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Desde que chegara à casa do anfitrião que reparara na curiosa presença de umas embalagens cilíndricas cuidadosamente expostas numa prateleira da sala. Mas a conversa – variada e interessante, que a actualidade convida e os temas eram muitos – e a refeição foram-me distraindo da pergunta inevitável: o que era aquilo? Como mandam as regras, ou não fosse este blogue de gente conservadora, liberal e, alguns, monárquicos, a refeição seguiu por caminhos bem portugueses – bacalhau à Gomes de Sá, uma das receitas primas entre as mil que o fiel amigo nos proporciona, e grão com mão de vaca, pois dias não são dias. Mas depois de despachada a intendência da conversa mais política – que na verdade nunca se despacha, pois há temas sobre os quais nunca se chega a acordo –, eu fiz a pergunta sacramental: “o gramofone ainda funciona?”. Abriu-se a caixa de Ali-Babá, pois não só o gramofone funcionava, como de repente saltou detrás de um móvel um mais antigo fonógrafo de Edison e, milagre!, saíram de dentro das embalagens cilíndricas o que eu nunca tinha visto, cilindros de cera, com mais de 100 anos e com sons insuspeitos assim preservados. Mas não se julgue que ali tudo era antigo. Na mesma sala, na mesma hora em que fui introduzido a sons velhos de um século, mostraram-me como uma caixinha do tamanho de um maço de cigarros transforma o som agreste e digital do Youtube no som envolvente de outros tempos, um contraste de que eu – que me confesso duro de ouvido – já me tinha esquecido.
Quem diria pois que este convidado para um almoço de um blogue onde talvez esperassem ouvir qualquer coisa de mim, de lá sairia como alguém que lá foi sobretudo para ouvir e aprender.
José Manuel Fernandes
Na Califórnia, no primeiro mundo, passou a ser obrigatório nas lojas, uma casa de banho neutra, para os géneros não masculinos e femininos. Tudo isto me levanta duas questões.
A primeira ideológica. Existindo esta nova problemática, não será menos sexista haver só casas de banho unissexo?
A segunda prática. Por este andar, as casas de banho não vão caber nas lojas.
Anunciou a sua candidatura à liderança do CDS e não tenho dúvidas a alcançará. Enfim, eu não navego as águas democratas-cristãs deste meu conterrâneo, aliás monárquico também. Mas entusiasma-me o regresso de Nuno Melo à política local, esta que aqui se pratica sob a cruel vigilância da Esquerda.
Nuno Melo é uma voz forte e desembaraçada. O ideal para os tempos que correm onde Costa é uma espécie de travesti, de manhã no Governo, de tarde por essas autarquias além e, à noite, um honrado estadista.
O CDS terá a ganhar com Nuno Melo, claro. Mas não só o CDS: desde o Chega, que ou por cautela ou por medo, já foi rotulado da "extrema-direita" - um partido sem ideias, apenas um partido de protesto - até à IL, ideologizada em demasia, a necessitar tornar-se mais acessível ao eleitorado. Isto sem contar com o principal - o PSD, entretanto não já de Rio e, por isso, decerto mais assertivo em relação ao PS.
As autárquicas deram o sinal, o País não é propriedade da Esquerda. Só precisa é de vozes mais altas, se for o caso mais demagogas (excesso meu de linguagem, entenda-se), mais subtis e carregadas de ironia. Ainda recentemente se viu Costa enfurecido no Parlamento... Tal só acontece quando sente o chão fugir-lhe debaixo dos pés.
Bem vindo à barafunda, Nuno Melo!
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, ia Jesus pôr-Se a caminho, quando um homem se aproximou correndo, ajoelhou diante d’Ele e perguntou- Lhe: «Bom Mestre, que hei-de fazer para alcançar a vida eterna?». Jesus respondeu: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’». O homem disse a Jesus: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude». Jesus olhou para ele com simpatia e respondeu: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico. Então Jesus, olhando à sua volta, disse aos discípulos: «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!». Os discípulos ficaram admirados com estas palavras. Mas Jesus afirmou-lhes de novo: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus». Eles admiraram-se ainda mais e diziam uns aos outros: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro começou a dizer-Lhe: «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir». Jesus respondeu: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, juntamente com perseguições, e, no mundo futuro, a vida eterna».
Palavra da salvação.
Comentário: A vida segundo o Evangelho não é um negócio, não se lhe deitam cálculos como quem olha para a sua conta no banco. É antes a resposta de fé à Palavra de Deus. E um dos obstáculos que mais frequentemente impede de compreender e responder prontamente à Palavra de Deus são os bens da terra. Só a sabedoria de Deus nos poderá trazer a luz necessária para aceitarmos, com fé e esperança, a palavra do Senhor, que é a palavra da salvação.
"Em 1990, Portugal tinha ultrapassado o nível de desenvolvimento da Grécia — medido pelo rendimento per capita — e saído da incómoda posição de lanterna vermelha da União Europeia (UE). Esse artigo foi, acima de tudo, um grito de alarme: a partir de 1999 tudo mudara".
"Portugal começara a atrasar-se em relação aos outros países e a desfazer-se a esperança de que atingisse o nível de desenvolvimento médio da UE por volta de 2010-2015. A culpa era dos erros do Governo socialista de então, como deixei escrito, e, daí, o apelo que lhe dirigi para que não adiasse as medidas estruturais indispensáveis para inverter a situação".
"Passados 20 anos, os traços marcantes da evolução de longo prazo da economia
portuguesa são, inequivocamente, a estagnação económica e o empobrecimento em
relação aos outros países do grupo europeu com que nos comparamos".
(...) "Portugal é o campeão europeu do agravamento do empobrecimento relativo. O empobrecimento relativo do país implica salários baixos, salários insuficientes para reter jovens com ambição de subir na vida e atrair imigrantes qualificados, uma classe média empobrecida, pensões de reforma que não permitem uma vida digna, desigualdades sociais e elevado nível de pobreza, cuidados de saúde de baixa qualidade para quem não dispõe de recursos para acesso à medicina privada e degradação do ensino público".
Nuno Palma é co-autor de um novo artigo sobre a evolução de Portugal ao longo do século XX.
O mais interessante do trabalho de Nuno Palma, para mim, é o esforço constante de quantificação.
A ideia dominante, não exactamente na investigação académica, mas na sociedade é, ainda, a de que o país regrediu durante o Estado Novo e a causa da sua pobreza está, em grande parte, na natureza do regime.
Esta ideia, à medida que nos afastamos de 1974, tem vindo a desaparecer, mas mais lentamente do que se poderia imaginar, dada a evidência verificável da enorme convergência económica e social do país em relação aos países mais desenvolvidos na segunda metade do século XX (começa antes, mas é entre 1950 e 1970 que essa convergência é mais impressionante).
Grande parte dessa resistência assenta na preguiça de verificar factos e quantificar realidades.
Por exemplo, é muito comum que a resposta à enunciação de uma realidade verificável "Portugal’s real income per head grew by a factor of eight during the second half of the twentieth century, a period of fast convergence towards Western European standards of living." seja argumentar, por razões ideológicas, que uma coisa tão abstracta como o rendimento per capita não diz nada sobre as condições de vida dos mais pobres.
O que conduz ao argumento seguinte de que esse aumento resulta apenas numa maior acumulação de riqueza em meia dúzia de famílias beneficiárias do condicionamento industrial e da protecção do regime. Comentário lateral a propósito: nunca vi nenhum estudo sério e quantificado dos efeitos do condicionamento industrial e teria muita curiosidade em saber se à letra dos documentos sobre o condicionamento industrial corresponde uma verdadeira realidade de condicionamento dos agentes económicos e em que medida isso se verifica.
Ora o que este novo estudo tem de interessante é que avalia, quantificando com base em dados reais, a incidência dos défices de crescimento na população, que estão intimamente ligados às deficiências alimentares e de cuidados de saúde.
Se, como por vezes se argumenta, o tal aumento de rendimento fosse meramente uma acumulação maior da riqueza dos mais ricos, com efeitos nulos ou marginais nas condições de vida dos mais pobres, não haveria uma alteração relevante da condição física dos mais pobres, na parte em que depende da melhoria das condições de alimentação e sanitária.
O que o estudo demonstra é que existe uma alteração impressionante: ""Our results confirm the reformist and developmental nature of the Estado Novo regime (1926/33-1974) which had been previously documented along other dimensions including education (Palma and Reis 2021), banking (Amaral 2013, 2015), and law (Álvares and Garoupa 2020). During the postwar European golden age, this regime, despite being a dictatorship, was able to generate material gains and convergence from which most of the population benefited, as has also been documented for Spain (Prados de la Escosura et al. 2012). The macroeconomic progress which occurred was associated with considerable improvements in the living standards of ordinary citizens including children. That progress then further continued under democracy. As a result of this joint progress, Portugal was transformed during the 1945-1994 half century from a country with dismal development outcomes into a modern developed country as far as health outcomes are concerned."
Ou seja, o trabalho de quantificação, associado à interpretação do contexto dos números, é essencial para ter uma visão mais objectiva e menos ideológica da realidade, não apenas em relação à história, evidentemente, mas também em relação à epidemia, à conservação da natureza, aos fogos, às alterações climáticas ou a qualquer outro processo social complexo.
É um processo essencial de racionalização que nos permite discutir mais racionalmente as soluções possíveis para melhorar o nosso dia a dia e deveria ocupar grande parte do esforço da academia.
São muitos os problemas de Portugal. Hoje Paulo de Macedo lembrou a divida publica, como poderia ter falado da baixa capitalização das empresas, na produtividade insuficiente, na baixa literacia, numa democracia coxa, nos muitos pobres , nos fracos políticos, gestores e trabalhadores ( espero não me ter esquecido de ninguém) .
Para mim, esses problemas, são meras consequências da falta de liberdade. Nas nossas vidas e na economia.
Podemos ir aproveitando o progresso inevitável. Não por mérito, mas apesar do que fazemos. Mas enquanto não sairmos do jugo do Estado director, vamos continuar a confundir consequências com causas, a viver num mundo de fantasia, preocupados com regras e não com os objectivos, aflitos com restrições mas esquecendo as oportunidades, procurando remendar, nunca reformar.
A culpa não é dos políticos, é nossa, dos Portugueses, que continuam a querer um paizinho que lhes diga o que fazer.
Sempre que aparecem umas coisas como os Pandora Papers, levanta-se uma gritaria assente em princípios morais que talvez valha a pena discutir.
Grande parte da condenação moral dos que usem paraísos fiscais prende-se com a ideia de que é errado fugir ao pagamento de impostos.
Tratemos pois de separar questões.
Há uma parte dos utilizadores de offshores que pretendem lavar dinheiro provenientes de actividades ilícitas. Isso é ilegal, e moralmente indefensável.
Há outra parte dos utilizadores que usam esquemas ilegais de fuga aos impostos, o que, por mais moralmente defensável que seja - e existem ângulos em que é possível defender moralmente ilegalidades -, é ilegal e, como tal, cabe na enorme categoria de acções que estão proibidas a quem não queira ser um fora da lei.
Mas há uma outra parte, considerável, dos utilizadores que, na verdade, não cometem qualquer ilegalidade, para além das que decorrem de falar contra si. O que querem é simplesmente pagar menos impostos.
Sobre estes cai a acusação de "corrupção" moral, no sentido em que cumprir as obrigações fiscais seria uma obrigação dos contribuintes.
Eu não estou de acordo com esta visão moral do mundo: não sou eu que tenho de me oferecer ao Estado para pagar impostos, é o Estado que tem a obrigação de os colectar.
Vamos deixar de lado a hipocrisia dos que defendem a visão moral descrita primeiro - todo o bom cidadão tem obrigação de cumprir todas as suas obrigações fiscais, mesmo as que correspondem a uma auto incriminação - e depois, na prática, fazem uma coisa diferente do que apregoam. Isso é uma hipocrisia e a hipocrisia é moralmente condenável em si.
Se eu for um assassino, a lei e a sociedade reconhecem-me o direito de não me incriminar, ninguém me pode obrigar a confessar o meu crime ou a dizer o que quer que seja que possa ser usado contra mim, o direito a estar calado é reconhecido de forma absoluta.
Quando chegamos aos impostos, este direito a não me incriminar não é reconhecido, pelo contrário, a lei estabelece, de forma imoral, que eu tenho a obrigação legal de me denunciar ao fisco.
Vejamos, até eu fiquei espantado quando resolvi ir alargar os exemplos de resistência fiscal que conhecia.
Mesmo reconhecendo que com estados democráticos é mais difícil defender o direito à resistência fiscal, a verdade é que essa resistência fiscal já foi considerada como uma atitude moralmente superior, por exemplo, quando o movimento pacifista defendia a recusa a pagar impostos que os estados usam para fazer a guerra.
É muito popular a ideia de que os impostos correspondem ao dinheiro que nos faz falta para "as nossas escolas, os nossos hospitais, os nossos planos de descarbonização, até a possibilidade de um rendimento básico incondicional que erradique a pobreza das nossas sociedades", para citar o imorredoiro Rui Tavares.
O mesmo Rui Tavares, dois dias depois, acusa Zuckerberg de poder excessivo porque "uma boa parte do mundo, que é altamente dependente do whatsapp, em particular na América Latina, ficou por umas horas sem uma das suas principais infraestrturas de comunicação. Noutras partes do mundo, em particular em África, o Facebook é a internet", demonstrando o contrário do que dizia antes sobre a utilidade dos impostos: quem disponibilizou infraestruturas de comunicação nos países pobres terá sido um empresa privada que procura o lucro, e não os estados colectores de impostos. Nem os estados dessas regiões, que são pobres, nem os estados das regiões ricas, com os seus programas de cooperação e desenvolvimento.
Ou seja, na inesperada demonstração de Rui Tavares, nem os impostos são intrinsecamente bons, nem o dinheiro dos privados é intrinsecamente mau quando continua na mão dos privados.
Seja através do Estado, ou através de indivíduos ou organizações privadas, os recursos podem sempre ser bem ou mal usados.
O corolário é o de que o negócio do Estado é colectar impostos, das formas que as sociedades entenderem que é legal - o que nem sempre quer dizer moral, João César das Neves, estando longe de ser o único a dizê-lo, é aquele que mais vezes ouço a lembrar e insistir sistematicamente na ideia de que o uso do dinheiro público (eu sei, eu sei, não existe dinheiro público, o que existe é dinheiro dos contribuintes) é aquele cuja utilização é eticamente mais exigente por incluir dinheiro dos mais pobres de todos - mas isso não significa que as pessoas não tenham o direito de procurar pagar o mínimo de impostos possível.
Se forem apanhados em actividades ilegais, com certeza, o sistema legal aí está para aplicar as sanções previstas, mas moralmente não há nada de indigno em não pagar impostos e esforçar-se por diminuir a parcela da minha riqueza que é entregue ao Estado (e não à sociedade, são coisas bem distintas), pelo contrário, é um direito semelhante ao que tem qualquer pessoa de não dizer nada que a incrimine.
Hoje é o dia do esquecimento e da lavagem cerebral. Hoje é o dia de omitir as eleições falsárias com 10 000 votantes a nível nacional; a violência de rua, diária e sangrenta; os trauliteiros que varriam as ruas a impor a lei da paulada e da morte. Hoje é o dia de celebrar o anticlericalismo boçal e obsceno de pequenos personagens como Afonso Costa, de comemorar a ruína das contas públicas, os assassinatos políticos como método, a sucessão mensal de desgovernos como política. Hoje é o dia de omitir protagonistas como Cândido dos Reis, bravamente suicidado de vergonha. Hoje é o dia de aplaudir a morte de milhares de portugueses no criminoso desejo de protagonismo dos campos de La Lys. Hoje é o dia de atropelar historiadores como Vasco Pulido Valente, cuja desmontagem do historial miserável da I República deveria ter sido definitiva. Hoje é o dia de esquecer que até Fernando Rosas escreveu que o golpe do 28 de Maio respondia a um desejo profundo e generalizado de pôr fim aos crimes, à violência, à negação de democracia, à demagogia, à ruína, à vergonha. Viva, portanto, o 5 de Outubro.
Pessoa amiga ofereceu-me cópia de um extraordinário postal dos tempos da breve Monarquia de 1911. Estão lá os sêlos de correio então emitidos; mas estão lá, sobretudo, as duas bandeiras - a do Constitucionalismo e a do Legitimismo. E no cruzamento de ambas, a palavra "PAZ".
Quem não esteja inteirado do problema e o quiser averiguar, faça o favor de ler a História da época e do acontecimento. Para os restantes, uma citação do Prof. Doutor Jorge Borges de Macedo:
«Tudo continuou mais ou menos na mesma... O Rei foi o grande prejudicado, teve de sair para nunca mais voltar. A Nobreza, aparte uns sobressaltos urbanos, ficou sempre com a consideração do bairro e o crédito dos merceeiros».
Cruel, mas verdadeiro. O monarca em apreço é D. Manuel II. Poucos anos volvidos, o Conde de Vila Flor, presidindo à Causa Monárquica, escreve-Lhe: «A união de todos os monárquicos é uma quimera. (...) lavra o espírito de divisão, que afinal é o morbo que mais convulsiva as sociedades tradicionais».
Não vale a pena auto-flagerarmo-nos. O apelo de Paiva Couceiro à união em volta do Rei reinante, século e meio volvido sobre a Guerra Civil, caiu em muito pouco. O que é nada, comparado com a actualidade. Há quem já tenha descoberto uma bandeira azul-vermelha (parece que simbolizando as cores das tropas miguelistas...); há loucos a proclamarem, restaurar-se a "monarquia" e escolher-se o rei depois. As redes socias, escusado será dizer, cobrem todos estes dislates...
Permanecem os de sempre, desinteressados do mais além da Nação...
Monárquicos: quantos somos? Unidos em Portugal e no representante da nossa Casa Real?
Monárquicos: o que queremos? Aqui posso falar por mim - reunir, manter a crença dos monárquicos da minha terra. E só.
Se for assim, Província fora...
A grande bandeira do PS de Costa foi o fim da austeridade. A definição de austeridade usada, foi curiosa. A carga fiscal continuou a aumentar para todos os Portugueses. O investimento publico baixou. Apenas os funcionários públicos viram repostos rendimentos, receberam alguns aumentos e, com a diminuição das horas de trabalho, beneficiaram de um aumento significativo por hora trabalhada, de cerca de 15%. Estas foram as conquistas socialistas que justificaram o fim da austeridade. O glorioso contraponto com o governo de Passos.
Agora a simpática ministra da tutela, vem falar dos constrangimentos em promover um aumento generalizado de salários para a função publica.
É o inicio da austeridade? Não. É apenas a falência das folgas orçamentais, comprometidas também pelo enorme aumento do numero de funcionários públicos.
A nova bandeira passa a ser a do aumento dos salários mínimos. A nova prova do fim da austeridade, com novas vantagens. Não pesa no orçamento geral do Estado. As empresas que paguem.
A protecção de um grupo diferente do habitual ( os servidores do Estado), ainda por cima dentro dos mais necessitados, é muito positiva. O problema é que, mais uma vez, é apenas uma cosmética, ainda por cima perversa. O aumento dos salários mínimos, vai aumentar o desemprego. Porque as empresas não conseguem empregar o mesmo numero de trabalhadores. Porque os subsídios de desemprego aumentam e convidam ao trabalho informal. Os gastos da segurança social vão aumentar. O rendimento e os impostos, vão diminuir. Em França, esse novo e reprovável farol do liberalismo, o aumento do salário mínimo, está a ser pago pelo Orçamento geral do Estado. Sem os prejuízos para a economia que aqui vamos ter.
Depois do brilharete de um aumento galopante do salário mínimo, vai acontecer o mesmo que com os aumentos dos funcionários públicos: deixa de haver objectivamente condições.
Não se preocupem: um novo estandarte vai ser encontrado, porque com o PS, a austeridade (e progresso) não passarão.
"(...) Em 1910 sobreveio a revolução estando nós em Sintra a passar o verão, coisa que me não sucedia havia vários anos e que tão me satisfez gozando daquele lindo sítio e sobre tudo da companhia assídua de amigos são queridos da qual os acontecimentos dos últimos anos da minha vida não me tinham permitido gozar com a frequência acostumada. Foram estes meses da minha estada em Sintra em 1910 os últimos para mim felizes e de uma relativa Tranquilidade. O despertar foi tristíssimo logo que soubemos que a revolução tinha estalado. Encontrei-me com João de Azevedo Coutinho que desejava um automóvel para ir a Mafra ver se conseguia levar consigo a tropa que lá estava e cair sobre a retaguarda dos revoltosos entrincheirados no alto da Avenida. Pensava ele encontrar em Mafra uns 400 homens que de facto não existiam lá. Vem o João Coutinho a casa dos Schindlers, e a Condessa de Carnide prontamente cedeu o seu automóvel. Nesta altura já Coutinho sabia que encontraria lá muito pouca tropa e pensava trazê-la para Sintra a reforçar a Guarda das Rainhas que na verdade era muito fraca. Falei lá com o João Franco que achei muito pouco confiado e pouco entusiasmado também com a defesa das instituições. Como se julgasse naquele momento que a situação em Sintra se poderia tornar perigosa para as rainhas e pessoas do Paço, não acompanhei a Mafra o João Coutinho e preferi ficar no sítio que julguei mais perigoso indo em meu lugar meu filho José, que encontrámos fardado, tendo-se ido apresentar à autoridade militar. O José frequentava então o último ano da escola do exército no curso de Engenharia Civil. Afinal fora encontrar em Mafra El-rei e resolveram lá, irem as rainhas para Mafra com a Guarda que estava em Sintra para todos juntos irem caminhando para o Norte até encontrarem em força suficiente para resistir. Foram estas as notícias que os dois trouxeram à noite, e assim se fez no dia seguinte. Nesta mesma noite falou João Coutinho com o presidente do conselho que achou tudo bem. Fomo-nos deitar satisfeitos porque as últimas notícias que deram do governo para a Pena foram que a revolução estava sufocada. De manhã porém quando me vestia soube que a república estava proclamada em Lisboa e o João Coutinho mandara-me chamar para conversarmos. Isto fez com que não chegasse a tempo para me despedir da Rainha, encontrando no caminho a família Figueiró que vinha refugiar-se para minha casa menos a condessa que tinha seguido com a Rainha. Tinha encontrado antes o ministro de França Saint-René de Taillandier que me disse augurar tão mal para Portugal do advento de semelhante República, tanto ele como a mulher e filhas foram óptimos para nós monárquicos nesta ocasião.
As autárquicas provocaram um debate sobre a validade das sondagens absolutamente delirante. Comentadores, analistas, jornalistas, políticos sublinham que elas são “retratos do momento” e não “previsões”, acusam de “iliteracia” quem as leva a sério e salientam as suas insuficiências: amostras erradas, respostas pouco sinceras, gente que já nem tem telefone fixo, gente que não abre a porta quando o inquérito é presencial, impossibilidade de medir a abstenção, falta de recursos das empresas de sondagens e por aí fora. Mas, e aqui reside o delírio destes especialistas, quem lhes manda continuar a basear as suas análises políticas (como ainda na noite das autárquicas se viu em relação às sondagens para as legislativas) nestas sondagens que afinal são de tão pouca valia, tão falíveis, decretando quem está “garantido”, quem “não tem hipóteses”, quem está “a crescer”, quem está “em queda”?
Para o delírio ser completo, consideram que estas opiniões não influenciam em nada quem os ouve e lê, como se em Portugal (e provavelmente em muitos outros países) não houvesse eleitores que avaliam a qualidade dos políticos pela sua capacidade de ganhar, que querem afastar os que parecem estar condenados a perder, que gostam de se colar a vencedores, que morrem de medo de estar associados a derrotados. Temia que um dia cairia na tentação de me citar a mim mesmo e esse dia vai ser hoje, transcrevendo um texto que escrevi na minha página no Facebook a 30 de Abril deste ano:
“Pós-graduações em conceituadas universidades europeias desabam perante 806 entrevistas telefónicas. Raposas felpudas do jornalismo político derretem com subidas ou quedas de 0,5%. Senadores do comentário empalidecem com margens de erro de 3,5%. Por cá, as sondagens são o alfa e o ómega da análise política. Para quem está bem nelas, tudo se justifica. Já para quem está mal, tudo é erro - quando se calam e quando falam -, tudo merece desprezo e troça. Claro que as interpretações das sondagens requerem bons actores, capazes de disfarçar a banalidade da “análise” – e, muitas vezes, a parcialidade – com ares de quem só eles conseguem compreender essa informação preciosa, essa explicação do mundo da política que partilham com “spin doctors” que no fundo invejam. Se as urnas vierem a desmentir as amostras, como tantas vezes se verifica, vamos em frente, nada acontece, ninguém perde a face, na próxima sondagem quem se lembrará? E a “opinião pública” dança ao som desta música porque, num país pequeno e pobre, apostar no cavalo errado é considerado sinal de pouca esperteza.”
Em boa verdade, sou desconhecedor (mas adivinho-o) do treino psicológico nazi - SS, Gestapo - antes e depois da tomada do poder por Hitler. Mas, acredito, a violência fosse um meio, não exactamente um fim. Do autocrata Salazar deverá dizer-se o mesmo - os mais abjectos procedimentos pidescos visavam sempre uma informação, uma confissão. E tudo isto era o mau bastante, a chamada "extrema-direita", algo cuja essência se pode, e deve, um dia discutir.
Hoje, em Portugal sobreveio uma «extrema-direita» assumida com tal, não ideologizada, mas ginasticada. É a «extrema- direita» do músculo, da pancada, do assassinato. Quantas vezes com emprego na porta das discotecas... E das tatuagens e dos Black Angels. Da absoluta ausência de um cardápio político organizado. Da criminalidade, enfim.
Se tudo era mau, agora é pior. Abundam em exagero "Mários Machados" à solta numa sociedade onde o foro competente para os açaimar seriam os tribunais.
Em boa verdade, a extrema-direita é morta, afora um ou outro sobrevivente salazarista de impecável fatiota. E a Direita - que é a democracia pluralista e fustigada - vê-se atormentada por colagem a malfeitores, e pelo uso que dela faz a Imprensa, sempre servil ao totalitarismo socialista e maçónico.
Em suma, a República portuguesa alonga-se na sua tradição anti-democrática vinda de 1910.
É raro escrever sobre máscaras, vacinas, remédios, testes e coisas que tais.
A razão é simples: são assuntos técnicos demais para o que eu sei, de maneira que as minhas opiniões são irrelevantes (nos outros assuntos, provavelmente, também, mas o que conta, para eu decidir escrever alguma coisa, não é as coisas serem assim ou assado, mas eu achar que são assim ou assado e nos assuntos que listei eu não acho grande coisa).
Este post também não é sobre máscaras, mas sobre as instituições que decidem sobre as máscaras.
Deixemos de lado o argumento dos que estão contra a ciência e outros argumentos de autoridade semelhantes e olhemos para a situação actual.
Neste momento não é obrigatório usar máscaras numa discoteca, mas é num estádio de futebol ao ar livre, num cinema ou numa sala de aula. Da mesma forma, não é obrigatório usar máscara enquanto se faz exercício num ginásio, mas é enquanto se circula no ginásio.
Como é evidente, estas diferenças não se devem a qualquer ciência sobre a eficácia das máscaras, mas à mera ponderação de factores sociais e económicos das decisões tomadas, como aliás deveria ter sido claro para todos, desde o princípio.
Usar ou não máscara não é um sinal de amor ou desamor pela ciência, é o resultado de uma ponderação de factores que todos fazemos a propósito de tudo, todos os dias, incluindo a percepção que cada um de nós tem sobre o que dizem diferentes fontes de informação científica sobre o uso de máscaras no controlo de infecções respiratórias muito contagiosas.
A ciência não diz nada sobre assunto nenhum, a ciência é o que em cada momento resulta da interpretação do conjunto de fontes de informação que usam o método científico para tentar responder às perguntas e angústias dos diferentes investigadores.
Quem explicou a razão pela qual não é obrigatório o uso de máscaras numa discoteca foi António Costa, cuja classificação como cientista só poderia ser manifestamente irónica, e explicou-o racional e ponderadamente: seria uma decisão tão evidentemente inútil que mais valia não a tomar.
O custo político está na decisão de abrir as discotecas, e portanto não obrigar a usar máscara é politicamente irrelevante e sempre se dá um rebuçado ao pessoal que vai para a noite, que ainda são uns milhares de votos.
Já no cinema, digo eu, mandar usar máscaras é menos irracional: aquilo está tudo escuro que quem quiser, na verdade, não usa, sem que isso cause qualquer frisson social.
Nos jogos de futebol, ao ar livre, o pessoal grita muito, de maneira que é melhor mandar usar máscaras.
É evidente que ninguém vai ver um polícia a atravessar meia bancada para multar um tipo que no meio de uma claque está sem máscara, portanto é daquelas decisões que ficam bem no jornal mas toda a gente sabe que são treta, politicamente não aquece nem arrefece e socialmente é irrelevante.
A decisão contrária, de não obrigar a usar máscara, embore fosse mais ou menos igual para quem está a ver o jogo no estádio (quem quer, usa, quem não quer, não usa) teria algum custo político no grupo das pessoas que acham que as medidas de contenção de uma epidemia servem para controlar a evolução da doença e não para minimizar os seus efeitos sociais negativos.
Nas escolas, depois da Direcção Geral de Saúde e mais uma equivalente qualquer do Ministério da Educação terem andado aos papéis, o focus grup deve ter pendido para o lado dos pais que ainda não perceberam que os filhos não são afectados pela doença, de maneira geral, e que os adultos que com eles contactam estão vacinados. Como estão convencidos de que as medidas a tomar devem ter como objectivo evitar contágios, e não a mera contenção dos efeitos negativos da doença, continuam a perseguir a quimera do risco zero para os seus filhos.
Vai daí, primeiro as máscaras não seriam obrigatórias nos recreios, depois afinal passaram a ser obrigatórias nos recreios até que alguém no governo se lembrou de explicar que não ser obrigatório usar máscaras em discotecas e ser ao ar livre nas escolas, talvez fosse demais para quando fosse preciso que as pessoas confiassem nas instituições e na razoabilidade das medidas a tomar em futuros surtos do que quer que seja, esta ou outra doença.
Ora era mesmo aqui que queria chegar depois desta conversa toda.
Não fazemos a menor ideia de quem são as pessoas concretas que tomam a decisão de obrigar a usar máscara na escola (ou vacinar crianças), não fazemos a menor ideia de como essas pessoas concretas tomam estas decisões, com que base, ponderando que factores, usando que processos de decisão, etc..
E isso, por mais voltas que se queiram dar, é um bom retrato da forma como as instituições funcionam no país e a raiz de toda a desconfiança institucional das pessoas comuns em relação às instituições.
Essa desconfiança institucional não deve ser confundida com a falta de respeito pela autoridade, no país existe mesmo muito respeito pela autoridade e o poder, mas esse respeito é filho do medo, da modéstia e da incerteza sobre as consequências pessoais que podem advir do confronto com a autoridade, não é filho da voluntária submissão à vontade da maioria expressa por processos institucionais abertos, racionais e respeitados.
Graça Freitas até pode ser muito popular, e ter uma enorme corte de pessoas que admiram o seu desempenho durante a epidemia, mas não é por ser quem é e ter demonstrado um genuíno esforço de decidir bem e decentemente num contexto de elevada incerteza, é apenas por ocupar o lugar que ocupa e ser a detentora do poder num momento em que as pessoas precisaram de poder contar com as saias da mãe para se sentirem protegidas.
A prazo, é uma tragédia para o país o nível de corrosão institucional instalado.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Onde está Pad é obviamente Psd.
E isto porquê? Porque o Pad teima em não falar abe...
Se o PSD ganhar as eleições com maioria relativa, ...
Se o PSD ganhar as eleições com maioria relativa, ...
Quem quiser colocar em causa o sistema dito libera...