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Fazendo uma avaliação do que o governo tem feito em tempos de crise, vejo muitas ações bem feitas. Começando pelo Lay-off simplificado e pela tentativa de fazer chegar créditos ás empresas.
Vejo também aquilo que aparentam ser manifestações de ódios de estimação absolutamente lamentáveis.
Os sócios gerentes, foram a única categoria profissional, com carreira contributiva, que não beneficiaram de qualquer apoio. Primeiro, de forma total. Depois excluindo, na pratica, quase todos os que tinham funcionários (a quem tiveram que pagar a quota parte do Lay-off de responsabilidade da empresa). Qual a justificação apresentada? Nenhuma. Pelo contrário, foi o governo pródigo em publicitar os apoios que concedeu aos sócios gerentes. Fazendo-o de forma que a população em geral , não percebesse que as limitações de faturação das empresas, excluía todos ou quase todos os pretensamente beneficiados. Uma manobra premeditada de ilusão política. Memorias do PREC, confundindo os sócios gerentes com o grande capital que se tem que perseguir? Votantes considerados perdidos? Embirração pura e simples? Não sei se algum dia iremos saber exatamente. O que ficou claro foi que criadores de emprego, com pouco capital, não merecem consideração do PS, por mais declarações publicas que proclamem o contrario.
É também o caso relativo às rendas comerciais. O Estado obriga estabelecimentos a estar fechados e, ao mesmo tempo, quer que estes paguem a renda de um espaço que não podem utilizar. Os senhorios também não são responsáveis pelo encerramento dos estabelecimentos situados nos seus imóveis. Não seria ao Estado que compete o pagamento das rendas?
A saúde privada é, sem surpresas, outra das vítimas . No inicio da crise, quando o medo que o SNS não fosse capaz, sozinho, de fazer face à pandemia, foi pedido que os privados se preparassem para acolher casos de COVID, fixando-se o mesmo valor comparticipação por doente pensada para os Hospitais públicos.
Quando a Sra. Ministra da Saúde, intuiu que o SNS seria suficiente para fazer face à pandemia, explicou que se tinha tratado de um lapso e que os hospitais privados não iriam ser ressarcidos dos custos que tiveram com os doentes que tinham recebido. Uma vergonha. Em nome do combate aos serviços de saúde privados? Apenas por desonestidade? Para proteger os funcionários públicos, clientes do Privado? Porque razão?
Certo é que, mais uma vez, não há explicação conhecida e razoável.
PS: Em Lisboa e vale do Tejo, se o SNS ficar saturado, quero ver o que vai acontecer se o Privado for necessário.
Ao privado que tenha simultaneamente a propriedade da TAP, de uma companhia aérea no Brasil e de uma companhia aérea nos Estados Unidos não interessa outra coisa senão manter um cubo de roda em Lisboa que alimente e seja alimentado pelos raios que liguem a diversos aeroportos europeus; e que alimente e seja alimentado pelos cubos e os raios das suas companhias nos EUA e no Brasil.
Foi assim que a TAP cresceu em aviões, rotas, pessoal e resultados. E, com cínica mas compreensivel oportunidade, pensou: já que a cegueira dos socialistas e de uns líricos de olhos tapados os obrigou a fingir que «reverteram» a privatização, e a meter o pescoço por prejuízos, vamos aproveitar para investir mais e deixar os lucros para depois. O governo, pela voz tonitruante de Pedro Nuno Santos, resmungou umas coisas e pagou.
Depois veio a pandemia, que colocou a TAP sob ameaça de extinção. Mas, tal como já aconteceu com a Lufthansa e outras companhias importantes para outros interesses nacionais, também a TAP poderia ser salva com uma injecção de dinheiros públicos. Porque quando a pandemia abrandar ou acabar, o turismo e a TAP voltarão a ser muito interessantes e rentáveis.
Estamos, porém, no Portugal socialista, logo, o executivo vai no terceiro mês de hesitação. Acresce, agora, que dois dos principais interessados no incremento do turismo -- a Associação Comercial do Porto e os Empresários de Turismo do Algarve -- querem inviabilizar o empréstimo de 1,2 mil milhões à TAP, a pretexto de que a TAP não gosta de fazer voar aviões vazios para confortar complexos de inferioridade regionais. O gesto, que deveria ficar na história como o mais monumental tiro no pé (sendo que o tiro ao pé é, como se sabe, um dos mais confrangedores exercícios de estupidez), coloca Porto e Algarve em perfeita sintonia com o cérebro fossilizado do socialista Pedro Nuno Santos, o ministro das infraestruturas sem infratestruturas, que sonha gerir a TAP com o rol de aptidões e experiência que vem penosamente demonstrando.
Deste imbroglio, que pode sair caríssimo aos seus promotores e ser fatal à TAP, sobra uma esperança, ténue e difusa: a do fim político de Pedro Nuno Santos, modesto ganho, mas sempre era algum. Pode ser que Santos não empreste, assim se responsabilizando pela extinção da companhia «de bandeira» , e, do mesmo passo tornando supérfluo um novo aeroporto; tendo em conta o seu pelouro, seria curioso isto de um ministro das Infraestruturas que torna dispensáveis as Infraestruturas. Ou então, Santos pode emprestar ainda que continue a não mandar na TAP, como acontece hoje para nossa felicidade e da empresa, mas com grande pesar e crítica dos seus fãs da esquerda alucinada. Ou, então e ainda, o ministro empresta e consegue algum mando, com o qual assumirá a responsabilidade pela reestruturação e o despedimento de vários milhares de pessoas.
Seja como for, e sendo este o Portugal socialista, é bem possível que apesar de um desastre na TAP, o governo, e Santos, e o Porto, e o Algarve, e, por definição, o povo, fiquem, feitas as contas e por fim, muito satisfeitos com solução derradeira de uma companhiazita «pública» e pequenina, deficitária, com 10 ou 12 aviões, a fazer voos semivazios entre Lisboa, Funchal, Terceira, Porto e Faro para glória e pobreza de todos.
Madrid é que deve estar a fazer um esforço para que as gargalhadas não se ouçam cá. Arrasada a TAP pelo socialismo e os tiros no pé, Madrid assumiria prazenteira e lucrativamente o papel de plataforma Europa/América.
"As restrições não se ficam por aqui. As regras para os restaurantes mantêm-se: devem encerrar às 23h00. Os adereços alusivos ao S. João estão proibidos, quer no interior, quer no exterior dos estabelecimentos, e a música está proibida a partir das 21 horas.
Também “as lojas de conveniência, incluindo as que se encontram instaladas nos postos de abastecimento de combustível, têm ordem para fechar às 19 horas”. O comunicado alerta que “estão proibidas as festas particulares”, o “consumo de bebidas alcoólicas na via pública” e “a venda ambulante de comida e bebidas”.
As principais artérias do concelho serão patrulhadas pela PSP, GNR e Polícia Municipal, “durante a noite e madrugada no sentido de evitar ajuntamentos”."
Note-se bem, estáo proibidos os adereços alusivos ao São João e estão proibidas as festas particulares.
Deixem-me usar um exemplo que não tem nenhuma relação directa com a epidemia, embora tenha muitos paralelismos.
Mais uma vez, uma notícia sobre "Um idoso morreu atingido pelas chamas numa queima nuns terrenos agrícolas, em Barcelos. A vítima teria entre 80 e 90 anos."
Todos os anos há vários casos destes.
Alguns existiriam sempre, mas o que dizem algumas das pessoas que mais estudam os fogos, a adopção de uma política proibicionista em relação ao fogo atira as queimadas para fora do controlo social, ou seja, em vez de serem actividades sociais, integradas socialmente e controladas socialmente, as queimadas passam a ser actividades individuais que se fazem pela calada.
E, quando correm mal, não há ninguém para dar uma mão.
A epidemia tem dado livre curso à veia proibicionista que tem o peso que tem em Portugal.
E que peso, a julgar pela tranquilidade a que se assiste quando alguém me proibe de decorar o meu restaurante ou pretende proibir uma festa feita de forma privada, em espaço privado e a que só vai quem quer.
Fecham-se praias à noite, usam-se os meios repressivos do Estado para aplicar regras não escrutinadas que violam direitos constitucionais e, mesmo assim, não se passa nada, vamos todos na carneirada.
Hoje, o Observador faz, ufano, a pre-publicação de um livro de Angela Davis, a quem chama «activista» e «professora universitária». «Activista» quer dizer, na verdade, comunista; professora universitária quer dizer, na verdade, que estudou dois anos durante a década de 1960 numa universidade da RDA, e que agora faz parte do departamento de «estudos feministas» de uma madrassa qualquer da Califórnia. Como ganhou o Prémio Lenine da Paz na década de 1970, o Observador achará, portanto, que é uma intelectual.
Esperam-se novos furos do Observador, como uma nova biografia hagiográfica de Che Guevara ou uma reportagem dos êxitos socialistas de Maduro.
Entretanto, no costumeiro interlúdio anti-Trump, a Tvi indignava-se hoje com o presidente americano, que diz obcecado com a reeleição. Já viram coisa mais invulgar e repulsiva, isso de um político que quer ser reeleito?
Poucos dias depois de identificado o problema sueco da elevada mortalidade em lares de terceira idade, há já muito tempo, os responsáveis suecos diziam que de facto havia um problema, que a Suécia tinha falhado na identificação e gestão do problema e que tinha de trabalhar melhor a relação com os trabalhadores dos lares, muitos dos quais falam, aliás, pouco sueco.
Lá, tal como cá, os trabalhadores dos lares são frequentemente muito pouco qualificados. A diferença maior será que lá há muitos somalis a trabalhar no sector e a sua lingua materna não é o sueco, ao contrário dos trabalhadores dos lares em Portugal, onde também existem muitos trabalhadores pouco qualificados vindos de outros países, mas cuja língua mãe é o português.
Repare-se na diferença para Portugal.
Apenas hoje, meses depois do problema ser o que é, é que a comissária política responsável pelo assunto resolveu dizer que "assim que surge um caso de infeção num lar, as visitas são “de imediato” suspensas, mas que “de facto, muito mais do que as visitas, que têm regras muito específicas”, os trabalhadores são o “grande vetor de entrada” do vírus nos lares ... sublinhando o facto de alguns destes profissionais terem emprego “em mais do que uma instituição."
O mais relevante é que não vi (pode ser que tenha sido dito e não transcrito nas notícias que vi) como tencionam as autoridades lidar com o assunto, tendo em atenção que é nessas circunstâncias que ocorre grande parte da mortalidade. Nem vi a assunção de que alguma coisa tenha corrido mal que seja da responsabilidade das autoridades.
O que sabemos é que para resolver os ajuntamentos com dezenas de pessoas o governo acha óptimo diminuir o número de pessoas que se podem juntar, passando de 20 para 10.
Faz todo o sentido: quando quarenta pessoas se juntam apesar de haver uma restrição que estabelece um máximo de vinte, tenho a certeza de que todos vão achar que se a restrição fosse de dez já não se juntariam os quarenta.
Confesso que estou verdadeiramente cansado desta gestão de expectativas e percepções públicas sem qualquer relação com a substância da gestão de uma epidemia.
O que me irrita mesmo mais é ter uma imprensa inteira domesticada ao ponto de não só achar isto normal, como achar normal que um direito constitucional como o direito de reunião possa ir sendo gerido administrativamente a bel prazer do poder, fundamentando-se no número de infecções em lares e locais de trabalho as restrições de outras actividades que têm pouca relação com isso.
O único caso recente que liga uma festa a um surto é uma história muito mal contada, ao ponto de boa parte dos tais testes positivos dizerem respeito a crianças que não estiveram na festa, ficando eu na dúvida sobre o que leva os responsáveis a saber que a generalidade dos contágios resultam da festa e não de outra coisa qualquer.
Ou também houve festas nos lares de Reguengos, Cinfães ou Caneças?
Muito mais importante que o calendário da liga dos campeões é o do próximo ano lectivo. É nesse campo que se joga o futuro dos nossos filhos.
Para início, o que parece ser verdade: - mais coisa, menos coisa, o Governo de Costa lidou bem com a pandemia. Soube ser prudente e manter o sangue-frio. Disse umas mentiras, aqui e ali, mas o resultado final dos decretados estados de emergência foi francamente positivo.
Faça-se justiça!
Depois Costa percebeu - e bem - que o País não podia parar, urgia saísse de casa e desse andamento adequado à economia nacional. Até aqui, nada que se lhe aponte.
Ainda depois, "marcelou" o estado de calamidade. Foi onde as coisas começaram a correr mal.
Imagino eu: uma multidão citadina enfiada, semanas a fio, nos seus apartamentos. (Felizmente sem vagas de calor ainda.) Essa mesma multidão finalmente liberta, apenas com indicações de precaução...
Repare-se: a doença entrou em Portugal pelo (povoadíssimo) Norte, através de uns desgraçados fabricantes de calçado que foram a uma feira de sapatos em Milão. E durante árduos meses, o Norte era o mal dos males, só ele contabilizava mais doentes do que o todo do País inteiro (continente e ilhas).
No aspecto nacional, a situação inverteu-se completamente. Hoje é a chamada região de Lisboa e Vale do Tejo quem está no cerne das preocupações governamentais. Cujos membros já alvitraram duas explicações para o fenómeno: - a primeira, o problema do operariado da construção civil; - a segunda, aquilo que esses ilustres do Poder dizem ser «focos perfeitamente determinados».
Mentiras. Mentiras que matam.
Desde logo, e para não incorrer em acusações de xenofobia, basta ver a televisão. Os "comandos" da Linha de Sintra atacando a Linha de Cascais, descaradamente, sem máscaras, obrigando a intervenção das forças de segurança; os cercos policiais a uma série de bairros do crime que a Polícia vem fazendo ultimamente. Quem são os envolvidos nessas peripécias?
Depois as "festas" nocturnas. Em Carcavelos, em diversas praias do Norte, em Setúbal, em Lagos, em tantos outros lugares ao longo da nossa costa.
Troquem-se por termos interpretáveis a «construção civil» e os «focos determinados».
E sejamos sinceros:
A rapaziada olhou para os números. Percebeu que a doença dá, na esmagadora maioria dos casos, direito a umas semanas de duolce faire niente em casa. Mesmo os hospitalizados são uma minoria. Os casos mortais, outra minoria, menor ainda, incidindo sobre idades avançadas. E a malta quer é saber de Nikes e Adidas e que se lixem os cotas.
Depois é a propagação da doença. as tais semanas de repouso. E a continuidade do vírus.
Dispenso-me de considerações jurídicas. Dispenso Marcelo, já acredito mais em Costa. Isto é um problema do foro da polícia. Cães na rua, miudagem em casa.
O bom senso seria de alguma utilidade nos meios de comunicação portugueses. Pedro Lima suicidou-se. Não valeria a pena anunciar com trompetas, mas deve ser referido, por ser a causa da notícia, a morte do actor; outra coisa é má informação. À falta de bom senso juntam-se agora, porém, coisas bem mais tristes. As televisões deram notícia comovida do momento acontecido num estúdio de gravação de telenovelas, cujos profissionais decidiram fazer um minuto de silêncio por aquela morte, seguido de um minuto de aplausos. Como homenagem a Pedro Lima pareceu-me inexcedivelmente pobre; como demonstração de vazio religioso, moral e intelectual pareceu-me um momento de excelência (ou «emblemático», como os tontos dizem agora).
Desde o princípio da epidemia que a verdadeira discussão nunca foi entre valorizar ou desvalorizar a epidemia, muito menos enfiar toda a gente que desde o início tem dúvidas no caixote do lixo do "é só uma gripezinha" em que se tentava enfiar toda a gente com dúvidas sobre a estratégia de gestão da epidemia, evitando discutir argumentos.
O que está em casa é a discussão das melhores medidas para gerir uma epidemia.
A esmagadora maioria das pessoas e dos governos, com a Organização Mundial de Saúde à cabeça, entenderam que a melhor maneira de lidar com uma epidemia era evitar contágios a todo o custo e, face à incerteza, que se justificaria adoptar medidas que nunca foram testadas e sobre cuja eficácia existe muito pouca informação empírica de suporte, mesmo que os seus resultados negativos noutros domínios fossem bastante certos e arrasadores.
Dizer que quem tinha - e tem - dúvidas sobre esta abordagem se limita a desvalorizar uma epidemia é tão demagógico como dizer que quem defende esta abordagem desvaloriza totalmente o efeito económico e social negativo associado às medidas de contenção tomadas.
Provavelmente, tirando os extremos de uma posição e de outra, ninguém desvaloriza coisa nenhuma, a dificuldade não parece ser essa, a dificuldade parece ser a racionalização da discussão, necessária, sobre as estratégias possíveis de gestão dos efeitos da epidemia.
É aqui que, mais uma vez, aparecem os argumentos de que isto está a correr muito mal.
Confesso que não entendo o argumento.
É verdade que se olharmos para o número de casos, há sinais preocupantes.
Mas também é verdade que se olharmos para o número de mortes, os sinais são muito diferentes.
O que se vê é uma melhoria muito relevante nas regiões temperadas do hemisfério Norte e uma estabilização no continente americano em que os ganhos da Améria temperada são anulados pelos aumentos na Améria tropical (se olharmos com mais atenção para a América tropical parece ser clara a estabilização que se verificou noutras regiões ao fim de algumas semanas de subida rápida, mas deixemos isso por agora, que é cedo para conclusões).
Estranhamente para mim, vejo pessoas a olhar para a situação na Europa e a afirmar a pés juntos que a sazonalidade da doença não existe, apesar do que se vê no gráfico seguinte que, na pior das hipóteses, dirá que a sazonalidade parece mitigada quando comparada com outras doenças pulmonares.
Se olharmos para o conjunto dos países europeus, até vemos em alguns (Bulgária, Roménia, Portugal, por exemplo) alguns aumentos de casos, mas olhando para os gráficos à direita, esse aumento de casos não se traduz em aumentos de mortalidade (poupem-me ao argumento de que se vão verificar esses aumentos no futuro, em Portugal o aumento ligeiro mas contínuo de casos vem desde o princípio de Maio, já houve tempo para se reflectir em internamento e mortes, coisa que não se verifica nos números, como se vê no zoom que faço para Portugal).
Resumindo, se há hoje mais informação que nos permite dizer que o contágio pelo contacto próximo é mais importante que o contágio indirecto através de superfícies contaminadas, o normal seria irmos adaptando as medidas de gestão a esse conhecimento.
Tal como hoje sabemos que uma boa parte da mortalidade está associada a lares e à cohabitação, e que o confinamento generalizado não impediu a progressão da epidemia nesses meios.
Tal como sabemos que os riscos abaixo dos 60 anos são baixíssimos - existem, como existem muitos outros riscos, mas são manifestamente baixos nesta doença, não muito superiores a muitos dos outros riscos - e portanto as medidas também de se deveriam adaptar, sendo absurdo fechar creches porque há um surto num lar, ou proibir a Volta a Portugal em Viana do Castelo porque há um surto no Algarve ou em Lisboa, etc..
A questão foi muitíssimo bem colocada pelo responsável pela gestão da epidemia na Suécia há algum tempo: não se compreende como nos metemos todos neste confinamento sem termos uma estratégia de saída dele.
O que se passa em Portugal não é que o desconfinamento ou a gestão da epidemia estejam a correr mal, o que se passa em Portugal é que temos uma comissária política a fazer de Directora Geral de Saúde e uns decisores políticos completamente aterrorizados com a hipótese de lhes ser assacada qualquer responsabilidade sobre a mortalidade associada à Covid, mesmo que essa mortalidade esteja hoje completamente dentro da normalidade (e continuará a estar dentro da normalidade sem em vez de três a quatro pessoas, morrerem dez pessoas associadas à covid, por dia).
Como diz José Miguel Roque Martins no post anterior a este, aqui no Corta-Fitas, não se pode admitir que existe uma calamidade e simplesmente pretender que a calamidade não tem consequências, como se não vivêssemos no mundo real em que vivemos, convivendo com a doença e a morte todos os dias, mas sim no mundo de Walt Disney em que um rato como mais de noventa anos, não só anda em pé e fala, como continua na flor da vida, sem nunca ter estado seriamente doente.
O risco zero não existe e a gestão do risco pressupõe uma definição clara da ameaça, o que hoje, vários meses depois do aparecimento da epidemia, já pode ter uma caracterização bem mais rigorosa do que no início e não há nada que nos faça pensar que não podemos conviver com a covid de forma adulta: reconhecendo que existe, reconhecendo que não é grande ameaça para a maioria da população e reconhecendo que podemos melhorar na protecção dos mais frágeis.
A estratégia de proteger os mais frágeis pela supressão dos contágios na generalidade da sociedade, através de medidas radicais de confinamento, falhou, é tempo de abandonar essa fantasia (e já vamos tarde, muito tarde).
Por mais que se queira dizer o contrario, as coisas não estão a correr bem em Lisboa e Vale do Tejo em termos de infecções. Por mais que custe, o aluno exemplar está na lista negra de mais de 10 países da Europa. E não são uma ou outra festa ou a construção civil os responsáveis pelos maus números persistentes.
Tenho lido muitos artigos em que o pessimismo, a nível mundial, com a pandemia é grande. O pior cenário, o de termos que conviver com a pandemia durante alguns anos, até a famosa imunidade de grupo funcionar, está longe de ser uma impossibilidade. Mesmo que a vacina venha a aparecer, existem especialistas que duvidam da sua eficácia relativamente aos mais velhos, exatamente aqueles que mais importa proteger.
A estratégia de evitar infecções parece cada vez mais difícil, sem um novo confinamento geral. Que pelo andar da carruagem poderá ser de anos, o que será difícil de suportar sem morrermos da cura.
E agora?
Fazemos uma cerca sanitária a Lisboa e confinamos? Há alguma bala de prata nova? Ou assumimos que a vida tem que prosseguir, controlando na medida do possível as consequências da infecção?
Com ou sem declarações formais, iremos ver a escolha nos próximos dias . Parece-me que “a saúde em primeiro lugar” irá ter uma interpretação em sentido francamente mais lato.
PS: Quando falamos de calamidades, não é possivel escapar sem consequencias!
Aparentemente, apesar de números de internamentos e mortes perfeitamente dentro do que é normal, o número de casos positivos de covid está a deixar nervosa muita gente, de tal forma que a polícia não tem mãos a medir para acudir às denúncias de festas e ajuntamento ilegais.
Vinha só sugerir aos adeptos das proibições radicais de interacção social que lessem a história da lei seca, incluindo o seu sucesso em matéria de saúde pública, com diminuições expressivas nas doenças de fígado associadas ao consumo de alcool e outros problemas.
Mas percebam bem por que razão se voltou atrás.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
Naquele tempo, disse Jesus aos seus apóstolos: «Não tenhais medo dos homens, pois nada há encoberto que não venha a descobrir-se, nada há oculto que não venha a conhecer-se. O que vos digo às escuras, dizei-o à luz do dia; e o que escutais ao ouvido proclamai-o sobre os telhados. Não temais os que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temei antes Aquele que pode lançar na geena a alma e o corpo. Não se vendem dois passarinhos por uma moeda? E nem um deles cairá por terra sem consentimento do vosso Pai. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Portanto, não temais: valeis muito mais do que todos os passarinhos. A todo aquele que se tiver declarado por Mim diante dos homens, também Eu Me declararei por ele diante do meu Pai que está nos Céus. Mas àquele que Me negar diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu Pai que está nos Céus».
Palavra da salvação.
Eu penso que o festejo protagonizado por 1ª, 2ª e 3ª figura do Estado, por um presidente da Câmara e um presidente de federação a pretexto de que uns jogos da «Champions» vão ser jogados em Lisboa diz muito sobre a 1ª, a 2ª e a 3ª figura de Estado que temos.
Eu penso que os contorcionismos a que a comunicação social portuguesa se entrega para evitar dizer que o actor Pedro Lima se matou diz tudo sobre a comunicação social portuguesa.
Eu penso que o facto de a ministra da Cultura chamar a Pedro Lima «emblemático protagonista» diz mais sobre a ministra do que sobre a área da qual consta que tem o pelouro.
Eu penso que são pobres diabos sem cérebro nem estrutura os que, depois de se entreterem com fábulas sobre um milagre português, se entretêm longamente com estas notícias, sem que no entanto lhes ocorra investigar, avaliar ou noticiar algo do estado do país, das finanças, da economia, do emprego, da saúde, das comunicações, da competitividade, do fisco, do investimento, etc., etc., etc.
Esta crise veio confirmar o fator de maior desigualdade entre os Portugueses, a existência de castas cada vez mais definidas na nossa sociedade. Por um lado temos os funcionários públicos, os “brahmin” (que beneficiam de total segurança) . Depois temos os trabalhadores efetivos de grandes empresas ( que sofrem restruturações e muito ocasionais falências) . A seguir vêm os efetivos das pequenas empresas ( que vão mais facilmente á falência) . Estas são as categorias dos instalados. E finalmente vêm os outros, os precários, ou melhor, os intocáveis ( trabalhadores a prazo, recibos verdes, informais e pequenos empresários), que andam ao sabor de qualquer brisa ou maré. Independentemente do seu rendimento, é a pertença a cada uma destas castas que determina o grau de insegurança e de ansiedade com que cada um vive. E o sofrimento real que qualquer crise económica inflige. Não é por acaso que o PCP insiste tanto no grave problema dos precários. Embora não percebendo que, sermos todos instalados, não é uma opção possível. E que só quando todos formos precários, poderemos, paradoxalmente, deixar de o ser de forma dolorosa.
O desemprego é a maior praga social. E diz a História, que só se garante a sua inexistência com muito menos distorções dos mercados. Não com mais. Infelizmente, a segurança e o bem estar não se atingem por decreto. Em Portugal, temos das legislações laborais mais rígidas da Europa.
Os direitos dos instalados não param de crescer. São os principais beneficiários das novas medidas, a plateia para a qual a classe política mais trabalha, já que são, felizmente, a maioria da população. Tudo isto seria muito positivo, se o bem de uns, não correspondesse a uma maior precarização de todos os outros. E também ao aumento do fosso das desigualdades de rendimentos. Mas é o que acontece. Os direitos de uns, têm que ser pagos pelos impostos e aumentos de custos de todos. E quanto mais impostos e maiores preços, menos consumo, menos emprego, menores salários, menor bem estar.
Curiosamente, numa sociedade mas livre e igual, até os instalados viveriam melhor. Uma verdade constantemente negada pela ortodoxia dominante.
A rigidez dos mercados implica necessariamente menor velocidade dos ajustamentos e saída das crises, que afligem sobretudo os precários e os mais vulneráveis. Mais desempregados, durante mais tempo. Pior é quando enfrentamos uma grande crise como a atual. Nestes casos, não são só os precários que sofrem. Muitos instalados deixam de o ser, caindo na vala comum. Perdendo o estatuto de instalados provavelmente para sempre. Aumentando a proporção de precários. Aumentando as desigualdades e os que mais sofrem.
Um modelo de profunda desigualdade económica e social é o que pretendemos? Não será tempo percebermos que não é possível, que todos sejam instalados? Não seria bom, que todos pudessem estar melhor do que estão?
Por incrível que pareça, depende apenas de nós!
PS: É em momentos como o atual que o Estado tem que intervir socialmente, como aliás tem feito. Esperamos que o excesso de intervenção em tempos de normalidade, não esgote a potencia da sua atuação em alturas de necessidade.
A estratégia de gestão da epidemia, em Portugal, parece ter como objectivo suprimir os contágios.
Não era esta a política definida, o que se pretendia era apenas conter a evolução da epidemia de forma a não sobrecarregar o sistema de saúde, pressupondo-se que essa sobrecarga levaria a uma escassez de cuidados de saúde, o que implicaria um aumento de mortalidade evitável.
Que haveria desenvolvimento da epidemia era consensual, que isso pressionaria os sistemas de saúde era também consensual e que haveria mortalidade também, é assim a vida.
O que se pretenderia era apenas conter a evolução da epidemia de forma a manter a procura de cuidados de saúde dentro da capacidade de resposta do sistema.
Algures, não se sabe muito bem onde - mas pode admitir-se que tenha sido quando o Imperial College, no seu famoso estudo, defendeu que todos os países que pudessem suprimir a epidemia deveriam fazê-lo porque a contenção levaria sempre a uma mortalidade homérica - a política foi alterada e passou-se para uma política de supressão da epidemia.
O resultado é que hoje tratamos cada infectado como um problema que precisa de ser contido através da supressão da cadeia de contágio potencial que lhe possa estar associada, em vez de nos concentrarmos em quem realmente está doente e precisa de cuidados de saúde.
Por isso, quando aparece alguém com sintomas, mesmo que ligeiros, testamos essa pessoa e, se der positivo, desatamos a testar toda a gente à sua volta, família, amigos, colegas de trabalho, companheiros de transportes públicos na medida em que isso for possível e falamos imediatamente em surtos quando aparecem três ou quatro pessoas que testam positivo.
Como a doença parece ser bastante silenciosa na maioria da sua extensão, e estar bastante mais espalhada na comunidade do que se pensou, há uma correlação directa entre o esforço de teste e o número de pessoas que testam positivo.
Não vou falar da famosa festa em Odiáxere - parece-me uma história muito mal contada e infelizmente a imprensa não me ajuda a ter informação sobre o que gostaria de saber - mas vale a pena olhar para o lar em Cinfães.
Uma pessoa apresenta sintomas ligeiros, é testada, dá positivo, e testa-se o lar todo, de utilizadores a trabalhadores, repetindo testes que tinham sido feitos há semanas e tinham dado negativo.
Testar pessoas a eito com testes que apenas dão resultados dentro de uma janela temporal muito pequena tem este efeito de serem completamente inúteis uma semana depois, mas saltemos por cima disso.
É claro que ao testar tudo a eito, numa instituição em que as pessoas co-habitam e forçosamente com contactos próximos entre utilizadores e pessoal de apoio, aparecem mais não sei quantas pessoas que testam positivo e sem nenhum sintoma.
A imprensa repete incessantemente o número de pessoas que testam postivo, raramente dá destaque ao facto da maioria não apresentar qualquer sintoma e prefere destacar a morte de uma pessoa com 92 anos, gravemente doente e cuja condição de saúde se vinha a degradar há semanas, sendo de esperar que morresse nas semanas seguintes, com ou sem covid.
O director do Público conclui, em editorial que houve um desconfinamento acelerado e para responder aos efeitos deste desconfinamento acelerado bastam "palavras duras de aviso, exemplos, mais fiscalização, melhores transportes, mais determinação e, principalmente, deixar de agir com o ar de que não se passa nada".
Como eu não percebi de que forma palavras duras se relacionam com festas no Algarve, surtos em empresas de Lisboa ou bairros periféricos ou poderiam ter evitado a entrada da infecção no lar de Cinfães, tenho uma sugestão mais simples: deixem de andar a perseguir sombras, parem de testar à maluca pessoas saudáveis, evitemos o que for razoável evitar de condições favoráveis ao contágio e concentremo-nos em tratar dos doentes.
Não há qualquer hipótese de suprimir o curso do vírus na sociedade, ele está espalhado, continua a fazer o seu papel de lutar pela sobrevivência dos genes e nós temos de nos adaptar a mais esta doença, que se soma aquelas com que já convivemos todos os dias.
Deixar de viver para evitar a morte sempre foi uma solução muito pouco útil.
Não sou aficionado. Nunca fui a uma tourada. Mas já fiz nascer uma orquestra sinfónica juvenil.
Ontem , um grupo de Cavaleiros, Forcados e Ganadeiros, fez um protesto e anunciou uma data, 27 de Junho, para um protesto em varias localidades, contra o esquecimento total a que a atividade foi votada pela DGS. Antes, já tinham sido alvo de discriminação negativa quanto á taxa de IVA, relativamente a outros espetáculos. Passando a estar equiparada á Pornografia. O que me parece obsceno!
É absolutamente revoltante e arbitrária a prepotência com que alguém decide, o que é cultura e o que não é. O que merece subsidio e o que não merece. O que tem Iva reduzido e o que não tem. O que pode ser exibido em tempos de Covid e o que não pode.
A tauromaquia, das poucas industrias culturais que não recebem qualquer subsidio, talvez por isso mesmo, é perseguida de forma tenaz. Em primeiro lugar por aqueles que se intitulam artistas, mas não convencem o publico a pagar para os ver. Ou, em muitos casos, não conseguem convencer o publico a vê-los, mesmo sem pagar. Em segundo lugar, por aqueles que têm o poder e o desplante de determinar autocraticamente o que é, ou não, bom. Se existe área, em que a dificuldade de alguém poder assumir-se como especialista e técnico, capaz de produzir respostas tecnicamente inquestionáveis, é a cultura.
A política cultural é hoje sectária, uma fonte de discriminação, em nome e em defesa de interesses e erudições duvidosas e sempre questionáveis. Exatamente o contrario do que deveria ser.
Lamentável!
Ps: Também ontem, no Observador, foi publicada a noticia de que um projeto Alemão colocou crianças com pais adotivos pedófilos durante 30 anos. Portugal não tem o monopólio do absurdo.
Os países com as fronteiras fechadas, cada um a consumir o que produz, a fazer férias na sua terra (excepto no Algarve, bem se vê). Por cá vamos reabilitar a União Metalomecânica e passar a andar de UMMs no lugar de VWs.
Esta pandemia é o paraíso dos nacionalismos e dos isolacionistas, o Trump é que tinha razão. Bem dizia no outro dia o Jaime Nogueira Pinto que compreendia muito bem o seu silêncio. Vai tudo correr bem.
A ideia de que em muitas circunstâncias a sociedade terá de pagar os serviços de ecossistema se quiser beneficar deles é uma ideia vulgar, sem ponta de originalidade.
Alguns desses serviços são naturalmente pagos pelos mercados, os chamados serviços de produção (uma síntese da classificação de diferentes serviços de ecossistema pode ser vista num artigo de hoje, do João Paulo Almeida Fernandes, que conheço há muitos, muitos anos, desde que fomos da mesma turma no liceu).
Outros serviços são prestados porque são "sub-produtos" destes serviços de produção e, quando a remuneração da gestão é razoável, o custo da sua produção e gestão acaba por estar incluído no custos dos produtos e serviços que o mercado remunera.
Outros, pelo contrário, deixam de ser prestados quando a remuneração da gestão é mais baixa que o seu custo.
Essa é a questão central na gestão do padrão de fogo, mas é também uma questão relevante, por exemplo, na conservação da biodiversidade: nem sempre a não gestão é preferível para garantir a optimização da biodiversidade.
Há valores que dependem da perturbação dos sistemas (por exemplo, os prados calcáreos com orquídeas) e a não gestão pode gerar mecanismos de retorno desfavoráveis aos valores que se pretendem conservar, como acontece com o atraso que o padrão de fogo que temos provoca na evolução da regeneração natural que resultad do abandono.
Daí a ideia de que a sociedade - o que não é o mesmo que o Estado, mas pode ser também através do Estado - tenha que remunerar a gestão desses serviços se pretender que eles existam no nível que garante esses bens colectivos de utilidade difusa.
Para o que gostaria de chamar a atenção é para um pormenor que frequentemente escapa a quem tem de desenhar estes mecanismos de remuneração colectiva de uma gestão privada da propriedade.
Há muito quem entenda que quem tem um carvalhal maduro deva receber por isso, para estimular a conservação desse carvalhal.
Eu sou absolutamente contra isso: ter um carvalhal, em si, pode não depender das minhas opções de gestão. Se assim for, remunerar a mera detenção de um valor (seja o carvalhal, seja o facto de ter uma espécie raríssima na minha propriedade, seja o que for) é criar uma renda, com interesse para o proprietário, com certeza, mas sem grande valor social.
O que é preciso é pagar o serviço de gestão desses valores, não se tratar de atribuir subsídios às espécies autócontes ou outra coisa qualquer desse tipo, trata-se mesmo de pagar um serviço prestado na medida das opções de gestão do proprietário.
Eu sei que as duas coisas parecem ser a mesma coisa, mas não são.
Num caso eu pago ao proprietário porque ele tem qualquer coisa, independentemente da gestão que faça.
No outro eu defino um resultado (por exemplo, uma determinada carga de combustível num terreno) e pago a quem produzir esse resultado, isto eu, eu pago a gestão contra a entrega do serviço ou produto que a sociedade define como bem colectivo.
É isso que deveríamos estar a fazer em matéria de gestão do território, não é isso que estamos a fazer, portanto lá para 2030 (mais anos, menos ano) teremos, outra vez, uma situação como a de 2017, em matéria de fogos.
Já há cerca de quinze dias que queria escrever sobre a alegria que senti com a decisão do Governo de permitir aumentar o numero de vagas no curso de medicina. Mais recentemente percebi que me tinha precipitado. Li que, afinal, os a ordem dos médicos e as associações de estudantes estão contra. E que a decisão do aumento das vagas é deixada ao critério dos diretores de curso, que já fizeram saber que não iriam aumentar o numero de alunos.
O argumento central é o facto de não existir falta de médicos em Portugal. Ou, mais precisamente, a “ total ausência de necessidade de mais escolas médicas em Portugal, quer privadas ou publicas, que apenas contribuirão para engrossas o numero de médicos sem saída”.
Um escândalo, quando mais um grupo sócio profissional consegue de forma despudorada proteger a sua escassez para aumentar o seu rendimento. O Governo, lá está, não se compromete. Julgar em causa própria, como faz esta e muitas outras classes profissionais ou de interesses, é validado como adequado.
O domínio dos médicos não é apenas patente no ensino publico. Recentemente, foi indeferida a pretensão da Universidade Católica Portuguesa de avançar com um curso de medicina. Os argumentos do indeferimento terão sido técnicos. Mas à motivação de quem fez os pareceres, não terá faltado este afinado sentimento de classe.
Os médicos ( tal como os enfermeiros) serão provavelmente as únicas classes profissionais mal pagas no Estado. O que de nenhuma forma justifica o poder de garantir a lei do funil no acesso á sua profissão. Mesmo que não a usassem, como acontece, para garantir a sua valiosa escassez de mercado.
A conclusão é simples: os Portugueses vão continuar a ser atendidos por médicos espanhóis ou de leste, os estudantes portugueses com possibilidades, sem a media de entrada requerida, vão estudar para o estrangeiro, os estudantes mais pobres, terão que se contentar com outra coisa e os Portugueses do Interior vão continuar sem médicos. E os doentes continuarão a pagar mais do que deviam por uma consulta privada.
Brilhante!
Ps: Nada tenho contra os médicos. Mas os médicos, como provavelmente todos os outros Portugueses, beneficiam de direitos ilegítimos. E essa teia de dezenas ou de centenas de conquistas de grupos de interesses corporativos, que se vão sobrepondo, é um dos grandes pilares da mediocridade do nosso desempenho económico colectivo.
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