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Se as campanhas eleitorais em geral não são um exemplo de seriedade política, as presidenciais em particular descambam demasiadamente para o disparate completo e as atoardas esgrimidas são de bradar aos céus. Uma lamentável comédia que mais se parece com um torneio de wrestling. No final, depois de insultarem a inteligência do eleitorado e vilipendiarem os votantes dos adversários, um deles vai por um ar sério para faze-los crer que é amigo de todos. Reconheço que este não é dos mais prementes problemas que o país enfrenta, mas não ajuda nada.
Está na ordem do dia: os restos mortais de Eça de Queiroz, pretende o Governo de Costa trasladá-los para o chamado Panteão Nacional.
O grande Eça, caso não saibam - e muitos não saberão... - morreu em Neuilly, França, e foi o cabo dos trabalhos para o trazer para Portugal, onde foi sepultado nos Prazeres, Lisboa, e, posteriormente, levado para Tormes, em Santa Cruz do Douro.
Ali repousa na sua merecida paz, longe da política e de todos os Abranhos deste mundo.
Agora, manifesta o Governo a sua vontade em o levar para o Panteão Nacional. Onde jazem figuras várias, nenhuma com a sua visão da política, do mundo e da Arte. Aliás (sem procurar apoio historiográfico), arrisco dizer - quase todos os sepultos no dito Panteão, far-se-iam mais depressa em nada se Eça sobre eles escrevesse...
Eu suponho - e espero! - a derradeira palavra caiba à Família Eça de Queiroz. E contra a Família Eça de Queiroz, é óbvio nada tenho a contradizer. Tenho é algumas ideias na cabeça. Por exemplo:
- Os governantes da época de Eça não perderam muita atenção com a sua morte. Só devido aos esforços de alguns amigos dele, atribuiram uma "pensão de sobrevivência" (aliás, de extrema necessidade) à viúva, a Senhora Dona Emília de Castro, e aos Filhos;
- Os ditos Filhos perderam essa pensão em virtude das suas convicções monárquicas, pelas quais se manifestaram nas "Incursões" de 1911-12;
- Eça, monárquico que foi, é lido da frente para trás, assim se esquecendo os seus romances A Cidade e as Serras, e A Ilustre Casa de Ramires, entre outros escritos do maior significado;
- Eça, confrontado com esta III República morreria do primeiro mal que lhe desse. Calcula-se que esse mal seria a própria enunciação do termo - "III República". É só imaginar o grande Eça em conversa com o Eduardo (Dâmaso) Cabrita;
- Pensando em As Farpas, Ramalho acompanhá-lo-ia, também, em tal desterro no Panteão. Mas Ramalho, politicamente, não é tão sonante. Mais a mais, sobreviveu à Monarquia e (in Últimas Farpas) escreveu - «A República continua dando ao mundo o mais inacreditável espectáculo - existe»...
Costa quer popularidade. Eça, que na História vai imenso mais além deste batoteiro, quer sossego. Está bem em Tormes, e recomenda-se. Por isso... Vamos todos zurzir bengaladas nestes Palmas Cavalões (e cavalonas...) da sacanice governamental. Pelo inesquecível e inigualável Eça de Queiroz.
Muito falamos sobre os partidos ditos populistas. E os outros? Porque são melhores? A resposta que me parece mais certa é que não são. Pelo contrario. Ao terem o suporte de uma ideologia, ao terem assumido responsabilidades governativas com os tristes resultados que vemos, ao arrancarem para a sua caminhada com Pais fundadores de dimensão superior, tinham francamente que fazer melhor.
Aparentemente, até estamos bem servidos. Temos uma paleta de partidos que representam as principais ideologias e correntes do pensamento. O problema é que, ou são más e retrogradas, como o comunismo, ou são inexpressivas, no caso dos conservadores e liberais, ou são objecto de interpretações horríveis, no caso do socialismo ou da social-democracia.
O PCP, de Cunhal é agora de Jerónimo. É de todos os partidos, aquele que é mais fiel e honesto à sua ideologia e principios. Pena é, que o seu conceito de democracia seja semelhante ao do Estado Novo. E que não haja ideologia mais testada e comprovada na sua capacidade de produzir sofrimento e desgraças como o comunismo.
O CDS/PP, de Freitas do Amaral e de Amaro da Costa, é agora de Chicão. O cansaço de atrair adeptos insuficientes, fez com que balance ideologicamente nas ultimas décadas, numa procura de um espaço que não é suposto ser o seu. Garantindo que, no final, não representa conservadores, liberais, nem coisa nenhuma. A continuar assim, do partido do táxi, passa ao partido da lambreta. Ou dos patins em linha.
A Iniciativa liberal, que dá os seus primeiros passos, acrescenta um espaço não representado historicamente, o Liberalismo. Uma simplificação ideológica exessiva, apesar de normal numa novidade política, condena o partido a uma relativa insignificância, ao fazer esquecer que a redistribuição de rendimentos e políticas sociais, não são impeditivas do liberalismo. Tal como no caso do PCP, pureza e simplicidade ideológica, não rima com popularidade. Apesar de tudo, tal como o PCP; representa um espaço político claro.
O PS, de Mário Soares agora é de António Costa. Vive rasgado entre os verdadeiros ( e ultrapassados ) socialistas de esquerda de barba rija, e os sociais-democratas, que dão mais votos. Diz se de mercado, com a mesma tranquilidade que assassina os seus mais básicos princípios. Assume o seu Estatismo, fazendo de conta que os impostos são uma questão irrelevante . Numa permanente confusão ideológica, tentando agradar a gregos e a troianos, soma o seu maior pecado, uma inultrapassável incapacidade para governar de forma minimamente decente. Um desastre tão pronunciado e comprovado pelos factos, que faz com que encontrar críticos nos seus próprios e antigos ministros da economia e finanças, seja tão fácil como ver relva num campo de futebol da primeira divisão.
O PSD, de Sá Carneiro, é agora de Rui Rio. Ideologicamente é tão confuso como o PS, tentando conciliar uma ala genuinamente social democrata com a maior parte dos seus apoiantes, mais conservadores ou liberais, que preferem o voto útil ao ideológico. Teoricamente são o partido de alternância ao poder hegemónico do PS. Na pratica, passaram a ser um partido que apanha os cacos, depois de mais um desastre agudo socialista. Melhores gestores do que o PS, menos avessos ao mercado, não é evidente que sejam menos adeptos de um grande estado director do que os socialistas.
A exigência dos votantes não é expectável que suba, num pais em que os partidos são como clubes de futebol. Uma vez de um partido, sempre do mesmo partido.Porque sim.
Se o panorama parece desanimador, também representa uma oportunidade. Se algum dia mudarem, de novo, o perfil de líder partidário dos grandes partidos, de demagogos para Homens de Estado, é possível que alguma coisa mude para muito melhor.
È que, como diria Tiririca, pior não fica.
Em discurso no parlamento alemão, o secretário-geral da ONU, António Guterres, demonstrou ser um bom socialista, e disse que «o nosso grande desafio é garantir que as vacinas são tratadas como um bem público global, acessível e económico para toda a gente e em todo o lado. Uma vacina do povo.»
Sobre o desafio que Guterres diz que é «nosso»:
O grande desafio não foi dele, nem «nosso», foi de grandes empresas farmacêuticas, em cenário de concorrência, com investimento privado elevadíssimo, em busca de lucro, que investigaram e produziram uma vacina em tempo recorde. O capitalismo, a iniciativa privada, o risco e o lucro, produziram, mais uma vez, uma solução notável para um problema humano grave. Mas compreende-se que Guterres não repare.
Sobre o tratamento da vacina como «bem público global»:
Os laboratórios farmacêuticos que, em cenário capitalista, investiram e investigaram, conseguiram produzir vacinas eficazes em tempo recorde. São elas o «bem público global». E as vacinas são «do povo» porque as empresas capitalistas que as descobriram têm o maior interesse em que as vacinas sejam distribuídas globalmente, foi para «o povo» que as empresas capitalistas trabalharam. Mas compreende-se que Guterres reivindique as «políticas para as pessoas» a que está habituado, sem reparar que elas já foram tratadas.
Sobre vacinas «económicas»:
É a racionalidade da gestão, da produção, do marketing e da distribuição capitalistas que garante que as vacinas são económicas, quer em termos relativos -- tendo em conta a paralisação da atividade económica caso não existissem --, quer em termos absolutos -- quando se considera o investimento, as instalações, a organização e a mão-de-obra intelectual que mobilizaram. Mas compreende-se que quem fugiu de um pântano estranhe o eficaz funcionamento das coisas -- ainda que, tanto tempo depois, não compreenda como os pântanos são feitos.
Sobre a vacina como bem «acessível»:
E serão as vacinas «acessíveis»? Pois é aí que as coisas se complicam se for um governo socialista a centralizar e organizar uma campanha de vacinação. Mas essa «acessibilidade» não estava de certeza na cabeça formatada e adiposa de Guterres, nem ele estaria a falar para Costa.
O sindicato da Inspecção do SEF considera «péssimo sinal» a nomeação de um militar, Botelho Miguel, antigo comandante da GNR, para restruturar o SEF. Porquê um «péssimo sinal», segundo o sindicato? Porque, diz o sindicato, «vem de fora» e a restruturação devia ser feita «dentro». Compreenderam? O sindicalista preferia que essas coisas de abusos e homicídios ficassem entre a gente da casa, que não viesse gente de fora averiguar e reorganizar. O que constitui mais um bom serviço prestado por um sindicalista aos críticos mais ferozes do sindicalismo.
André Ventura ( e o Chega) entrou nas nossas vidas de rompante. De parlamentar obscuro a estrela mediática foi um instante. E no entanto, não há razão substantiva para isso.
O Chega não é mais um partido populista, tão próprio dos nossos tempos, como o Bloco de esquerda e o PAN? Tal como os outros, não representa nenhuma ideologia conhecida ou coerente. Já tínhamos uma suposta nova esquerda radical ( marxista-trotskista, supostamente recauchutada), um partido animalista, porque não ter um novo partido dito de direita radical sem ideologia reconhecível? O populismo é isso mesmo: aproveitar uma franja de mercado eleitoral cansada dos partidos tradicionais e aberta a umas quantas causas fracturantes e normalmente pouco razoáveis. Não é o povo quem mais ordena?
Certo é que uma proposta política, em tempos normais, destinada ao fracasso, por falta de estrutura ideológica, é guindada a um papel de proeminência. Por políticos, ofendidos com quem ousa invadir o seu monopólio de afirmações disparatadas, sem propósito e agressivas. Por jornalistas que consideram ser seu dever patriótico, vincar com grosserias e falta de profissionalismo o seu desprezo pela novidade (?) que representa.
Pior, vai-se ao ponto de invocar uma suposta natureza fascista para justificar uma eventual ilegalização do Chega. Que daqui a pouco passa a ser a causa de uma democracia em perigo.
Transformar partidos populistas em mártires eventuais, só mesmo em Portugal.O disparate é tão grande que me parece que a Esquerda pretende promover André Ventura. Amor? Interesse? Estupidez?
As vitimas de perseguição, tornam-se fortes, unidas, admiradas. E o seu líder pode, rapidamente, passar a ser um Messias. Deixem André Ventura em paz!
É frequente a alegação de que nas discussões sobre a epidemia em curso há o campo da ciência, e há os outros, os terraplanistas, para simplificar.
As principais equipas que trabalham a evolução da epidemia para apoio à decisão, quer em Portugal quer na generalidade dos outros países, assentam grande parte das suas interpretações na ideia de que não há contágio sem contacto entre pessoas (o que manifestamente é verdade), logo o contacto entre pessoas pode explicar a evolução da epidemia (o que é uma simplificação da primeira ideia na medida em que não temos toda a informação sobre o que é um contacto, do ponto de vista do vírus), logo as medidas tomadas pelos governos que têm efeitos na quantidade de contactos entre pessoas são a principal força de modelação da evolução da epidemia (o que corresponde a um triplo salto mortal encarpado com pirueta atrás para passar da primeira ideia para esta).
Por isso uma das mais eficazes formas de aprendermos a avaliar em que medida a nossa interpretação da evolução da epidemia está a captar a realidade é olhar para as previsões e interpretações feitas sobre os factos, e avaliar em que medida têm adesão à realidade.
A questão não é se a previsão bate certo ou não, só por acaso uma previsão sobre o futuro bate certo, o que interessa é a adesão geral à realidade.
Na última reunião do Infarmed, Manuel Carmo Gomes referiu o exemplo dos Países Baixos como estando a controlar a epidemia através de medidas de controlo dos contactos entre pessoas, mas mal os aligeirou, a curva de casos começou de novo a subir.
Já fiz vários posts em que referi que esta previsão até se revelou razoavelmente acertada nos Países Baixos, mas não noutros países para os quais as circunstâncias são as mesmas, portanto a explicação não parece muito sólida.
Hoje resolvi abordar a questão dentro dos Países Baixos, tirando partido de haver informação geográfica fácil, expressiva e facilmente acessível (a minha vida não é estudar epidemias, gasto um tempo limitado, ainda assim excessivo, com o assunto).
Comecemos pelo gráfico clássico do número de casos, com indicação da média a sete dias, actualizado até ontem.
Agora olhemos para dois mapas correspondendo aos dois picos assinalado no gráfico, o fim de Outubro e a quinzena que acabou a 15 de Dezembro, uma razoável proximidade em relação à subida de número de casos que agora se verifica (seria melhor a semana em que estamos, porque a semana que acaba a 15 de Dezembro ainda corresponde à subida. A seu tempo se aferirá se a hipótese que resulta desta comparação se mantém).
Para mim é claro que existe uma alteração de padrão geográfico de uma quinzena para a outra (a confirmar na próxima quinzena com dados posteriores a 15 de Dezembro).
Se admitirmos que de facto existe uma alteração de padrão geográfico, então as explicações sobre medidas, construídas a partir de modelos que escondem esta diversidade geográfica, tomando o país inteiro como unidade geográfica, talvez sejam simplesmente má ciência, por mais sofisticados que sejam os modelos matemáticos usados.
Os modelos não correspondem a má matemática, longe de mim sequer discutir isso, correspondem a má ciência no sentido em que existe uma escolha arbitrária das unidades geográficas usadas para um fenómeno cuja compreensão é claramente obscurecida por essa escolha arbitrária.
Talvez não seja verdade que de um lado está a ciência e do outro os terraplanistas, talvez estejamos todos do mesmo lado a olhar de forma diferente para a mesma realidade, com as consequências que Descartes descreveu para a opinião que todos temos sobre o nosso bom senso e a falta que faz aos outros terem o nosso bom senso.
Por causa do meu post anterior, apareceu-me alguém a dizer que esperava que eu escrevesse sobre o relatório oficial que reconhece o falhanço da estratégia sueca.
Mais tarde, alguém vai buscar uma declaração do rei sueco sobre a mortalidade deste ano que o Guardian traduziu para uma declaração de crítica à estratégia sueca.
Eu não entro no campeonato destes conseguiram, aqueles não conseguiram, pela simples razão de que o tempo tem vindo a demonstrar que os checos que tinham vencido o vírus com as máscaras afinal apanharam a epidemia mais tarde, que os eslovenos que era o orgulho e exemplo da Europa, afinal apanharam a coisa mais tarde e até os alemães, aqueles organizados que tinham muitas camas e lares fantásticos, afinal estão com uma mortalidade diária (média a sete dias) que é o dobro da da Primavera.
Também não entro no campeonato das explicações para subidas e descidas de incidência porque me lembro de Manuel Carmo Gomes, ou pessoas da equipa dele, a falar de como a abertura das medidas de contenção irlandesas (tenho sempre de ir confirmar que fecharam o país com mortalidades diárias de cinco ou seis pessoas porque de cada vez que escrevo isso não acredito que tenha sido mesmo isso que aconteceu) já estava implicar subidas de casos, o mesmo para os Países Baixos e a República Checa, mas afinal as curvas divergiram, nos Países Baixos voltaram a subir bastante, na República Checa subiram qualquer coisita e na Irlanda continuaram a descer, antes de subir um bocadinho, com grande desfasamento temporal.
Já não falo da explosão de casos que Fauci previa em consequência do Thanksgiving, que na verdade correspondem a uma subida real entre os 20 e os 25%, que mantém a trajectória de subida anterior, sem qualquer ruptura na inclinação da curva (Fauci agora, em vez de avaliar esta previsão catastrófica, diz que o Natal vai ser muito pior). E, já agora, essa subida média dos Estados Unidos esconde a enorme variedade das subidas e descidas, de uns sítios para os outros, como se o Thanksgiving tivesse expressões locais muito marcadas e não fosse, como é, uma festa transversal a toda a nação.
Resumindo, eu não entro nessas guerras das previsões, acho normal que as previsões saiam erradas, o que não acho normal é que se continue a dar credibilidade excessiva a previsões catastróficas que nunca, mas nunca, se verificaram e, por isso, mais uma vez, pubico o gráfico do euromomo desta semana, para dar contexto, usando o único critério sério para fazer comparações, o da mortalidade excessiva.
O tal relatório sueco diz o que diria qualquer relatório com as mesmas características feito em qualquer país, com diferenças de pormenor: o modelo de envelhecimento das nossas sociedades resulta numa concentração de pessoas frágeis, sós e indefesas em estruturas colectivas que respondem mal a ameaças deste tipo (tal como respondem mal à gripe e aos picos de calor, pelo menos em Portugal, nuns países os picos de mortalidade da gripe são muito mais suaves que noutros, e existe também uma grande variabilidade geográfica da incidência).
Numa tradução fajuta feita automaticamente por uma das minhas irmãs, a partir do tal relatório sueco, vale a pena reter estes dois parágrafos, dando desconto à tradução e sem ir muito longe na discussão de alguns números estranhos, como os do Canadá:
"De acordo com um resumo da situação em 26 países, em meados de Junho a proporção de casos de habitação de idosos de todos os óbitos relacionados com a covid-19 na maioria dos países variou entre 35 e 85 por cento (média 47 por cento) Na Suécia, a quota-parte era de 47 por cento, Austrália 31 por cento, Dinamarca 35 por cento, Alemanha 39 por cento, Grã-Bretanha 42 por cento, Finlândia e Estados Unidos 45 por cento, França , Noruega 59 por cento, Irlanda 63 por cento, Bélgica 64 por cento, Espanha 68 por cento e Canadá 85 por cento.
...
Uma versão atualizada da compilação, publicada Outubro de 14 e com base nos dados da segunda metade de Setembro ou mais tarde, mostra que, em média, o falecido em residências de idosos imake aproximadamente a mesma proporção de todas as pessoas que morreram de ou com covid-19: 46 por cento. Em muitos países, a proporção em grande parte inalterada desde junho: na Suécia 46 por cento, Dinamarca 35 por cento, Alemanha 39 por cento, Estados Unidos 41 por cento, Finlândia 42 por cento, Reino Unido 44 porcento, França 46 porcento, Noruega 53 porcento, Irlanda 56 porcento, Bélgica 61 porcento, Espanha 63 porcento e Canadá 80 por cento".
O que é claro é que independentemente das opções tomadas, quer de controlo da prevalência da epidemia na sociedade, quer na defesa dos lares, as taxas de mortalidade em lares - confinamento mais confinamento que esse é difícil de encontrar, só que mesmo esse implica ter pontes com o exterior - são altíssimas e numa banda semelhante (as diferenças de registo podem ter mais influência nas diferenças dos números que a realidade, por isso nem quero discutir cada valor em pormenor).
Como é claro, o que é relevante numa epidemia não é a presença do vírus em pessoas, o que é relevante são as consequências sociais negativas que essa presença pode provocar, a doença e, sobretudo, a morte.
O que se verifica é que os técnicos e os governos não conseguem prever a evolução da doença - o caso da Alemanha é notável porque parece que tinha feito tudo bem na Primavera, e que agora com mais conhecimento sobre a epidemia iria ter melhores resultados e afinal não só não foi assim, como quando reagiu impondo medidas de restrição, isso não se traduziu no controlo da epidemia, mantendo-se o seu crescimento, levando o governo a adoptar agora medidas ainda mais restritivas, embora seja difícil de entender como quem não conseguiu desenhar medidas de contenção, agora já consegue - e que mesmo as estruturas mais protegidas mantêm taxas de mortalidade elevadíssimas, que não desceram da primeira para a segunda época, como se não tivéssemos aprendido nada.
A minha conclusão não vai no sentido de dizer que sei muito mais que esta gente toda e que sei muito melhor o que fazer para conter os efeitos negativos da epidemia, a minha conclusão central, e que gostaria que fosse incluída na discussão de alternativas de decisão, é a de que não sabemos, não é fácil saber, o mais provável é mesmo não conseguirmos estabelecer perímetros de segurança fiáveis e, consequentemente, temos de rever as medidas que andamos a tomar, sem com isso conseguir ter resultados que justifiquem os prejuízos evidentes noutras dimensões sociais para lá do controlo da epidemia.
Há milhões de vírus a circular por aí, há muitos milhões que não têm viabilidade nenhuma mas basta de uma percentagem ínfima consiga atingir hospedeiros potenciais para que a epidemia prossiga.
O que eu aprendi nos fogos é que as estratégias que visam reduzir as ignições não dão resultados visíveis, e que as estratégias úteis se concentram no contexto em que ocorrem as ignições, sabendo que haverá sempre ignições que escapam ao controlo.
Os grandes números da epidemia, nas diferentes geografias, parecem dar sentido à analogia e, se assim fôr, trabalhemos a redução do risco que não tem um preço demasiado elevado, concentremos recursos na redução do risco dos mais frágeis e deixemo-nos desta fantasia de que são as nossas medidas que controlam a evolução da doença.
Aparentemente muitos matemáticos consideram que cada contacto evitado corresponde a uma diminuição da probabilidade de contágio (na verdade são mais os médicos treinados na clínica que dizem isto, os matemáticos, de maneira geral, são mais cautelosos com esta ideia de que cada contacto evitado é um ganho no controlo da epidemia), fazendo muitos modelos neste pressuposto.
Eu, se soubesse matemática para isso, seria tentado a fazer modelos contando mais com o princípio de Pareto no que diz respeito aos contágios (sim, eu sei que há vários matemáticos que desenvolvem também modelos neste pressuposto).
Está em todas. Logo que ocorra o sinistro social, o diferendo político, qualquer questão controversa e lucrativa, ela está lá. Não há repórter que a iguale, há muito ultrapassou os fumados jornalistas do PCP.
Falta-lhe o lugar, que nunca será seu, de funcionária de qualquer agência funerária, - perdão, noticiária - oficial. No resto faz tudo pela vida, pelo escândalo de que sobrevive.
Dizem as más linguas, é tendenciosa. Mentira! Catarina Martins tanto está presente numa casa em ruína como na ruína de uma casa.
... se estivesse a entrevistar outro candidato presidencial que não André Ventura, num programa de entrevistas a candidatos presidenciais, como o de ontem, na RTP?
Faria interrupções constantes e impeditivas de ouvir sequer uma frase? Proclamaria ver contradições em tudo, sobretudo quando elas não estavam lá? Impediria por todos os meios que o entrevistado fosse... entrevistado? Diria que não compreende nada do que está a ser explicado, impedindo-se a ele e aos espectadores de compreender? Exibiria as mesmas expressões patéticas de amuo e bloqueio mental?
Fui ver o que João Adelino Faria fez com outros candidatos, e as entrevistas não se parecem em nada com o que fez. Foi um grande alívio, porque me faz passar em claro qualquer entrevista ou trabalho feito por ele. Compreendi que João Adelino Faria não é um jornalista, nem um entrevistador; é só um pobre homem cheio de medo que a matilha não o queira um dia na Sic ou na Tvi; é apenas mais um candidato ao mundo competitivo dos que [com vénia a JPT] têm como suprema ambição serem os melhores a sentar, rebolar, e dar a patinha ao governo.
A discussão sobre a abordagem sueca da gestão da epidemia é das coisas mais estranhas relacionadas com esta doença, e traduz-se numa discussão sem qualquer sentido que frequentemente o jornalismo traduz nessa dicotomia entre paraíso ou inferno.
O resultado é um imenso ruído sobre se os resultados suecos são muito maus ou muito bons, sobre se se enganaram ou não e por aí fora.
A grande utilidade da Suécia para a discussão da epidemia não está na demonstração de que a sua abordagem dá muito piores ou muito melhores resultados: o que sabemos hoje é que os resultados suecos estão dentro da grande variabilidade de resultados dos países, e seguem o padrão geral de grandes discrepâncias dentro de cada país.
Ou seja, o que a abordagem sueca permite sugerir é que uma ou outra abordagem, do ponto de vista da evolução da epidemia, têm resultados semelhantes, tanto quanto são semelhantes os resultados que comparam diferentes locais.
O que sobra é a questão seguinte: se do ponto de vista da epidemia é igual ao litro uma abordagem ou outra, talvez esteja na altura de centrar a discussão das diferentes abordagens nas outras vertentes da epidemia e dos efeitos das medidas de gestão adoptadas.
Ontem, em primeira instância, a KPMG foi ilibada das coimas que o Banco de Portugal lhe tinha aplicado na sequencia do caso BES.
A Arthur Anderson, num caso semelhante nos Estados Unidos da América (Enron) foi dissolvida.
Já tinha ficado demonstrado que, em Portugal, as empresas de auditoria não servem para nada. Agora, parece que nem um pequeno custo têm, quando deixam passar uma manada de elefantes.
As auditoras parecem o Banco de Portugal e o Estado. São obrigatórias, caras, inimputáveis e pouco úteis. Pelo menos quando falamos de milhões.
Rasteirinha, rasteirinha, à altura da mosca do cocó do cavalo do bandido, a redação da Tvi descobriu hoje que há dois anos um imigrante foi torturado e morto à chegada à Bélgica. «Não é só cá», disse a Tvi, aflita com o ministro e o governo. Um dos assassinos, mais explicou a Tvi, era uma mulher que fez a saudação nazi. Estão a ver que é ainda melhor? Cá os assassinos são todos democratas.
Pronunciou-se hoje ou ontem. Pelo fazer as pazes entre o PS e o BE.
A camarada Marisa (ou Mariza?), obviamente no seu papel, cata votos presidenciais. Fora só isso, nada das suas alocuções tinham de anormal. Mas a questão vai mais além.
Dois pontos: Mariza (ou Marisa) sabe que nunca ganhará (Oh! valha-me Deus, se ganhasse!). Sabe muito mais, coisas esquecidas nas covinhas da sua expressão facial. Sabe, sobretudo, que o BE tem de subsistir. E para isso contribuirão os votos na sua candidatura.
Em suma: depois do arrufo BE/PS importa voltar ao princípio. Quero dizer, à Geringonça.
Ponto segundo: a essa coisa estranha que, com muita habilidade, oferece dez tostões e cobra dez paus (isto para falara na linguagem antiga, sua preferida, em que o dinheiro da UE não mandava), Marisa (ou Mariza) ainda pressiona o impressionável PS. E saberá pô-lo em sentido.
Pobres portugueses, cocainizados pela Esquerda!
Na Igreja do Campo Grande, domingo, cerca das 9,30, os jagunços da polícia, talvez incitados por algum bufo, irrompem pela igreja adentro no momento da consagração, e gritam que todos têm que ir já retirar os carros mal estacionados.
Torturar e matar imigrantes, multar, multar, violar cerimónias religiosas a pretexto de «estacionamento selvagem» (um dia há de chegar a vez dos jogos da Luz ou Alvalade, se o futebol se mostrar crítico). A choldra vai mostrando o sarro na Câmara e no País.
Hoje, no Diário de Noticias, em letras gordas temos “Residentes não habituais custam mais de 600 milhões em benefícios fiscais”.
Em causa, os benefícios fiscais que visam atrair estrangeiros. Atribuindo uma taxa de IRS de 20% aos estrangeiros considerados de alto valor acrescentado e isenção aos reformados que venham para Portugal.
A foco da análise é completamente posto às avessas. Em vez de estudar os enormes benefícios que Portugal colhe com a atração destes estrangeiros, olha-se para o que se perdeu no caso de estes estrangeiros não terem benefícios fiscais. O que nunca aconteceria, porque deixariam de vir estrangeiros e os já instalados iriam embora. Somos simpáticos e temos sol, mas o motivo da existência deste grupo significativo tem exactamente a ver com o facto de terem benefícios fiscais!
Há uma discussão ética que se poderia ter: O roubo de receitas fiscais aos seus países de origem e a sua canalização (IRS de alguns, IVA e consumo de todos) para Portugal.
Mas o que parece importar é apenas a sanha de tentar matar mais uma galinha dos ovos de ouro. Em nome do ódio aos menos desgraçados. Ou simplesmente por estupidez.
O Centeno que agora é do Banco de Portugal, onde avalia o legado do Centeno das Finanças, diz que a queda da economia portuguesa será aí por volta de 8%, e que em 2021 o governo dele -- já sem ele mas que o nomeou para aplaudir, perdão, para avaliar o governo a partir do Banco de Portugal -- o governo dele que já não é dele vai conseguir um crescimento pra cima de 3%, e mais diz o Centeno que o governo dele -- perdão, que já não é onde ele está, mas o nomeou para aquele sítio mais sossegado onde avalia imparcialmente o governo de onde foi -- como dizia, diz o Centeno que o desemprego vai descer à brava e o emprego vai subir à farta.
É tudo muito mais certo e seguro do que o que diz a OCDE e todas as organizações internacionais especializadas, segundo as quais a queda da economia portuguesa ultrapassará os 10%, o crescimento em 2021 não ultrapassará os 1,5%, e o desemprego ainda nem mostrou as desgraças todas. Várias pessoas sérias em Portugal dizem o mesmo. Mas aqui não vale a gente séria; o que vale aqui é o que diz esta malta, sem direito a qualificações de «Dótor» e professor disto ou daquilo, porque a gente finge que não percebe que isto é uma choldra abaixo dos mais baixos qualificativos, mas acha um bocado excessivo tratar esta gente com honrarias e títulos.
O custo do apoio aos Bancos nos últimos 12 anos, pelo Estado, é superior a 21 mil milhões de Euros, se não considerarmos os lucros no apoio ao BCP e BPI.
Quase dois mil Euros por Português, mesmo contando com aqueles que só agora gatinham.Para quem quer ver mais em detalhe, consulte aqui.
Dirão muitos que , com excepção da CGD, é parte do sector privado a falhar. Não há duvidas: há banditismo e má gestão no sector privado, assim como no publico, cooperativo e social. Mas é uma das funções, uma das responsabilidades básicas do Estado proteger os contribuintes desses desvarios. E por isso existe a supervisão, da responsabilidade directa do Banco de Portugal para impedir que os números atinjam níveis tão expressivos e dolorosos. Casos de policia vão sempre ocorrer. Nesta dimensão e numero, só com uma falta de capacidade extraordinária, que é da responsabilidade do Estado, podem acontecer.
O Estado não impediu os pilha galinhas. Nem depois os conseguiu punir.
É pois extraordinário que se continue a aplaudir o alargar dos tentáculos públicos, que tão pouca boa conta de si têm dado.
Com tantos monárquicos a apoiarem entusiasticamente um candidato "presidencialista" (aquele da 4a republica) nas próximas eleições presidenciais (um absurdo total), a minha vida nas redes sociais não vai ser fácil nos próximos tempos. Bem me diziam os meus mestres que a prioridade do movimento deveria centrar-se na doutrina e formação política, em vez da cumplicidade com sentimentalismos e fantasias, sabe Deus com que obscuras origens.
Há cerca de um mês e meio que a Alemanha tomou um conjunto de medidas de contenção da epidemia, mas um mês e meio depois os números, sobretudo da mortalidade, são muito pouco confortáveis (uma média diária de mortos que é o dobro da média da Primavera, sendo evidente a clássica duplicidade de se dizer que quando as populações de lince aumentam isso se deve às políticas de conservação, e quando diminuem isso se deve à escassez de coelho provocada por mais uma doença infecciosa).
Devemos concluir que talvez seja melhor aceitar que as medidas que andamos a tomar não têm os efeitos que lhes atribuímos?
A questão é muito simples: as medidas são boas e funcionam e, se não estão a funcionar, como na Alemanha, é preciso responder à necessidade política urgente de agir, assegurando-se aos eleitores que se morre gente por causa de um vírus, isso seguramente não é responsabilidade dos governos.
Conclusão: aumentamos e aprofundamos as medidas de contenção que não estão a funcionar mas agora vão funcionar.
E ainda há um amigo meu, grande partidário desta lógica de adopção de medidas, que diz que eu é que tenho um pensamento mágico sobre a epidemia.
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Portanto: António Costa aumentou os impostos indir...
Como diz o velho ditado " quem sabe faz quem não s...
Discordo da taxação de heranças. Muitos tiveram vi...