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Os patrões queixam-se que não encontram mão de obra e nós, naturalmente, dizemos aumentem os salários e passem a ser atractivos para quem querem atrair para trabalhar convosco.
Tudo bem, mas há aqui um problema, muitas das empresas, na linha de água, não podem pagar salários significativamente mais elevados.
Face a este cenário há duas hipóteses, ou se incrementa a oferta de mão de obra fomentando a imigração ou se assiste a uma destruição criativa schumpeteriana deixando muitas empresas pelo caminho. Claro que entre as duas hipóteses extremas há todos os cenários gradativos.
Ambos os caminhos contêm coisas boas e menos boas. Se optarmos pela eliminação das empresas mais fracas teremos salários médios maiores e uma produtividade maior. Mas, atendendo ao facto de termos uma população muito envelhecida, é difícil que essa economia mais pequena no seu todo seja capaz de suportar um estado social, necessariamente dispendioso no que diz respeito a reformas e sistema de saúde. E é claro, numa economia mais competitiva não temos aquele cafézinho em quase todas as esquinas, de que tanto gostamos, nem uma agência de publicidade que faz excelentes trabalhos a custos muito comedidos, para falar de dois meios que conheço relativamente bem.
Se optarmos por abrir à imigração teremos uma economia mais dinâmica, mas sem se libertar do modelo de baixos salários. Como disse, entre estas duas hipóteses há todos os cenários gradativos, mas decidir onde “colocar o cursor” não é uma decisão evidente.
A desculpa de que o último ano e meio foram tempos duríssimos para o governo - ouvi-o hoje da Ana Catarina Mendes na TSF, sempre com a disposição de um rottweiler a defender o dono, justificando os bons resultados do PS nas autárquicas - é uma rotunda mentira. A pandemia foi dura para os portugueses sim, mas um bálsamo para o governo, que andou em roda livre num jogo de faz de conta, com o país político bloqueado e subjugado ao tema da doença.
O livro foi prefaciado por João Cravinho que, no lançamento do livro, considerou João Rendeiro como "homem de bem"
"When they see billionaires joyriding to space while millions go hungry on earth…"
O Senhor Secretário Geral da ONU, no discurso de abertura da Assembleia Geral, achou que faria sentido perder tempo a dizer o que está a frase acima (fui verificar à página oficial da ONU, não acreditei que os jornalistas não estivessem a exagerar).
Devo concluir que o Senhor Secretário Geral da ONU é dos que acham que não é verdade que os americanos tenham chegado à lua e foi tudo encenado num estúdio de cinema?
Devo concluir que o Senhor Secretário Geral da ONU não sabe quem foi a Laika, o Gagarin e desconhece a estação orbital internacional?
Devo concluir que conhece a estação orbital internacional mas desconhece o envolvimento dos Estados do Canadá, União Europeia, Japão Rússia e Estados Unidos?
Ou simplesmente o Senhor Secretário Geral da ONU acha que privados terem programas espaciais é imoral enquanto houver fome na terra, mas os Estados terem progamas espaciais é um grande contributo para o fim da fome na terra?
Se fosse só ele, seria igual ao litro porque ninguém liga grande coisa ao que diz nos discursos (com excepção dos jornalistas e, pelos vistos, eu), mas a quantidade de gente que usa este argumento da treta sem reparar que o dinheiro que esses bilionários gastam na exploração espacial é incomparavelmente menos que aquilo que é gasto pelos Estados, não me deixa grandes esperanças sobre a literacia mundial em ética e em finanças públicas.
Passei hoje por aqui.
Antes, de manhã, numa das salas lá dentro, tinha ouvido dizer deste jardim que é um dos melhores exemplos mundiais de um jardim modernista. Eu não me atrevo a ter opiniões destas, o meu mundo é demasiado limitado para isso, mas que é um belíssimo jardim, isso é um facto.
A instituição que é dona do jardim atribui um milhão de euros anuais para o prémio Gulbenkian de Ambiente.
Teve (acho que já não tem), durante muitos anos, um programa de ambiente, que aliás foi dirigido por outra das pessoas que ouvi na mesma sala, muito zangado com o mundo e com a nossa responsabilidade na crise ambiental em que estamos.
Nessa crise ambiental, a crise da biodiversidade é uma das mais complexas e na crise da biodiversidade o problema das espécies invasoras é dos maiores e mais difíceis de gerir, causando perdas de biodiversidade brutais.
O facto é que, ocupando um lugar central à vista de toda a gente, e pela qualidade estética que traz a este lugar suponho que tenha um efeito de imitação em muitas das pessoas que visitam o jardim, temos uma das principais invasoras do país (cujo detenção, comércio, etc. está, aliás, proibida).
Não se trata de eliminar o uso de exóticas, o bambu do lado direito da fotografia não tem problema nenhum, é exótico, mas não é invasor. E eliminar aquele monumental eucalipto ao fundo seria simplesmente estúpido, antes de ser uma evidente machadada na integridade de um jardim com um valor patrimonial excepcional.
Já os penachos...
Têm sido muito raras as minhas divergências com Carlos Guimarães Pinto (mais raras que as divergências com a Iniciativa Liberal), sendo a principal das quais o peso que Crlos Guimarães Pinto atribui à corrupção enquanto fenómeno político (eu acho que é sobretudo uma questão social cuja resposta não está em ter políticas anti-corrupção mas em melhorar as instituições de modo a diminuir o número de oportunidades para decisões administrativas com valor de mercado).
Também já aqui escrevi sobre a minha ambivalência sobre a decisão da Iniciativa Liberal apresentar uma candidatura autónoma em Lisboa, até porque Moedas me parece ser (mas o que conta num político é mesmo o que decide, não o que pensa ou diz pensar) razoavelmente liberal.
Enganei-me na leitura política das eleições, achando que Moedas não tinha hipótese de ganhar, votei na Iniciativa Liberal, e se Moedas não tivesse ganho não seria responsabilidade da Iniciativa Liberal: um partido serve para levar as suas ideias avante, e não para fazer terceiros ganhar ou perder eleições, quem tem responsabilidade de ganhar ou perder eleições é quem concorre.
Neste caso Moedas ganhou, a Iniciativa Liberal perdeu, porque não conseguiu eleger um vereador, mas está muito longe de estar demonstrada a hipótese de que os 10 mil votos da IL iriam para Moedas se a IL estivesse na coligação (os quatro mil votos a mais da IL para a Assembleia Municipal demonstram bem que ninguém é dono dos votos dos eleitores).
E, como acontece frequentemente, Carlos Guimarães Pinto explica bem o essencial desta questão:
"Um pedido de desculpas a Moedas
Tenho recebido várias mensagens mais ou menos agressivas de pessoas de que gosto sobre o erro que foi a IL não apoiar Moedas em Lisboa. Como é evidente, não fui eu que tomei a decisão, nem sequer fui consultado (nem tinha que ser) pelo que não responderei por ela nem me cabe defendê-la. No entanto aceito que não tenha sido uma decisão fácil, apesar das análises em retrospectiva fazerem parecer que era.
Mas a IL tem que fazer política de forma diferente, pelo que assumir os erros e pedir desculpa aos seus eleitores por eles deve ser parte da sua forma de fazer política. A IL pode e deve pedir desculpas por não ter apoiado Moedas, mas não já. Porque o objetivo da política não é ganhar eleições. Ganhar eleições é apenas um meio para mudar políticas. Portanto a IL deve pedir desculpas por não ter apoiado Moedas se:
- O executivo Moedas reverter a vergonhosa lei lançada por Medina logo após as eleições de 2017 que criou centenas de novos cargos para chefias, assessores, secretários e motoristas na vereação e AM. Uma lei que equivaleu a Assembleia Municipal a uma espécie de Assembleia da República e multiplicou o número de cargos de assessores pagos pela CML mas que só servem as máquinas partidárias. Perto de 6 milhões de euros de contratos de prestação de serviços que Medina distribuiu pelos partidos à revelia da lei nacional e do que pode ser feito nos outros 307 municípios.
- O executivo Moedas reduzir a dimensão da CML ou então explicar aos eleitores porque precisa que a CML seja o terceiro maior empregador nacional e o maior empregador de uma cidade que concentra tantas grandes empresas.
- O executivo Moedas reduzir a dimensão da CML ou então explicar porque a CML precisa de empregar 1 funcionário por cada 29 habitantes, porque precisa de 168 historiadores, 159 técnicos de relações públicas ou 443 arquitectos (mais de 4 por quilómetro quadrado).
- O executivo Moedas for capaz de reduzir a derrama municipal ao mínimo de lei, não só por isso ser importante para atrair atividade económica para a cidade, mas também por ser importante para o país como um todo porque a derrama é paga maioritariamente por empresas com sede em Lisboa mas com atividade em todo o país.
- O executivo Moedas for capaz de retirar a confiança política a qualquer dirigente político apanhado a conceder favores ou abusar do poder na sua junta de freguesia em vez de fazer o mesmo que Medina fez com a JF de Arroios.
- O executivo Moedas fizer uma listagem de todos os apoios distribuídos pela CML e o benefício desses apoios para identificar clientelas políticas que foram criadas nos últimos anos em que a despesa da autarquia cresceu mais de 500 milhões de euros.
Se o executivo Moedas fizer isto, a IL deve, na minha opinião, um pedido de desculpas. A sua forma de fazer política deve incluir a capacidade de admitir erros e reconhecer mérito reformista onde ele exista noutros partidos. Mas se o Executivo Moedas não fizer nada disto, são os comentadores (alguns meus amigos e muitos liberais) que deverão uma desculpa à IL.
O primeiro ponto ver-se-à já nas próximas semanas. Moedas pode desmontar aquela vergonha de tachos tão depressa como Medina a montou (em pouco mais de um mês depois das eleições de 2017)."
Ou seja, como muito bem explicado, se Moedas, rapidamente, demonstrar que a sua vitória faz a Câmara de Lisboa aproximar-se de práticas mais liberais, com certeza, a IL deveria ter percebido que assim seria e juntar-se para apoiar que assim fosse.
Mas se Moedas não executar políticas mais liberais, mantendo o essencial do monstro burocrático que é a Câmara de Lisboa, a IL terá feito muito bem em se manter à parte, mesmo que isso tivesse custado a eleição de Moedas - tal como o fóssil vivo que é o Partido Comunista fez muito bem em promover o julgamento dos eleitores ao seu programa político, mesmo que isso tenha significado entregar a câmara a Moedas.
Finalmente estou de acordo com Pedro Nuno Santos. Gostava de partilhar as suas declarações.
“Eu conheço as razões do engenheiro Nuno Freitas há muito tempo, não são de agora. É muito difícil gerir uma empresa pública com as regras que nós temos. E é muito difícil pedirmos a um grande gestor, homem sério, de grande capacidade de trabalho e de realização, que fique muito tempo numa empresa que não consegue ter um Plano de Actividades e Orçamento aprovado, que tem uma dívida histórica acumulada gigantesca e que não pode ser saneada, portanto retirando capacidade e autonomia de gestão à empresa, que demora meses para ter uma autorização para comprar umas rodas. É absolutamente compreensível o desalento do presidente da CP”,
Será um caso de bipolaridade?
Que o imbatível e anestesiante dr Costa não concorra ás próximas legislativas, não é improvável. Há voos mais aliciantes, por cá ou na Europa. Que o PS eleja um estadista, é praticamente impossível. Mesmo que por lá exista algum, seria apoiado? Que o PS perca de vez a cabeça e eleja Pedro Nuno, não é impossível Que o PSD, mesmo com um candidato do PS radical, vença as eleições, com Rui Rio, está para além de um milagre. Que qualquer candidato do PSD, por mais brilhante que seja, depois de garantidos dois anos de bazuca antes das eleições, consiga uma minoria de esquerda, parece-me uma impossibilidade. 2023 já foi.
Resta celebrar pequenas vitórias e olhar para 2027, para a vinda da próxima troika, de um Messias, ou ainda mais difícil, que os Portugueses se fartem de ficar cada vez mais para trás. A vitória minoritária de Moedas, uma prova ciclópica e pouco promissora. Temos muito que piorar antes de melhorar.
Carlos Moedas ganhou a autarquia lisboeta, contra todas as expectativas! Por isso presidirá à mais ampla municipalidade portuguesa e estará na frente do que tantos - Sampaio, Marcelo, Santana, Costa - conceberam uma vitória antes de se lançarem em rampa mais ascendente..
Costa - de cognome "o versátil" - nas suas sorridentes intervenções da noite eleitoral, falou como um papagaio, só para minimizar o facto da derrota do PS em Lisboa. Sorrindo sempre. Como se antes jamais tivesse mencionado a importância simbólica de uma vitória autarquica na Capital. Está-lhe no sangue, não há outros considerandos.
Mas todos sabemos, Lisboa, 1,5% da população nacional, é o grande aferidor.
Resulta de tudo, a preocupante circunstância de os sete vereadores da candidatura de Moedas se igualarem, com esse número, do de Medina. Acrescem os dois da CDU e o solitário do BE.
Está formulado o problema. Já todos conhecemos o fanatismo da Esquerda. por natureza - sempre sempre, ad eternum - populista. E se o PS facilita os projectos de Moedas, aí temos o Orçamento de Estado em crise.
É questão das piores, a Esquerda não quer deixar de amamentar Lisboa. Carlos Moedas, simplemente pelo seu discurso de ontem, vale a fiança de toda a gente. O grau de estadista (que hoje vale nada) poderá ser-lhe atribuido com o maior mérito.
Vejo que muita gente acha que Rui Rio ficou muito mais confortável com o resultados das autárquicas.
Eu acho que nem por isso.
A Moedas foi dada uma missão impossível, que Moedas resolveu, sem que alguém com um mínimo de senso atribua a Rui Rio qualquer responsabilidade nisso, com a eventual excepção da escolha do candidato (toda a gente sabe que a escolha de pessoas para este tipo de coisas é muito contingente, e portanto não atribui mérito maior na lista de candidatos que se consegue apresentar: por exemplo, nas últimas eleições o PSD tinha um tipo muito bom no Porto, mas era um mau candidato e teve uma votação de pouco mais de 10%).
O resto dos resultados são mais ou menos, são bons, mas não representam nenhuma alteração relevante da situação.
Acontece que Moedas foi um mau candidato, previsivelmente será um muito melhor presidente de câmara, e não mobilizou o eleitorado por aí além: segurou-o, teve mais uns quinhentos votos que PSD e CDS nas últimas eleições - é certo que com Iniciativa Liberal e Chega a comer alguns votos - e isso é bom, mas a câmara foi-lhe, na verdade, entregue pelo PC.
Aparentemente, num movimento que eu não imaginaria possível, o PC serviu para que quem não queria ser conivente com o polvo do PS, mas não queria votar Moedas, tivesse onde votar. O que fez Medina perder palettes de votos.
A boa votação do PC não pode ser confundida com o declínio estrutural do PC (para quem tenha dúvidas, mais que Almada, é para os resultados do Barreiro que deve olhar) porque na verdade resultou de eleitores que poderiam apoiar Medina, mas não queriam dar qualquer apoio a Rio e ao estado a que isto chegou.
A ser assim, isto significa que há muita gente farta do sufoco do PS e da sua gula de controlo da sociedade.
Se isso não se reflecte nas intenções de voto é por uma razão muito simples: Rio não consegue demonstrar que responde a essa necessidade, servindo como destino de voto dos desiludidos do estado a que isto chegou.
Eu acho que Rui Rio, se não tivesse aquela auto-satisfação homérica que se lhe conhece, estaria mesmo a roer as unhas de nervoso.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Marcos
Naquele tempo, João disse a Jesus: «Mestre, nós vimos um homem a expulsar os demónios em teu nome e procurámos impedir-lho, porque ele não anda connosco». Jesus respondeu: «Não o proibais; porque ninguém pode fazer um milagre em meu nome e depois dizer mal de Mim. Quem não é contra nós é por nós. Quem vos der a beber um copo de água, por serdes de Cristo, em verdade vos digo que não perderá a sua recompensa. Se alguém escandalizar algum destes pequeninos que crêem em Mim, melhor seria para ele que lhe atassem ao pescoço uma dessas mós movidas por um jumento e o lançassem ao mar. Se a tua mão é para ti ocasião de escândalo, corta-a; porque é melhor entrar mutilado na vida do que ter as duas mãos e ir para a Geena, para esse fogo que não se apaga. E se o teu pé é para ti ocasião de escândalo, corta-o; porque é melhor entrar coxo na vida do que ter os dois pés e ser lançado na Geena. E se um dos teus olhos é para ti ocasião de escândalo, deita-o fora; porque é melhor entrar no reino de Deus só com um dos olhos do que ter os dois olhos e ser lançado na Geena, onde o verme não morre e o fogo nunca se apaga».
Palavra da salvação.
Comentário: O Espírito de Deus, que encheu a terra inteira, quer atingir, pela sua acção, todos os homens. Onde quer que a sua acção se manifeste, aí está a sua presença. E os filhos da Igreja devem alegrar-se com isso, procurando sempre, à luz do Espírito, discernir o que é ou não fruto desse mesmo Espírito. É à luz do Espírito de Deus que cada qual procurará ajuizar das suas próprias atitudes, deixando para trás tudo o que for obstáculo ao reino de Deus.
Sou um leitor frequente, ou mesmo muito frequente, dos artigos de Leal da Costa no Observador.
A razão é simples: quer eu esteja de acordo, quer não (e muitíssimas vezes não estou), são artigos informados, com informação solidamente sustentada, e racionais.
Tanto quanto percebo, a raíz para não estar muitas vezes de acordo com Leal da Costa acho que é muito bem caracterizada por estes dois parágrafos:
"Em dezembro de 2012, como já fazia há muitos anos e seguramente por ter tido a sorte de crescer no meio das “gentes” da medicina preventiva, disse que “se nós, cada um dos cidadãos, não fizermos qualquer coisa para reduzir o potencial de um dia sermos doentes, por mais impostos que possamos cobrar aos cidadãos, o SNS será, mais tarde ou mais cedo, insustentável” e continuei afirmando, “numa altura em que temos uma elevadíssima carga fiscal que nos é imposta pela necessidade de manter os serviços públicos, é importante que a sustentabilidade do SNS comece a ser encarada como obrigação de cada um de nós”. Na resposta, chamaram-me de tudo. Houve um palerma que me considerou lobotomizado num artigo de opinião que um semanário não se importou de publicar, insultando até a minhas capacidades de médico, ouvi um ex-secretário de estado, também médico, dizer que eu deveria estar “bêbado” e as associações de utentes reagiram com repúdio denodado à minha proposta de que os cidadãos fizessem alguma coisa para adoecerem menos e, por essa via, libertassem recursos e onerassem menos o SNS.
E há um grupo concertado de negacionistas, agregados em torno de corporações como aquelas que fabricam, distribuem e vendem tabaco, álcool e outros produtos de reconhecida nocividade que vão passando incólumes e até são protegidos pelos poderes instituídos. Negam conscientemente e de forma reiterada, mentindo, as maleficências que causam – neste caso as tabaqueiras superam largamente as empresas do álcool – sempre na posição de vítimas de difamação ou tentando colocar-se como agentes da solução do problema que criam. O problema tem números e é a morte anual de milhões de pessoas, muitas mais do que aquelas que a COVID-19 já matou."
Ou melhor, a raiz das minhas discordâncias está na ideia, não explícita aqui, mas explícita noutros artigos, que é legítimo proibir, ou restringir fortemente, o consumo de produtos ou os comportamentos dos indivíduos em nome de um bem maior que é a saúde pública.
Em rigor, eu estou de acordo com esta ideia, quando entendida como uma resposta excepcional a situações excepcionais.
Já não estou quando o argumento é o de que: “se nós, cada um dos cidadãos, não fizermos qualquer coisa para reduzir o potencial de um dia sermos doentes, por mais impostos que possamos cobrar aos cidadãos, o SNS será, mais tarde ou mais cedo, insustentável”.
E não estou de acordo por duas ordens de razões.
Em primeiro lugar, a sustentabilidade ou não do sistema de saúde é uma opção política dos cidadãos e não está fora da discussão política normal sobre a afectação de recursos, não há nada na saúde que faça dela um valor acima de qualquer outro valor social: ao nível do indíviduo, eu posso querer rebentar com a minha cabeça com LSD e ninguém tem nada com isso, ao nível da comunidade, a comunidade pode preferir gerir os problemas sociais associados ao consumo de drogas de muitas maneiras diferentes, e é no debate e decisão política que se faz a ponderação de interesses públicos contraditórios.
A segunda ordem de razões é mais explícita nos dois parágrafos que citei: a escolha dos demónios que consideramos como inaceitáveis é também uma escolha política que tem de ser politicamente escrutinável, não pode basear-se em estatísticas de saúde desgarradas do resto. Leal da Costa escolhe aqui o tabaco e o alcool, mas não refere o açucar e o sal, por exemplo. Naturalmente, seria preciso saber por que razão escolheu esses dois e não os outros dois, responsáveis por números ainda mais terriveis nas estatísticas de saúde.
Acresce que não podemos discutir as estatísticas de forma excessivamente parcelar: é verdade que o tabaco contribui grandemente para a despesa em saúde na medida em que está associado a doenças que custam rios de dinheiro aos contribuintes, mas ao mesmo tempo é responsável por um nível de impostos que corresponde ao princípio, mais que justo, do utilizador/ pagador e, surpreendentemente, como está associado a menores esperanças de vida, contribui para a sustentabilidade dos sistemas de pensões.
Bem sei que o parágrafo anterior pode ser lido como chocante, mas note-se que estou a enunciar factos e não a fazer juízos morais, e só olhando para os números associados a tudo isto é que a discussão ganha racionalidade.
Mas peguemos agora no exemplo do alcool: um dos princípios que Leal da Costa enuncia no seu credo, é o de que "A eliminação da pobreza deve ser o primeiro objetivo da política de saúde". Pois bem, quando se adopta uma política maximalista de redução do consumo de alcool em nome da saúde - e não querendo discutir a velha ideia de que a diferença entre o remédio e o veneno é a dose - estamos mesmo dispostos a atirar para a miséria milhões de produtores de vinho, aceitando, por exemplo, a destruição do património mundial do vale do Douro em nome da saúde? E o mesmo se diria das terras altas da Escócia e muitos outros lados?
Ou afinal temos de ponderar seriamente?
Não tenho nada contra a ideia de que é legítimo aos estados procurarem influenciar os comportamentos das pessoas para que sejam mais saudáveis, seja por razões financeiras, seja porque uma boa saúde é uma condição importante de qualidade de vida, desde que se respeite a liberdade das pessoas não quererem seguir os conselhos que lhes são dados.
O que tenho, isso sim, é contra a ideia de que a saúde é um valor absoluto que se sobrepõe a outros valores, incluindo ao valor do sagrado direito à asneira.
Estamos a viver tempos de hegemonia socialista que a todos sufoca. Ainda esta semana tivemos António Costa em tudo o que foram arruadas, comícios e jantares. Nunca um PM, em eleições autárquicas, se tinha envolvido tanto e, pior, a fazer promessas para o dia seguinte ao acto eleitoral. Mais inacreditável ainda a dar lições de responsabilidade à GALP naquele jeito socialista de “quem se mete com o PS, leva!”
As eleições autárquicas são, como a própria designação o indica, locais. Em cada concelho apresentam-se as várias candidaturas (partidárias e independentes) e cada uma com propostas para a gestão camarária do concelho respetivo. Mas as eleições em Lisboa têm projeção também a nível nacional e a eventual vitória de Medina será um forte contributo para vitória nacional de António Costa. Teremos, no Domingo próximo, uma forte disputa entre dois candidatos: Fernando Medina e Carlos Moedas. O primeiro é produto da máquina partidária socialista que chegou a Presidente da CML por decisão do seu “mandante” (conforme comentário recente de José Sócrates); Medina nunca esteve fora da política e a sua gestão municipal é bem reveladora dos interesses socialistas instalados com muitas promessas e pouca obra feita (veja-se o caso das casas de renda acessível). O segundo teve um longo percurso profissional fora da política, com mérito reconhecido nacional e internacionalmente. Ou seja, com capacidade de gestão e liderança de equipas. Só isto bastaria para a evidência da opção por Moedas.
Nunca é de mais lembrar que a eleição do executivo camarário se rege de acordo com procedimentos específicos. Ou seja, o Presidente da CML será sempre, em qualquer cenário, o primeiro da lista mais votada. Que fique claro que este cargo não resultará, em caso algum, de uma qualquer geringonça. Dada a proximidade (feeling meu) entre os dois principais candidatos, todos os votos contam. Não confio nem me guio por sondagens, mas tendo por certo que Moedas é muito melhor que Medina não correrei o risco de o meu voto cair noutras (respeitadas) candidaturas. Confesso que nunca percebi a opção da IL (cujo primeiro candidato desistiu após 3 dias de uma aparatosa apresentação frente à fachada do edifício da CML) em não se associar à candidatura de Carlos Moedas. Tem sido defendida, pelos próprios, a importância de um vereador liberal no executivo camarário; talvez estejam a querer comparar um vereador com um deputado, o que é um erro analítico de todo o tamanho. Um vereador de oposição que não se coligue com o Presidente de Câmara nunca terá um pelouro atribuído e (ao contrário de um deputado) nunca será tido em conta e dele nunca se ouvirá falar na comunicação social. Caso Carlos Moedas ganhe (como desejo) admito que se coligue com outro partido. Mas, para que tal aconteça, é necessário que ganhe as eleições. No cenário de vitória de Fernando Medina, este fará sempre coligação com o BE (como atualmente já acontece) e /ou o PCP. O entendimento entre Medina e a IL nunca acontecerá (com exceção do assunto prostituição em que Bruno Horta Soares e Beatriz Gomes Dias defendem a profissionalização). Nunca, nunca mesmo, Medina se coligará com a IL e por isso o hipotético vereador liberal sempre um “não vereador”. E os vereadores da coligação liderada por Moedas em caso de vitória de Medina? Sendo em muito maior número e tendo em atenção a projeção mediática deste candidato, terão sempre algum eco na comunicação social.
Confesso que acho uma completa falta de noção a auto-satisfação evidenciada pela administração autárquica socialista de Lisboa que já dura há catorze anos. Para lá duma recente e insuficiente reanimação do mercado imobiliário - e consequente reabilitação duma quantidade considerável de edifícios da cidade - que tem como origem a chamada "Lei Cristas" e da recuperação de alguma actividade económica que advém do boom verificado no turismo (um fenómeno iniciado no consulado de Passos Coelho), a minha cidade continua num processo de decadência que tarda ser invertido.
De facto, a requalificação de certos espaços públicos, as ciclovias e a redução dos lugares de estacionamento, se servem para atrair atléticos ciclistas, visitantes dos conselhos vizinhos e cativar os turistas, pouco ou nada beneficiam os poucos habitantes da cidade que resistem à tentação de ir viver para os subúrbios com uma vista desafogada, boas acessibilidades, e sem maus cheiros. Uma volta pelo centro de Lisboa à noite, revela-nos uma cidade com centenas de edifícios devolutos ou emparedados, prédios e monumentos espichados de obscenidades, lixo abandonado em sacos ou fora deles ao sabor do vento. Lisboa tarda a recuperar uma oferta imobiliária suficientemente dinâmica para reanimar o mercado de arrendamento e atrair novas gerações para o seu seio. A maior parte das ruas quase desabitadas parecem superfícies vulcânicas que desafiam a resistência estrutural de qualquer automóvel ou autocarro. A vantagem por estes dias é que haverá freguesias em que é possível a um autarca mais zeloso conhecer pessoalmente cada munícipe.
Lisboa é uma cidade mal-amada. Destino de chegadas e partidas, ela foi perdendo a alma e na verdade hoje poucos lhe vestem a camisola. Poucos são os que choram com sinceridade o seu abandono e decadência. Não chegariam esses para por fim à desastrosa gestão da cidade de António Costa e de Medina? Penso que Lisboa merece um grito de alma que clame por uma mudança radical que só pode ser operada por quem se preocupe verdadeiramente com os lisboetas. Que os deixe prosperar e viver em paz, a movimentar-se na cidade com orgulho na sua terra e na sua história. Atraindo novas gerações e novos habitantes. Porque enquanto não voltarmos a vislumbrar crianças na cidade ela estará a morrer.
Temos de ter ambição pelo menos a desejar, a sonhar. Por isso gostava que Lisboa se enchesse de brios e corresse com os socialistas, dando a oportunidade a diferentes aspirações, mentalidade e energia. E isso só será possível com a vitória de Carlos Moedas no Domingo. Percebe-se pela sua equipa e pelo brilho que emana dos seus olhos.
Dêem uma chance a Lisboa, a minha cidade querida.
Não sei, ainda, como vou votar nas eleições de Domingo.
Essencialmente, a minha dúvida prende-se com a votação que eu admito que Moedas possa ter.
Acho que Rui Rio tem alguma razão quando diz que não se deve dar demasiada importância às sondagens, não pelas razões que ele identifica - ou são compradas ou são aldrabadas - mas porque me parece razoável supor que os indecisos não se distribuem proporcionalmente por todas as candidaturas, sendo natural que haja mais indecisos em votar Moedas que Medina.
Se no Domingo, por qualquer razão, estiver convencido de que Moedas está suficientemente perto de Medina, voto Moedas, se achar que não, o meu voto é mais útil na Iniciativa Liberal que no aparelhismo do centrão.
Logo que Moedas se apresentou, manifestei a minha perplexidade pelo facto da Iniciativa Liberal ter decidido correr por conta própria.
Com o tempo fui percebendo melhor a opção e achando que tem virtudes e tem defeitos.
A ideia de que a votação que a Iniciativa Liberal venha a ter em Lisboa seria directamente transferível para Moedas, se a Iniciativa Liberal o tivesse apoiado, é uma ideia errada: não sabemos de onde vem essa votação e quais as motivações de cada um desses votantes (por isso comecei por dar o meu exemplo, de como a decisão de votar assim ou assado é uma decisão muito contingente e cheia de razões irracionais).
A votação que Moedas tiver é da responsabilidade de Moedas e da sua candidatura, não é responsabilidade de terceiros (a quantidade de pessoas que conheço que preferem não ouvir Moedas, incluindo os debates em que participa, para não serem tentados a deixar de votar nele, é bastante apreciável. Moedas será com certeza muito melhor presidente de câmara que candidato a presidente de câmara).
As consequências da votação que existir no Domingo não se esgotam na Câmara Municipal de Lisboa, é certo, e por isso seria bastante bom que Moedas ganhasse.
Também por isso, porque verdadeiramente o que está em causa é a dinâmica até às próximas legislativas, não é indiferente um voto que é claramente liberal, e fora da lógica habitual dos dois grandes partidos, com alguma expressão (eleja ou não um vereador).
Para além de não se poder descartar a hipótese, claramente improvável, mas não impossível, de um vereador liberal desempatar votações, o que daria às ideias liberais - admitindo que o vereador em concreto agia de acordo com uma lógica liberal - uma importância que nunca teria no meio da votação em Moedas.
Se isto pode ter como resultado manter Medina - não é Medina que conta, é pedaço do poder que a Câmara representa e que estaria nas mãos do PS - na presidência da Câmara?
Sim, pode, mas o que interessa não é a mera substituição de Medina por Moedas - que me parece evidentemente útil e bom - mas sim a limitação do poder dissolvente do PS, objectivo para o qual me parece mais útil, neste momento, fazer crescer a Iniciativa Liberal que substituir o PS pelo PSD na cadeira do poder (sem sequer sabermos se o PSD seria Rui Rio ou outro qualquer).
Resumindo, para já, estou como o tolo na ponte, sem saber para que lado deverei ir, mas sei seguramente que o meu voto não será determinado pelas instruções que as direcções partidárias, quaisquer direcções partidárias, dêem sobre o assunto.
Não há outro dono do voto que não o eleitor que vota.
( diário de noticias)
Os problemas habitacionais de Lisboa são o tópico principal na luta pela Câmara. O consenso geral é alargado, a “solução” fácil: subsídios ou casas com rendas condicionadas. Não vou voltar a falar do tremendo erro e injustiça que essas soluções, que me arrepiam, representam, mas são partilhadas por (quase) todos.
Neste grande grupo dominante, com excepção do Bloco, ao erro juntam a total ineficácia. A razão principal pela qual os preços das casas estão altos é porque não há casas suficientes. Não são os cerca de 300 imóveis devolutos da CML que vão alterar a equação. Subsidiar uns, é apenas enviar outros para fora da cidade.
Só há duas formas de aumentar a habitação em Lisboa e fazer cair os preços: construir muitas novas habitações ou mudar o uso de muitos outros imóveis.
As regras urbanísticas actuais não permitem albergar muito mais gente em Lisboa. Se assim não fosse, o problema já estava resolvido pela “ganância” dos promotores imobiliários. Para construir, é necessário mudar a ideia de cidade, por exemplo, construir em altura (fora do centro histórico). Ser o Estado a construir, como propõe o Bloco, para além de mais caro, não altera em nada a equação: algo terá que mudar para resolver o verdadeiro problema: escassez de casas. As restrições urbanísticas, estão para as cidades, como as restrições económicas estão para a economia: são elas que limitam tudo. Algumas cidades nos Estados Unidos, como São Francisco, ciosas da sua identidade cultural histórica, de luz franca para todos ( que lá estão), começam a não ter trabalhadores mais mal pagos. Como Lisboa.
Claro que se pode pensar em usos alternativos de espaços não habitacionais. Mas os resultados tenderão a ser perversos. Expulsar os estrangeiros, eliminar alojamentos locais, transformar escritórios e Hotéis em Habitações. Seguramente resolveríamos o problema de falta de habitação. O problema é que passaríamos a ter um enorme excesso habitacional, já que a cidade deixaria de ser atraente. Sem a oferta de empregos, comercio e cultura, Lisboa deixará de ter qualquer interesse. Obviamente ouvimos o argumento da moderação. Limitar de forma moderada outros usos. Mas com moderação, o problema persiste e a Cidade empobrece ( ou não enriquece) . É o caminho aparentemente preferido do Sr. Medina. Sem moderação, destrói-se a galinha dos ovos de ouro, que tantos atrai.
Decidir, obriga sempre a custos. No nosso caso, construir em altura, empobrecer a cidade ou exportar os mais pobres. Com a moderação socialista, faremos de conta que resolvemos a questão, para que nada mude.
Em Portugal, construímos, todos os dias, um mundo muito nosso. Fazemos de conta que as facadas ao mercado não fazem mal nenhum. Por isso, lutamos administrativamente contra a precariedade no trabalho, colhendo baixos salários e desemprego. È o que está certo. Por isso, também impedimos empresas ineficientes de fecharem. Que é o humanamente adequado. Obrigar as pessoas a encontrar novas formas de criar riqueza é uma violência, como se pode ver nos países mais desenvolvidos. Por isso, continuamos a aumentar os serviços e os funcionários públicos. Não importa que o mercado possa realizar serviços mais eficientemente. Não importa que as pessoas possam preferir pagar menos impostos e ter menos serviços. É o que se exige ao Estado!
Quando a energia aumenta de preço, não faz mal, o Estado paga a diferença e todos fazemos de conta que não vamos pagar esses subsidio, através de impostos. No entretanto, vamos consumir mais do que se pagássemos o verdadeiro custo. Uma contra-medida ao combate ás emissões de CO2, um incentivo ás emissões. Não faz mal, porque o que realmente importa é que o Estado aparentemente tome conta de nós.
Os Países comunistas pensavam da mesma forma. Até que implodiram. Há sempre um momento em que a realidade acaba por se sobrepor á fantasia.
João Miguel Tavares tem feito uns bons artigos ultimamente, e o de hoje é um bom artigo sobre a história dos 6 200 euros por aluno.
Há, no entanto, um equívoco que vale a pena assinalar.
"A mentalidade socialista e estatista chegou a um ponto tal que se tornou inconsciente da sua própria cegueira. À boa maneira sociética, para o PS todo o aumento do investimento do Estado é, por definição, um bom investimento, independentemente dos seus resultados".
O equívoco para que quero chamar a atenção não é o da clássica confusão entre investimento e despesa, mas sim o de se achar que é "para o PS" que se verifica o que é dito, quando na verdade é para a sociedade portuguesa que isso tem vindo a ser crescentemente verdade (desde Cavaco que se acentua a ideia e a prática de que a taxa de execução é o Norte da bússola que orienta a aplicação de dinheiros públicos, um resultado que é de esperar sempre que a origem do dinheiro é uma e o destino da despesa é outro).
Um bom exemplo, e é apenas um exemplo, há dezenas de programas em que as coisas se passam assim, é o do PDR, o programa que materializa a Política Agrícola Comum e que está longe de ser um programa de trocos: "A 31.12.2018, o PDR2020, com a dotação global de 4.183,4 milhões € de despesa pública, apresentava uma
execução global (pagamentos) de 2.144,4 milhões € de despesa pública. Em termos de compromisso, o valor acumulado nessa data, era de 3.609,0 milhões de € de despesa pública".
4 mil milhões de euros é muito dinheiro (e, na verdade, não é todo o que está em causa neste programa), mesmo tendo em atenção que é repartido por vários anos.
Para muitas das medidas em que se divide este programa, o principal indicador de resultado é explicitamente a taxa de execução da despesa face ao previsto.
Quem quiser ir verificar, pode ir consultar os vários relatórios de acompanhamento e avaliação, umas coisas com centenas de páginas, complicadas, densas e entediantes, sobretudo para quem não estiver familiarizado com o assunto. Um exemplo aqui, para quem tiver curiosidade.
Veja-se, por exemplo, esta pergunta que quem me lê não estranhará que tenha escolhido: "Q8.| 4A Em medida apoiaram as intervenções do PDR a recuperação, a preservação e o reforço da biodiversidade, inclusivamente nas zonas “Natura 2000”, nas zonas sujeitas a condicionantes naturais ou a outras condicionantes específicas, a agricultura de Elevado Valor Natural, e o estado da paisagem europeia?".
Agora veja-se a conclusão da avaliação de 2019.
"C1. O PDR2020, no âmbito da P4A, contempla um conjunto de Operações com expectável efeito positivo na conservação da biodiversidade e da paisagem rural. Os níveis de execução e compromisso das Operações, bem como, o cumprimento das metas dos indicadores de resultado R6/T8 e R7/T9 indicam a sua atratividade dentro do universo de beneficiários e que o potencial de intervenção definido em sede de programação foi atingido.
C2. Os efeitos do programa sobre a biodiversidade e paisagem não são imediatos e, como tal, o potencial das iniciativas, no atual ciclo de vida do programa, com vista à identificação e quantificação dos seus efeitos nestas duas dimensões de avaliação, por via de métricas convencionais de biodiversidade (abundância ou riqueza específica) ou paisagem (fragmentação), deve ser encarada com reservas".
Resumindo, e expurgando do calão tecnocrático, o dinheiro gastou-se e isso é um bom indicador porque à partida se gastou em coisas positivas, mas não fazemos a menor ideia do resultado concreto da aplicação desse dinheiro.
É assim ao longo de todo este programa e de grande parte dos recursos geridos pela administração pública, mas note-se que nem isso é uma especificadade dos governos do PS, nem se ouve qualquer crítica séria, vinda da oposição ou das partes interessadas, a esta maneira de avaliar como é gasto do dinheiro dos contribuintes alemães, finlandeses e holandeses.
É por isso que é possível ter o dinheiro que este programa tem para a prevenção de incêndios - e não é tão pouco como isso - gasto, em grande parte, no Alentejo, e quase sem despesa nas regiões mais afectadas pelos fogos, sem que isso seja gere um escândalo, ou ao menos uma curiosidade suficiente na sociedade, que obrigue à discussão das regras que conduzem a este resultado absurdo (nem o facto de grande parte dos dinheiros para agricultura biológica acabar a financiar a produção de gado no Alentejo faz o PAN reagir, portanto imagine-se o resto).
Já nem falo no facto de continuarmos a dar a maioria dos votos a quem tem a noção de responsabilidade e de sentido de Estado que está implícita na famosa afirmação de que "Se houvesse respeito, aguardava-se que as autoridades apurassem o que aconteceu e não se aproveitasse uma perda humana para fazer um ataque político a uma pessoa que era um passageiro num automóvel".
Falo mesmo no facto de grande parte de nós, quer individualmente, quer institucionalmente, agirmos partindo do mesmo pressuposto que João Miguel Tavares atribui ao PS.
A tempestade parece amainar. Longe vão os cinzentos tempos de terror, esses tempos em que só se só se saía de caso no caso extremo de prover à subsistência, todos mascarados a fugir uns dos outros, e de olhos postos na televisão, nos resultados diários da catástrofe. Falo, evidentemente dos inesquecíveis muitos meses de pandemia.
O mundo lá se conseguiu reorganizar (terá conseguido?...). Entre nós, formou-se a dita task force e chamou-se a comandá-la o Almirante Gouveia e Melo.
O Almirante não virou a cara ao desespero generalizado. Surgiu de camuflado, mangas arregaçadas, e tomou conta das tropas. Sereno, sem palavras meias, com objectivos e resultados. Jamais vestiu o fato, ou a farda principal, e a palavra enfatuada.
Seria de reparar, já não há memória de uma intervenção - sobretudo num momento grave assim - de alguém e de tanta eficácia como a por ele demonstrada. Acima de tudo, pacificante.
Tenho para mim, não ficou na História recente uma pessoa tão capaz. E tenho ainda a intuição de que o Almirante Gouveia e Melo não se identifica com a República. (Está bem, seguiu a carreira das armas, jurou servir a Pátria. Também, como ele, o Almirante Canto e Castro, monárquico assumido e Presidente daquela desgraçada.)
É claro, no próximo 10 de Junho, senão antes, aí vem uma grã-cruz qualquer para o seu peito.De alguma Ordem antiga, que o Regime fez sua e agora distribui às mãos largas.
A dar-se o caso de Gouveia e Melo recusar a medalha - a migalha - temos caminho andado para que a República comece, finalmente, a ficar de rabo ao léu.
Oxalá!...
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos caminhavam através da Galileia. Jesus não queria que ninguém o soubesse, porque ensinava os discípulos, dizendo-lhes: «O Filho do homem vai ser entregue às mãos dos homens, que vão matá-l’O; mas Ele, três dias depois de morto, ressuscitará». Os discípulos não compreendiam aquelas palavras e tinham medo de O interrogar. Quando chegaram a Cafarnaum e já estavam em casa, Jesus perguntou-lhes: «Que discutíeis no caminho?». Eles ficaram calados, porque tinham discutido uns com os outros sobre qual deles era o maior. Então, Jesus sentou-Se, chamou os Doze e disse-lhes: «Quem quiser ser o primeiro será o último de todos e o servo de todos». E, tomando uma criança, colocou-a no meio deles, abraçou-a e disse-lhes: «Quem receber uma destas crianças em meu nome é a Mim que recebe; e quem Me receber não Me recebe a Mim, mas Àquele que Me enviou».
Palavra da salvação.
Comentário: A leitura da hoje continua a do domingo anterior: Jesus quer fazer compreender aos seus o sentido da sua Paixão e o sentido da vida cristã em geral, que não é a procura de grandezas, mas o serviço de Deus e dos homens segundo os caminhos de Deus: os da humildade e simplicidade.
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