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"Sobre o novo hotel"

por João-Afonso Machado, em 31.10.19

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É a sensação do momento – um novo hotel, para breve, em Famalicão. Parece que ali para os lados da Avenida do Brasil, em zona comercial próspera, sempre movimentada. Basta atentar nos parques de estacionamento repletos, os automóveis todos alinhadinhos, a lembrar – digo eu – os iates da marina de Vilamoura.

E a maqueta do novo hotel surgiu já nos jornais – um edifício no topo da modernidade, cercado de relva, quiçá de golfe também, piscinas, árvores de um futuro qualquer. Ouvi nas caminhetas, animais mansos e fabulosos – gamos, pavões, suricatas – povoarão e darão movimento e cor à envolvência do hotel. Em suma, a expectativa é grande e a proximidade do Éden parece ainda maior.

Mas (descendo com redobrados cuidados aqueles degraus altos e escorregadios da carreira), vim pensando, a caminho da Rua de Santo António, no nosso ancestral Garantia. Para ali desprezado, uma ruína, os estores como bocas a reclamarem dentista urgente, a pele putrefacta de um leproso. Isto tudo em pleno coração famalicense, como se as síncopes só vitimassem os outros e a alma nada mais fosse além de uma invenção.

Ocorreu-me, seriam umas semanas de incómodo na zona. Mas abria-se um buraco e o aparcamento subterrâneo dos carros ficava assegurado. Aquilo há de dispor de espaço nas traseiras, o bastante para uma piscina coberta, uma sauna e o banho turco, o ginasiozinho e as imprescindíveis massagens. É o spa, a nota fina e actual. Recuperava-se o antigo café ao melhor estilo pós-ante-revivalista e dava-se um jeito nos quartos – aí sim, o cenário tinha de ser substancialmente modificado.

Na velha cozinha – um novo museu culinário. O restaurante panorâmico, tornando o calor, sempre a acelerar. Muito respeito pelos azulejos nas paredes e o mobiliário de há quase cem anos… O resultado: mesmo no centro de Famalicão, a umas jardas da Fundação Cupertino de Miranda, à eterna esquina do nosso mundo inteiro, as tardes sentadas nas esplanadas do espaço pedonal defronte, – o ambiente belle époque de um venerando hotel famalicense. Igualzinho aos que, por aí fora, se apelidam agora hotéis de charme.

Não tenho ilusões: deixaria S. Tiago da Cruz, eu e as minhas canetas de tinta permanente, os meus cachimbos, uns casacos de tweed e a gabardine, e transportar-me-ia do universo britânico para esta sempre mui simpática cidade. Que convida a ler, a escrever, a ouvir o saber das suas gentes. Assim mesmo, sem alguma aspiração ao Nobel da Literatura.

Os meus serões seriam destituídos de Internet e telemóvel. Para qualquer imprevisto, o Garantia disponibilizava aos clientes assim contestatários – um fax; e cognac também. A próxima aventura do Capitão Blacke e do Prof. Mortimore cá decorreria, visto Olrik congeminar roubo audaciosíssimo no Arquivo Municipal.

Isto conversava eu com os meus botões, decerto a caminho de um pastel de nata dos mais belenenses, outro must da nossa praça. A olhar de esguelha o decrépito ex-edifício da CGD, - Muitas galinhas caberiam cá dentro! – disse para comigo, a pensar naquela feirante da caminheta que ouvi jurar a proprietária do fantástico hotel que se avizinha (o tal quase a chegar a Moço Morto) se chama D. Amélia.

Não pode ser verdade. Há de haver confusão. A D. Amélia, quando muito, será a esposa do chefe dessa pandilha.

 

(Da rúbrica Ouvi nas caminhetas, in Opinião Pública de 31.OUT.2019)

O absurdo como normalidade

por henrique pereira dos santos, em 31.10.19

A quantidade de pessoas que acreditam piamente que mais de metade dos 751 deputados do Parlamento Europeu se recusam a salvar gente da morte no Mediterrâneo, sem qualquer dúvida sobre se Marisa Matias e companhia não estarão a contar mal a história, é verdadeiramente inquietante.

Quando boa parte da sociedade, e em grande medida, uma parte informada e ilustrada, admite como normal um absurdo destes, é verdadeiramente inquietante perceber que todas estas pessoas tomam decisões todos os dias, raciocionam sobre a realidade todos os dias, educam os filhos todos os dias, pensando que é possível e normal que mais de metade dos deputados de um parlamento democrático ser constituído por pessoas sem qualquer problema em lidar com a morte dos outros de forma desumana.

Cisne negro

por João Távora, em 30.10.19

“Os Anjos Bons da Nossa Natureza” (Steven Pinker) defende que nós, seres humanos do início do século XXI, somos felizardos, porque vivemos no período da história humana menos violento da História. E tem razão. Historicamente, o nosso tempo é o mais tranquilo da História. Problema? A maioria das pessoas, quando confrontada com este facto, franze o nariz. Não acredita. Da mesma forma que não quer acreditar que vivemos no período histórico mais pacífico da História, a maioria das pessoas não quer acreditar que também vivemos num período marcado pela diminuição assombrosa da pobreza. Não é por acaso que África é neste momento o continente que mais luta pela ‘globalização’.

Armadas com os seus tweets e facebooks tribais, as pessoas não querem saber e recusam saber, e, nesse sentido, estão destinadas a destruir os pilares que nos deram a paz e a prosperidade das últimas décadas: a ordem liberal internacional (as alianças militares e económicas entre as democracias; outros organismos multilaterais) e a globalização (o livre comércio). As tribos da esquerda sempre atacaram o segundo pilar, as tribos da direita estão neste momento a atacar o primeiro. Esta destruição é diária, tweet atrás de tweet, post após post, mês após mês, ano após ano. Se o cisne negro passar na ponte em breve, os pilares aguentarão o peso?

Henrique Raposo no Expresso

 

 

A liberdade portuguesa

por João Távora, em 28.10.19

Veja aqui o registo vídeo do lançamento do livro "A Liberdade Portuguesa", uma antologia de textos dispersos de Henrique Barrilaro Ruas compilada por Vasco Rosa e com prefácio do jornalista Nuno Miguel Guedes publicada sob a chancela Razões Reais da Real Associação de Lisboa. A homenagem ao homem do pensamento e doutrinador monárquico que foi Henrique Barrilaro Ruas teve lugar no dia 17 de Outubro de 2019 no Centro Nacional de Cultura, contou com a apresentação de Augusto Ferreira do Amaral, Guilherme Oliveira Martins e a presença dos Duques de Bragança.

O livro encontra-se apenas disponível para aquisição na sede da Real Associação de Lisboa ou através da internet, aqui

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Domingo

por João Távora, em 27.10.19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, Jesus disse a seguinte parábola para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros: «Dois homens subiram ao templo para orar; um era fariseu e o outro publicano. O fariseu, de pé, orava assim: ‘Meu Deus, dou-Vos graças por não ser como os outros homens, que são ladrões, injustos e adúlteros, nem como este publicano. Jejuo duas vezes por semana e pago o dízimo de todos os meus rendimentos’. O publicano ficou a distância e nem sequer se atrevia a erguer os olhos ao Céu; mas batia no peito e dizia: ‘Meu Deus, tende compaixão de mim, que sou pecador’. Eu vos digo que este desceu justificado para sua casa e o outro não. Porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado».


Palavra da salvação.

O pântano nauseabundo

por João Távora, em 26.10.19

(...) Quem tem filhos na escola pública, (eu tenho três), sabe perfeitamente que é uma espécie de lotaria apanhar um bom professor. E que é uma sorte quando um docente é pontual, assíduo, ou consegue dar toda a matéria prevista. E neste ponto é tão ou mais culpado quem desenha as políticas de educação como os sindicatos, cuja única preocupação é defender sempre o professor em todas as circunstâncias e nunca o aluno. De imediato, os sindicatos viraram o problema para outro lado, porque também há professores agredidos, pedindo mais auxiliares. Recusam-se a olhar para o cerne da questão. Têm os alunos os professores que merecem ou alternam entre os que resistem por amor à profissão e os que nunca deviam ser permitidos dar uma aula que fosse?

Estes dois casos são exemplos de como o Estado falha quando trabalham para os lóbis profissionais, sejam eles professores ou médicos. Grande parte das políticas públicas são direcionadas a classes profissionais e nunca ao cliente final, o cidadão. Vivemos num Estado que insiste em não colocar no centro da sua política o aluno ou o utente. Prefere mil vezes discutir carreiras, salários, reformas e pensões, dotações orçamentais e recursos humanos, do que perceber se está ou não a servir quem deve. E é por isso que passámos os últimos quatro anos a discutir devolução de rendimentos para a Função Pública, fim dos contratos de associação com colégios privados ou o fim das PPP na saúde, em vez de tentar perceber como ter alunos mais bem preparados ou os melhores cuidados médicos para a população.

 

"Sem Perdão" -  João Vieira Pereira no Expresso

Que Ferro, menino!

por João-Afonso Machado, em 25.10.19

Pela primeira vez, na História da III República, o Presidente da AR sucede a si mesmo neste cargo. Em minha opinião porque os seus antecessores, ou por via dos resultados eleitorais, ou mesmo por decoro e desapego, cessaram pacificamente os mandatos respectivos e passaram a pasta.

Apenas Ferro Rodrigues se alapou na cadeira que nada lhe apetece deixar.

Compreende-se. Está ali a morfologia de um ser sentado, um tetradextro. Compreende-se também, estamos definitivamente jacobinizados. E aceita-se: quem melhor do que Ferro Rodrigues para ilustrar a República portuguesa?

Eu quero o Ferro a Chefe de Estado interino: quero a oportunidade de um dia esclarecer alguém de fora - Quem é aquele, assim espreguiçado? - É a segunda figura do Estado republicano... - Ah, e a primeira? É parecida com ele?

 

Uma estranha sensação de Déjà vu

por João Távora, em 25.10.19

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1 - Ontem o jogo em Alvalade mostrou um Sporting bipolar: com um futebol escorreito e quase vistoso, com a bola a chegar com perigo à área do adversário na primeira meia hora, e depois uma equipa extremamente insegura, hesitante, com um meio campo excessivamente permeável e demasiados passes falhados (não há ninguém melhor que Doumbia para fazer o número 6?). Para isso não ajudam nada os sinais que vêm da bancada – os adeptos estão impacientes e intransigentes para com o falhanço. Receio que a recuperação de confiança da equipa ainda demore: tarda uma exibição concludente com o consequente resultado. Aqueles jogadores são capazes de muito mais.

2 - Também não gostei do espectáculo final do topo sul, onde as claques afinal se mantêm impunemente empenhadas, não a apoiar o clube, mas para derrubar revolucionariamente o presidente eleito. O Sporting não pode ser dirigido a partir da rua, muito menos pelas claques - nenhuma instituição sobrevive em permanente sobressalto revolucionário. A direcção também precisa de paz institucional, cumprir o mandato para que foi eleita, de preferência corrigindo os erros cometidos na gestão do futebol profissional. Julgo que não seja preciso um curso superior para entender que, com os maus-tratos dos últimos anos, o que está em jogo é a sobrevivência do Sporting como nós o conhecemos. Temos de por fim a este processo de autofagia. Não somos campeões há 18 anos? Olhem para o Liverpool (e tantos outros históricos da Liga Inglesa).

Publicado originalmente aqui

Joacine ou uma máquina de fazer racistas

por João Távora, em 24.10.19

Não serei a pessoa mais indicada para defender a estética da bandeira nacional que nos legou a revolução republicana mas o ponto não é esse. Admito que talvez se não devesse valorizar este vídeo com um energúmeno a tecer considerações ofensivas sobre os símbolos que a nossa bandeira ostenta – o que de melhor nela se aproveita, porque reflecte a nossa História como comunidade com quase de 900 anos de caminho. Mas o facto é que este discurso, proferido na manifestação que juntou uma multidão de 50 apoiantes (mais ou menos o número de amigos que reúno no meu aniversário no pico de Agosto) de Joacine Katar Moreira em São Bento há dias, é intolerável e deve deixar-nos apreensivos com que o que aí vem em matéria de ruído e distracção com o novo parlamento. Perante afirmações como estas: “uma bandeira que exalta uma determinada forma de encarar o mundo racista e imperialista, (…) falamos das quinas que representam supostamente as chagas de uma determinada entidade que me escuso de referir (…) o império representado pela Esfera Armilar que representa a exaltação da conquista que na perspectiva de milhões e milhões de homens e mulheres assassinados significou destruição da civilização”… depois digam-me que o grande problema em Portugal é André Ventura - que ao lado destes marginais a instigarem o ódio e a fractura afinal é um menino.  

E não, não me parece que haja razões para rir, desconfio que nesta nova legislatura vai ser difícil o bom senso e a moderação fazerem-se ouvir, lá isso vai.

Portugal é meu

por Pedro Picoito, em 21.10.19

O Público, essa folha de couve socialista, dedica hoje dois artigos ao Chega com o único objectivo de me contrariar. Disse eu, no último post, que os novos pequenos partidos não têm programa, têm inimigos. Logo esse arauto do politicamente correcto vem afirmar, mui lesto, que o Chega tem programa, sim senhor: "Portugal é dos Portugueses".

Público, rendido ao marxismo cultural, só não diz que tal programa representa a maior traição à Pátria desde que deixámos de poder cantar "Angola é nossa". Portugal não é dos Portugueses - é meu!  Já cá estou desde que os meus tetravós faziam alheira para fugir à Inquisição, pago os meus impostos (até porque não posso fugir-lhes, ao contrário da Inquisição, excepto se usar um off-shore, e acho mal dar a estrangeiros o trabalho dos nacionais), mas não posso viver em paz no meu país.

Todos sabem porquê: Portugal tem Portugueses a mais. Se eu mandasse, como devia acontecer se Angola fosse nossa, expulsava esses Portugueses que andam por aí como se Portugal fosse deles. Sobretudo os que me irritam. Quase toda a gente que me irrita é portuguesa. O vizinho do 6º Esquerdo? Deportava-o para Moscovo, ao cuidado do Putin. O pessoal que me ultrapassa no trânsito? Iam para Londres, aprender a conduzir antes do Brexit. A malta que não faz a barba, como o André Ventura? Curdistão com eles. Os Super-Dragões? Todos para Barcelona. O Sócrates? Rive Gauche. O Salgado? Trump Tower.

Ficavam só os verdadeiros Portugueses, sobretudo os que não me irritam (um pleonasmo, bem sei). Quer dizer, podiam ficar mais dois ou três para fazer os trabalhos servis, tipo limpar casas de banho ou comentar futebol na TV. Mas controladinhos, se não eles começam a trazer a família e depois querem entrar no Parlamento. Era o fim do mundo. E de Portugal. E do Público, esse ninho de esquerdalhos.

Um território maravilhosamente governado

por henrique pereira dos santos, em 21.10.19

Se bem entendo, temos um secretário de estado adjunto e da administração interna e uma secretária de estado da administração interna, mas não devem ser confundidos com o secretário de estado da descentralização e da administração local, e muito menos com o secretário de estado do ordenamento do território que, naturalmente, não se confunde com o secretário de estado do planeamento nem com o secretário de estado das infra-estruturas, sendo os dois diferentes do secretário de estado da mobilidade, mas também do secretário de estado do desenvolvimento regional, totalmente distinto da secretária de estado da valorização do interior que, em qualquer caso, em momento nenhum pode ser associada ao secretário de estado do desenvolvimento rural.

É agora que o território nacional vai ficar um brinquinho.

Domingo

por João Távora, em 20.10.19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, Jesus disse aos seus discípulos uma parábola sobre a necessidade de orar sempre sem desanimar: «Em certa cidade vivia um juiz que não temia a Deus nem respeitava os homens. Havia naquela cidade uma viúva que vinha ter com ele e lhe dizia: ‘Faz-me justiça contra o meu adversário’. Durante muito tempo ele não quis atendê-la. Mas depois disse consigo: ‘É certo que eu não temo a Deus nem respeito os homens; mas, porque esta viúva me importuna, vou fazer-lhe justiça, para que não venha incomodar-me indefinidamente’». E o Senhor acrescentou: «Escutai o que diz o juiz iníquo!... E Deus não havia de fazer justiça aos seus eleitos, que por Ele clamam dia e noite, e iria fazê-los esperar muito tempo? Eu vos digo que lhes fará justiça bem depressa. Mas quando voltar o Filho do homem, encontrará fé sobre a terra?».


Palavra da salvação.

Henrique Barrilaro Ruas

por João Távora, em 18.10.19

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"Não queremos outra liberdade senão a liberdade portuguesa. Mas também não queremos outro Portugal senão o Portugal dos homens livres. E é ao procurar a práxis desta teoria que aclamamos o Rei".

Henrique Barrilaro Ruas, 1971

Nos dias de hoje em que parece imperar tanto egoísmo e indiferença no que à “coisa pública” diz respeito, é significativo e consolador quando uma pequena organização monárquica (sem quaisquer subsídios ou subvenções) consegue juntar cerca de 100 pessoas numa homenagem a um dos seus maiores vultos. Foi o que aconteceu ontem no Centro Nacional de Cultura no lançamento de “A Liberdade Portuguesa” um livro que reúne uma quantidade de deliciosos textos dispersos do Professor Henrique Barrilaro Ruas. Além dos Duques de Bragança foi particularmente gratificante contar com a presença de Augusto Ferreira do Amaral, Guilherme de Oliveira Martins, do Nuno Miguel Guedes e do Vasco Rosa entre outros tantos bons amigos. O trabalho vai dando pequenos frutos e às vezes é importante relevar esses bons sinais, porque ninguém aguenta só más notícias...

Quem tiver curiosidade pode encontrar uma reportagem detalhada aqui

Barcelona me mata

por Pedro Picoito, em 18.10.19

Sempre desconfiei bastante do nacionalismo catalão. Por um lado, o grande argumento de todos os independentistas que conheci - não quererem pagar as autoestradas da Andaluzia - é uma variante do egoísmo provinciano que gerou Trump, o Brexit e a Liga Norte. Por outro, a independência teria efeitos incalculáveis sobre a democracia espanhola, com uma polarização social e política que poderia pôr em causa o próprio regime.

Mas a gestão da crise por parte de Madrid, que assobia para o ar enquanto o conflito vai subindo de tom, é um exemplo clássico da política de avestruz. Quando 40% dos catalães qurem a independência, não basta dizer que já têm um grau de autonomia único, mandar a polícia para as ruas e esperar que os protestos passem. Não passarão, como dizia a camarada Dolores.  Que fazer?, como diria o camarada Vladimir Ilitch. Não sei. Mas sei que esta Espanha tem que mudar -  ou ainda acaba mal.

Um novo governo, um velho hábito

por henrique pereira dos santos, em 17.10.19

Li com atenção a lista dos novos ministros, mas li com os óculos que me foram fornecidos por este artigo do Observador, sobre os baixos salários em Portugal.

Pedro Gomes Sanches faz umas contas simples sobre a diferença entre o esforço da entidade patronal para pagar um salário decente e a frustração do trabalhador ao ver a indecência do que recebe.

Na vida real, nem sempre as coisas são assim, na verdade há várias maneiras de pagar mais, diminuindo o peso fiscal que pesa sobre os dois, patrão e empregado, transferindo bens materiais para o trabalhador sem que sejam classificados como rendimento, mas é uma maneira globalmente muito ineficiente de remunerar o trabalho.

E foi ao ler a lista dos ministros com estes óculos que reparei que são muito raros os que têm alguma experiência relevante de gestão de uma empresa sua que pague salários (ou outra entidade privada, o dinheiro que o Estado reserva para si pelo trabalho social das IPSS, e de todas as outras organizações do quarto sector, é absolutamente indecoroso, tão indecoroso que o mesmo Estado, querendo pagar poucos aos bolseiros mas por-lhes mais dinheiro no bolso, corta substancialmente na taxação desses pagamentos, fazendo com que as empresas que queiram pagar o mesmo salário líquido a trabalhadores que estejam no sistema científico, tenham de suportar uns 30% a mais que o Estado).

A minha proposta é simples: se gostam de quotas, se querem quotas, se acham que há grupos sociais que precisam que quotas para diminuir a discriminação que sobre eles se exerce, então que estabeleçam uma quota de empresários nos governos, talvez uns 25% já sejam suficientes para ter uma percepção clara dos efeitos desastrosos que a carga fiscal está a ter na coesão social, na competitividade das empresas e nos salários medianos pagos em Portugal.

Já agora, se estas quotas se pudessem estender aos jornalistas, académicos, comentadores e outros ocupantes do espaço público mediático, seria bastante bom.

Portugal dos pequeninos

por Pedro Picoito, em 16.10.19

Não acompanho o entusiasmo generalizado com a multiplicação de pequenos partidos em São Bento. Sim, há muitos eleitores que de outra forma não se sentiriam representados, mas também há um maior tribalismo. Em geral, os pequenos partidos querem ser a voz de uma parte da sociedade contra a outra. Não têm um programa: têm inimigos. São partidos identitários, de causas ou mesmo single issue,  que dispensam a chatice de falar para a maioria e governar para o bem comum (um conceito, de resto, desprezado pelo pós-modernismo reinante, à esquerda e à direita).  Isto é muito claro no caso do PAN ou do Chega, mas também está presente no Livre e na Iniciativa Liberal. Para a IL, todos os outros partidos, do CDS para lá, são "socialistas", o que revela a amplitude da sua visão do mundo. O mesmo se diga do Livre, que invoca como mérito da sua deputada o facto (alheio a qualquer escolha e, portanto, a qualquer mérito) de ser mulher, negra e gaga, sugerindo assim que finalmente estas minorias têm quem as represente no Parlamento. O potencial de tal ideia é infinito, mas adivinho os protestos dos manetas albinos de Sacavém porque o Livre se esqueceu deles. 

A ditadura dos rótulos

por João-Afonso Machado, em 14.10.19

Não conheço o Sr. André Ventura, pelo que não poderei avaliar o seu actual estado de espírito. Eufórico? Ou já a sentir-se intimidado com os rótulos políticos que lhe colam? Aguardemos para ver.

Sei, sim, o Sr. André Ventura é o presente parlamentar que a Esquerda sempre ambicionou (e, às vezes, em tom pedincha, pretendia receber via CDS): embrulhado em tantos rótulos, com um lacinho suástico sobre o todo, o Sr. André Ventura foi transformado nessa espantosa oferenda - um deputado da extrema-direita!!!

(Nós, afinal, andamos sempre a par e passo com as democracias mais evoluídas, as mais ameaçadas!)

E isto tudo porque o Sr. André Ventura um dia, candidato autárquico, resolveu dizer em voz alta o que todos segredam baixinho - há que conter o especial estatuto dos ciganos, que de leis se regem apenas pelos seus costumes e, na sua esmagadora maioria, recusam integrar-se socialmente e constituem contínua causa de afazeres para as forças de segurança.

Nada mais foi preciso. Estava criado o deputado que, para a Esquerda, o PNR infelizmente nunca conseguiu eleger. Outra vez e sempre - também a nós o "populismo" rosna perto e já nos mina!

Sucede que o Sr. André Ventura não é de extrema-direita. Politicamente nada é, aliás, senão um cidadão que resolveu levar aos mais elevados foros parlamentares a linguagem comum dos seus concidadãos. No resto, tem uma deplorável paixão pelo Benfica, mas parece que há mais portugueses partilhando dela. Gosta da velha discussão de café sobre árbitros venais e outros males dos bastidores do futebol. E sobre estas suas fé e ciência escreve livros com a mui erudita Maya. Outra potencial ameaça extremista, se se vier a saber que votou no seu amigo, o Sr. André Ventura.

Uma homenagem a Henrique Barrilaro Ruas

por João Távora, em 14.10.19

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A Real Associação de Lisboa agendou para o próximo dia 17 de Outubro pelas 18:30 o lançamento do livro "A Liberdade Portuguesa", uma antologia de textos dispersos de Henrique Barrilaro Ruas compilada por Vasco Rosa e com prefácio do jornalista Nuno Miguel Guedes publicada sob a nossa chancela Razões Reais. Esta obra, cujo lançamento terá lugar no Centro Nacional de Cultura, no Largo do Picadeiro, nº 10-1º (ao lado do Café No Chiado), constitui uma homenagem ao homem do pensamento e doutrinador monárquico que foi Henrique Barrilaro Ruas e contará com a apresentação de Augusto Ferreira do Amaral, Guilherme Oliveira Martins e a presença dos Duques de Bragança.

Henrique Barrilaro Ruas não foi apenas um dos mais proeminentes pensadores políticos do século XX português, que de forma brilhante fez a síntese entre o Integralismo Lusitano e a Democracia. Distinguiu-se pela incansável militância e efectiva acção política pela monarquia, que teve como apogeu a sua eleição para a Assembleia da República pelas listas da Aliança Democrática. É de João Bigotte Chorão a frase que melhor define a intervenção cívica e cultural deste vulto maior das nossas fileiras: “o ideário monárquico, a fé católica e a ideia de portugalidade”. O seu amor à liberdade manifestou-se na luta contra o centralismo político que não mais deixou de se agigantar desde o século XVIII, e a favor das comunidades e das suas instituições tradicionais – o rei e os municípios - numa perspectiva comunitarista e ecológica, porque intrinsecamente natural e humana. 

O livro poderá ser adquirido aqui ou no local e a entrada é livre.

 

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Domingo

por João Távora, em 13.10.19

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas


Naquele tempo, indo Jesus a caminho de Jerusalém, passava entre a Samaria e a Galileia. Ao entrar numa povoação, vieram ao seu encontro dez leprosos. Conservando-se a distância, disseram em alta voz: «Jesus, Mestre, tem compaixão de nós». Ao vê-los, Jesus disse-lhes: «Ide mostrar-vos aos sacerdotes». E sucedeu que no caminho ficaram limpos da lepra. Um deles, ao ver-se curado, voltou atrás, glorificando a Deus em alta voz, e prostrou-se de rosto em terra aos pés de Jesus, para Lhe agradecer. Era um samaritano. Jesus, tomando a palavra, disse: «Não foram dez os que ficaram curados? Onde estão os outros nove? Não se encontrou quem voltasse para dar glória a Deus senão este estrangeiro?». E disse ao homem: «Levanta-te e segue o teu caminho; a tua fé te salvou».


Palavra da salvação.

Trump não paga a traidores

por Pedro Picoito, em 11.10.19

Não percebo como é que se pode criticar Trump por  - alegadamente - ter abandonado os curdos. Em vez de se preocuparem com aquelas tretas da Ucrânia, a esquerda e os idiotas úteis de direita deviam era ouvi-lo sem a cabeça feita pelo marxismo cultural.  "Os curdos estão a lutar pelo seu território. Eles não nos ajudaram na II Guerra Mundial, na batalha da Normandia, por exemplo. Além disso, gastámos muito dinheiro a ajudá-los com munições, armamento, dinheiro e salários. Mas, dito isto, nós gostamos dos curdos."

Viram? Ele até gosta dos curdos!

E não é fácil gostar dos curdos,  sempre a pedir dinheiro para combater o Daesh... E salários, imaginem, como se estivessem em Detroit. E armas, armas, armas, como se o Médio Orente fosse o Midwest.

Além disso, o que é que os curdos fizeram por nós? Onde é que eles estavam em El Alamo, por exemplo?

Pois.

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