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João Baptista por Leonardo da Vinci
Evangelho segundo São Lucas 3, 10-18
Naquele tempo, as multidões perguntavam a João Baptista: «Que devemos fazer?». Ele respondia-lhes: «Quem tiver duas túnicas reparta com quem não tem nenhuma; e quem tiver mantimentos faça o mesmo». Vieram também alguns publicanos para serem baptizados e disseram: «Mestre, que devemos fazer?». João respondeu-lhes: «Não exijais nada além do que vos foi prescrito». Perguntavam-lhe também os soldados: «E nós, que devemos fazer?». Ele respondeu-lhes: «Não pratiqueis violência com ninguém nem denuncieis injustamente; e contentai-vos com o vosso soldo». Como o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias, ele tomou a palavra e disse a todos: «Eu baptizo-vos com água, mas está a chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as correias das suas sandálias. Ele baptizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo. Tem na mão a pá para limpar a sua eira e recolherá o trigo no seu celeiro; a palha, porém, queimá-la-á num fogo que não se apaga». Assim, com estas e muitas outras exortações, João anunciava ao povo a Boa Nova».
Da Bíblia Sagrada
Comentário: João Baptista inserindo-se na linha dos profetas do A. T., para os quais a conversão consistia em voltar a viver o amor de Deus e do próximo, indica aos homens das mais diversas classes sociais qual a penitência agradável a Deus – o cumprimento dos seus deveres, em função do amor do próximo.
Mas a conversão, com o abandono do pecado, é também recepção do Espírito, ou Amor de Deus, princípio duma vida nova, que se comunica mediante um sinal de conversão – o Baptismo.
Ninguém é excluído desta conversão, pois todas as situações humanas se podem viver no amor.
Ontem à noite num inadvertido e preguiçoso zapping pelos canais de notícias, senti-me agredido ao constatar que no Expresso da Meia-noite da SIC Notícias, a propósito das eleições de 30 de Janeiro, o convidado a representar o CDS era Telmo Correia - um dos mais enfadonhos parlamentares das últimas décadas e opositor figadal à direcção de Francisco Rodrigues dos Santos. À mesma hora na CNN (cof, cof) num debate sob o mesmo tema, o interlocutor democrata-cristão era Cecília Meireles que esconde mal o seu desejo por uma rotunda derrota do seu partido. (Já repararam que neste moderníssimo canal, à falta de uma formulação eficaz em português para “Notícia de Última Hora” anuncia-se em rodapé “Breaking News”– certamente para atrair as audiências estrangeiras?).
Evidentemente que as televisões convidam quem querem para os debates, mas depois não se venham queixar que a nossa democracia não convida à renovação de protagonistas, que se arrastam como que bacilos induzidos para a degradação do pântano que promove os extremos e consequentes parangonas indignadas e excitação das audiências em debandada.
Digo isto porque me parece medianamente óbvio que, se não for para prestar vassalagem à “aristocracia” regimental, a incluirem-se representantes do CDS nos debates televisivos dever-se-iam convidar elementos da direcção nacional do partido que irá a votos nas próximas legislativas. Isso sim é serviço público, caso contrário fica-se com a estranha (?) sensação de que as redacções obedecem a agendas políticas de interesses duvidosos. Como perpetuar a degradação da frágil democracia e o poder socialista.
"O pior que nos podia agora acontecer é que os portugueses, que sempre compreenderam a importância das vacinas e a sua eficácia, pudessem de algum modo ficar com dúvidas acerca da sua toma e por isso mesmo devemos ser exigentes no que toca à recomendação de vacinas, ou seja, estas recomendações não podem ser banalizadas nem feitas de ânimo leve, sem que se tenham feito todos os estudos e ponderado todas as variáveis".
Diogo Prates, médico e com me cruzei pessoalmente uma vez nas minhas lides de apoio à Iniciativa Liberal, hoje, no Observador.
Esta questão sobre as decisões em matéria de vacinação de crianças (e, já agora, de adolescentes) é uma questão muito séria e com potenciais repercussões no futuro numa questão central dos programas de vacinação: a confiança das pessoas comuns em quem decide sobre estes assuntos.
Em Portugal a vacinação, até à Covid, não tinha problemas de maior: as pessoas tinham (e têm, sejamos claros) uma enorme confiança no sistema de vacinação e o sistema de vacinação é bastante bom e está bem organizado.
Como resultado, sem necessidade nenhuma de vacinas obrigatórias (embora existam mecanismos quase coercivos como a ligação da vacinação à inscrição nas escolas), Portugal tem uma cobertura vacinal invejável (independentemente das dificuldades com a vacinação da gripe, por exemplo, mas que são dificuldades geríveis).
Ao não deixar claro o que se pretende com a vacinação de crianças, ao forçar essa decisão, ao procurá-la manter fora do debate público, Graça Freitas, a DGS e a enorme quantidade de pessoas envolvidas proselitamente na defesa de tudo e mais alguma coisa relacionada com a posição oficial sobre o assunto (estou estupefacto com a quantidade e qualidade de gente que de repente passou a defender que o povo era incapaz de gerir informação complexa e por isso era perfeitamente justificável a opção de Graça Freitas, seja sob a forma de defesas primárias, seja sob a forma sofisticada de defesas que recorrem a paralelismos absurdos, como exigir a todos os jornais que façam ligações directas a todas as fontes que usam nos artigos mais relacionados com a produção de informação mais técnica), o que se está a fazer é o jogo perigoso de trocar êxitos de curto prazo, por desconfianças futuras face ao sistema.
"Se o país conseguir garantir a vacinação de 85% das crianças, os números reduzem. Passariam a ser 18.404 casos de infeção entre as crianças — uma redução de 27.038 casos, o que equivale a um corte de 40%. Os internamentos em enfermaria seguem a mesma tendência, caindo de 182 para 35 (queda de 19%), enquanto as camas ocupadas por doentes críticos ou muito graves descem de 20 para 4. Também os casos de MIS-C, com as crianças vacinadas, diminuem de 18 para 12".
A pergunta central face a esta informação é a seguinte: qual é o problema de ter mais 45 mil infecções de crianças, 182 internamentos em enfermaria e 20 internamentos em UCI (números resultantes de modelação matemática, no pior caso possível, sem vacinação) que justifique os recursos que vão ser alocados à vacinação de crianças?
É que isto é feito com prejuízo de grupos sociais de muito maior risco (para já não falar da imoralidade associada à não vacinação de grupos de risco em países do terceiro mundo porque o primeiro mundo se entretém neste "encarniçamento médico" contra uma doença que, nas crianças, é uma doença benigna, seja qual for o critério de comparação usado face aos riscos de muitas outras doenças, incluindo a gripe).
Uma coisa é autorizar a vacinação, e definir comparticipações do Estado associadas a essa vacinação (eu defenderei sempre a condição de recursos para essas comparticipações, mas admito que é uma posição de princípio que pode ser contrariada por questões práticas relevantes), outra é a decisão tomada que corresponde a desviar recursos brutais para um retorno social, seja medido pela protecção directa das crianças, seja pelo ganho social, que é marginal, face à aplicação dos mesmos recursos em problemas reais e de muito maior magnitude para as crianças e para a sociedade.
Graça Freitas diz hoje no JN: "Não vacinar não é um ato neutro, é não proteger".
Se quanto à primeira parte da frase não me parece que haja quem tenha dúvidas, quanto à segunda parte há um mundo enorme de discussões possíveis, mesmo reduzindo as questões a uma pergunta simples: é não proteger a que custo de oportunidade, face a que risco?
É que os recursos não são infinitos, portanto usá-los numa coisa é não os usar noutra.
Sem explicar exactamente por que razão esta é o melhor uso dos recursos que existem para a gestão da epidemia, em detrimento, por exemplo, da maior protecção de grupos mais vulneráveis (o argumento de que com todas as criancinhas vacinadas se acabam os isolamentos de turmas é um argumento velhaco, porque a decisão de isolar turmas em vez do test and stay de boa parte dos países europeus é uma opção de gestão da epidemia que poderia ser banida sem mexer na vacinação, pelo que o mínimo exigível seria saber por que razão Portugal faz esta opção, ao contrário de muitos outros países), todo o discurso sobre a vacinação de grupos não vulneráveis tem um enorme potencial para minar a confiança das pessoas comuns no sistema de vacinação, no longo prazo.
Aparentemente, isto parece que não é assunto, portanto, provavelmente, sou eu que estou a ver mal a questão.
Uma sub-pessoa do género feminino (reservo-lhe essa qualificação, em vez da normal «sexo feminino», dada a baixeza da criatura) foi ao hospital Beatriz Ângelo para que atendessem a sua (desafortunada da lotaria genética) filha. Mas o médico era negro, e a sub-pessoa recusou, porque -- na sua mente símia -- médicos só brancos.
A tvi/CNN deu a notícia. Mas, depois, a tvi/CNN enviou a entrevistar o médico negro uma jornalista negra. E convidou para comentar um sociólogo negro. O que, não descendo às profundezas de sub-humanidade da mãe repulsiva, é de uma pequenez gritante e lamentável *.
*de uma das formas mais enganosas de falsa virtude e mais reprodutoras de racismo chamada «acção afirmativa»
Leio no Observador o seguinte:
"Graça Freitas confirmou esta quinta-feira, rejeitando a ideia de tal podia significar “falta de transparência”.“É um documento interno preparatório do processo de decisão”, indicou a diretora-geral da Saúde, acrescentando que o “habitual é não serem divulgados. São documentos internos. Não são secretos. São plasmados em normas. A norma é a súmula, o resumo desses pareceres. E são plasmados em comunicados. Fundamentam as decisões que são tomadas”."
Não fui verificar fontes originais, portanto não sei se foi exactamente isto que disse Graça Freitas.
Se foi, isto é gravíssimo e não tem nenhuma relação com a epidemia mas sim com a natureza da administração pública, até porque não há nada de original nesta citação de Graça Freitas, corresponde ao que 99% dos dirigentes da administração pública diriam e pelos menos 85% dos técnicos que trabalham na administração pública (a diferença de percentagem prende-se apenas com os que, não sendo ignorantes, são macacos velhos para quem o seu critério principal de decisão é a manutenção da sua posição e não a lei).
E é isso que é o mais grave: o facto da generalidade da administração pública ser capaz de fazer afirmações como a citada.
Um documento preparatório para uma decisão é público, é a lei que o diz, de forma claríssima, limitando-se a admitir que enquanto a decisão não for tomada (ou não tiver passado um ano, o que ocorrer primeiro) a divulgação destes documentos internos passa ser diferida até à tomada de decisão (ou à passagem de um ano, o que ocorrer primeiro).
Até aqui há muito quem tenha escrito sobre esta parte das declarações, o direito de acesso a documentos administrativos.
Mais grave, muito mais grave, é a parte final das declarações.
"São plasmados em normas. A norma é a súmula, o resumo desses pareceres. E são plasmados em comunicados. Fundamentam as decisões que são tomadas”."
É que é impossível que a Senhora Directora Geral da Saúde desconheça por completo o Código do Procedimento Administrativo (pela experiência que tenho, a generalidade dos funcionários públicos desconhecem o código do procedimento administrativo e ficam muito espantados quando se lhes mostra o que lá está escrito e as obrigações e defesas que dele constam).
Citemos então.
"Para efeitos do disposto no presente Código, consideram-se regulamentos administrativos as normas jurídicas gerais e abstratas que, no exercício de poderes jurídico-administrativos, visem produzir efeitos jurídicos externos."
"1 - Os atos administrativos devem ser notificados aos destinatários, designadamente os que:
...
b) Imponham deveres, encargos, ónus, sujeições ou sanções, ou causem prejuízos;
c) Criem, extingam, aumentem ou diminuam direitos ou interesses legalmente protegidos, ou afetem as condições do seu exercício.
2 - Da notificação do ato administrativo devem constar:
a) O texto integral do ato administrativo, incluindo a respetiva fundamentação, quando deva existir;"
"1 - Para além dos casos em que a lei especialmente o exija, devem ser fundamentados os atos administrativos que, total ou parcialmente:
a) Neguem, extingam, restrinjam ou afetem por qualquer modo direitos ou interesses legalmente protegidos, ou imponham ou agravem deveres, encargos, ónus, sujeições ou sanções;"
"1 - A fundamentação deve ser expressa, através de sucinta exposição dos fundamentos de facto e de direito da decisão, podendo consistir em mera declaração de concordância com os fundamentos de anteriores pareceres, informações ou propostas, que constituem, neste caso, parte integrante do respetivo ato.
2 - Equivale à falta de fundamentação a adoção de fundamentos que, por obscuridade, contradição ou insuficiência, não esclareçam concretamente a motivação do ato."
Uma Directora-Geral que afirme que as normas são a síntese dos procedimentos e portanto os documentos que fundamentam essas normas não são públicos por serem a mera fundamentação das normas, está simplesmente a ignorar princípios fundamentais que a lei consagra como direitos individuais.
Que o possa fazer sem escândalo (neste caso deu algum escândalo por ser uma matéria mais controversa em que o unanimismo em relação à epidemia diminuiu bastante), que o possa fazer com o acordo dos responsáveis políticos, que o possa fazer sem uma comunicação social que a confronte com a evidente ilegalidade do que está a dizer, que o possa fazer com o apoio ou pelo menos o encolher de ombros das elites, que o possa fazer sem o menor risco para si própria, como se a lei fosse um mero pormenor a que é preciso encontrar a escapatória formal (ou ignorar com uma razão convincente, se não houver escapatória), isso sim, reflecte bem o respeito que temos pela lei, enquanto comunidade.
Alexandre Homem Cristo, hoje, no Observador, tem um bom artigo sobre o facto de haver quem defenda o carácter sigiloso dos pareceres que fundamentam a decisão da DGS em relação à vacinação de crianças, em que diz: "Infelizmente, na vida política, tornou-se mais confortável tratar as pessoas como estúpidas, pelo que me parece vã a esperança de que Governo ou Presidência da República vejam algo de errado em tratar os cidadãos como gente limitada à qual não se deve esclarecimentos ou explicações. Porque esse é o procedimento padrão instituído em Portugal. E porque, neste caso em particular, a DGS decidiu no sentido que Governo e Presidência da República pretendiam."
Manuel Carmo Gomes dizia ontem no Porto Canal "Eu não tenho nenhum problema em divulgar qualquer parecer em que participe mas ... não se pode libertar documentos técnicos sem estar preparado, com uma máquina montada para tirar todas as dúvidas sobre os seus conteúdos. ... as pessoas têm de ter literacia na área da saúde para compreender os pareceres e todas as suas implicações... não basta dizer que queremos ver o parecer sem que haja uma máquina habilitada a tirar as dúvidas às pessoas".
Caro Manuel Carmo Gomes, não sabe, mas tem mesmo um problema e muito grande em relação à divulgação de pareceres: desconhece, por completo, a legislação aplicável.
A sua opinião sobre o assunto, como a minha, é largamente irrelevante porque a lei é claríssima.
Lei nº 26/ 2016 de 22 de Agosto, Artigo 5.º Direito de acesso 1 - Todos, sem necessidade de enunciar qualquer interesse, têm direito de acesso aos documentos administrativos, o qual compreende os direitos de consulta, de reprodução e de informação sobre a sua existência e conteúdo. 2 - O direito de acesso realiza-se independentemente da integração dos documentos administrativos em arquivo corrente, intermédio ou definitivo.
A mesma lei, Artigo 6º, 3 - O acesso aos documentos administrativos preparatórios de uma decisão ou constantes de processos não concluídos pode ser diferido até à tomada de decisão, ao arquivamento do processo ou ao decurso de um ano após a sua elaboração, consoante o evento que ocorra em primeiro lugar.
Ou seja, agradecemos todos que dê as suas opiniões, mas agradecemos mais que a lei seja cumprida.
É verdade o que diz Alexandre Homem Cristo: o padrão de comportamento da administração é o da violação da lei, e esta é uma questão que deveria preocupar seriamente os partidos políticos.
A verdade é que Graça Freitas, ou qualquer servidor do Estado, como Manuel Carmos Gomes, não correm nenhum risco por infringirem a lei: quem quiser reclama para a Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, que sem margem para dúvidas irá intimar a entidade para dar cumprimento à lei e se isso for feito, não acontece nada a quem tomou as decisões anteriores ilegais.
O único caso que conheço em que houve sanções (perda de mandato para um presidente de câmara, se não me engano), foi anos depois e por desobediência às decisões dos tribunais sobre a matéria.
Por mim, decisões ilegais deveriam permitir despedimento por justa causa, para os técnicos, e cessação das comissões de serviço (o despedimento seria tratado como para os técnicos) imediata para os dirigentes.
Claro que seria muito mais fácil chegar a este ponto se mal Manuel Carmo Gomes se pussesse a argumentar de forma tonta sobre o acesso a documentos administrativos, como neste caso, a jornalista insistisse que Manuel Carmo Gomes estava simplesmente a defender ilegalidades.
Vá lá, digam qualquer coisa a estas «autoridades» e media que depois de nos celebrarem como melhores do Mundo, 85% campeões dos vacinados, insinuam agora que a vacinação não serve de nada. Vá, é uma questão de brio, é que do que eles andam a dizer resulta que, apesar de vacinados com as vossas vacinas, «ainda assim» vamos morrer todos.
Eras o patinho feito do vírus, a estirpe ronhosa que só provoca sintomas ligeiros ou deixa os infectados assintomáticos. Mas agradece aos jornalistas que te fazem Adamastor, que depois de forçados a citar a evidência científica de que pouco pernicioso és, acrescentam, «Ainda assim...», e logo prometem que vamos morrer todos.
Vá, grande depressão Barra prometida por meteorologistas e telejornais, sopra lá, traz dilúvios, vagas maremóticas, tufões tropicais, invoca avisos amarelos e escarlates, não nos deixes neste remanso de uma normal tarde amena de Outono-quase-Inverno com sol e nuvens a brincar à vez. Dá cabo de tudo, faz como disseram os jornalistas, que prometeram que vamos morrer todos.
Há já muito tempo, quando Graça Freitas ainda não estava possuída pelos espíritos da nova epidemiologia (dizendo, inclusivamente, que as máscaras, tal como os testes, acrescento eu agora, criam uma falsa sensação de segurança), foi muito clara a explicar as diferentes fases de uma epidemia e de como a estratégia de gestão do problema deveria estar ligada a essas fases.
Isto era o que Observador (e todos os outros) escrevia logo no dia seguinte aos idos de Março de 2020.
Já várias vezes Graça Freitas tinha referido as fases clássicas de resposta a uma epidemia, primeiro procurando contê-la (quando ainda existe numa pequena unidade geográfica que possa ser eficazmente isolada), depois procurando contê-la num âmbito geográfico mais alargado, procurando limitar imediatamente os focos que apareçam fora da área geográfica inicial e restringindo fortemente as deslocações a partir do foco principal ou dos secundários e, por fim, a fase de mitigação, quando existe disseminação comunitária, em que, como é dito sensatamente acima, as medidas de contenção são largamente ineficazes.
Infelizmente, a nova epidemiologia, assente em testes laboratoriais e modelos matemáticos que simplificam excessivamente o desenvolvimento de uma epidemia, eliminando da análise tudo o que é difícil de matematizar (a heterogeneidade das populações em relação à imunidade, os padrões geográficos de evolução que dependem de factores ambientais externos aos hospedeiros e transmissores, a reacção social à percepção pública dos riscos, etc.) impôs-se como uma bíblia sobre a qual todas as dúvidas deixam de ser dúvidas para ser heresias.
A ideia central é a de parar o contágio: "you need to go after the virus, you need to stop the chains of transmission", é a lição trazida por Michael Ryan, director executivo do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde.
Lição essa explicitamente aprendida com os surtos de ébola e que, estranhamente, se acha normal aplicar à epidemia de covid, uma doença substancialmente diferente da ébola.
E quando se diz substancialmente diferente, quer-se dizer que uma transmite-se por contacto, outra por aerossóis, uma mata em média 50% dos infectados, outra 0 vírgula qualquer coisa, portanto transferir os princípios de quebra de cadeias de contágio nos surtos de ébola para uma epidemia de covid é um salto mortal encarpado com tripla pirueta.
Essa obsessão com a quebra das cadeias de contágio, que na prática é a defesa de covid zero, parece-me um absurdo e nunca, em lado nenhum, teve êxito, fossem quais fossem as medidas adoptadas em qualquer parte do mundo.
Já agora, a ideia de que em todo o mundo se convergiu para as mesmas abordagens da gestão da epidemia é uma ideia totalmente falsa, cada país e, nos países com maior autonomia de comunidades sub-nacionais, cada região, foi adoptando medidas que sob o mesmo chapéu da quebra das cadeias de contágio, são na realidade medidas completamente diferentes (basta, para quem tiver dúvidas, dar uma volta pelas medidas adoptadas em cada país nos respectivos sistemas de ensino, mesmo que essa volta seja complicada pelo facto de poucos ou nenhuns jornalistas se dedicaram a fazer o benchmark dessas medidas. Faz sentido mandar miúdos de 3 anos, ou vacinados do 11º ano, 14 dias para casa, porque alguém na turma testou positivo, e mantê-los 14 dias em casa, mesmo após teste negativo posterior, como acontece em Portugal? (Adenda: num comentário fazem-me notar que em algumas escolas, pelo menos, basta um irmão de alguém da turma testar positivo) Se faz, por que razão a generalidade dos países não procede assim?).
Mais ainda, há países ou regiões que não adoptaram esse modelo de gestão da epidemia, poucos, mas há. Não vale a pena referir a Suécia, mas vale a pena referir a Florida, entre outros estados americanos.
Os seus resultados são piores que nos países que adoptaram medidas radicais (prudentes, chamam-lhes eles)?
Até o mito da excelência da gestão alemã dos contágios (questão diferente é a da gestão das consequências da epidemia) caiu há semanas, quando os Alemães, com todos os seus cuidados, ultrapassaram a incidência do Reino Unido que deveria estar a afogar-se num mar de casos depois do levantamento das medidas de restrição em 19 de Julho.
Não, os resultados não são piores e, do ponto de vista da gestão estrita da doença (não confundamos com a gestão da epidemia), também não se pode dizer que sejam melhores, são o que são, sem os prejuízos inflingidos à sociedade como os que resultam da forma acéfala e estúpida como estamos a gerir, por exemplo, as escolas.
Ou seja, como diria a Graça Freitas dos Santos dos Primeiros Dias, quebrar cadeias de contágio de epidemias por doenças altamente contagiosas e disseminadas na comunidade é muito pouco útil, e todos os dias a realidade vai demonstrando isso.
Claro que haverá sempre uma Raquel Duarte qualquer a dizer "Continua a existir um crescimento de novos casos, mas a velocidade tem vindo a abrandar nas últimas semanas, fruto das medidas implementadas e da percepção do risco", como faz hoje no Público. E daí não vem mal ao mundo.
O que não há é jornalistas que lhe perguntem que evidências tem de que esse abrandamento se deva às medidas e à percepção do risco quando o padrão de evolução é exactamente o mesmo dos surtos anteriores, com um tempo de subida rápida que é semelhante ao de outros surtos (quatro, cinco semanas).
Que nos concentremos na protecção individual (vacinas, em especial dos grupos de risco, medicação quando justificado, melhoria do estado geral de saúde, em especial controlo da obesidade e da tensão alta, redução de contactos físicos no caso dos mais vulneráveis, sem o absurdo de inventar regras desumanas e estúpidas, etc.) com certeza, de acordo, agora persistir em querer quebrar cadeias de contágio isolando sete países do mundo por causa de uma variante que está pelo mundo todo e que não terá matado quase ninguém, isso, francamente, parece-me absurdo.
E não, isso não resulta de uma vontade dos governos controlarem as pessoas, isso resulta da vontade dos governos ganharem eleições fazendo o que os eleitores querem.
(...) A verdade é que não foi necessário muito tempo para que aquelas desconfianças se mostrassem justificadas: de facto, os últimos meses de 2021 revelaram que a vacina não impede o contágio, limitando os seus efeitos reais à proteção da pessoa vacinada (esta última parte ainda não foi posta em causa). E com isto, toda a campanha do governo português, que ergueu orgulhosamente a bandeira do país com a percentagem mais elevada de população vacinada do mundo, esboroou-se. Ao contrário do que foi assegurado, uma taxa de vacinação que deveria ser mais do que suficiente para assegurar a imunidade de grupo revelou-se uma farsa, e a vacina que se limita a garantir uma proteção individual tem de ser reforçada a cada 6 meses. Vencer o quê? Salvar como? Libertar quem?
Afinal, o que correu mal?
Se os efeitos da vacina foram mal avaliados cientificamente, a reflexão terá de ser levada a cabo por parte dos cientistas, que devem assumir os seus erros. Se as autoridades políticas tinham conhecimento de que os efeitos não eram os divulgados e enganaram propositadamente as suas populações, terão de responder politicamente. Certo é que a tão defendida vacinação foi incapaz de produzir os efeitos desejados de eliminação do vírus, mesmo nos países em que praticamente toda a população elegível se encontra vacinada, como é o caso do nosso.
Mas as reações não têm sido no sentido de um processo de autorreflexão sobre o que correu mal e como proceder com esta nova informação. Pelo contrário, muitos governos parecem simplesmente ter decidido abandonar os valores do respeito pela autonomia individual, teimando numa lógica de controlo sanitário autoritário. (...)
A ler na integra Patrícia Fernandes no artigo "A nostalgia das sociedades fechadas"
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
No décimo quinto ano do reinado do imperador Tibério, quando Pôncio Pilatos era governador da Judeia, Herodes tetrarca da Galileia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Itureia e Traconítide e Lisânias tetrarca de Abilene, no pontificado de Anás e Caifás, foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorreu toda a zona do rio Jordão, pregando um baptismo de penitência para a remissão dos pecados, como está escrito no livro dos oráculos do profeta Isaías: «Uma voz clama no deserto: ‘Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Sejam alteados todos os vales e abatidos os montes e as colinas; endireitem-se os caminhos tortuosos e aplanem-se as veredas escarpadas; e toda a criatura verá a salvação de Deus’».
Palavra da salvação.
Comentário: S. Lucas situando, com precisão, a pregação de João Baptista no coração da história dos homens, indica, claramente que a salvação é universal, oferecida a todos os homens, sem excepção. «Ao novo Povo de Deus todos os homens são chamados» (LG 13).
A condição essencial para a aceitação da salvação é a conversão a Deus, que envolve, como consequências a libertação do pecado.
Para que a vinda misteriosa de Cristo às nossas almas, hoje se cumpra, é necessário, pois, «preparar os caminhos do Senhor».
Estou convencido, provavelmente porque funciono assim, de que a opção de voto é essencialmente negativa: eu voto por exclusão de partes, não por adesão a uma ideia, uma causa, um desígnio.
Há eleições, no entanto, em que me parece que vale a pena votar por uma política diferente das alternativas, por exemplo, foi por isso que votei em Passos Coelho em 2015 (já agora, não tinha a percepção de que Passos Coelho fosse diferente do situacionismo dominante e, por isso, votando contra Sócrates, não votei em Passos Coelho em 2011).
Nestas próximas eleições acho que haverá mais pessoas que se fazem a si próprios a pergunta que me parece central: do ponto de vista da política real, das decisões tomadas, do que o país precisa, será mesmo diferente ser Costa ou Rio o primeiro ministro?
A minha resposta é a de que não, não é assim tão diferente, não estou a ver Rio a adoptar políticas muito diferentes das de Costa, portanto, e acredito que haja mais quem veja as coisas assim, não sendo muito relevante votar Costa ou Rio.
Claro que há virtude em limitar o poder corrosivo do PS, o que um Rio em minoria apenas teria capacidade para fazer de forma muito contida. Até porque grande parte desse poder intersticial que está instalado é bastante adaptável e rapidamente se adaptaria aos novos tempos, mantendo-se a complacência para com a mediocridade que grassa no Estado e naquilo que depende do Estado.
Para mim, esta situação tem uma solução fácil: como gosto de votar, como acredito que não é tudo igual, e como até existe um partido do qual estou bastante próximo ideologicamente, voto tranquilamente na Iniciativa Liberal, sem demasiadas expectativas de que três a sete deputados liberais condicionem muito as políticas do país. Mas também sem o cinismo de achar que é tudo igual e tanto faz, os pequenos ganhos que podem ser mais eficazes com mais deputados liberais, são irrelevantes com mais deputados de qualquer dos outros partidos.
Também estou convencido de que esta solução fácil para mim não é uma solução muito popular, a maioria das pessoas que acham que ter Rio ou Costa como primeiro ministro é mais ou menos igual, tenderão simplesmente a encolher os ombros, umas indo votar, outras não indo votar, mas em qualquer caso sem qualquer efeito real no seu dia a dia e nas conversas com os amigos.
Este efeito anestesiante é provavelmente maior com Rio que com Rangel, no sentido em que Rio é mais situacionista que Rangel (e tudo o que o rodeava, Rangel era o menos relevante da sua candidatura).
Muitos dos votantes potenciais de Costa, que acham inacreditável todas as histórias de Cabrita e por isso não se sentem confortáveis com o voto no PS, não sentindo ameaçado o situacionismo, encolherão os ombros porque lhes é indiferente que governe Costa ou Rio e, no fundo, até teriam alguma satisfação com o facto de Costa ser bandarilhado por uma coligação entre o situacionismo e Rio.
Rio é capaz de ter razão: é mais eficaz anestesiar os apoiantes potenciais de Costa que tentar mobilizar os eleitores potencialmente entusiasmados com um programa de reformas que implique algum risco.
Para o país, isto é triste, para a escolha do primeiro ministro, isto é o que é.
Veremos a 30 de Janeiro se o abstencionismo derrota Costa como derrotou Medina.
Pessoalmente não acredito nisso e, na dúvida, voto na Iniciativa Liberal, para tentar puxar um bocadinho as políticas, sejam de Rio, sejam de Costa, sejam de outro mané qualquer, para o que me parece essencial para o país: reforçar o campo das liberdades individuais.
Só faltou o bondoso Cabrita não lamentar a perda humana no acidente em que «foi a vítima» a viatura em que seguia. Porque o essencial consistiu no terrível aproveitamento político do facto (o acidente), visando o nosso 1º e o seu (deles) PS.
A tal se opôs tenazmente o heroico humanista Cabrita. Até hoje, em que se conheceu o despacho de acusação, a ignorar tudo menos o infeliz motorista.
Entretanto, decorreu o tempo bastante para Cabrita saber que o Governo tem os dias contados e que não pode contar com imunidades de qualquer tipo. Para, em suma, já nada ter a perder.
Quanto ao motorista... que se amanhe com o problema! Para ele não houve - óbvio percalço humanista - uma palavra, de solidariedade sequer, do mais espantoso ministro que o historial socialista produziu. Ao invés, Cabrita não esqueceu de realçar o feito: foi o titular da pasta da AI recordista de longevidade no cargo. Que o amigo Costa está cá para isso.
Podia, ao menos, ter-se saído com uma lenga-lenga do tipo - Adormeci, não dei conta da velocidade a que seguíamos...
Mas não, o que sucedeu, afinal, foi o regular «funcionamento do Estado de Direito». E nem mais uma coroa de flores sobre a memória do trabalhador atropelado!
É isto o Estado socialista. Qual Estado de Direito!!! E o Estado socialista, onde nidificam Cabritas e quejandos, perdeu hoje, se não antes, uma série de putativos apoiantes - os familiares da vítima (a verdadeira, a humana), o motorista tornado bode expiatório e a roda dos seus, mais os portugueses todos com o mínimo de dignidade que os Cabritas desprezam.
O carro do ministro Eduardo Cabrita circulava numa autoestrada na faixa da esquerda, estando as outras livres (infracção muito grave), sabemos agora que a mais de 40 km/h acima do limite de velocidade (infracção muito grave) e atropelou mortalmente um trabalhador numa zona assinalada.
A investigação quis investigar se umas fezes existentes no separador central eram do trabalhador morto, ignoro se para imputar que tratar das necessidades fisológicas durante o horário de trabalho merece a morte. O que confirmaria a sugestão inicial do ministro de que a culpa de o trabalhador ser atropelado era do trabalhador atropelado.
Só seis meses depois se soube a velocidade do carro do ministro: 166 km/h
A família do morto continua desamparada.
O ministro diz que é só um passageiro, e nada tem a ver com o que faz o motorista ao seu serviço e que o transporta. O ministro diz que as notícias sobre estes factos são «repugnantes».
O primeiro-ministro tem toda a confiança no ministro Eduardo Cabrita. «Não ia a conduzir, era passageiro», disse ele em Agosto. Atacá-lo a este propósito «é desprezível», disse ele em Agosto. «Tenho um excelente ministro», disse ele em Maio.
Na Tvi/CNN a senhora Anabela Neves indigna-se com o «aproveitamento», até porque «no tempo de Cavaco» aconteceu não sei quê.
De maneira que é isto.
Nunca mais saímos disto à conta da paranóia colectiva que dominou os europeus que votam e que mandam. O medo e o distanciamento social (segregação) são a coisa mais contrária ao cristianismo.
E para lá das inúmeras directivas estapafúrdias que a DGS nos impinge como salvação, como se todos fossemos parvos, alguém me sabe explicar a vantagem dessa ideia peregrina de vacinar as crianças pequenas se elas nunca sofrem de sintomas graves? É que os "especialistas" todos os dias justificam-se que as vacinas não impedem o contágio, apenas a doença grave, fenómeno que não acontece com as crianças. Portanto as crianças apesar de vacinadas continuarão a ser transmissoras do vírus. Um capricho inútil dos hipocondríacos de que estamos reféns.
Amestrados, nem damos conta que a cada dia neste delírio adia-se a urgente retoma económica, a batalha da produtividade, para mais num país tão dependente dos negócios do turismo, com a TAP ligada à máquina dos nossos impostos a cancelar viagens e voos. Enquanto a metade do País (e da Europa em geral) vive bem com o teletrabalho e com rendimentos garantidos à noite no sofá se entretém com o jogo do número de infecções e com o alarme dos "especialistas". O medo é um vício caro, mas pode ser excitante.
Ninguém se revolta ou vamos ter de esperar pela austeridade?
O movimento ambientalista, a que pertenço, está largamente capturado por uma lógica sectária que limita enormemente a sua utilidade social.
Não é nada de específico do movimento ambientalista, aparentemente corresponde a uma tendência social em que os extremistas, que querem esmagar os inimigos, estão em crescimento e os moderados, que querem discutir divergências com adversários, a partir de um chão comum, estão em perda (se alguém tem dúvidas, que olhe com atenção para as discussões sobre a epidemia, que não é o tema hoje).
Esta iniciativa é, deste ponto de vista, muito pedagógica, trata-se de uma campanha que não visa uma questão ambiental qualquer, mas sim evitar um acordo entre a FAO e a CropLife International.
Porque o acordo é mau, tem disposições inaceitáveis?
Não, porque quem lança a campanha, e a quem a apoia, entende que a CropLife International é um parceiro inaceitável, seja para o que for.
Isso decorre das actividades criminosas por parte da CropLife International?
Não, decorre do facto da CropLife International ser uma associação que representa os interesses da agroindústria, em especial as grandes empresas agroquímicas, de pesticidas e sementes.
Ou seja, para os promotores da iniciativa (que em Portugal tem vários apoios, aparentemente não muito formais) a discussão sobre agroquímicos deixou de ser sobre acções e produtos concretos, para passar a ser sobre a legitimidade do uso de químicos e, consequentemente, sobre a legitimidade de trabalhar com quem os fabrica, comercializa e os usa.
A discussão sobre agroquímicos é uma discussão importante, e está longe de estar encerrada, sendo uma discussão muito difícil numa sociedade quimiofóbica, como as sociedades ocidentais (na realidade, selectivamente quimiofóbica: é facílimo mobilizar gente contra o uso de glifosato, por causa do seu suposto e nunca demonstrado efeito cancerígeno (ver, por exemplo, este artigo, que não é sobre o glifosato, mas ajuda a pensar sobre o assunto), é seguramente difícil mobilizar gente para proibir o uso de pílulas contraceptivas, cujos efeitos secundários são largamente conhecidos).
Este post não é sobre essa discussão, mas sim sobre a opção de cortar as pontes entre os diferentes agentes com relevância para a discussão, criando cercas sanitárias à volta dos malandros que lucram com a destruição da saúde dos outros, e outras maneiras habituais de os sectários justificarem moralmente a opção pela exclusão do outro.
Desde que um dia fui falar a um encontro do pessoal dos venenos, eles mandam-me a sua newsletter, que aliás tem um nome genial: FitoSíntese.
Na última que me mandaram dão conta das conclusões do trabalho da Comissão de Dados e Estatística da ANIPLA (a Anipla é a associação dos tipos dos venenos portugueses) sobre indicadores relativos à estratégia "Do prado ao prato" (não me conformo com esta tradução absurda do nome da estratégia "Farm do fork").
Entre 2011 e 2019 as vendas de substâncias activas caíram 30% (-42% em fungicidas); Tomando como referência as áreas cultivadas de milho, tomate, arroz, vinhas, pomóideas e prunóideas regista-se um decréscimo de 31% de substância activa aplicada por hectare cultivado, entre os anos de 2011 e 2019; O indicador da FAO "pesticide use per area of cropland" apresenta, para Portugal, uma queda de 37% entre 2011 e 2018. Esta queda é consistente ao longo dos últimos cinco anos; A dose média de s.a. (suponho que seja substância activa, detesto esta maneira de escrever escondendo o que se quer dizer) por hectare tratado, na totalidade do mercado nacional de produtos fitofarmacêuticos, baixou de 2,4 kg/ ha em 2011 para 1,4 kg/ ha em 2019, ou seja, cerca de 44%.
São estas as principais conclusões do tal estudo.
O movimento ambientalista que é quimiofóbico, no entanto, acha que enquanto não se acabar com os agroquímicos na agricultura - deveriam ter cuidado com o que desejam, porque pode ser que os desejos se realizem, e o resultado não seria bonito de se ver - não se podem fazer acordos com esta gente.
É a lógica dos sectários, não pode haver concessões de espécie nenhuma, não há campo comum, não há convivência possível com o outro.
O resultado é este, lutar contra moinhos de vento, com base em tabus que não se podem discutir e esquecendo que o ensinamento de Paracelso é verdadeiro, não apenas na química, mas também nas relações sociais: a diferença entre um veneno e um remédio é a dose.
A Sic entrou agora num desvelo com o Chega. Cada noticiário tem alguma coisa sobre o que o Chega quer, o que o Chega pensa, o que o Chega defende. Mas não é por amor -- como o amor ao Bloco que tantas vezes move a redação da Sic, e a faz transmitir o que o Bloco quer, o que o Bloco exige, o que o Bloco pensa, o que o Bloco alucina.
Não, a Sic de Costa (Ricardo) está entranhada de Chega porque age em defesa de Costa (António), porque uma das formas inteligentes de desviar votos do PSD é, exatamente, dar persistente relevo ao Chega.
Alguns telejornais deram agora em prefaciar algumas notícias com uma advertência: «Uma notícia que está a marcar a actualidade é...»
Ora, eu lembro-me do tempo em que «uma notícia que está a marcar a realidade» era... bem... uma notícia!
Mas aplaudo o esforço, que é, sobretudo, uma confissão de que metade do conteúdo dos telejornais é intoxicação, enviesamento, irrelevância e espuma.
O pequeno comentário de Luís Costa Ribas, às 16,55, «em directo» para a Tvi/CNN, sobre o Supremo Tribunal de Justiça dos EUA e a nova lei do aborto é um monumento imperdível de ignorância, preconceito e estupidez. É admirável como exemplo extremo de tudo isso, e é como exemplo extremo do que é possível na Tvi/CNN que deve ser visto.
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na sua centena de heterónimos desdobrou-se em ser ...
inventa o direito de toda a gente a ir à praia à b...
> os donos não conseguem perceberPonha-se a hip...
Excelente texto.
A conclusão a tirar é que o valor de que o autor f...