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Memórias

por henrique pereira dos santos, em 03.02.24

O Facebook tem um sistema de registo que, para uma pessoa desorganizada, que escreve muito e organiza pouco o que escreve, tem uma virtude inestimável, a de tropeçar de vez em quando em coisas divertidas.

Púrpuro acaso, dei hoje com dois posts que poderiam ter sido escritos (alterando as circunstâncias) para estas eleições, o primeiro, mais sério, responde à conversa antiga e popular de pôr os ricos a pagar a crise (por exemplo, a tolice do Chega, de que nunca mais se ouviu falar, sobre criar taxas especiais sobre a banca para pagar aumentos de pensões), tem oito anos e corresponde ao início das gerigonça. A realidade de hoje demonstra ter sido uma análise bem acertada.

O segundo, de há seis anos, sobre corrupção ou, mais precisamente, sobre a corrupçãozinha.

"André Silva, do PAN, deveria aproveitar a sua posição singular para se afirmar pelo rigor do que diz (concorde-se ou não com o que diz, eu concordo com algumas coisas e discordo de muitas outras, discordando dos fundamentos centrais da sua posição política), ao contrário do que faz aqui:

"André Silva confirmou a intenção do executivo de agravar impostos sobre a banca, carros e combustíveis: “Para chegar aos valores do défice estrutural está a pensar nessas medidas extraordinárias – o que no fundo acaba por ir buscar esses valores aos setores mais lucrativos e não àquilo que são os impostos sobre o rendimento do trabalho das pessoas”"

A banca em Portugal está a dar prejuízos há anos, e quanto menos rentável for, mais dificuldade se cria ao financiamento da economia, mais dificuldade se cria ao investimento e mais dificuldade se cria à criação de emprego, a principal questão social que o país tem de resolver.

Do mesmo modo o sector dos combustíveis tem um efeito sistémico socialmente assimétrico: os que menos têm são proporcionalmente mais afectados pelo custo da mobilidade e pela inflação induzida que os que mais têm e podem desviar rendimento para a poupança, quando os preços sobem.

Há anos que defendo a transferência de carga fiscal do trabalho para o consumo e, em especial, para o consumo de energia, sobretudo num quadro de neutralidade fiscal, mas isso é muito diferente de ter aumentos de carga fiscal que, essencialmente, poupam a classe média e afectam mais os que menos têm, sobretudo quando esse aumento da carga fiscal é feito para financiar o aumento de ordenados de um dos grupos sociais menos afectados pela crise: a classe média cujo emprego ou pensão é assegurado pelo Estado".

Agora o segundo, o tal que fala da corrupçãozinha e que serve para lembrar que não, não são eles que são uns malandros do pior, somos nós todos, incluindo eles, que somos não só complacentes para com a corrupçãozinha, como estamos imensamente disponíveis para achar que é normal um Ministro pedir dois bilhetes para o futebol, não preparando as instituições para se blindarem em relação a este tipo de pequenas tropelias.

"Caramba, nunca pensei em perder tanto tempo à volta do assunto dos bilhetes de futebol, mas a insistência em teses comuns sobre a pouca importância da pequena corrupção e a violência que existe em alguém aceder a documentos administrativos que, por definição, são públicos (os emails oficiais de quem exerce funções públicas não são correio privado), acabam por prolongar esta minha diatribe contra a complacência perante o efeito corrosivo que a pequena corrupção tem na sociedade e na confiança dos cidadãos nas instituições.

Dizem-me: "Continuo sem perceber qual foi o fundamento para a suspeita de crime do Centeno, muito menos o da busca. Espero que o Henrique nunca seja alvo de uma arbitrariedade e violência igual."

Respondo: "A probabilidade de eu ser investigado por pedir bilhetes para o futebol, ou coisa do género, é baixa. Mas saltemos por cima disso e a questão é simples: Facto 1: há um pedido de bilhetes para o futebol por parte do Ministro das Finanças, através de um seu assessor; Facto 2: uma semana depois há um email de um filho do presidente do clube que acedeu ao pedido de bilhetes a agradecer ao pai o empurrão na resolução de uma questão fiscal; Facto 3: há um jornal que levanta a suspeita de que as duas coisas estam ligadas.

O Ministério Público entende que os dois primeiros factos acima descritos caem na definição legal de três crimes, pelo que existe uma suspeita que exige a verificação da existência de crime.

Para isso faz meia dúzia de diligências normais (avalia o processo fiscal referido e vai ver os mails profissionais das duas pessoas envolvidas na troca de mails sobre os bilhetes de futebol, isto é, o dito assessor e o chefe de gabinete do ministro para verificar se há a mais leve dúvida sobre o facto 2 se relacionar com o facto 1.

Qual é a violência?

De acordo com a lei todo o correio (incluindo o electrónico e qualquer suporte documental) trocado por pessoas no exercício de funções públicas é público, excepto notas pessoais e coisas que tais.

Eu sei que ninguém liga nenhuma a isso e o sentimento geral é o de que a troca de mails, documentos, notas, etc., no exercício de cargos públicos é pessoal, mas exactamente esse tipo de confusões entre as dimensões públicas e pessoais da actividade das pessoas que exercem funções públicas faz parte do caldo de cultura em que cresce a pequena corrupção e facilita a grande corrupção.

Resultado final? Tudo resolvido, não sobra a menor sombra de comportamento ilícito (embora eu perceba que o Ministro não goste que as pessoas saibam que anda a pedir pequenos favores a terceiros, mas a maneira de resolver isso não é desqualificar o poder judicial, é o Ministro deixar-se de comportamentos inaceitáveis para quem exerce o cargo que exerce)."

E pronto, aqui ficam dois contributos do meu passado para a actual campanha eleitoral, ide votar em que desconsidera, sistematicamente, o formalismo dos processos de decisão públicos e depois vinde cá queixar-se dos resultados.

Como um atleta chegado do Olimpo

por João Távora, em 02.02.24

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Acabou finalmente, por alguns meses, a ruidosa especulação à volta da venda de Viktor Gyökeres. Foram mais de seis semanas de entretenimento de muitos comentadores remunerados, nos jornais e televisões, com o intuito de esmifrar o publico em lucubrações numa não notícia. O fenómeno percebe-se: o jornalismo, vivendo uma profunda crise, não poderia deixar de explorar o filão duma potencial transferência que esteve longe de acontecer. Afinal, a “não notícia” reunia o interesse do grosso dos adeptos do universo da bola: por um lado afligindo os sportinguistas incautos, e por outro alimentando expectativas aos seus adversários. Foram litros de tinta e horas de sagazes cometários que se irão desvanecer rapidamente na espuma do esquecimento. Afinal também foi para isto que se fez o 25 de Abril.

Mas a mim interessa-me principalmente o fenómeno Gyökeres em campo. Serão certamente lugares-comuns os adjetivos a aplico à arte com que o jogador nos surpreende a cada jornada. A força brutal aliada à técnica refinada e resistência resulta mesmo um caso raro. Vê-lo, quase ao fim do jogo, fazer um sprint para recuperar uma bola na defesa, ou esgadelhar-se para marcar só mais um golo é um deleite para quem gosta de futebol. Dou Graças a Deus de ter vindo para o Sporting, e da felicidade que transparece pela experiência. O seu sorriso ao final de cada partida bem-sucedida denuncia um entusiasmo benignamente infantil. Dizem-me que já arranha a língua de Camões e que a namorada é portuguesa.

Finalmente, Gyökeres evidencia uma estampa politicamente incorrecta que me apraz de sobremaneira: aparentando uma escultura clássica, sem ostentar no corpo tatuagens ou outros artifícios, transmite sobriedade, a contrariar a imagem de decadência do europeu médio. Como um atleta chegado do Olimpo.

Rezo para que a sua experiência seja muito feliz entre nós.

Publicado originalmente aqui

Infantis, sim

por henrique pereira dos santos, em 02.02.24

"Não é um risco o discurso político do regresso às PPP, tendo em conta uma espécie de trauma que ficou no país?

Com aquelas parcerias publico-privadas. O problema não é o modelo  das PPP, o problema é o abuso pelos agentes políticos"

Isto é um bocadinho de uma entrevista feita pela Renascença e o Público a Pedro Reis, um dos coordenadores do programa da AD. Trata-se de uma entrevista que demora mais de uma hora na Renascença e com base na qual o Público publica uma página.

É claro que quando se reduz mais de uma hora de conversa a uma página, muita coisa tem de ser deixada de fora, e a escolha do que se inclui, ou se omite, é uma responsabilidade editorial do jornal e uma responsabilidade da jornalista.

Começo pelo bocadinho que transcrevi no início, que aparece na sequência de uma conversa sobre saúde, portanto, as PPP referidas são as que dizem respeito à saúde.

Sobre essas, o que é objectivo e factual é que eram PPP que estavam a funcionar, saíam marginalmente mais baratas ao Estado que a situação que resulta do seu fim, tinham indicadores melhores de desempenho que a situação actual, havia maior satisfação dos seus trabalhadores e havia maior satisfação dos utilizadores quando essas PPP estavam a funcionar.

Sobre isto, que é objectivo, factual e verificável, a jornalista não diz nada, e faz uma afirmação impossível de confirmar e, nesse sentido, ajornalística: há uma espécie de trauma no país com PPP, ou seja, ignorando a informação objectiva que existe e tomando como certa uma ideia sem qualquer base empírica verificável, a jornalista resolve perguntar se um ponto concreto do programa da AD não será um risco político.

Eu não entendo este tipo de jornalismo e acho confrangedora a frequência com que tropeço neste tipo de jornalismo em que os factos são ignorados, sendo substituídos pelos preconceitos do jornalista, sempre com a justificação de que esse preconceito do jornalista é uma ideia geral que existe (e até pode ser que exista, na sua bolha social, mas não se consegue demonstrar).

Como a pergunta me parecia completamente tonta, na forma como é feita, e a resposta evidentemente truncada, resolvi ir ouvir a parte da entrevista directamente no original.

Verifiquei que Pedro Reis deve ter achado o mesmo que eu e fala na infantilização da discussão. Imediatamente percebe que fez uma coisa que qualquer político deve evitar (acham os tipos da comunicação mainstream, eu não acho, Cavaco não achava, Ventura não acha, e com bons resultados para eles), que é criticar os jornalistas e corrige imediatamente dizendo que não é o caso, está a falar em abstracto.

Uma das jornalistas enfia a carapuça, não gosta e, depois de uma longa explicação de Pedro Reis sobre as virtudes e problemas das PPP, que o Público omite na sua transcrição da entrevista, resolve elevar a infantilidade a um nível estratosférico (ver a partir do minuto 48:30 da entrevista na Renascença): "O PS acusa a AD de querer privatizar tudo e a AD acusa Pedro Nuno Santos de ser um estatizante e querer nacionalizar tudo, e portanto também há alguma culpa da AD quando põe a discussão nestes termos" (vale a pena ver o vídeo porque a linguagem corporal da jornalista neste momento "quem diz é quem é" a propósito da infantilização do debate é muito, muito elucidativa).

Eu conheço a jornalista pelo que escreve no Público e sei que não se pode pedir às pessoas mais do que o que podem dar, sendo toda a sua participação nesta entrevista sempre no mesmo registo pequenino e mesquinho que caracteriza grande parte do jornalismo político do Público (e não só), mas caramba, o entrevistado até é fácil, afável, fala com alguma profundidade das propostas do programa político da AD e do que o distingue do programa do PS (mobilizar os privados, removendo obstáculos à sua contribuição para a sociedade, diz a AD, melhorar e reforçar o papel do Estado, sendo mais selectivo na forma como incentiva os privados a produzir para o bem comum, diz o PS) e as jornalistas o que querem saber é se a direcção executiva do SNS é para manter, quando é que tomam decisões sobre o aeroporto ou se existe risco político com base no trauma do país com PPP?

Se o jornalismo não entrega o retorno à sociedade que era suposto entregar, por que razão nos devemos preocupar com o seu futuro?

Mártires da Pátria

por Daniel Santos Sousa, em 01.02.24

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"Mas o pior crime que a República cometeu foi o de abalar pelo esquecimento a fidelidade monárquica. E a Coroa não pode nem deve ser um sinal de divisão, ou uma sigla de partidos. Mas sim o cristal em que todos os portugueses possam encontrar a sua imagem. O cristal é frágil. E não sei até que ponto, quando se quebra pode readquirir o seu brilho e a sua transparência. Não irei àquela cerimónia fúnebre que todos os anos se repete na Praça do Município. E se fosse, iria de gravata preta, porque acto tão triste, ali, só pode ser para que não esqueça a memória de um rei e de um príncipe vilmente assassinados."

 

(Francisco Sousa Tavares, Outubro de 1991, crónica reunida no livro "Uma Voz na Revolução, testemunhos e causas de Francisco Sousa Tavares"). 

 

"Se eu te contasse"

por henrique pereira dos santos, em 01.02.24

Ontem li um artigo de opinião de um cronista do regime, mas independente.

Estranhamente os orgãos de comunicação social em Portugal estão cheios de políticos com agendas políticas perfeitamente definidas, e a quem nunca ninguém ouviu qualquer palavra que não fosse para reforço dessa agenda, mas há, em minoria, também há verdadeiros cronistas, isto é, gente que pensa de forma razoavelmente livre.

Dizia o cronista que a corrupção seria uma questão central na votação do próximo dia 10 de Março e daí fazia uma série de considerações sobre os erros de Montenegro (é um desporto nacional falar dos erros de Montenegro, como era um desporto nacional falar do esgotamento político de Passos Coelho, quando era o chefe da oposição a António Costa).

corr.jpg

Este boneco ilustra a única divergência de fundo que sempre tive com Carlos Guimarães Pinto, a sua frequente referência política à corrupção.

Esta divergência não é bem em relação ao efeito corrosivo da corrupção numa comunidade, mas diz respeito à sua relevância política.

Se a corrupção tivesse o peso eleitoral que se lhe atribui, o PS não teria hoje intenções de voto nas sondagens em torno de um terço, Isaltino (e muitos outros) nunca ganhariam eleições e por aí fora.

A corrupção é políticamente útil ao Chega, não porque alguém ache que um governo do Chega seria imune à corrupção, mas porque reforça a única coisa que interessa ao Chega como mensagem política, passar a ideia de que é um partido anti-sistema para mobilizar o voto de protesto.

A Iniciativa Liberal, que tem um discurso tão anti-corrupção como o Chega (ou o Bloco de Esquerda, o PC alinha menos nestas infantilidades), não retira grande benefício político dessa conversa (o PS e o PSD, os partidos de poder, a falar abstractamente contra a corrupção tem a mesma credibilidade que a Cicciolina a falar dos benefícios do recato).

Note-se que isto não é nenhuma novidade, as grandes forças políticas anti-liberais da primeira metade do século XX, fascistas, nazis, comunistas e afins, tinham um fortíssimo discurso contra a corrupção e a plutocracia das democracias (mesmo o discurso anti-semita dos nazis era, na origem, um discurso contra a corrupção e plutocracia, com frequentes identificações entre banqueiros e judeus, sobretudo nas suas fases ascensionais destes grupos políticos), independentemente da sua prática, uma vez atingido o poder, ser tão corrupta como eram as democracias plutocráticas.

A impressão que tenho é a de que o eleitor comum tem um razoável conhecimento da natureza humana e sabe que o poder corrompe, que a ocasião faz o ladrão, e por isso não liga muito à ideia de que uns grupos ocupam o poder de forma impoluta e outros não.

Protesta contra a pouca-vergonha, contra a ladroagem, contra uma justiça para ricos e outra para pobres, não porque a corrupção seja uma questão central, mas porque identifica poder com privilégio e protesta contra o abuso de poder, seja ele de que tipo for, quando as coisas lhe correm mal (quando lhe correm bem, não quer saber).

O eleitor comum vota em partidos de protesto, como o Chega ou o Bloco de Esquerda, não porque se identifique com os seus programas políticos (toda a gente desconhece os programas políticos de toda a gente, e por boas razões, todos sabemos que os programas falam de situações ideais e a política diz respeito ao que é possível) mas porque quer votar contra o sistema, a casta, o privilégio, radicalizando-se quando o centro, que tendencialmente ocupa o poder, deixa de lhe dar esperança de que a sua vida mude para melhor.

Nem de propósito, vinha hoje a ouvir uns jornalistas a falar sobre a prisão de um senhor das claques do Porto, alguns espalhando a sua superioridade moral referindo que finalmente, e não se percebia como não tinha sido antes, a justiça tinha olhado para o mundo do futebol (como se o mundo mediático não tivesse responsabilidade na forma como lida com o mundo do futebol) e outros, sensatamente, a falar dos seus amigos e familiares, que são pessoas razoáveis, sensatas e etc., até porem o cachecol do seu clube.

Um dos jornalistas dizia que não entendia o silêncio de várias pessoas politicamente relevantes, e que fazem parte do Conselho Superior do Futebol Clube do Porto, a propósito do que se tinha passado na Assembleia Geral do Porto e do vandalismo subsequente que ameaçou André Vilas Boas.

A colega responde-lhe, numa cândida demonstração da responsabilidade da comunicação social no que se passa no mundo do futebol: "se eu te contasse as cenas que vi no estádio do Porto por parte desse tipo de pessoas...".

That's all folks, todos nós sabemos que a política, o futebol, a finança, o jornalismo, a academia, as famílias, as empresas, etc., etc., etc., são mundos sujos, feitos por e para pessoas normais, e todos nós votamos em eleições com base em critérios razoavelmente estreitos sobre o que achamos que pode ser feito num futuro próximo, a partir desses resultados eleitorais.

Raramente, muito raramente, há quem acredite que o seu voto serve de purificador desses mundos humanos, demasiado humanos, que serão, doravante, regidos por critérios de pureza moral (felizmente).

Não, a corrupção não é um grande influenciador de votos, serve apenas para sinalizar a minha posição dentro ou fora do sistema, pouco mais.

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