesar dum crescimento no reinado de D. Manuel II, entre os anos de 1908/10, o triunfo da República no 5 de Outubro foi recebido com surpresa e incredulidade por quase todo o país, em particular pelos próprios republicanos. São muitos os testemunhos nesse sentido. Os portugueses, ainda mal refeitos do escândalo do regicídio, nem imaginavam o que os esperava.
O facto é que, nos tempos que se seguiram à revolução, foi implantado um dos regimes mais intolerantes e violentos que Portugal alguma vez teve. Com a demissão ou exílio das antigas elites, militares e civis, a aceleração da decadência das instituições, o caos da vida pública, as prisões políticas em massa, os assassinatos, as bombas e tiroteios, a repressão da imprensa livre, materializada na destruição, assalto e violência exercida sobre os jornais e os jornalistas, o processo atingiria píncaros impensáveis a 19 de Outubro de 1921.
A Camioneta Fantasma.
Nesse dia, um levantamento militar obscuro conhecido por Noite Sangrenta, fez percorrer uma “camioneta-fantasma” por Lisboa em busca de diversas figuras do regime republicano, que foram executadas a sangue-frio por um grupo de marinheiros chefiado pelo Cabo Abel Olímpio, homem sinistro conhecido pela alcunha de “Dente d’Ouro”. O País, há muito arrastado pelo chão, afundava-se na lama. Nessa terrível noite, foram assassinados entre outros, o Presidente do Conselho de Ministros, António Granjo, e Machado Santos e Carlos da Maia, “heróis da Rotunda”. A instabilidade política e social que, entre 1910 e 1926, resultou em 45 governos e sete presidentes da República, um dos quais assassinado a tiro (Sidónio Pais), reflecte bem um país sem rei nem roque.
Todo este processo de violência e acelerada decadência, a perseguição aos católicos, que eram a grande maioria dos portugueses, os assaltos e encerramentos de jornais, a restrição acentuada do direito de voto, as prisões políticas, a criação da Formiga Branca, e todo o terrorismo patrocinado pelo Estado, contribuiu definitivamente para o golpe militar de 1926 e a emergência do Estado Novo. O silêncio acrítico da maioria da historiografia do Estado Novo quanto ao regime tenebroso que o antecedeu foi por certo um alto preço pago por Salazar para manter o apoio dos republicanos, deste modo postos em sossego.
Piquete da Formiga Branca.
Como seria de esperar, as promessas republicanas de delirantes amanhãs que cantavam depressa se revelaram em desavergonhadas mentiras. Desde logo quanto à discriminação da participação política das mulheres na vida pública. De facto, foi a I República que excluiu pela primeira vez as mulheres da vida cívica, ao negar-lhes por lei o direito de voto, depois de a médica Beatriz Ângelo ter alcançado esse intento ao votar nas primeiras eleições republicanas, em 28 de Maio de 1911, aproveitando as indefinições existentes no enunciado de uma Lei… da monarquia. Quando se falou do voto feminino pela primeira vez na Assembleia Constituinte de 1911, a sugestão foi recebida com uma frase curta, lacónica, recusando categoricamente a utilidade do voto feminino: “Tem dado lá fora (o alargamento do sufrágio) mau resultado porque as mulheres têm sido quase todas reaccionárias” (Actas da Assembleia Nacional Constituinte. Sessão n.º 21, de 14 de Julho de 1911). Na “História da República”, de Raúl Rego, pode ler-se que a legislação de 1913 retirou o voto aos analfabetos e às mulheres, significando isto que “a República, na igualdade dos sexos, voltava sobre si mesma e à discriminação da mulher, anjo do lar”. A “democracia” emergente do 5 de Outubro assentou na redução do eleitorado de 70% para 30% dos homens adultos em Portugal…
Convite para sessão inaugural da Assembleia constituinte – só para homens.
Com o 5 de Outubro de 1910 iniciou-se um período de violenta perseguição religiosa em Portugal. A Igreja viveu por esses dias um período de semiclandestinidade durante o qual diversos membros do clero foram sujeitos à prisão, a maus-tratos e à morte. No Natal de 1910, com as Igrejas tomadas pelos republicanos, a Missa do Galo foi celebrada à porta fechada, com acesso limitado, e poucos tinham acesso aos “bilhetes” de entrada distribuídos às escondidas.
Curiosamente, não será coincidência a acrisolada devoção dos republicanos ao Marquês de Pombal, na mesma medida em que tomaram os jesuítas como bodes expiatórios, tão insistentemente perseguidos pela propaganda revolucionária. É sintomático que a reverência ao tirânico primeiro-ministro de Dom José tenha perdurado ao longo das décadas, e a sua estátua, a maior de Lisboa, tenha sido inaugurada em 1934 em pleno Estado Novo. De facto, o Marquês de Pombal, além da perseguição aos jesuítas, era tido por um herói inspirador do Partido Republicano Português. O seu centenário foi celebrado ruidosamente pelo PRP, em 1882, e sobre o déspota foram proclamados os maiores encómios, como este: “A barbaridade, essa era do tempo e nada tem que admirar no supplicio dos Tavoras. O que temos a notar, porem, é que o rigor do ferreo ministro cahia egualmente implacável sobre nobres e plebeus, sobre os poderosos e sobre os parias!”; ou este: “O despotismo, a tyrannia de que se argue Pombal, era imposta pelas necessidades, como o único meio de chegar à liberdade” (M. Emygdio Garcia). Robespierre e Saint-Juste não diriam melhor.
Caricatura de Afonso Costa.
Os jesuítas foram impiedosamente acossados, nos dias seguintes à implantação da República, e são sinistros os relatos do jornalista Valentine Williams, correspondente do News-Chronicle que chegara a Lisboa para testemunhar os acontecimentos. O seu relato do bombardeamento e assalto popular ao colégio jesuíta do Quelhas é impressionante, tendo o próprio, ao ser confundido com um padre da Companhia, sido detido, preso por uma corda, arrastado e conduzido à sede do Governo Civil, onde conseguiu identificar-se e ser libertado, não sem antes lhe terem inspeccionado a nuca à procura da tonsura. Na sequência do seu testemunho da destruição em curso no Colégio, dirigiu-se ao Ministro dos Negócios Estrangeiros, Bernardino Machado, pedindo-lhe que pusesse cobro à destruição da valiosa biblioteca. A resposta do futuro presidente da República – que curiosamente ou talvez não, não acabou nenhum dos seus dois mandatos – foi lacónica: “A propriedade desses patifes está sequestrada pelo povo Português”, declarou com a solenidade de um mocho. “O povo está no seu direito. Não há nada que eu possa fazer. Bom dia”.
Dos milhares de presos políticos da Primeira República também pouco se fala. Em 1913, já as notícias sobre maus-tratos que lhes eram infligidos tinham transposto fronteiras e conquistado as atenções da opinião pública nos países com mais ascendente sobre a nação lusa. Os grandes órgãos da imprensa britânica, o Times, o Spectator, o MorningPost, reproduziam, com abundância de pormenores, os casos de humilhação, violência, tortura, abuso de poder e tratamento desumano nas prisões portuguesas – a República tinha, por exemplo, adoptado o humilhante capuz penitenciário. A Duquesa de Bedford, presidente da Associação de Visitadoras de Prisões, deslocou-se a Portugal nos princípios de 1913 e visitou várias prisões, onde encontrou motivos para um indignado protesto que publicou em Londres. Sobre este assunto aconselha-se vivamente a leitura do livro biográfico Constança Telles da Gama – Fio-de-Prumo, da autoria de Maria João da Câmara, que inclui pungentes testemunhos da selvajaria infligida a todos aqueles, das mais diversas classes sociais (os mais indefesos naturalmente, eram os mais humildes), que foram denunciados e detidos como monárquicos.
São contundentes os números relativos ao ensino, apresentados por Rui Ramos na sua História de Portugal publicada pela Esfera dos Livros: “O número de escolas primárias em funcionamento, que subira de 4.665 em 1901 para 6.412 em 1911, continuava em 6.750 em 1918. A taxa de escolarização, depois de aumentar de 22,1% para 29,3% entre 1900 e 1910, quase estagnou até 1920 (30,3%). Entre 1911 e 1920, o analfabetismo na população maior de 7 anos recuou apenas de 70,2% para 66,2%, isto é, desceu menos que entre 1900 e 1911”. Empenhados em reprimir o país que rebeldemente lhes resistia, cada vez mais miserável, a velha promessa de prover educação ao povo, “e acabar com a acabar com a religião católica em Portugal em duas gerações” – como declarou Afonso Costa, quando era ministro da Justiça e Cultos – poucos resultados teve.
No que respeita à censura e ao controlo da imprensa, o método utilizado na maioria das vezes foi o do empastelamento, do assalto e da destruição dos jornais que se atreviam a confrontar o regime, pela Formiga Branca, uma autêntica polícia política irregular, antecessora da PIDE, que existiu na órbita do Partido Republicano. Durante esse período, o regime estabeleceu formas imaginativas, directas e eficazes de impedir o acesso do público aos textos críticos ou condenatórios do regime: o uso do assalto, da apreensão, da suspensão, e até da censura sem fundamento legal de jornais ou artigos foi tão frequente e continuado, que, no seu conjunto, constituiu um sistema repressivo sólido e consistente. A estratégia era a sustentação de um regime que não aceitava a contestação dos seus fundamentos, e de uma classe política que não arriscava colocar em jogo a sua permanência no poder. É irónico que os ardinas tenham sido das maiores vítimas da Formiga Branca: quando apanhados viam-se despojados dos jornais, cuja venda era o seu ganha-pão. As correrias dos ardinas, em fuga pelas ruas do Bairro Alto, eram acontecimento quotidiano.
O Ardina a fugir do Guarda Republicano, in Papagaio Real, 1914.
Sabemos que os herdeiros dos revolucionários de 1910 subsistem nos dias de hoje em Portugal. Habitam as margens radicais da esquerda portuguesa. Sendo uma minoria, têm exposição e palco desproporcionados à sua verdadeira dimensão. Ainda que muitos o não confessem, sabemos, até porque lemos o que escrevem e ouvimos o que dizem, que dificilmente hesitariam em usar métodos semelhantes se o sistema o permitisse. Mas, mesmo assim, julgo que isso não justifica que não se comece a pensar em reformar o feriado do 5 de Outubro, associando-o a um acontecimento capaz de unir e mobilizar os portugueses, o da assinatura do Tratado de Zamora em 1143, consensualmente considerado o momento da fundação da nacionalidade.
O que passou está passado; as feridas, mesmo as mais profundas, estão, para a maioria dos portugueses, já curadas e mesmo esquecidas. Já não há justiça que se possa fazer. Mas ainda podemos ansiar por um futuro mais harmonioso que faça justiça à nossa História comum. Hoje, por esse país fora, em Lisboa, Coimbra e Guimarães, de forma invisível, celebra-se o 5 de Outubro bom. Nesse sentido, celebremos 1143 que é de todos e esqueçamos 1910 que foi de muito poucos.
Publicado no Observador
Apesar de que já ter dito várias vezes que se o preço a pagar por se adoptar a proposta de pagar 100 euros por hectare de três em três anos a quem tiver menos de 50 cm de altura de biomassa fina no seu terreno for a condição, errada, de não a aplicar à produção comercial de eucalipto, eu discordo, acho um preço alto, mas pago-o sem problema.
Eu sei que a oposição à proposta, à falta de argumentos, cavalga uma velha pecha do país: o ódio ao lucro.
O que defendo é que é fundamental manter a aplicação da proposta o mais simples possível e centrada no essencial: os contribuintes pagam para obter um resultado verificável.
A proposta tem fundamentos bem definidos.
A falta de gestão, ou a gestão insuficiente, em larga escala, tem um efeito de acumulação de biomassa fina que torna o fogo incontrolável, logo, sem retomar a gestão de biomassa fina à escala da paisagem, que foi abandonada com as alterações sócio-económicas resultantes da possibilidade de produzir fertilidade em fábricas em vez de a colher nas terras marginais, nunca ganharemos controlo sobre o fogo.
Que isso não chega, dou de barato, mas se for associada a uma alteração de doutrina do combate que permita um melhor aproveitamento das oportunidades criadas pela gestão, seguramente ganharemos um controlo maior sobre o fogo.
A simplicidade de aplicação que considero fundamental resulta das dezenas de anos em que andamos a discutir problemas e soluções, sempre, sempre, sempre com o mesmo resultado: ou investimos milhões em aspectos relativamente pouco importantes, como as ignições ou o cadastro da propriedade, ou paralisamos e burocratizamos qualquer passo no sentido certo com preocupações abstractas, como o facto de alguém poder lucrar com a afectação de recursos decidida, como no caso das cabras sapadoras ou vales floresta.
A proposta pode traduzir-se nuns milhões a mais para as empresas de celulose?
Sim, pode, e qual é o problema?
Comecemos por desmontar o mito de que as empresas de celulose têm milhões de lucro (ainda bem, o problema não é as celuloses terem milhões de lucro, o problema é a TAP ou a CP terem milhões de prejuízo, sem que as deixem falir) com a exploração florestal.
Isso simplesmente não é verdade.
As empresas de celulose têm milhões de lucro nas componentes industriais da sua actividade, a produção florestal tem um peso marginal nos lucros destas empresas e corresponde a uma aplicação de capital pouco interessante face às alternativas.
Se assim não fosse, haveria em Portugal grandes e fortes empresas de produção florestal, só que não há.
As duas outras fileiras de base florestal com indústrias relevantes, o pinheiro e o sobreiro, só muito recentemente começaram a verticalizar o seu negócio investindo na produção florestal, até há muito pouco tempo o sector industrial trabalhava comprando matéria prima que outros produziam livremente (tal como os supermercados, cuja actividade é comprar e vender produtos, e não produzi-los, a verticalização no sector da distribuição tem um peso marginal, correspondendo ao princípio da especialização que tende a criar economias mais eficientes).
A razão estratégica para que a indústria que transforma pinheiro e cortiça em produtos, ter agora começado a investir na produção florestal não é porque a produção florestal seja um grande negócio, é exactamente ao contrário, é porque a exploração florestal é um negócio de treta que o abandono da produção começou a prejudicar o abastecimento das fábricas, ao ponto das empresas industriais alterarem a sua política e começarem a investir na produção florestal directa.
Sim, provavelmente há uma preocupação de regulação do preço, fugindo a flutuações acentuadas, que leva também a indústria a investir na produção florestal, mas esse resultado é fácil de obter em mercados com vitalidade, saudáveis e com boa concorrência.
Só que os mercados de produção florestal não têm nenhuma destas características, levantando riscos muito sérios de dificuldades de aprovisionamento da matéria prima necessária para o desenvolvimento do negócio que dá realmente dinheiro, a transformação industrial.
É por isso que é um erro excluir a produção florestal comercial do mercado público de prestação de serviços de gestão de biomassa fina, é bom e útil para o país que esse mercado seja mais interessante para todos os produtores florestais, não excluindo os agentes que, apesar das condições adversas do sector, conseguem ser suficientemente eficientes para não ter prejuízos na actividade.
Claro que depois vem o velho argumento de que estas actividades têm externalidades negativas para a sociedade, mas nem vou perder tempo a desmontar essa conversa chilra, por um lado porque o que não falta é investigação científica sobre o assunto, para quem se quiser informar, por outro porque nunca vi ninguém defender o fim da política agrícola comum, ou pelo menos do seu primeiro pilar, com o argumento de que nos vinhedos do Douro a biodiversidade é muito menor que num carvalhal maduro de fundo de vale, para já não falar da biodiversidade da avenida dos Aliados.
A exploração florestal comercial não existe para produzir biodiversidade, existe para responder a consumos da sociedade, e a razão pela qual existe muito mais área de eucalipto que de produção de biodiversidade é porque há muito mais gente disponível para pagar papel que para pagar biodiversidade (nem a porcaria de 25 euros por ano para financiar uma associação aberta, transparente, que faz gestão directa de terrenos com objectivos de produção de biodiversidade, cujos resultados podem ser verificados por qualquer pessoa, a generalidade das pessoas está disponível para gastar, ao mesmo tempo que, por ano, gasta seguramente cinco vezes mais só em papel higiénico).
Argumentar que uma actividade deve ser prejudicada porque não produz aquilo que não é suposto produzir não faz sentido nenhum, na verdade é apenas uma forma pouco séria de impor um argumento bem menos simpático, o argumento de que o lucro é, em princípio, ilegítimo e, por isso, deve ser perseguido de todas as formas possíveis.
Os impactos negativos da actividades tratam-se na regulamentação da actividade.
A apropriação para fins sociais de parte do lucro das actividades trata-se na política fiscal.
Não é na política de gestão do fogo que podemos resolver todos os problemas do mundo, nas políticas de gestão do fogo o que é preciso é tratar os KPI (uso isto sempre que posso, dá um ar de superioridade intelectual fabuloso), que é como quem diz, os factores que interessam à gestão do fogo, a saber: gestão de biomassa fina e combate focado no aproveitamente das oportunidades criadas por essa gestão.
O resto é só o resto, que tem muito apoio social porque o ódio ao lucro, em Portugal, é uma ideia com muita saída e uma autêntica fábrica de pobreza material (que a intelectual é um dado adquirido, claro).
(...) É fácil perdermo-nos em pormenores, e esquecer o essencial: a Putin não importam os falantes de russo no Donetsk nem ao Ayatollah Khamenei os árabes de Gaza. O que os assanha é a existência da Ucrânia e de Israel, que encaram como baluartes e símbolos da ordem ocidental. Destruir a Ucrânia e Israel é o primeiro passo com que Putin espera fundar o seu império neo-soviético, e o Ayatollah o seu império religioso. Por isso, qualquer cessar-fogo nunca será mais do que uma pausa para prepararem os próximos ataques.
O erro dos líderes ocidentais está em não reconhecerem que o Ocidente está sujeito às mesmas necessidades e contingências da Rússia e do Irão. Putin e o Ayatollah precisam de vencer estas guerras para levantarem os seus impérios. Mas o Ocidente também precisa de as vencer para manter os seus regimes. Não se trata de espalhar democracia pelo planeta, como há vinte anos. Trata-se de eliminar ameaças e dissuadir agressões. Se a Ucrânia e Israel desaparecessem, a guerra não acabaria: apenas se aproximaria mais do Ocidente, porque a seguir à Ucrânia, a ditadura neo-soviética russa interessar-se-ia pelos países bálticos, e o fundamentalismo islâmico já tem a Espanha e Portugal assinalados como as próximas terras do Islão a libertar do “colonialismo” ocidental.
Estes conflitos são insuportáveis? A vitória é a única maneira de os terminar. Não querem expandir a NATO? Derrotem Putin, de modo que os vizinhos europeus da Rússia não sintam precisar da garantia atlântica, como aconteceu à Finlândia. Querem um Estado árabe na Palestina? Derrotem o Irão e as suas milícias, de modo que esse Estado árabe não se reduza a uma simples base militar de ataque a Israel, como Gaza e o sul do Líbano. (...)
A ler o artigo de Rui Ramos na integra aqui
É impressionante a capacidade que há hoje de produzir informação.
Há já uns dias que está disponível esta análise sobre a área ardida este ano.
Diz quem sabe que talvez o aspecto menos conseguido seja o facto das classes de severidade usadas terem limites mecanicamente matemáticos, em vez de terem limites directamente relacionados com a realidade ecológica associada a cada nível de severidade, mas disso eu não sei nada, registo a informação.
Para mim o que me parece que teria sido útil, e muito fácil de fazer, era acrescentar uma coluna em cada quadro em que se analisa a área ardida por espécie florestal dominante . O objectivo seria permitir comparar directa e facilmente a percentagem da presença da espécie na paisagem, com a percentagem ardida dessa espécie em cada fogo analisado.
De uma forma grosseira isso pode ser feito porque se apresentam os mapas de ocupação do solo anteriores ao fogo, e consegue-se ter uma ideia do que lá estava, comparando então com o que ardeu, mas de forma menos rigorosa e mais sujeita a erros (tanto mais que as diferenças de tom usadas na diferenciação das classes de uso, em especial entre eucaliptos e outra folhosas, nem sempre serem imediatamente reconhecíveis).
Mas tudo visto e ponderado, é informação muito boa, em enorme quantidade, facilmente acessível, e produzida num tempo curtíssimo.
Mais uma vez a informação em causa parece confirmar que as espécies florestais dominantes não são um factor relevante para compreender o fogo em Portugal (para além da confirmação de que os milhares de fogos de pequena dimensão têm um interesse relativo no assunto, apesar da discussão das ignições ter voltado outra vez a irromper no espaço público).
Mais uma vez, embora este boneco dê uma ideia do peso relativo dos grandes e pequenos fogos na área ardida, uma pequena reformulação da apresentação da informação, relacionando número de fogos por classe de área e área ardida total em cada classe, daria uma visão mais clara do peso marginal da esmagadora maioria das ignições em Portugal. Se fiz bem umas contas, 96,7% dos fogos têm menos de 1000 hectares de área ardida por fogo (88,6% têm menos de 100 hectares e resultam em menos de 10 mil hectares ardidos) e respondem por 25 mil hectares de área ardida total, os restantes 3.3% dos fogos respondem por cerca de 135 mil hectares de área ardida total.
Se nos números agregados os eucaliptais respondem por cerca de um quarto da área ardida (contrariando a ideia de que o que arde são os eucaliptais), o relevante é o que arde quando se compara com o que existia nas áreas ardidas, análise que infelizmente não é feita.
Tomemos três exemplos de fogos diferentes, usando sempre a primeira carta de ocupação do solo que o estudo analisa (usa duas, têm diferenças de critério e solidez, relevantes no pormenor, mas o essencial é semelhante).
No primeiro fogo analisado, São Martinho de Angueira, Mirando do Douro/ Vimioso, os matos são 45,8% da área ardida, seguidos de outras folhosas (forçosamente, maioritariamente carvalhais) com 14,8%, áreas agrícolas com 11,4%, a mesma percentagem da vegetação hebácea espontânea.
Como é de esperar numa área pouco florestada e com grande peso de culturas agrícolas de sequeiro, matos e pastagens, o que arde tem pouca relação com os números globais do país, com a excepção do peso dos matos.
No segundo fogo que escolhi, Ancede e Ribadouro, Baião, os matos representam 27,7% das áreas ardias, seguidos dos 16,7% de áreas agrícolas, 16,3% de outras folhosas (maioritariamente carvalhais), 13,8% de vegetação herbácea espontânea, 11,8% de eucalipto e 6,2% de pinhal.
Como é de esperar num paisagem minhota fortemente agrícola, em mosaico, com extensas áreas de matos e regeneração de carvalho. Surpreende-me um bocado a percentagem de eucalipto ardido, mas é verdade que não há assim tanta área de eucalipto (falta a tal coluna com esta informação para uma análise mais fina) e admito que, se forem estações de boa produtividade, tenham alguma gestão que faça diminuir qualquer coisa a percentagem de afectação.
O terceiro fogo é o de Albergaria-a-Velha e Valmaior, Albergaria a Velha/ Águeda, em que os eucaliptos representam 62,6% da área ardida, seguidos de matos com 8,4%, vegetação herbácea espontânea com 8,3%, outras folhosas (maioritariamente serão carvalhais, mas nesta área podem incluir acaciais, diria eu) com 5,1%, áreas agrícolas com 4,9% e pinhais com 3,5%.
O que é de esperar de uma área esmagadoramente dominada por eucaliptal em xistos.
Como digo, é pena que os dados não incluem a percentagem de ocupação de cada um destes usos numa coluna ao lado da percentagem de classe de uso ardido, sendo de esperar um desvio relevante dos matos (ardem em maior percentagem que a percentagem em que estão representados) e variações nos outros usos cuja análise não quero fazer sem os dados que referi.
Resumindo, a análise dos diferentes fogos, que ocorrem em paisagens muito diferentes, indicia que em condições meteorológicas extremas (e os dados permitem aferir o grau de severidade de cada fogo, em diferentes usos do solo, mesmo sabendo que essa severidade não é função directa desses usos, mas mais das condições meteorológicas e sua interacção com a fisiografia), as diferenças de paisagem não se traduzem em fogos estruturalmente diferentes e que a afectação de diferentes usos do solo é razoavelmente marginal para explicar a progressão do incêndio.
Há informação empírica sobre este assunto, que pode ser estudada e discutida, mas não tenho a menor esperança de que influencie o debate sobre a relação do fogo com as diferentes ocupações do solo, pelo que vamos continuar a ouvir académicos que deveriam ter um bocadinho mais de juízo a dizer disparates sobre esta matéria.
Ou melhor, disparates dizemos todos, escusamos é de estar sempre a dizer os mesmos disparates quando temos mais que informação para os corrigir.
"A minha questão é prática: como é se que faz para assegurar que quem recebe o dinheiro mantém o seu terreno florestal com menos de 50 cm de altura. Quando é que se paga? Como é que se fiscaliza? Como é que se evita que o dinheiro vá para bagaço e raspadinhas, sem que se consiga recuperá-lo. É como a descida do IRC, medida que, em tese, apoio totalmente, mas, que, na prática, dado que os únicos que declaram lucros tributáveis relevantes são a grande distribuição, as empresas de telecomunicações, as instituições financeiras e os "monopólios naturais", acabará por redundar num bodo a quem menos precisa (a não ser que se acredite na "trickle down economics")".
Primeiro um comentário ideológico geral, depois as questões práticas.
Quem comenta parte do princípio de que ganhar dinheiro com o seu esforço não é um direito fundamental e que os impostos não são uma expropriação de parte dos resultados desse esforço que o Estado deve justificar, pelo contrário, considera a riqueza criada no país como sendo do Estado que, com mais ou menos generosidade, permite aos privados que fiquem com a parte que o Estado entende que é adequada.
É essa concepção que permite a ideia, partilhada entre o Bloco de Esquerda e o Chega, de que baixar impostos é "um bodo a quem menos precisa", e não uma decisão do Estado de baixar o nível de expropriação que pratica sobre a riqueza legitimamente criada por terceiros.
Eu não estou de acordo.
Vamos então às questões práticas.
Eu percebo as dúvidas sobre a capacidade do Estado português em executar uma operação simples de pagamento de um serviço verificável, mantendo um nível de fraude razoável.
O que acho verdadeiramente notável é que haja tanta gente que, partilhando estas dúvidas ao ponto de rejeitar a proposta simples que faço, e reconhecendo, simultaneamente, o interesse geral em ganhar controlo sobre o fogo, conclui que o ideal é o Estado adoptar políticas imensamente mais sofisticadas e complexas que incluem definir o que é o bem comum, espacializá-lo, identificar constrangimentos administrativos e de propriedade para a materialização desse bem comum, afastar esses constrangimentos através de políticas públicas sensatas, desenhar programas à prova de fraude, definir apoios para quem alinhe em fazer o que convém ao bem comum, mesmo que não lhe convenha a si, pagar previamente para que as pessoas façam o que o Estado acha que corresponde ao bem comum e, no fim, obter um resultado perfeito.
Eu, a quem falta grandeza para ver um futuro radioso nas intervenções tuteladas pelo Estado, acho que mais vale uma solução simples e parcialmente eficaz, a uma solução perfeita orientada para amanhãs que cantam.
Entre outras razões porque a minha insistência em ideias simples já influenciaram (parcialmente, não me vou pôr aqui em bicos de pés a dizer que inventei a roda, mas como alguns responsáveis pelo desenho da aplicação dessas ideias tiveram a amabilidade de falar comigo sobre elas, sei bem que influenciaram de facto essas experiências) dois programas estatais, o das cabras sapadoras e os dos vales floresta, que foram péssimas aplicações de boas ideias, exactamente porque o foco foi mudado do interesse individual de cada um dos gestores de paisagem para uma ideia abstracta de interesse colectivo, como condição prévia de aplicação das ideias.
Resumindo, a proposta que tenho vindo a defender deve partir dos seguintes princípios:
1) É só um contributo para se ganhar controlo sobre o fogo, não é uma solução mágica (por exemplo, grande parte do interesse da gestão de biomassa fina desaparece pelo facto da doutrina de combate estar centrada na defesa de pessoas e bens, sendo muito frágil a parte do dispositivo de combate que se centra na identificação e utilização das oportunidades criadas pela gestão durante o combate);
2) A proposta deve centrar-se no interesse individual dos gestores de paisagem e não na definição estratégica da optimização de custo/ benefício, opção cuja aplicação tem tido resultados desastrosos nos últimos anos, com gastos brutais de recursos em acções que o Estado considera estratégicas e cuja avaliação demonstra terem um efeito marginal;
3) A base de aplicação não é a criação de uma situação nova de gestão onde ela não existe por manifesta irracionalidade económica, mas sim a expansão das actividades que já hoje existem e fazem gestão de combustíveis (sim, eu conheço a objecção mesquinha que quer imediatamente afastar de qualquer pagamento de gestão as actividades que já hoje são competitivas, mas sugiro que se dediquem a essas actividades, se acham que são muito rentáveis, para perceber melhor as razões pelas quais o pagamento do serviço de gestão de combustíveis pelos contribuintes, a que Pedro Braz Teixeira chama aqui de subsídio à gestão, é uma questão chave para a expansão dessas actividades e alargamento da área de espaço florestal gerida);
4) O modelo de aplicação tem de ser simples e não implicar acções prévias da administração que demoram eternidades.
É por isso que a proposta que defendo é simples, aceitando-se um nível de fraude que é preciso gerir, para a manter simples.
Alguém tem o seu terreno com menos de 50 cm altura de biomassa fina, sejam quais forem as razões que levaram esse gestor a obter esse resultado.
Identifica a parcela, identifica-se a si, fotografa, entrega os elementos no balcão de atendimento (pode ser um Estado, mas também pode ser qualquer associação florestal ou de outro tipo que tenha contratado com o Estado a sua participação no sistema) e recebe imediatamente 100 euros por hectare, ficando ciente de que, para a mesma parcela, não pode voltar a receber esse dinheiro nos três anos seguintes (ou no período que se entender adequado).
Passado o período definido, pode voltar ao mesmo sítio e repetir o pedido de pagamento, recebendo de imediato.
Este modelo é permeável à fraude?
Sim, com certeza, como qualquer modelo, por mais complexo que seja (se alguém tiver dúvidas, estudar o caso BES).
O Estado, directamente ou por acordo com terceiros, verifica por amostragem a realidade, escolhendo x% de pagamentos para verificação (nada do outro mundo, é assim que são verificados os pagamentos da Política Agrícola Comum).
As regras de aplicação devem implicar a irradiação do sistema, por um período alargado, de quaisquer intervenientes que façam falsas declarações, sejam os gestores de paisagens, sejam os níveis intermédios de pagamento e verificação (provavelmente incluindo a proibição de acesso a outros fundos públicos).
É completamente irrelevante se o gestor de paisagem sai do balcão de atendimento e vai gastar o dinheiro em bagaço e raspadinhas, desde que tenha menos de 50 cm no seu terreno, recebe dinheiro para fazer o que quiser.
Irradiar alguém do sistema impedindo o seu acesso não permite recuperar o dinheiro que tenha sido indevidamente recebido através de práticas fraudulentas?
Não, não permite, mas isso decorre da lei geral e, nos casos em que se justifique, o Estado deve exercer o seu direito de recuperação desse dinheiro pela via judicial normal, a ideia central de redução da fraude para niveis suportáveis assenta no elevado risco de ser excluído do sistema (eventualmente do acesso a outros fundos públicos) para desincentivar as tentativas.
Simples e directamente orientada para pagar um serviço de interesse geral, alinhando o seu pagamento com o interesse individual de cada gestor da paisagem.
Hoje resolvi pegar em dois posts seguidos do blog da Montis para falar de uma das coisas que mais me interessam, a gestão de paisagem.
O primeiro post diz respeito à afectação da propriedade de Vieiro pelos fogos recentes.
O segundo post diz respeito à afectação da propriedade de Costa Bacelo pelos mesmos fogos.
Arderem propriedades geridas pela Montis não é novo, e a gestão adoptada pela associação não perde tempo nem recursos a evitar que isso aconteça, a Montis parte do princípio de que fogo, como a chuva, o vento e o solo, é um dado do problema e gere partindo do princípio de que as coisas arderem não é uma possibilidade, mas uma certeza.
Já em Outubro de 2017, quando dias antes tinham ardido os carvalhais que tínhamos comprado há poucos anos, a Montis publicou um post meu (na altura eu era presidente da Montis) discutindo os fundamentos das opções que gestão que estávamos a fazer (no caso, ficar de braços cruzados à espera da Primavera).
Actualmente não faço parte da direcção da Montis (que tem umas saudáveis normas estatutárias que obrigam à renovação dos orgãos dirigentes, estatutariamente impedidos de receber dinheiro da associação que não corresponda ao eventual pagamento de despesas) mas continuo a achar que os meus 25 euros por ano de quota são muito bem empregues nesta associação.
A Montis não faz aquilo a que agora se chama advocacy, não tem posições sobre políticas, a Montis limita-se a gerir, tendo como objectivo a produção de biodiversidade, terrenos próprios ou que alguém lhe entrega para gerir (nunca se pagam rendas, os terrenos são cedidos sem contrapartidas e a Montis tem de ter carta branca para neles intervir durante um tempo alargado, dificilmente menos de dez anos, pelo menos era essa a política, hoje não sei bem, mas não deve andar longe disto, embora eu defenda que é tempo de concentrar mais recursos na compra de terrenos que na expansão geográfica das áreas de gestão, ao contrário do que defendi e pratiquei enquanto presidente).
Se a Montis tem posições claras sobre o uso do fogo, sendo praticamente a única organização em Portugal que faz fogo controlado com objectivos estritos de gestão de habitat e de paisagem, não é por ter um fascínio especial pelo fogo, mas por o gerir como faz com os outros elementos naturais, a água, o solo, a luz, a disponibilidade de propágulos e coisas que tais.
Ao ler os dois posts com que comecei, sobre os quais não tenho nenhuma responsabilidade, verificando que se mantém a preocupação de não dramatizar o que não é dramático (ardeu, sim, mas para os nossos objectivos isso é o que é, tem vantagens e desvantagens, vai-se tentar potenciar as vantagens e limitar as desvantagens), a preocupação de esperar pela Primavera para se ter informação sobre como está a reagir a vegetação, a preocupação de identificar e conhecer bem a principal ameaça decorrente dos fogos, que é a expansão de invasoras agressivas, sobretudo acácias e háqueas, para a poder conter, a preocupação de desenhar novas medidas de gestão para as novas circunstâncias, não cedendo à tentação de gastar recursos sem fim a tentar evitar o fogo ("que é de todos, e virá", como disse Jorge de Sena da morte), mas em compreender o que se pode fazer para chegar nas melhores condições possíveis ao próximo fogo, confesso que tenho orgulho pessoal no que tem sido feito por esta minúscula associação de conservação da natureza, mesmo que aqui e ali eu possa não estar de acordo com algumas das opções (se, como presidente, executei muitas vezes opções de que discordava, por ter uma opinião minoritária, não será agora, que não tenho responsabilidades, que me vou incomodar com opções que não estão totalmente alinhadas com a minha opinião).
O que sei é que é uma associação em que os 25 euros por ano da quota de cada sócio é muito bem gasto e de forma muito transparente.
Era bom poder gerir mais área, gerir melhor a área que já gere, comunicar melhor, etc.?
Sim, era, mas para isso é preciso mais sócios.
Não faço segredo do que defendo, como medida mais urgente e prioritária, para ganharmos controlo do fogo: que os contribuintes paguem o serviço de gestão de combustíveis a quem fizer uma gestão tal que mantenha o seu terreno florestal com menos de 50 cm de altura.
A proposta, como qualquer proposta, tem muitas fragilidades e pode ser criticada de muitas maneiras, mas dela digo que dizia Churchill da democracia: a pior de todas as propostas, excluindo todas as outras.
Muitas dessas críticas são razoáveis, por exemplo, José Miguel Cardoso Pereira acha-a ineficiente porque mesmo que exista gestão em mosaico, o fogo vai "percolando" pelas áreas não geridas e, por isso, duvida da eficácia de uma medida dirigida à gestão estritamente do interesse do gestor, consequentemente de aplicação caótica, sem definição estratégica das áreas de intervenção (se estou a interpretar bem a crítica de José Miguel Cardoso Pereira).
A questão, para mim, é que não conheço nenhuma medida melhor, as que pretenderam garantir um carácter estratégico às intervenções acabaram embrulhadas nas alhadas do Estado, o dinheiro vai-se consumindo e os resultados são marginais (com excepção do resultado habitual de concentrar poder e recursos nas mãos do Estado).
Um dia destes Luís Jordão publicou três fotografias muito interessantes que, aparentemente, apontariam no sentido de demonstrar que a gestão é mais ou menos irrelevante porque o resultado do fogo era igual em parcelas geridas e não geridas (nota de Luis Jordão sobre esta minha interpretação do que li: "Como sempre, a deturpar o sentido das palavras. O Luis Jordão colocou o post a questionar se, no caso em apreço, a gestão seria mais ou menos importante que a descontinuidade, compartimentação ou mosaico, chame-lhe o que quiser. Exatamente por verificar que, as duas áreas geridas, sem finos, foram mais afetadas que a área "menos gerida", que tinha matos por baixo, e foi menos penalizada, contrariamente ao que observa (nos dois primeiros casos houve maior estrago").
Valendo a pena lembrar que o objectivo é apenas o de expandir as actividades de gestão de biomassa fina e ganhar controlo sobre o fogo (o que beneficiaria de uma política de combate alinhada com objectivos de gestão do espaço florestal), as fotografias são interessantes em si e passo a apresentá-las, para depois falar sobre o que me interessa.
O primeiro aspecto que me interessa é que olhamos para uma área ardida e temos a tendência para amalgamar tudo numa leitura binária: ardido/ não ardido.
Eu próprio, com medo do tamanho da minha ignorância nesta matéria, fui fazendo perguntas a quem sabe mais que eu sobre avaliação de áreas ardidas e a quem sabe mais que eu de produção florestal de eucalipto.
Se a primeira fotografia é uma boa fotografia para avaliar a severidade do fogo (severidade e intensidade estão relacionadas, mas não são a mesma coisa, a intensidade do fogo mede a energia libertada pelo fogo, a severidade mede o impacto do fogo na vegetação), as outras duas têm um problema grande: como são tiradas em contra-luz, não permitem uma boa avaliação do gradiante verde/ castanho/ preto que permite avaliar a afectação da vegetação, portanto, em rigor as fotografias não são totalmente comparáveis (as duas primeiras são de povoamentos geridos, não sei se bem se mal, mas com plantações alinhadas e armação do terreno, a última suponho que seja de um povoamento de eucalipto não gerido).
O que parece visível é que não há uma afectação profunda dos povoamentos (todos eles), porque as copas estão dessecadas (castanhas), mas não estão calcinadas (pretas e com os finos consumidos).
Aparentemente, e com todas as cautelas, parece haver maior afectação na terceira fotografia porque parece haver um consumo da copa até alturas maiores do tronco, mas em qualquer caso, a gestão que poderá ter diminuído a intensidade do fogo, que se pode supor que tenha existido por menor severidade (a intensidade pode não ter variado assim tanto, mas a severidade variar mais pelo facto do povoamento não ter tanta continuidade vertical, mas estou a nadar fora de pé, não confiem muito no que digo neste comentário entre parêntesis), não parece determinante no resultado final (eu bem dizia que corria o risco de estar a dizer asneiras, parece que quem sabe diz o contrário do que eu disse: a altura do tronco chamuscada é menor na fotografia de baixo, indiciando menor intensidade do fogo).
Esta discussão até aqui é, no entanto, razoavelmente marginal para outros aspectos que me interessam mais na comparação destas fotografias, para os quais, aliás, sugiro a leitura deste post.
O primeiro ponto é que nos povoamentos comerciais (as duas primeiras fotografias) há perda de valor (havia madeira com valor e com o fogo há madeira com menos valor) mas na terceira fotografia não há grande perda de valor porque já não tinha valor nenhum, portanto falar em interesses económicos na existência destes fogos não tem pés nem cabeça.
Anda por aí um rapaz que diz que abandono faz parte do modelo de negócio das celuloses para manter baixo o preço da madeira, mas o rapaz é especialista em meta-narrativas sobre alterações climáticas e ninguém o informou de que o maior risco para as celuloses, neste momento, é a ruptura do abastecimento da madeira, não é o preço, pelo que aquilo em que trabalham é em aumentar a produção. Sendo o preço uma questão muito sensível, não é com abandono que se consegue sustentar o preço (se o abandono reduz a oferta, o preço sobe, não diminui, mas o rapaz nem a lei da oferta e da procura deve conhecer), é com ganhos de eficiência.
A perda de valor diz respeito a uma perda de volume (estando as árvores chamuscadas é preciso descascar e nessa operação lá vão 10 a 20% do volume de madeira, dependendo da dimensão do tronco na altura do corte) do material que existe, e na perda de um ano de produção, visto que o novo ciclo de produção só começa depois desse corte.
Este aspecto é especialmente interessante para explicar a expansão do eucalipto nas áreas em que tem boa produtividade, porque as perdas num povoamento decorrente do fogo (os tais 20% e um ano de produção) são incomparavelmente mais pequenas que as perdas nas alternativas de produção florestal, a principal das quais é o pinheiro.
Num pinhal, um fogo destes significa cortar o pinhal e começar de novo um ciclo que precisa de chegar aos vinte anos, pelo menos, para ter um valor interessante, sendo muito mais provável a ocorrência de um novo fogo em vinte anos que nos doze entre dois cortes de eucalipto.
Para o dono do terreno as contas são muito simples de fazer (não é preciso recorrer a sofisticadas teorias de conspiração para perceber por que razão não é a lei e a regulamentação que vão impedir a expansão do eucalipto, ela continuará, mesmo ilegal, prejudicando os empresários melhores e mais cumpridores, face aos aventureiros extractivistas) porque uma plantação de eucaliptos dá, na boa, três cortes, antes de um novo investimento em plantação, e um fogo não altera isso (apenas reduz o valor do corte). Na plantação de pinhal, no entanto, a cada fogo vai ser preciso fazer um novo investimento em plantação.
Escusam de me incomodar com as plantações de folhosas autóctones porque não existem grandes exemplos de ganhos empresariais assentes em modelos florestais de produção de folhosas autóctones em Portugal, a não ser em papéis vários, incluindo publicações científicas e folhas de excel, e o seu principal destino comercial, actualmente, é lenha, e não a produção de pranchas de madeira de qualidade.
Pessoalmente estou envolvido na produção de folhosas autóctones, através da Montis (quem quiser ser sócio, são 25 euros por ano e podem inscrever-se aqui) porque o meu negócio é como o de Belmiro de Azevedo com o Público, é um perdócio que aceito, com gosto, pelo prazer de contribuir para que tenhamos todos mais biodiversidade.
O aspecto que é mais interessante na comparação das fotografias, o último para que vou chamar a atenção que vai longa a pregação, é bem visível e está no solo.
Nas áreas plantadas comercialmente a escorrência de encosta é interceptada pelas linhas de plantação e os nutrientes tenderão a ficar na entrelinha, ao mesmo tempo que a água perde energia para ultrapassar o obstáculo criado em cada linha de plantação.
É por isso que a esmagadora maioria da literatura científica que se debruçou sobre este assunto conclui que muito mais que a árvore que está plantada, são as técnicas de gestão que são relevantes na gestão da fertilidade e da água.
Não estou a dizer que não possa haver diferenças se as árvores que estão plantadas são eucaliptos, pinheiros, carvalhos, ou o que quer que seja, estou a dizer que essas diferenças são de uma magnitude completamente diferente, portanto marginais, e que as diferenças resultantes de ter valas, cômoros, socalcos e outros processo de gestão dos nutrientes e da água, são de uma magnitude muito maior, portanto, mais relevantes.
É muito frequente, em planos e pareceres, impor-se a plantação a covacho com o objectivo de diminuir a erosão e, no momento da plantação, pode admitir-se que o solo fica mais exposto, e possa até haver alguma erosão acrescida enquanto a vegetação não garante uma cobertura mínima do solo.
Só que essa eventual perda (que não estou a discutir se existe e de que dimensão, estou a dar isso de barato) é incomparavelmente menor que o ganho de ter o terreno armado nos trinta a trinta cinco anos subsequentes, com os efeitos que descrevi sobre a gestão dos nutrientes e da água.
Haverá sempre uns mentecaptos que me acusarão de estar defender o eucalipto por ter escrito o que escrevi, mas o que escrevi não é a minha opinião, é o que hoje é o consenso científico e técnico sobre o assunto, tão neutro como dizer que agora está Sol ser a constatação de um facto, e não uma defesa do Sol a soldo dos interesses económicos dos fabricantes de protectores solares.
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