Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, disse Jesus aos discípulos a seguinte parábola: «Poderá um cego guiar outro cego? Não cairão os dois nalguma cova? O discípulo não é superior ao mestre, mas todo o discípulo perfeito deverá ser como o seu mestre. Porque vês o argueiro que o teu irmão tem na vista e não reparas na trave que está na tua? Como podes dizer a teu irmão: ‘Irmão, deixa-me tirar o argueiro que tens na vista’, se tu não vês a trave que está na tua? Hipócrita, tira primeiro a trave da tua vista e então verás bem para tirar o argueiro da vista do teu irmão. Não há árvore boa que dê mau fruto, nem árvore má que dê bom fruto. Cada árvore conhece-se pelo seu fruto: não se colhem figos dos espinheiros, nem se apanham uvas das sarças. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, da sua maldade tira o mal; pois a boca fala do que transborda do coração».
Palavra da salvação.
Comentário: Em três breves parábolas o Senhor ensina-nos o caminho da sabedoria: o cego a guiar outro cego, o argueiro e a trave na vista e a árvore que se pode reconhecer pelo fruto. Todas elas conduzem ao que um salmo chama a “sabedoria do coração” (Sl 89), e esta irá revelar-se nas palavras que são na boca o eco do que vai no coração do homem.
1. Não é o regresso à Guerra Fria. Durante a Guerra Fria, o imperialismo russo ainda se sentia obrigado a disfarçar-se sob a retórica do Komintern. Isto é o regresso puro e duro à geopolítica dos czares. O que torna ainda mais o apoio pavloviano do PCP a Putin.
2. Contra os inevitáveis saudosistas de esquerda e idiotas inúteis de direita, vale a pena lembrar o que está em causa. E é simplesmente isto: Moscovo quer impedir a Ucrânia de aderir à NATO. Ou seja, quer decidir o futuro da Ucrânia pelos ucranianos. É a negação mais elementar da democracia. E é o que querem, lá e cá, os saudosistas e os inúteis idiotas: um mundo de "homens fortes" (Freud explica) que decidem por nós o nosso futuro, desprezam tratados e eleições, invadem a Ucrânia e o Capitólio. Lá e cá, repito. A luta pela liberdade da Ucrânia é também a luta pela nossa liberdade.
3. Por falar em saudosistas e idiotas inúteis. Há uma muito boa razão para que, na Europa, a direita democrática recuse acordos e entendimentos com a extrema-direita cúmplice de Putin, quando não filha de Putin (uma extrema-direita que critica a subsidiodependência dos ciganos, mas é subsidiada pelos russos). E a razão é tão boa que vou repeti-la: a luta pela liberdade da Ucrânia é também a luta pela nossa liberdade. Uns não percebem. E os outros percebem, mas fingem não perceber, o que é muito pior.
Pedro Picoito
Putin deve estar muito impressionado com o ar orgulhoso dos diplomatas ocidentais, que lhe dizem que já não vai à festa deles, mas a invasão prossegue.
O ridículo é aprofundado com as acusações a Putin, o mau da fita. O único problema é que ninguém assume as suas responsabilidades.
Putin invadiu a Ucrânia porque quis, porque pode e porque é uma besta. E se pode faze-lo em quase total impunidade, a responsabilidade é dos países que integram a NATO.
Começaram por não permitir a adesão da Ucrânia para não irritar o meliante. Não assumiram a defesa militar da Ucrânia. Agora impõe sanções desenhadas para que ninguém sofra.
Estão à espera do quê? Da invasão da Finlândia?
Democracia não rima necessariamente com cobardia, estupidez ou falta de senso comum. Mas é agora o álibi político de uma sociedade cada vez menos disposta a abdicar de conforto hoje, mesmo que sejam as vitimas de amanhã.
E eis, enfim, o covid desapareceu - da nossa atenção, é claro, que a pandemia poderá ser agora de natureza nuclear e as radiações estendem-se já por aí.
A guerra das armas chegou à Europa. A uma Europa que, sem outras armas senão as ameaças e a dissuasão, saíu ilesa da Guerra Fria e quase já não recorda a II Guerra Mundial. Anote-se, este não é um conflito em que subjazem diferendos ideológicos: somente o imperialismo autocrata russo, a sua vontade de expansão e de recuperação da sua antiga imensidade (para além da gulodice económica) levam Putin a roubar e a matar.
Possivelmente, a Europa, os EUA, andaram este tempo todo dormindo, como já acontecera antes de 1939. Agarrados a uma diplomacia que é sempre a gargalhada dos tiranos - desses que, como Putin, ainda proclamam intenções de paz quando as suas tropas já iniciaram a invasão.
Depois vêm as represálias económicas. (Outra gargalhada dos tiranos - vejam-se as décadas de embargo comercial aos cubanos...) Mais conversa mole, com cada país estudando meticulosamente os prós e os contras para as suas economias desta e daquela medida de contenção. Finalmente, o ridículo total: já foi anunciado, a final da Champions não será disputada em S. Petersburgo.
Tudo isto com os exércitos russos, precedidos dos indispensáveis bombardeamentos, chegados a Kiev. Adeus Ucrânia livre e soberana!
Até hoje a guerra era lá longe, em África ou na Ásia. Agora bate-nos a uma porta que não queremos abrir. As tropas ocidentais posicionam-se em volta (parece que um milhar de portugueses estacionará na Roménia) só para russo ver. Cada período da História tem os que já nos habituámos a chamar seu "povo mártir". Foi o caso dos polacos, é o caso dos ucranianos.
Entretanto Putin reprime os muitos russos que se manifestam contra a guerra. E o PCP em mirabolante comunicado, põe-se do lado de Putin. Falta apenas António Costa pronunciar-se sobre a inclusão do PCP no seu dilecto "arco constitucional". Assim vai esta planetária "geringonça".
Aqui no Ocidente, com regimes extremamente imperfeitos, bem sei, além de se usarem contrapesos aos poderes mais ou menos eficientes, mais ou menos indeoendentes, temos direito a exprimir ou ouvir diferentes perspectivas, sobre um complexo assunto como o da guerra na Ucrânia. Isso tudo faz-me perceber de que lado me devo posicionar: o da Liberdade e do Direito. Mas duvido que no Ocidente se sacrifique mais que uma palha para defender os ucranianos do seu trágico destino que a malta não está para chatices e alguem ainda arrisca a partir o telemóvel ou uma unha.
Já agora, só dois singelos aspectos a considerar quanto à guerra em curso: 1) Com a invasão da Ucrânia a Russia fica mesmo rodeada de países da Nato. 2) A invasão da Ucrânia pela Rússia é a prova de que há razões mais que suficientes para os países vizinhos desejarem proteger-se com a Nato.
Na minha freguesia publica-se um jornalinho local de informação geral chamado "Freguês de Avenidas Novas", umas poucas de páginas com informação que se pretende que seja do interesse dos fregueses das Avenidas Novas.
O exemplar de hoje volta à carga com um assunto que, de vez em quando, aparece: a prostituição na zona onde moro.
Ao que parece, há uns tempos, formaram por aqui uma espécie de comissão de moradores em que pontuam umas senhoras - dizem-me que são umas senhoras, eu não tive contacto directo com estes meus vizinhos - que se incomodam muito com a prostituição que há por aqui, suponho que uma herança do tempo do quartel da Artilharia Um, há muito desactivado.
Já em tempos, quando Jorge Sampaio era presidente de câmara, houve uma reportagem sobre o assunto, mais ou menos a sugerir que era inadmissível que o presidente de câmara não fizesse nada sobre o que via todos os dias à volta da sua casa.
O melhor da reportagem é quando uma jovem reporter entrevista uma das vizinhas de Jorge Sampaio, do prédio exactamente em frente, querendo que a senhora em causa, muito bem posta, dissesse que a prostituição a incomodava, ao que a senhora resistia explicando que não tinha nenhuma razão de queixa (como a esmagadora maioria das pessoas que por aqui moram). "Mas não a incomoda sair de casa e ter de se cruzar com estas senhoras na rua", perguntava a reporter quase em desespero. Calmamente, do alto dos seus oitenta anos, a resposta foi de antologia "Não, não me incomoda nada. Sabe, filha, isto não se pega, não é contagioso".
O jornalito diz que em "algumas áreas da Rua Rodrigo da Fonseca e Rua Sampaio Pina há um aumento de prostitutas que abandonaram a Rua Castilho, devido à acção dos seguranças de alguns condomínios de luxo (não há aqui condomínios de luxo nenhuns, devem estar a falar do prédio em que Ronaldo comprou uma casa). ... Os dejectos humanos e os preservativos nos passeios são um "caso de saúde pública", segundo os moradores".
Tretas, os dejectos que existem são dos cães da burguesia que aqui abunda e em mais de vinte anos não me lembro de ver preservativos por aí, tanto mais que sendo esta área uma área de contratação de prostituição, não é uma área de exercício da actividade.
Não pretendo romantizar a prostituição, muito de vez em quando há umas discussões na rua a horas impróprias (pessoalmente incomodam-me mais as conversas dos grupos que saem dos restaurantes e ficam à porta à conversa, por serem mais frequentes e durarem mais tempo, as discussões, quando existem, costumam ser curtas), mas o serviço de segurança que estas senhoras prestam ultrapassa largamente esses pequenos dissabores, até porque as senhoras sabem bem que a sua tranquilidade depende, em grande medida, das boas relações que mantêm com os moradores.
Conheço casos de pessoas avisadas do assalto ao seu carro, já me vieram entregar chaves que um dos meus filhos tinha deixado cair ao sair de um carro, era um sossego quando as miúdas cá de casa saíam à noite por saber que, pelo menos nas redondezas, estavam protegidas, e nunca tive uma conversa desagradável com nenhuma das senhoras.
Mais, quando encontrei uma das senhoras a trabalhar na peixaria de um grande supermercado, fizemos uma grande festa e tive oportunidade de lhe dizer como gostava de a ver ali.
Apenas uma senhora me ficou a dever um euro que lhe emprestei para cigarros, depois de uma noite que teria corrido particularmente mal, e que nunca mo devolveu (não era problema, mas ela não me pediu um euro, pediu-me emprestado). Apesar de tudo, considero um preço mais que justo pelo bem que cantava o fado quando lhe dava para aí.
A única situação verdadeiramente inquietante para mim era a de uma rapariga muito bonita, ultra discreta - só dei por ela porque trabalhava mesmo em frente de minha casa, muito poucas horas, num sítio em que os prédios fazem um gaveto que a protegia de exposição excessiva - e que tinha sempre à sua espera, no outro lado da rua, sentado na soleira do meu prédio, um homem com uma criança dos seus três ou quatro anos.
Até hoje, para além do que é fácil, ter falado com ela, perguntar ao rapaz se queria um cobertor ou um casaco para o miúdo não apanhar frio, e essas coisas que qualquer pessoa faria, não consigo saber o que deveria ter feito nessa circunstância: o miúdo não devia estar ali, claro, mas sou incapaz de avaliar as razões para que uma mãe e um pai, que tratavam o miúdo com evidente desvelo, estivessem ali.
No fundo, é o dilema de sempre que me falam das condições sub-humanas de trabalho dos imigrantes que trabalham na agricultura, ou que vejo notícias do encerramento de lares ilegais, ou de casas para miúdos sem família que são objecto de fiscalização: o que acontece a esta gente depois de cumprirmos as regras formais?
Que condições de vida têm estas pessoas para que se sujeitem ao que vemos?
Francamente, quando vejo os meus vizinhos armados em moralistas que querem acabar com a prostituição na vizinhança - qualquer pessoa de bem considera a prostituição um mal - é disto que me lembro, dos buracos para que estamos a atirar estas pessoas se nos concentrarmos em tirar estas pessoas da rua (ou dos lares, ou das escolas, ou das estufas), sem, ao mesmo tempo, procurarmos saber de onde vêm e, sobretudo, para onde vão, depois de deixarmos de as ver.
Eu gosto da minha rua, as senhoras que aqui trabalham não me incomodam e esta gente que se encarniça em as esconder não me representa, provavelmente teria bastado ter escrito isto sobre o assunto.
Foi interessante assistir aos muitos e justíssimos elogios que os republicanos portugueses fizeram a Isabel II a propósito dos seus 70 anos de reinado. Muitos começavam até as suas intervenções com um “Não sou monárquico, mas...”. Parece-me que não os preocupava as contradições inerentes a estes elogios. Destacavam logo a longevidade do seu reinado: tinha convivido com não sei quantos primeiros-ministros desde Churchill, conseguira adaptar-se sempre bem às grandes mudanças que o seu país e o mundo sofrera nestas sete décadas. Pois bem, isso só foi possível por Isabel II ser uma monarca, se fosse presidente de uma república cumpriria dois ou três mandatos de quatro ou cinco anos. Teria convivido, no máximo dos máximos, com primeiros-ministros eleitos até 1964, até Harold Wilson, antes de ser substituída no cargo por outro presidente, e já não teria intervenção em nada do que se passou nos últimos 50 anos.
Depois, os republicanos portugueses louvavam a forma exemplar como tinha trabalhado com todos os políticos, independentemente da sua cor política. Vamos agora imaginar novamente que o Reino Unido era uma república. Para chegar à chefia do Estado, Isabel II teria certamente que fazer carreira num dos principais partidos britânicos, seria conservadora, trabalhista, eventualmente liberal-democrata. Será que conseguiria ter tal isenção quando fosse eleita para a chefia do Estado republicano, lá para os 50 ou 60 anos de idade, depois de andar nas batalhas políticas partidárias? Ou seria sempre vista como alguém que representaria apenas uma parte do país, por muito que se esforçasse para ser de todos os britânicos? E quantas inimizades, quantos ódios até, a sua luta pelo poder acarretaria? Alguém acha que Isabel II seria a figura consensual que hoje é?
Por fim, outro dos elogios mais frequentes entre os republicanos portugueses ao longo reinado da rainha britânica é a forma discreta e elegante com que tem exercido o cargo, mesmo quando afectada pelos inevitáveis desgostos que a vida traz. Por nunca procurar a popularidade fácil, por não dar entrevistas, por se ter apenas dirigido directamente à população por meia dúzia de vezes, sempre em ocasiões marcantes. Alguém imagina um chefe de Estado eleito directamente que não andasse ao ritmo mediático, em busca de popularidade e votos, a associar-se a tudo quanto garantisse boa Imprensa e os favores da opinião pública?
São apenas três exemplos de contradições, haveria muitas mais para quem se desse ao trabalho de aprofundar o assunto em vez de pegar nele pela rama, como eu faço. Elogiar Isabel II é elogiar a monarquia constitucional. Muitos outros monarcas europeus, nestes 70 anos que ela leva de reinado, tiveram igualmente comportamentos exemplares, os quais, não tendo o destaque mediático da rainha britânica, mereceram e merecem o apoio da maioria esmagadora das respectivas populações, que não imaginam sequer mudar para um sistema republicano.
É fácil perceber que a monarquia constitucional é, inclusive em termos de estética política (tantas vezes ignorada entre nós), o sistema que melhor se adequa a todos os países europeus, com excepção da Suíça. Nestes elogios quase unânimes a Isabel II percebe-se que, em termos racionais, em termos de pura política, isso é claro. Mas depois há o lado irracional da política, os preconceitos, as visões forjadas no sistema educativo, mediático e cultural, que determinam que as repúblicas são um “progresso”, uma evolução democrática em relação às monarquias, sempre removidas para o “passado”. Perguntem a Isabel II o que acha disso. Talvez ela abra uma excepção e responda.
Primeiro foi uma colega minha, por causa da discussão da seca e do regadio, a dizer-me para ir a Odemira, ver como o regadio era insustentável, inclusivamente do ponto de vista social.
Para o ilustrar, ligava para a reportagem da SIC ao protesto dos trabalhadores da Sudoberry.
Depois foi uma grande reportagem do Público que, infelizmente, se limita a entrevistar umas pessoas, evitando verificar factos.
Hoje, Ana Sá Lopes, num artigo ao seu estilo, conclui que a direita se impressiona muito com os eventuais atropelos de Eduardo Cabrita ao Estado de Direito, mas é insensível à exploração de mão-de-obra imigrante.
Odemira tornou-se, por via deste tipo de disparates, um exemplo que se apresenta sempre que se quer sinalizar a virtude própria, seja do ponto de vista ambiental, seja do ponto de vista social e uma demonstração dos malefícios do capitalismo e da captura do Estado pelos interesses económicos.
Saltemos por cima do facto de que boa parte destes virtuosos que acusam toda a gente de corrupta e vendida aos interesses, e de caminho explicam que isso só é possível por o Estado estar na mão dos poderosos, apresentarem como solução para o problema o reforço do mesmo Estado que acham que está capturado pelos interesses.
Na reportagem do Público, em que a revolta dos trabalhadores é apresentada como sendo o resultado dos trabalhadores terem perdido o medo, os próprios trabalhadores explicam que no mês de Janeiro lhes pagaram menos 200 a 400 euros, com uma justificação qualquer sobre novas regras fiscais, e foi isso que foi a gota de água.
Aparentemente, nem a jornalista, nem o jornal, acharam útil ir ter com alguém que soubesse da fiscalidade que incide sobre o trabalho para verificar se esta hipótese, que a própria reportagem revela, pode ter alguma base factual ou é apenas uma história da carocinha da empresa Sudoberry.
A mesma jornalista, e depois Ana Sá Lopes cita como sendo uma coisa que lhe revolve o estômago, acha útil e credível o testemunho de um dos trabalhadores "É muito duro. Estamos a trabalhar num ambiente quente, dentro das estufas, e só podemos beber a água que trazemos de casa. Às vezes por mais de oito a dez horas ... Se bebemos toda a que trazemos, pedimos, mas eles não nos dão, recusam".
Há anos que sigo um princípio geral que me tem sido útil: se uma história parece mal contada, quase sempre é mesmo porque está mal contada.
Que há gente má em todo o lado, é um facto. Que há empresas e partes de empresas em que há gente má com excesso de poder, é um facto. Mas ainda assim, qualquer pessoa razoável e sem ter "uma causa" a defender, olha para este testemunho com alguma desconfiança.
Que o trabalho nas estufas é duríssimo e que é feito sob pressão constante para aumentar a produtividade, não tenho a menor dúvida.
Mas daí a aceitar, pelo seu valor facial, o que é descrito, vai uma distância enorme a que a jornalista deveria dar atenção, porque provavelmente há maneiras de verificar o descrito: ouvindo mais pessoas (a empresa tem cerca de 500 trabalhadores) ou perguntando por que razão, sendo essas as condições de trabalho, o trabalhador em causa está há cinco anos na mesma empresa, num sector altamente deficitário de mão-de-obra, por exemplo.
Mas há mais que a jornalista poderia fazer, por exemplo, perguntado às entidades responsáveis pelas certificações GAP (good agricultural practices) ou RCB (antes British Retail Consortium, hoje Brand Reputation through Compliance), certificações essas que incluem critérios de respeito pelos trabalhadores (fora os outros ambientais e de sustentabilidade), como é possível que certifiquem uma empresa com práticas como as descritas.
Não estamos a falar de uma empresa que nasceu ontem, estamos a falar de uma empresa com mais de vinte anos e com a primeira das certificações referidas há quase vinte anos também. Nenhum dos auditores associados a estas certificações deu por uma prática laboral tão aberrante como esta?
Estou cada vez mais cansado deste jornalismo de causas, como aquele que fala da expansão da cultura do abacate no Algarve como um problema gravíssimo de consumo de água, quase nunca referindo que o consumo de água de uma produção de abacates é apenas 10% maior que a de um laranjal.
Ou sem, em algum momento, admitir que ganhando estes trabalhadores ordenados entre os 1500 euros e os 2 000 euros (a julgar pelas informações das reportagens, ganham 6,5 euros à hora, trabalham dez horas por dia, quase 30 dias por mês, o que daria um valor em torno dos dois mil euros), isto significa que entre impostos e taxas, o Estado fica com um valor próximo dos 40% do custo de cada trabalhador para a empresa.
Ou seja, se o Estado prescindisse de taxar o trabalho agrícola, estes ordenados poderiam subir automaticamente 40%.
Não, Ana Sá Lopes, não é o facto da direita se emocionar mais com a forma atribiliária de actuação de Cabrita que com a exploração dos trabalhadores imigrantes que é impressionante, é a infantilidade deste jornalismo na discussão de problemas difíceis (pois é, pagamos os alimentos a preços baixíssimos e depois queixamo-nos do facto dos trabalhadores do sector serem mal pagos, protestamos contra a plantação de abacates enquanto espalhamos o guacamole nas torradas por ser mais saudável que a manteiga, etc.) que contribui pouco para que possamos fazer melhor.
Já não falando num pequeno pormenor: se estes trabalhadores ali estão (e Odemira é dos poucos concelhos do país que aumentam a sua população nos últimos dez anos em que Portugal perde mais de 250 mil habitantes, ao mesmo tempo que aumenta em 40% a população estrangeira a viver em Portugal) é porque há riqueza a ser ali criada e porque estar ali representa uma grande melhoria da sua qualidade de vida, face à sua situação anterior.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus falou aos seus discípulos, dizendo: «Digo-vos a vós que Me escutais: Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos injuriam. A quem te bater numa face, apresenta-lhe também a outra; e a quem te levar a capa, deixa-lhe também a túnica. Dá a todo aquele que te pedir e ao que levar o que é teu, não o reclames. Como quereis que os outros vos façam, fazei-lho vós também. Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam. Se fazeis bem aos que vos fazem bem, que agradecimento mereceis? Também os pecadores fazem o mesmo. E se emprestais àqueles de quem esperais receber, que agradecimento mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, a fim de receberem outro tanto. Vós, porém, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca. Então será grande a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom até para os ingratos e os maus. Sede misericordiosos, como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados. Não condeneis e não sereis condenados. Perdoai e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á: deitar-vos-ão no regaço uma boa medida, calcada, sacudida, a transbordar. A medida que usardes com os outros será usada também convosco».
Palavra da salvação.
Comentário: O comportamento do discípulo de Cristo é a resposta ao que o Mestre tem para com ele, que todo se resume na palavra: “Amai-vos como Eu vos amei”. Mas, por sua vez, a atitude de Jesus para com os homens é a manifestação da atitude do coração do Pai, de quem Ele, Jesus, é a imagem perfeita, encarnada no meio dos homens. Esta imitação que somos chamados a realizar não é alguma coisa que fazemos de fora e de longe, mas como membros que somos do próprio Cristo, o Filho de Deus, no qual também nós somos filhos do Pai celeste, “filhos no Filho”.
O regime de Putin é responsável por tudo que está a acontecer e vai acontecer na crise da Ucrânia. Nem tudo é branco ou preto, mas negar a evidencia de que é a Rússia que está tomar a iniciativa do actual confronto, parece-me apenas delirante. Mesmo que não tenha qualquer importância no rumo dos acontecimentos.
Sou daqueles que têm pena que os EUA, já que a Europa é lamentavelmente um parasita sem princípios em questões de defesa, não tenham assumido a defesa militar da Ucrânia desde o primeiro dia. Acredito que se teria poupado o que já aconteceu e, mais importante, o que parece ai vir. Espero que todos aqueles que sempre criticaram os EUA, porque só intervém por interesse próprio, não tenham um desgosto, por passaram a ser irrelevantes, negligenciáveis, como os Ucranianos, no normal calculo de interesses Americanos na arena internacional.
Putin poderá ser clinicamente um psicopata mas nem está sozinho nem lhe falta inteligência. Não tenho a pretensão de saber o que realmente pensa e o que de facto pretende. Apenas sei que nunca deixará de ponderar custos e benefícios usando cuidadosamente uma balança de precisão.
Já conseguiu estabelecer a sua força, expondo a fraqueza dos EUA e da Europa, aprofundando a sua divisão. O aceno da vaga mãe de todas as sanções foi o melhor que o Ocidente conseguiu, lembrando as bazófias de Saddam Hussein.
Se decidir que não é suficiente e invadir a Ucrânia, o que poderá mais ganhar? Mártires? Trigo? Reconhecimento interno? Afastar as forças de invasão da Nato? O que valerá mais do que sanções?
Talvez o movimento a Ocidente seja na verdade uma aproximação a Oriente.
Certo é que a China parece ser o grande vencedor de um conflito em que não é formalmente parte. Um novo eixo Pequim-Moscovo, parece ser o resultado provável, ou até a causa, de uma crise tão pouco razoável.
A capa desta semana da revista Sábado chama-nos a atenção porque nos sugere um escândalo - se a Casa Real Portuguesa fosse rica (que não é) isso seria de citicar? Mas se formos ler o artigo no interior, constatamos que o conteúdo é quase inócuo, absolutamente desinteressante. São meia dúzia de páginas de pura bisbilhotice, em que não se encontra uma única “estória”, facto ou atitude dos Duques de Bragança digna de exploração jornalística (escândalo). Talvez a promoção gratuita do Nuno da Câmara Pereira que é um desqualificado, para certas pessoas consiga imprimir algum picante ao artigo.
Não, o problema da capa da revista Sábado não está num suposto jacobinismo do jornalista que entrevistou o Senhor Dom Duarte de Bragança ou da redacção da revista Sábado. O problema da concepção dessa capa está no potencial público que ela daquela forma insinuosa atrai e que em Portugal infelizmente tem algum peso: os ressentidos e os invejosos – é uma opção comercial, que diz tanto da revista quanto dos fregueses que pretende cativar.
Vai por aí uma grande agitação porque foi aprovado o abate de 1079 sobreiros para a instalação de uma central solar em Gavião.
Não conheço o processo em concreto (casualmente, em conversa, falaram-me destes 1079 sobreiros como o que sobrou de uma negociação sobre o projecto inicial que previa o abate de mais de 8 mil, e que por cada sobreiro abatido serão plantados mais de 15 sobreiros, mas não fui verificar estas informações, que são praticamente irrelevantes para o post).
O que me interessa é mesmo a irracionalidade da actual legislação de protecção do sobreiro e da azinheira, uma legislação que tem as suas raízes no Estado Novo e na sua vontade de assegurar o abastecimento da indústria de cortiça, que passou por um fomento da cultura do sobreiro - ao contrário da vulgata que circula, mesmo em meios informados, a campanha do trigo dos anos 30 teve um efeito relevante no aumento da área de montado, mas e mais tarde que há uma política forte do Estado Novo no apoio à expansão da cultura do sobreiro -, mas também por regras administrativas aplicáveis ao abate (questão com alguma relevância face à segunda fase de mecanização da agricultura alentejana, a partir do fim da segunda guerra mundial) e ao descortiçamento, que visavam preservar o recurso económico.
Mais tarde, alguém viu na legislação que resultou desta preocupação com o abastecimento da indústria a oportunidade para legislar sobre a conservação dos montados, e tratou de encaminhar a lei para a protecção das árvores, agora já com a azinheira.
E o ponto a que chegámos, do ponto de vista legal, é completamente absurdo, quer porque dá uma suposta protecção ao sobreiro e azinheira que não dá a outras quercus (que inclui todos os carvalhos, quer os mais vulgares, quer os mais raros, como o de Monchique), quer porque proibir o abate de árvores não é a melhor forma de garantir a conservação de conjuntos de árvores, como os montados, quer porque as excepções se tornam regra, embora com um enorme custo de ineficiência evitável, quer porque é evidentemente impossível impedir um proprietário mandar para o galheiro milhares de árvores, sem as abater, se estiver empenhado nisso.
E, por fim, porque quer o sobreiro, quer a azinheira, estão em expansão, portanto não precisam de protecção nenhuma para se conservar a espécie (que, com milhões de exemplares, estão muito longe de ter quaisquer sinais de ameaça à sua conservação).
O resultado prático disto é que a protecção do sobreiro e da azinheira é um mero expediente usado para propaganda e para contestação a alterações de uso do solo de que se discorda.
Não sei se esta conversa ocorreu mesmo, ou se me foi relatada por um dos intervenientes como parábola, mas a situação raramente é mais bem descrita:
CEO da Navigator, para o CEO da Corticeira Amorim: "estou farto de levar pancada e ser tratado como criminoso, gostava era de trabalhar com uma árvore de que toda a gente gosta, como tu". Resposta do CEO da Amorim: "pois eu preferia depender de uma árvore que toda a gente detesta, mas planta, a depender de uma árvore de que toda a gente gosta, mas ninguém planta".
É raro haver uma legislação economicamente tão estúpida como a da protecção do sobreiro de tal forma que o principal agente económico beneficiário da existência dessa árvore acabe preocupado com a legislação que a protege. Porque acaba a concluir que não há proprietários interessados na sua cultura: os proprietários não querem deixar as suas propriedades com um ónus que os impeça, a eles ou aos seus herdeiros, de as usar de forma economicamente racional, em cada altura, num mundo em permanente mudança.
Poder-se-ia argumentar que o retorno em conservação de valores sociais intangíveis, como a biodiversidade, a qualidade da paisagem e etc., compensariam esse incómodo económico.
Só que nem isso é verdade, com ou sem essa legislação o montado com interesse de conservação está protegido pela legislação de conservação - quando tem interesse de conservação elevado, que é o que interessa - e o montado com interesse económico - que tem importantes benefícios sociais associados, incluindo a biodiversidade e a qualidade da paisagem - está protegido pelo interesse económico do proprietário.
Não há qualquer interesse de conservação específico em impedir o abate de 1 079 sobreiros sem grande interesse numa propriedade que, provavelmente, estaria ao abandono, ou sub-gerida, por falta de retorno associado ao custo de gestão útil do montado.
A ideia de que são os funcionários do Estado (os meus colegas do Instituto de Conservação da Natureza) que defendem melhor o sobreiro e a azinheira que os proprietários, tendo o poder para determinar se, quando e como se podem fazer um conjunto de operações de gestão necessárias para a boa saúde dos valores em presença, é uma ideia sem qualquer fundamento teórico, e muito menos com fundamento empírico.
Penso que basta olhar para os tempos de decisão da administração pública para perceber que é muito mais útil tratar os proprietários como pessoas normais e de bem - reconhecendo que há sempre quem fuja do padrão, quer do lado dos proprietários, quer do lado dos funcionários - que partir do princípio que são todos umas bestas gananciosas que, se não tiverem rédea curta nas mãos de funcionários mal pagos e desmotivados, destroem tudo à sua volta.
Mal refeitos dos enormes cismas provocados pela Covid, surge mais uma questão incapaz de reunir o menor consenso: a actual situação na Ucrânia.
Miguel Sousa Tavares, escreveu sobre o que pareceram direitos históricos da Rússia à antiga zona de influencia do pacto de Varsóvia. Louçã reduz a questão a uma conspiração do grande capital contra o novo oleoduto. Daniel Oliveira, sugere conter a Rússia sem lhe causar danos. Muitos atribuem aos Americanos a responsabilidade da, de facto, anexação da Crimeia pela Rússia e a concentração actual de forças suficientes para uma invasão integral da Ucrânia. Alguns, como eu, não percebem porque o Ocidente não é capaz de estabelecer linhas vermelhas ou pelo menos claras a um ataque á soberania da Ucrânia. Outros, ainda, pensam coisas completamente diferentes. Nem a desgraça dos pobres Ucranianos é consensual ou parece importar demasiado.
Enquanto isso, há quem pague fortunas por cópias digitais únicas (?) e até compre roupas virtuais para se vestir no metaverso.
Num mundo tão diverso, em que cada vez mais fica evidente que muitos vivem num mundo imaginário e fantasioso, não podendo excluir a possibilidade de eu ser um deles, importa começar a pensar a sério nos direitos liberdades e garantias individuais. Ou demasiados estarão condenados a viver as fantasias delirantes de outros.
O Jornal de Notícias tem hoje como manchete "Há mais de duas décadas que o país não ardia tanto".
E quando eu esperava que isto fosse uma entrada para a excelente notícia de que este ano já se conseguiram queimar 5 mil hectares, eis que afinal não, parece que a notícia existe porque alguém acha dramático terem ardido cinco mil hectares desde o princípio do ano até agora.
Camaradas, vamos lá fazer umas continhas de algibeira.
Portugal tem cerca de 9 milhões de hectares que podemos dividir, grosseiramente, em três partes mais ou menos iguais: 3 milhões para usos agricolas, urbanos, sociais e por aí, 3 milhões de povoamentos florestais e 3 milhões de matos.
Para ganharmos controlo sobre o fogo, isto é, termos essencialmente fogo que não provoca prejuízos sociais, económicos e ambientais de maior, precisaríamos de queimar no Outono/ Inverno mais ou menos um quinto das áreas de maior risco, isto é, os seis milhões de hectares de matos e povoamentos, para ter os fogos de Verão sob controlo e sem danos de maior.
Ou seja, seis milhões de hectares a dividir por cinco, 1,2 milhões de hectares.
Vamos agora considerar que há um terço desta área que gere os combustíveis com recurso a outras técnicas (uma hipótese mais que optimista, visto que haverá uns duzentos mil hectares de eucalipto e pouco mais que é gerido com recurso a outras técnicas de controlo de combustível), e sobram 800 mil hectares.
Vamos admitir que afinal conseguimos obter resultados razoáveis de controlo do fogo com metade desta área, quer porque resolvemos que o controlo de combustíveis deve ser feito com intervalos maiores, quer porque podemos ter uma percentagem menor gerida, quer porque se encontram outras formas, como pastoreio, para gerir combustíveis, e chegamos a 400 mil hectares.
Arderam cinco mil hectares do princípio do ano a meio de Fevereiro?
Temos de dar corda aos sapatinhos, mandar os bombeiros para os quartéis e atacar com tudo o que temos para ver se conseguimos queimar os 395 mil hectares de que precisamos para ter descanso no Verão.
Infelizmente, não tenho a menor esperança de que isso seja possível, portanto lá vamos tendo que alimentar o espetáculo dos fogos de Verão com a acumulação de combustível que o Jornal de Notícias, e a esmagadora maioria da população, acha óptima.
Um dias destes ligaram-me da rádio Observador, para me perguntar se eu estaria disponível para no dia seguinte, de manhã, entrar num programa sobre a seca.
Argumentei que secas não era bem um tema sobre que soubesse muito, se não seria melhor falarem com pessoas que estudam o assunto a sério, mas pela hora a que me estavam a ligar e pela relativa insistência, que indiciavam alguma dificuldade em ter gente para o programa (sei bem a dificuldade em ter sempre gente disponível para falar num programa diário), e pela consideração que tenho por quem me convidava, depois de me assegurar que era só um bocadinho do programa e que me ficaria pela generalidades sobre secas e paisagens, acabei por dizer que sim.
O resultado está aqui para quem tiver curiosidade em ouvir (eu entro ao minuto 41, mais coisa, menos coisa e digo asneiras como que a secura é baixa em vez de dizer que a humidade é baixa, que é o que acontece quando se fala de assuntos sobre os quais se fala menos frequentemente, um bom improviso demora muito tempo a preparar).
Acontece que entretanto Capoulas Santos fez umas declarações em que diz é preciso relativizar o problema da seca e os meus amigos ambientalistas imediatamente reagiram com a resposta previsível (e que eu tinha antecipado na minha intervenção, ali pelo minuto 48): como é possível querer relativizar o assunto e, por exemplo, expandir regadios com as secas a aumentar?
Aí pelo minuto 56, eu respondo à pergunta que me fizeram (a que está no parágrafo anterior) e que na verdade tinha conseguido evitar responder desde o princípio da minha intervenção (já tenho anti-corpos suficiente no movimento ambientalista, a que pertenço, para não os querer aumentar): parece-me claro que o regadio aumenta o risco dos produtores nos anos secos, mas também me parece evidente que aumenta muito a produção nos anos bons.
Globalmente, o critério deveria ser económico e o Estado deveria abster-se de apoiar as vítimas da seca (ou pelo menos limitar os apoios a situações limite de sobrevivência), deixando ao produtor a gestão dos seus riscos.
Ou seja, o regadio não deveria estar a ser orientado para a diminuição dos preços dos alimentos, que já hoje são extremamente baixos, mas deveria incorporar o risco do produtor nos anos secos, através do aforramento de excedentes nos anos bons.
Ser contra o regadio não faz sentido, mas também não faz o menor sentido manter este sistema em que privatizamos os lucros do regadio e socializamos os prejuízos decorrentes da seca.
Do que precisamos é de mais regadio, sim, mantendo os riscos da seca na esfera do produtor.
O que, inevitavelmente, vai fazer subir os preços da alimentação e das fibras: a sustentabilidade tem custos e talvez seja o tempo para dizermos, com clareza, que precisamos de transferir rendimentos dos outros sectores para o sector primário, e que o preço e os mercados são a forma mais eficiente de o fazer, muito mais eficiente que a intervenção coerciva dos Estados.
Vamulaver: com o fim dos morgadios em meados do século XIX todo o património familiar (e valores) se desvai, sempre repartidos democraticamente pela descendência, aos apetites de cada um, para no fim resultar na centralização da riqueza (e poder) no Estado todo poderoso
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naquele tempo, Jesus desceu do monte, na companhia dos Apóstolos, e deteve-Se num sítio plano, com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e Sidónia. Erguendo então os olhos para os discípulos, disse: Bem-aventurados vós, os pobres, porque é vosso o reino de Deus. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis saciados. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir. Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e insultarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem. Alegrai-vos e exultai nesse dia, porque é grande no Céu a vossa recompensa. Era assim que os seus antepassados tratavam os profetas. Mas ai de vós, os ricos, porque já recebestes a vossa consolação. Ai de vós, que agora estais saciados, porque haveis de ter fome. Ai de vós, que rides agora, porque haveis de entristecer-vos e chorar. Ai de vós, quando todos os homens vos elogiarem. Era assim que os seus antepassados tratavam os falsos profetas.
Palavra da salvação.
Comentário: A perspectiva dos dois caminhos, já apontada no Antigo Testamento, é retomada, e com muito mais clareza, por Jesus. São as célebres “Bem-aventuranças”, que S. Lucas resume em quatro, contrapondo-lhes, em compensação, outras tantas “maldições”. É este um jeito literário, frequente também nos salmos, de expor uma ideia, primeiro afirmativamente, depois negando o ponto de visa oposto. Aqui a ideia resulta clara: o ideal do Reino dos céus não se rege por critérios terrenos. É preciso aceitar os critérios de Deus.
Fascista, Diogo Pacheco de Amorim? - Não dei por nada, ao longo dos muitos meses em que, juntamente com outros amigos, escrevemos este Estado de Coma, obviamente português. Estávamos em 1995 e a edição foi da Real Associação do Porto.
Ex-membro do MDLP, Pacheco de Amorim? Não sei, nunca falámos disso.
Mas, a propósito, relato um episódio que me foi contado por um familiar, oficial superior do Exército, em 1975 conotado com o PS e por este nomeado para cargos administrativos. Pois garantiu-me ele ter estado, na véspera do 25 de Novembro, a almoçar na minha terra com um grupo de civis, preparando a defesa do assalto da Esquerda que já se tinha por certo - e temendo, aliás, as centenas de G3 em «boas mãos», disseminados pelas Lisnaves e Setenaves de então.
Contra essas «boas mãos»... havia no Norte os ditos civis, o MDLP, pois claro. Actuando em conjugação de esforços com o PS, os partidos da Direita e os moderados do MFA. Depois condenados uns ao desprezo, e levados os outros à glória e às delicias do mando político.
(Com este episódio e com os dados certeiros que apontei, meti uma rolha no discurso tendencioso do Gen. Pezarat Correia, em certa conferência onde sustentava ter sido o ELP o derradeiro movimento terrorista português. - Então e as FP25?)
Não voltei a estar com Pacheco de Amorim, não votei nele e penso ser um péssimo parlamentar. E um infeliz às mãos de Costa que, para distrair o PCP e o BE, está a fomentar uma nova caçada aos "fascistas".
A esquerda e os idotas úteis julgam ter encontrado um argumento definitivo para justificar que o terceiro partido mais votado afinal não tenha um vice-presidente da AR. Porque, dizem, a Constituição só diz que o terceiro partido «indica», não diz que tem que ser eleito, porque, acrescenta a esquerda e os patetas, ninguém pode dizer que em determinada eleição se tem que votar de determinada maneira.
Acontece que a mesma Constituição impede que um partido, mesmo com maioria absoluta, tenha o presidente e os vice-presidentes todos da AR. Ora, se os vice-presidentes fossem apenas eleitos, sem consideração de quais os que foram indicados e por que partido a que a Constituição atribui o poder de o fazer, o PS, que tem maioria absoluta, podia, afinal, elegê-los todos. Mas não pode, porque a Constituição não deixa.
Logo, quando a Constituição diz que a terceira força indica um vice-presidente, quer dizer algo mais forte do que apenas isso, e a «indicação» tem bastante mais força do que uma vontade avulsa.
"Trata-se de decisões proferidas por apenas uma das três secções do Tribunal Constitucional, em sede de fiscalização concreta, e portanto com efeitos circunscritos aos casos concretos a que se reportam. A norma em causa, relativa ao confinamento de pessoas infectadas com covid-19 ou em vigilância activa, não foi assim objecto de qualquer declaração de inconstitucionalidade com força obrigatória geral, mantendo-se plenamente em vigor".
Esta é a resposta do Ministério da Saúde ao facto de terem sido declaradas inconstitucionais duas decisões concretas sobre o isolamento de turmas, porque houve pais que se opuseram judicialmente a essas decisões.
O extraordinário nesta resposta é que o Ministério da Saúde não perde um segundo a tentar justificar as circunstâncias que pudessem ser diferentes e permitissem argumentar pela constitucionalidade da norma geral, o Ministério da Saúde, de forma um bocado mais rebuscada, diz simplesmente que se está nas tintas para o facto das normas serem constitucionais ou não, desde que o tribunal constitucional não se refira expressamente à norma geral que está na base das decisões de delegados de saúde declaradas inconstitucionais.
Não admira por isso que haja delegados de saúde a tomar decisões destas:
"o delegado de saúde tinha mandado toda a turma para casa ... a sua filha não poderia sair do quarto senão para usar a casa de banho".
É que, aparentemente, para boa parte das pessoas, a única dúvida relevante em relação a estas decisões prende-se com o facto do delegado de saúde se preocupar com a liberdade da rapariga poder sair do quarto para ir à casa de banho, quando podia perfeitamente determinar que usasse um penico.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Israel é, por si só, um espinho incomodo nas aspir...
os terroristas palestinos [...] que dominam o Líba...
« a culpada foi a cobra ...
Olhemos para o dinheiro. Se os grupos terroristas ...
Aviso, desde já, que não contem comigo para tomar ...