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Despeço-me de 2019 renegando o barulho, o primarismo, a alarvice dos «especiais» televisivos, e descansando olhos, ouvidos e alma em A Winter`s Night, um concerto de Sting na catedral de Durham. Tem já 10 anos mas não envelhece. É na RTP, que, além das questiúnculas miseráveis das flores pedrosos desta vida também tem, por vezes, a 2. São duas horas de bom gosto, preparação, estudo, ensaio e generosidade para um espectáculo de encanto. O bom gosto, frágil como é, ameaçado de todos os lados, ostracizado, e a cultura, a genuína, que não é mera arma de arremesso, mostram-se na sua força plena e inexpugnável.
Leitura da Epístola do apóstolo São Paulo aos Colossenses
Irmãos: Como eleitos de Deus, santos e predilectos, revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportai-vos uns aos outros e perdoai-vos mutuamente, se algum tiver razão de queixa contra outro. Tal como o Senhor vos perdoou, assim deveis fazer vós também. Acima de tudo, revesti-vos da caridade, que é o vínculo da perfeição. Reine em vossos corações a paz de Cristo, à qual fostes chamados para formar um só corpo. E vivei em acção de graças. Habite em vós com abundância a palavra de Cristo, para vos instruirdes e aconselhardes uns aos outros com toda a sabedoria; e com salmos, hinos e cânticos inspirados, cantai de todo o coração a Deus a vossa gratidão. E tudo o que fizerdes, por palavras ou por obras, seja tudo em nome do Senhor Jesus, dando graças, por Ele, a Deus Pai. Esposas, sede submissas aos vossos maridos, como convém no Senhor. Maridos, amai as vossas esposas e não as trateis com aspereza. Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo.
Palavra do Senhor.
A frase de título do post é exemplar para explicar os problemas profundos do jornalismo dominante.
A frase está no editorial do Público de hoje, é escrita por Manuel Carvalho (há por lá outros editorialistas que é natural que escrevam coisas destas sem que se justifique qualquer sobressalto por parte dos leitores) que não é propriamente um novato em questões de economia. Aliás, estou convencido de que a frase aparece apenas num automatismo de escrita sobre os activos que se vendem em Portugal, sem ser propriamente uma frase pensada para dizer o que diz.
Só que a frase está tão errada que, aparecer assim, como se fosse normal escrever isto, diz mesmo muito sobre a nossa iliteracia económica: a diminuição do PIB no tempo da troica não corresponde exactamente à destruição de riqueza, mas sim ao mero ajustamento entre economia e finanças no país.
Durante anos, antes da troica, fomos paulatinamente destruindo riqueza, ao mesmo tempo que o endividamento nos permitia disfarçar o que estava a acontecer. Criar dívida é o resultado de se gastar mais que o que se ganha, ou seja, é consumir riqueza, pelo menos temporáriamente. Se essa dívida servir para aumentar activos que depois nos permitem produzir mais riqueza, compensa esse consumo de riqueza temporária, mas se não servir para aumentar a nossa capacidade futura de criar riqueza, então criar dívida é destruir riqueza.
O que se fez, no tempo da troica, foi resolver, parcialmente, os mecanismos de destruição de riqueza que estavam instalados, repondo a nossa capacidade futura de produzir riqueza e pagar dívidas, ou seja, o que se fez no tempo da troica foi parar a destruição de riqueza e lançar as bases para a futura criação de riqueza.
Que, ainda hoje, o editorial do Público, subscrito por Manuel Carvalho, persista em espalhar histórias da carochinha inventadas por destruidores profissionais de riqueza, diz mais sobre a crise da imprensa e os problemas estruturais do país que sobre o tempo da troica.
Não admira por isso que a conclusão geral do editorial seja o reforço do proteccionismo de Estado como solução para Portugal, retomando exactamente a base da destruição de riqueza que nos conduziu à "era da troika".
A EMEL, empresa de estacionamento em Lisboa, é a montra e o cerne exemplar do Estado socialista, preguiçoso, porém ávido; com balcões de atendimento, porém a entender «serviço público» não como serviço aos utentes, mas como serviço de arrecadação do máximo de taxas e coimas que possa sacar aos cidadãos. A EMEL (como o fisco) tem um banco de dados moderno, mas que só consulta para cobrar ou ameaçar. A EMEL tem registo, sabe confirmadamente, tem provas e documentação de que nesta casa não existe 3.º veículo, que era do anterior inquilino e que dele deu baixa há muito tempo e quando devia. Mas a EMEL finge que não sabe, e convida a que se pague os cento e tal euros da terceira viatura. Para não pagar os cento e tal euros da terceira viatura que a EMEL sabe que não existe, é preciso que o cidadão -- que a EMEL vê apenas como potencial vítima a espoliar -- perca horas a deslocar-se até uma chafarica qualquer da EMEL, espere as horas que a EMEL entender na chafarica da EMEL, para que a EMEL conceda cobrar menos uma centena de euros, ou seja, tomar nota dos dados de que já dispunha e cobrar segundo os dados de que já dispunha mas que fingira dolosamente desconhecer.
A EMEL é montra e organização exemplar do Estado socialista: manhosa, insaciável, arcaica, imprestável, indolente e de má fé.
Qualquer pretensão a censura por parte de um cristão a um programa de humor que desrespeite Jesus Cristo, por mais idiota e ofensivo seja, diz mais de si do que do objecto visado. Para mais isso só serve para alimentar o “escândalo”, que um sketch pouco menos que medíocre (segundo o insuspeito Herman José) precisa para transpor da obscuridade para a imerecida ribalta donde será rapidamente despejado pela porta dos fundos para a lixeira do esquecimento. Só vê o programa quem quiser e nós os cristãos há muito que estamos conscientes de que, para alimentarmos e manter viva a nossa espiritualidade, temos de saber mapear um itinerário estético que nos proteja da barulheira niilista que nos rodeia. De resto, enquanto o cristianismo for precepcionado (mesmo que por alguns a contragosto) como elemento fundacional da civilização ocidental liberal e democrática, Jesus Cristo e a Igreja estarão sempre à mercê das mais vis e alarves caricaturas. Não se amofinem os meus amigos, que isso é um baixo preço a pagar por tamanho legado: hoje um Feliz Natal está quase ao alcance da humanidade inteira, e essa revolução, que é fundadora da nossa Pátria, tem mais de 2000 anos (depois de Cristo). Sejamos magnânimos, portanto.
A recente classsificação de Arroios como «bairro mais cool do mundo», ou lá que é, deve ter deixado a Câmara Municipal de Lisboa em tão enlouquecido narcisismo, que se esqueceu em definitivo das suas obrigações quotidianas com a higiene e a boa compostura dos seus bairros. Quem passe de autocarro na Estrada de Benfica pode constatar o abandono a que foi votado o Real Chafariz de Santo António da Convalescença, num vértice do jardim zoológico (o mesmo sucede àquele no largo do Rato e a tantos outros), mas a lista dos pequenos mas flagrantes descasos multiplica-se à medida que se avance cidade afora. Manutenção patrimonial consistente e vigiada simplesmente não existe na autarquia, nem é zelo que se implantasse nas freguesias por si mesmas. E o resultado está à vista, sem que incomode verdadeiramente «as autoridades», a quem é impossível reconhecer um plano de melhoramentos, ao menos nos lugares ditos simbólicos da história antiga de Lisboa (para turista ver).
Quem desça do cemitério do Alto de São João em direcção a Xabregas, ao fim da avenida D. Afonso III encontra um L de muralha que é tudo que resta do forte de Santa Apolónia, hoje entalado entre edifícios residenciais altos que dominam um maravilhoso panorama sobre o rio e a serra da Arrábida lá muito ao fundo. E ao fim da rua que o percorre encontra esta placa toponímica — que há-de parecer bastante pitoresca, very typical indeed, a turista que se aventure por ali, confundida com uma forma absolutamente original de sinalização urbana, quiçá candidata instantânea a qualquer prémio internacional de aparato. Mas só a ele, eventualmente. Um lugar onde por certo há muito tempo não vai ninguém que simplesmente possa ver e mandar fazer o que é tão evidente que tem de ser feito...
Vasco Rosa
Adoração dos Pastores, 1669, Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naqueles dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a terra. Este primeiro recenseamento efectuou-se quando Quirino era governador da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam, chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles e a glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
Palavra da salvação.
Adoração dos Magos (Domingos Sequeira) - 1828.
O milagre do Natal é aquele menino recém-nascido que se projecta feito luz e Amor na nossa História, não para uma família, mas para a humanidade inteira; profecia cumprida da libertação do homem da sua precariedade, Deus feito pessoa para vencer a morte e converter do Mundo à Boa Nova que Ele constitui. Oferecendo paz aos corações atormentados, esperança aos descrentes, conforto aos desamparados, voz aos oprimidos. Talvez por isso, e apesar de tudo, a mensagem do Natal continua actual a ecoar ao fim de dois milénios no coração de tantos pastores e de reis que queremos ser por estes dias, para que também nós acorramos enlevados ao chamamento do anjo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
No dia em que o Homem deixar de se encantar com o milagre da Vida que lhe foi dada está condenado às trevas, à extinção. Por isso é urgente acreditarmos no Natal de Jesus. É uma questão de voda ou de morte.
Um Santo Natal para todos os leitores do Corta-fitas são os meus votos.
Toda a minha vida, que já vai longa, pela altura do Natal me desejaram e eu retribuí de boa fé os votos de "Boas Festas", uma saudação que tenho como cheia de dignidade e bem intencionada. Aqui chegados deparo-me com uma tropa de fariseus a corrigir-me a linguagem, logo a mim que nunca entendi os festejos desta quadra sem ser por causa do nascimento do Salvador.
Recurso-me a que cada minha frase tenha de corresponder a uma declaração de crenças e convicções - e principalmente detesto ser policiado. Não sou vigário mas dispenso que me venham ensinar o Pai Nosso. Para mais as trincheiras, além de serrem insalubres, são lugares onde não cabem muitas pessoas - coisa pouco própria para cristãos.
Sonho de São José. Século XIII. Mosaico no Batistério de São João, em Florença.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus
O nascimento de Jesus deu-se do seguinte modo: Maria, sua Mãe, noiva de José, antes de terem vivido em comum, encontrara-se grávida por virtude do Espírito Santo. Mas José, seu esposo, que era justo e não queria difamá-la, resolveu repudiá-la em segredo. Tinha ele assim pensado, quando lhe apareceu num sonho o Anjo do Senhor, que lhe disse: «José, filho de David, não temas receber Maria, tua esposa, pois o que nela se gerou é fruto do Espírito Santo. Ela dará à luz um Filho e tu pôr-Lhe-ás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados». Tudo isto aconteceu para se cumprir o que o Senhor anunciara por meio do Profeta, que diz: «A Virgem conceberá e dará à luz um Filho, que será chamado ‘Emanuel’, que quer dizer ‘Deus connosco’». Quando despertou do sono, José fez como o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu sua esposa.
Palavra da salvação.
No mural do Facebook de um amigo que manifesta a sua solidariedade para com os seus amigos australianos, a propósito da situação dos fogos, uma australiana responde: " It’s pretty bad. And so many people still denying the links to climate change, including our government".
Não conheço a situação australiana, não sei qual é a relação que é possível estabelecer entre as alterações climáticas e a situação concreta destes fogos e por isso não me passa pela cabeça negar essa ligação.
O que me parece perverso é a facilidade com que se faz a ligação entre estes fogos e o facto de um governo concreto negar a sua ligação às alterações climáticas.
Com ou sem alterações climáticas, os fogos gerem-se gerindo paisagem, gerindo combustíveis, e o padrão de fogo nos países desenvolvidos (tanto quanto sei, que é alguma coisa para Portugal, mas bastante pouco para o resto do mundo, tenho um conhecimento do assunto tipicamente paroquial) tem acompanhado a evolução da paisagem, sobretudo a diminuição da gestão das terras marginais.
Tal como os efeitos destas cheias decorrem mais de opções de gestão do território que de alterações climáticas. O que pode depender de alterações climáticas é a frequência ou dimensão da cheia, agora ter estradas, linhas de comboio ou casas alagadas depende, essencialmente, das opções de traçado das estradas e caminhos de ferro bem como da localização das casas.
Ao passarmos o tempo a atirar responsabilidades para as alterações climáticas, sem mais, o que estamos a fazer é a perder foco na identificação concreta do que podemos fazer, do que se fez no passado e nas responsabilidades que devemos exigir a cada decisor, em cada nível de decisão, incluindo as nossas decisões individuais.
É fácil e cómodo dizer que é o meu governo que nega as alterações climáticas e por isso é responsável pelos fogos que ocorrem, admitir que são os meus padrões de consumo (incluindo, muitas vezes, a minha oposição concreta aos programas de fogo controlado cujo o fumo me incomoda) que determinam o contexto do fogo é bastante mais desconfortável.
O título deste post é um dos lemas da campanha "Fridays for future", de Greta Thundberg, que em Portugal tem vindo ser, em grande medida, promovida e apoiada pela Climáximo, uma espécie de marca comercial do Bloco de Esquerda para a fileira das alterações climáticas.
Aliás, a estrutura de apoio a Greta Thundberg apoiu-se na Zero, na Fridays for Future Portugal e, exactamente, na Climáximo, para organizar a sua passagem por Lisboa, a caminho de Madrid.
Apesar da razoável opacidade da Climáximo, é público que uma das pessoas que mais vezes aparecem associadas à Climáximo é João Camargo, um activista, como agora se diz de quem faz qualquer coisa por causas escolhidas subjectivamente e sem avaliação de resultados da qualquer coisa que se faz, anticapitalista porque não acredita em magia.
Todas estas organizações insistem, e bem, no tal lema do "Unite behind the science" a propósito de alterações climáticas.
O que me parece estranho é que estas organizações - corrigindo, a Zero é de facto uma organização, os outros são colectivos, não gostam de se confundir com a organização -, pelo menos duas delas (não sei o que faz a Fridays for Future, para além de organizar passeios às Sextas-Feiras), em várias outras matérias, como Organismos Geneticamente Modificados, Glifosato, Eucaliptos, etc., passem o tempo a desconsiderar os resultados da ciência com o argumento de que "a academia está toda capturada pelos interesses da indústria".
Aparentemente a Ciência atrás da qual nos devemos unir é como o Natal, é quando um homem quiser.
Este Natal escrevo sobre o óbvio, sobre aquilo que é tão, mas tão, evidente que quase nem vale a pena ser tema. Ou seja, o Presépio. Obviamente não é inspiração minha, mas sim do Papa Francisco que nos dirigiu uma Carta Apostólica para “apoiar a tradição bonita das nossas famílias prepararem o Presépio”.
Talvez deva começar pela Carta. É óbvio que lemos uma Carta sempre que alguém nos escreve. Parece óbvio, mas quantos de nós, a começar por mim, leram, de facto, as Cartas (Exortações Apostólicas, Encíclicas…) que o Papa Francisco nos enviou? Mas não recebemos via CTT! Pois não, mas estão na net e todos nós hoje lemos (quase) tudo on line.
Mas então e o Presépio? Não será óbvio o que é? Ora o Papa Francisco escreveu a lembrar que a palavra significa “manjedoura” e que foi criação de um outro Francisco, o de Assis. Em 1223 numa pequena localidade – Gréccio – em pleno território, hoje, italiano (também na net se pode saber, com fotos e tudo, onde fica exatamente).
Ora o fundador da Ordem dos Frades Menores (também conhecidos por Franciscanos) pediu a um homem de Gréccio que o ajudasse a representar o Menino em Belém. As grutas da região faziam lembrar, a São Francisco, a paisagem de Belém que o próprio conhecera na sua viagem à Terra Santa (sim, já se faziam grandes viagens naqueles tempos!). Assim aconteceu no dia 25 de Dezembro daquele ano: numa gruta lá se encontravam a manjedoura, o boi e o burro. Não havia figuras e o Presépio foi formado pelos muitos que aí se juntaram e o sacerdote celebrou solenemente a Eucaristia sobre a manjedoura.
Quis a imaginação de São Francisco colocar os seus contemporâneos perante aquela que terá sido a realidade que acolheu o nascimento do Menino. Diz-se nos dias hoje que vale mais uma imagem do que mil palavras e assim foi também em 1223. Foi tão forte este gesto criativo que permaneceu pelos séculos seguintes e ainda atualmente se repete. Fomos juntando figuras, paisagens, peças, enfeites, mas lá bem no centro permanecem a manjedoura, o boi e o burro. Para nos lembrar o essencial, o que é óbvio, que Jesus nasceu pobre e que no espaço da “sua gruta” todos somos acolhidos.
Regressemos então ao óbvio, ao back to the basics!
Santo Natal para todos e para cada um!
Há quem celebre a previsão de um excedente no Orçamento de Estado de 2020, «o primeiro da história da democracia».Parece-me essa grande notícia despicienda. O défice que supostamente não existe está apenas escondido, no caos e na mortalidade do Serviço Nacional de Saúde; na insuficiência e apodrecimento dos transportes públicos, comboios, navios, autocarros, eléctricos, Metro; na mediocridade dos serviços públicos e no desprezo pelos utentes; no desprezo por forças armadas e polícias, e pela segurança dos cidadãos; nas carências e insegurança das escolas públicas; nas dívidas do Estado aos próprios organismos que deveria dotar e nos calotes aos privados.
É assim porque «não há dinheiro para tudo», dizem Costa e Centeno. Mas é mentira. Há dinheiro; apenas, ele é gerido por socialistas, mal gerido, com os destinos errados. Não há dinheiro, mas houve-o para a redução para as 35 horas da semana de trabalho do funcionalismo público. Não há dinheiro, mas houve-o para abrir os cofres do Estado aos prejuízos que a TAP possa ter, e para reverter para os contribuintes riscos que estavam entregues a privados. Não há dinheiro mas há-o para contratar dezenas de milhares de novos funcionários. E há dinheiro para novas PPP, talvez sobretudo rodoviárias (um gasto de estimação dos socialistas, que acabam de alterar a legislação sobre o tema para permitir todas as arbitrariedades e evitar o escrutínio). Há dinheiro para aumentos da despesa que são irrisórios para os destinatários, mas bom instrumento de propaganda nos media serventes, embora perenes e pesados no aumento global da despesa fixa.
É o orçamento da continuidade, diz Costa, e, por uma vez, diz bem. É o orçamento da continuidade na cepa torta; do nojo e travão à iniciativa privada, de que a perseguição aos investidores imobiliários e aos proprietários de uma casa são mero exemplo; do facilitismo na educação, apontado a formar ignorantes e conformados; do apetite insaciável do fisco, das ginásticas despudoradas com taxa de inflação, escalões e IRS; da maior carga fiscal de sempre; do aumento dos impostos indirectos que tiram com uma mão e em excesso a esmola concedida com a outra. É o orçamento das taxas que mascaram de virtudes ambientais ou sanitárias o que não passa de rapina. É o orçamento do crescimento anémico e do empobrecimento relativo. É o orçamento das mesmas políticas públicas, as da criação de mais dependentes, do aumento da despesa e da hipoteca do futuro.
É o orçamento da continuidade da geringonça, a continuação do rumo e das políticas do anterior governo, contra o qual, hipócritas, PCP e Bloco protestam agora -- contra as mesmíssimas políticas que subscreveram reiteradamente e por 4 vezes.
O Tribunal de Contas pôs hoje em destaque quanto custa sermos governados por um primeiro-ministro que gere em nome da sua própria sobrevivência, e por tarados de Estaline e Trotsky mascarados de campeões «dos trabalhadores» ou carinhas sorridentes. O Hospital de Vila Franca, administrado e gerido por privados, prestou excelentes serviços aos utentes com poupança de 33 milhões de euros para o Estado. Mas sendo este governo o que é, sendo esta frente popular o que é, servindo como ministra da saúde uma Marta de temível fanatismo e sorriso patético, os utentes podem contar com o que todos os portugueses devem contar da parte dos socialistas e seus aliados extremos: a distribuição equitativa da miséria.
Há quem goste? Pois que vote em mais do mesmo. Há quem se tenha abstido? Pois não venha queixar-se.
Não o faça, nem note sequer que algo está mal vendo esta fotografia tirada à porta da sede do partido socialista nesta segunda-feira, 16 de Dezembro de 2012, pelo meio-dia. Que o leva a pensar que a esta hora um primeiro-ministro ou seu coadjuvante direito, em vez de no ministério, está no sede do partido com aparato policial e abuso do código da estrada que tem parecença com abuso de poder? Por que carga de água supõe que um polícia está inesperadamente na paragem de autocarro para evitar que algum português exaltado se lance a político a entrar em carro topo de gama, quando ele aguarda há muito mais de meia hora por autocarro que horário pendurado ali mesmo lhe indica que virá de 12 em 12 minutos? Será que a polícia serve afinal para proteger as figuras do estado (as do momento eleitoral), em vez de zelar pelos cidadãos? É que ninguém jamais no largo do Rato, apesar duma esquadra na esquina, vê presença policial em lugares susceptíveis de assaltos furtivos. Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. Dizia a tal senhora centenária, que hoje haveria de se envergonhar... Mas que importa isso!!!
Vasco Rosa
O passante saíra do jantar a pesarem-lhe as necessidades fisiológicas que, à passagem pela dita "casa da democracia", decidiu satisfazer. Havia um portão, supostamente de acesso a esses misteriosos automóveis do Poder. Pois foi mesmo ali: umas dezenas de metros entrados, escuridão total, a parede salvífica. Um alívio. E um agente da autoridade a chamá-lo, vindo do cimo da rampa.
O passante foi ter com ele.
O que fez, o que não fez... - Senhor Agente, bem viu, que mais quer que lhe diga? - Desculpas não as pedia, nem de pistola apontada, seria sempre pedi-las à República. Entreolharam-se uns instantes. E o polícia retrocedeu, enfim, desejando correspondidas boas-noites.
Homem são. Decerto conhecedor da malandrice daquele mundo marginal.
Dias volvidos, em pleno areópago, um deputado ao que dizem redundou no termo "vergonha". "Vergonha" para aqui, "vergonha" para lá. Foi então repreendido, severamente repreendido. Não por um guarda, mas por um orangotango. Quero dizer, não por um qualquer senhor, civilizadamente posto nos seus cabelos brancos, de risca aprumada por produtos conformes, - mas por um despenteado símio, descomunal e grotesco, incapaz de se verticalizar na cadeira. A mastigar dizeres "democráticos", em vez de uma banana engasgado na palavra "vergonha". Tivesse penas e outro colorido, lá no poleiro, era um papagaio. O dito deputado - uma espécie de "representante do povo" - proibido estava de usar mais a palavra. Sem apelo nem agravo. Regimentalmente.
Moral da história: o agente da segurança, em horário nocturno, complacente com o respeito que a AR merece; o orangotango, presumivelmente um animal treinável para vigiar - mesmo sem aprender a sentar-se - desgrenhado e bronco, ditatorial, no lazer do seu dia, rosnando a simples cumpridores do seu ofício.
Que vergonha!
João Baptista por Leonardo da Vinci
Evangelho segundo S. Mateus 11, 2-11
Naquele tempo, João Baptista ouviu falar, na prisão, das obras de Cristo e mandou-Lhe dizer pelos discípulos: «És Tu Aquele que há-de vir, ou devemos esperar outro?». Jesus respondeu-lhes: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo». Quando os mensageiros partiram, Jesus começou a falar de João às multidões: «Que fostes ver ao deserto? Uma cana agitada pelo vento? Então que fostes ver? Um homem vestido com roupas delicadas? Mas aqueles que usam roupas delicadas encontram-se nos palácios dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim – Eu vo-lo digo – e mais que profeta. É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».
Da Bíblia Sagrada
Já se entendia muito mal que político profissional envolvido no resgate inviesado de colega de partido (e sabe-se lá do que mais, mas não sejamos má-línguas...) com gravação tornada pública que prova ter dito, e cito, «estou-me a cagar para o segredo de justiça», fosse candidato à chefia do parlamento — eleito com 44 abstenções, talvez um recorde —, primeiríssima sede da democracia. É até amargo pensar que a mesma pessoa se torne, por incapacidade ou ausência do presidente da república, figura máxima do estado... Cargos desta natureza e dignidade devem ser absolutamente reservados a personalidades de alto calibre em carácter e obra feita, por raras que elas sejam ou possam ser. Mas a partir de ontem entende-se muito pior como é que, em vez de ser árbitro e regente das sessões parlamentares, Eduardo Ferro Rodrigues quer ser mais um dos adversários de um deputado cada vez mais incómodo para o seu partido e para o governo dele.
No circo parlamentar, o presidente achou, uma vez mais, que podia fazer o que queria, desta feita a graça de enfiar a sua cabeça dentro da boca de um leão, para colher o forte aplauso dos seus aficcionados geringôncicos. Não sei se sai dessa de maca, mas seria bem merecido...
Vasco Rosa
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> Quem ataca o Jornalismo? A questão é a invers...
Por cá no Rectângulo chamado Portugal :A urgência ...
Acho que não percebeu a substancia do texto...
O jornalismo saiu do papel e da tv e estabeleu-se ...