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A vitória de Bolsonaro veio confirmar que há um movimento global de recomposição política e que um certo nacionalismo iliberal, historicamente associado à direita, continua a ganhar votos e eleições um pouco por todo o lado. Vale para Bolsonaro, mas também para Trump, Salvini, a AfD ou, em menor medida, o Brexit. É uma completa ilusão de óptica fora do Ocidente, ou seja, com Putin e Erdogan, herdeiros de nacionalismos imperiais de forte base ideológicaa ou carismática (o czarismo e o estalinismo na Rússia, o Império otomano e Ataturk na Turquia). Os comentadores da direita liberal (vamos simplificar) tendem a culpar a esquerda pelo fenómeno. Não vou bater mais no ceguinho. Mas o que esta direita, mais tarde ou mais cedo, terá de fazer é o esforço intelectual de compreender porque é que também ela está em recuo. Líderes moderados como May ou Merkel parecem acossados pela ala radical dos seus partidos. O centro-direita tradicional perde terreno em Espanha, França, Itália, Inglaterra, Holanda, países escandinavos, EUA, Brasil.
Onde é que falhámos? Onde é que está a voz da direita da liberdade e da responsabilidade individuais, defensora da sociedade aberta mas também da soberania, desconfiada tanto do proteccionismo como do federalismo, avessa a fronteiras fechadas mas não a fronteiras, respeitadora da instituição militar e de que a instituição militar se dê ao respeito, amiga da sociedade civil e do pluralismo político, crítica da engenharia social mas não do Estado social, partidária da economia livre e da regulação económica, favorável à liberdade de imprensa e à liberdade de não ler a imprensa, avessa a causas fracturantes e a confessionalismos, oposta a políticas identitárias e a qualquer desigualdade perante a lei, atenta aos clássicos e à arte moderna não subsidiada?
A culpa não é só do Lula. Churchill venceu Hitler e Reagan o comunismo. Talvez a direita democrática, hoje, tenha a missão histórica de vencer a própria inércia.
Não fui eu, foi uma jornalista empenhada em melhorar o mundo através da imprensa que chamou a este artigo um puxão de orelhas ao Observador.
Agora que a poeira vai assentando, vale a pena perder um ou dois minutos com este estranho artigo em que um senador da imprensa portuguesa puxa as orelhas ao seu antigo jornal por usar de menos a auto-censura, na versão benigna, a censura em relação aos seus cronistas, levando à letra o que está escrito.
David Dinis parte de um princípio: racionalizar e normalizar Bolsonaro é um erro.
Devo dizer que discordo radicalmente deste princípio: eu acho que é útil e bom racionalizar e normalizar todos os discursos políticos (é até uma das virtudes atribuídas a António Costa, a normalização de extremistas como o BE e o PC), o que não significa ceder e normalizar práticas políticas que fragilizem a democracia, isto é, que ponham em causa as regras de respeito pela divergência, a liberdade de opinião, a separação de poderes, a independência do poder judicial e essas minudências. Com esta discordência não vale a pena perder tempo, é normal que quem viva da palavra, como um jornalista, atribua mais valor ao discurso que à prática política.
No que vale a pena perder um minuto é na ideia de que cabe a David Dinis (e, na opinião dele, ao Observador), decidir o que deve ou não ser normalizado no espaço público, isto é, se David Dinis acha que o discurso de alguém é injustificável e inaceitável, então os seus leitores, as pessoas comuns, devem ser poupadas a esse discurso.
Só defende tamanha barbaridade quem acha que os seus leitores não são suficientemente adultos, informados, capazes de filtrar o que ouvem para poderem ser expostos a discursos perigosos.
David Dinis tem tanta certeza no seu juízo do mundo, tem tanta confiança na infalibilidade da sua apreciação política que nem o facto de haver mais de 50 milhões de pessoas dispostas a votar em quem David Dinis considera que espalha o ódio o faz ter dúvidas, ao ponto de achar inaceitável que se tente sequer compreender o que leva 50 milhões de pessoas a votar num candidato como Bolsonaro.
Nem mesmo o facto de David Dinis começar o artigo a lembrar o caminho que levou a Venezuela ao ponto em que está o faz recuar na conclusão absoluta de que os jornais devem é apoiar cegamente os apoiantes do regime venezuelano no Brasil, para evitar normalizar um discurso de ódio, mesmo que com isso contribuam para normalizar a prática venezuelana.
Nada disto mereceria que se perdesse mais que o tempo necessário a ler o artigo, que acho deplorável por normalizar a censura, e acho muito bem que David Dinis o escreva, se é o que pensa, e que o Eco o publique.
No que vale a pena perder mais uns tempos é em perceber que isto que David Dinis escreveu, e que a maioria dos macacos velhos do jornalismo jamais escreveriam por temerem mais a transparência no jornalismo que o discurso de ódio seja de quem for, é a prática reiterada do jornalismo mainstream, que se arroga o direito de ser o porteiro que decide quem entra ou não entra no jogo democrático, procurando confiscar aos eleitores um direito que só a eles pertence.
Depois não se queixem de que os eleitores se revoltem, quer deixando de ligar ao jornalismo e aos jornalistas, quer votando em quem o jornalismo entende que deve ser ostracizado e banido do espaço público, um efeito de boomerang várias vezes repetido que mesmo assim não provoca nenhuma alteração na prática normal dos grandes jornais e televisões.
Por mim, muito mais que o preocupante discurso de Bolsonaro, é o facto de termos uma esmagadora maioria de jornalistas que jamais aceitariam que os factos influenciassem as suas ideias.
O verdadeiro perigo da sua presidência de Bolsonaro é outro: a incapacidade de proporcionar o governo estável e reformista de que o Brasil precisa, e agravar, com isso, a crise do país. É por isso uma tragédia que a direita conservadora e liberal não tenha conseguido protagonizar o movimento de repúdio do PT. Mas porque não conseguiu? Porque essa direita, no Brasil, se descredibilizou, ao colaborar durante anos com o PT e a sua corrupção. A opção de votar Haddad, como percebeu Fernando Henrique Cardoso, teria completado esse descrédito. Mas lá e cá, onde a Lisboa política tentou imitar as eleições brasileiras como a província imita o carnaval, vimos demasiada direita a procurar pateticamente um atestado de “moderação” abraçando o PT. A “moderação”, porém, não é escolher um dos extremos: é recusar essa escolha.
A Ler Rui Ramos na integra aqui
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, quando Jesus ia a sair de Jericó com os discípulos e uma grande multidão, estava um cego, chamado Bartimeu, filho de Timeu, a pedir esmola à beira do caminho. Ao ouvir dizer que era Jesus de Nazaré que passava, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais: «Filho de David, tem piedade de mim». Jesus parou e disse: «Chamai-o». Chamaram então o cego e disseram-lhe: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». O cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus. Jesus per¬guntou-lhe: «Que queres que Eu te faça?». O cego respondeu-Lhe: «Mestre, que eu veja». Jesus disse-lhe: «Vai: a tua fé te salvou». Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho.
Palavra da salvação.
Tomávamos o pequeno-almoço, manhãzinha cedo, em Oldrões, Penafiel. Quando, de súbito, a pastelaria entra em alvoroço: tinha chegado lá o famosíssimo Tino de Rans. (Oldrões e Rans são duas freguesias vizinhas.) Foi um momento de política à séria.
Muitos abraços aos cavalheiros, grande troca de beijos com as senhoras presentes. O cidadão Vitorino da Silva irradia simpatia. Cumprimentei-o efusivamente: - sou um seu eleitor - disse-lhe logo.
(Parece que Tino não acreditou. Mas um parceiro, muito das minhas relações, convenceu-o - eu votei nele para as últimas Presidenciais. Monárquico como nasci, sou, e hei de morrer, só o candidato Vitorino da Silva poderia assegurar um mínimo de respeito e coerência por Portugal nesta desastrosa República. E o Tino obteve o mais fantástico resultado eleitoral, ele sozinho.)
Vinha precavido com a sua lista de assinaturas para a formação de um novo partido que almeja. - Desejo cumprir o meu sonho de ser de deputado à AR, - confessou.
Ora, a sinceridade para mim é tudo. A gente conhece as guerras intestinas nos partidos, quando se trata de formar as listas de candidatos ao cargo. Ninguém quer - mas, em boa verdade, todos querem e se guerreiam por tal. O Tino parte do zero - e ouvi-lo no Parlamento é, ou devia ser, a derradeira esperança dos portugueses da Província, em particular, e do Planeta em geral.
Não sei se foi a Oldrões a pé, ou se regressou de táxi a Rans. Sei que o vi, abracei "com afecto", e seguimos ambos, depois, os nossos caminhos. Trouxe os seus papeis. E com a mesma certeza que mandava um Santana Lopes bugiar, eu subscrevo a petição do Tino. Lembrei Marinho Pinto (cruzes!) e mais cresce em mim a crença no Senhor de Rans. Assim como este se despediu desejando apenas que Deus nos acompanhasse na nossa viagem.
Para que se saiba, nada do que digo é brincadeira ou ironia. Ver e ouvir este homem na AR, deixando sair pela boca fora o que achar não poder ficar calado, seria (será?) um lavar da alma. Há muitos minhotos, trasmontanos e beirões a pensar assim. Oxalá nenhum escândalo superveniente anule a meta do cidadão Vitorino da Silva.
A UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) constatou que há 590 milhões nas despesas que constam nos mapas da Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2019, a menos do que aquilo que Governo diz no relatório do Orçamento e que por isso o défice deveria ser de 0,5%. Portanto se essas despesas lá estivessem como deviam o défice seria maior. O Governo veio dizer que é um "procedimento habitual".
"Um orçamento define tectos máximos de despesa. É porque se furam tectos máximos de despesa que há rectificativos", disse Mário Centeno, que assegura que "em todos os anos, sempre houve um ajustamento face ao que são os mapas das contas sectoriais e os cálculos do total da despesa na administração central e na administração pública".
Pelas palavras do ministro, pode depreender-se que em todos os orçamentos há uma espécie de almofada financeira entre o défice estimado e as despesas constantes nos mapas por sectores.
Isto é, seguindo uma prática já usada em orçamentos anteriores, o Governo está, no cálculo da meta de défice para o próximo ano, a assumir logo à partida que não irá descongelar uma parte substancial das cativações que estão previstas na proposta de OE entregue no parlamento. Em causa estão 590 milhões de euros que, caso viessem a ser descongelados, poderiam, num cenário em que tudo o resto se mantivesse igual, conduzir a um défice de 0,5% em vez dos 0,2% que são apresentados como meta para o próximo ano
O que é que de facto se passa? António Lobo Xavier foi bastante elucidativo sobre este tema na Quadratura do Círculo. Os técnicos da UTAO quando dizem que o saldo orçamental para 2019 é revisto em baixa no montante de 0,3 p.p. do PIB, passando da cifra -0,2% do PIB projetada na POE/2019 para -0,5% do PIB, têm razão.
Quando Mário Centeno diz que o PIB vai ser 0,2%, também tem razão, porque o défice está construido de modo a ser o que as Finanças decidem no fim do ano. Pois as despesas a mais que estão inscritas no OE, são limites, não vinculam a gastos obrigatórios. Portanto o truque de Mário Centeno é inscrever despesas a mais no OE. Despesas discricionárias, que pode não cumprir, e depois se as receitas previstas não se cumprirem Centeno não cumpre as despesas em nome do défice.
"A inscrição de uma despesa não significa a obrigação de gastar aquele montante, significa apenas um limite. Não posso ultrapassar aquele limite, mas não sou obrigado a chegar lá", é o lema de Centeno no que se refere ao OE.
Isto é, os partidos da geringonça estão todos contente com as suas medidas estarem no OE 2019, mas algumas são despesas que Mário Centeno inscreve como teto máximo, mas que se for necessário não concretiza essas despesas que não são obrigatórias. Portanto os ministérios têm verbas inscritas no OE que nada garante que possam usar.
A estatística da execução orçamental é que dita a verdade do OE.
Faltam também receitas nos documentos do OE, segundo Lobo Xavier, logo o Ministro joga com uma carga fiscal que será provavelmente maior, e a despesa inscrita só vai ser usada na medida em que o défice fique nos 0,2% ou menos.
Já agora acrescenta-se outra medida dada à esquerda, mas nem tanto:
Depois de várias declarações a anunciar, nomeadamente de um acordo entre o BE e o Governo, a descida do IVA na cultura de 13% (a taxa intermédia) para 6% (a taxa mínima), a proposta concreta do OE 2019 detalha que esta descida só se aplica ao que for "realizado em recintos fixos de espetáculo de natureza artística". Ou seja se o concerto acontecer num espaço público o IVA mantêm-se a 13%.
O caso de Tancos está para lavar e durar. Não me refiro à comissão parlamentar de inquérito pedida pelo CDS que, como sempre, não há-de apurar absolutamente nada e apenas servirá para os deputados aparecerem uns segundos no Telejornal. Refiro-me à justiça propriamente dita. Para termos uma ideia do que aí vem, basta pensar que o Presidente da República, por uma vez, não disse a primeira coisa que lhe veio à cabeça quando os jornalistas lhe estenderam um microfone. Em visita ao DCIAP, Marcelo "prometeu fazer uma declaração ao país logo que tenha matéria para tal", segundo o Público. Porque, agora que não restam grandes dúvidas de que o ex-Ministro da Defesa sabia da farsa, a questão é saber se o Primeiro-Ministro também sabia. E se a resposta for sim, Costa só tem uma alternativa: a demissão. Nem mais, nem menos. O resto é teatro, e fraquinho.
O facto de a UTAO (Unidade Técnica de Apoio Orçamental) ter constatado que há 590 milhões nas despesas que constam nos mapas da Proposta de Lei do Orçamento de Estado para 2019, do que aquilo que Governo diz no relatório do Orçamento e que por isso o défice deveria ser de 0,5%. O Governo veio dizer que é um "procedimento habitual".
O que é que de facto se passa? António Lobo Xavier foi bastante elucidativo sobre o que este tema. Os técnicos da UTAO dizem que o saldo orçamental para 2019 é revisto em baixa no montante de 0,3 p.p. do PIB, passando da cifra -0,2% do PIB projetada na POE/2019 para -0,5% do PIB. Têm razão.
Quando Mário Centeno diz que o PIB vai ser 0,2%, também tem razão, porque o défice está construido de modo a serem as Finanças que decidem qual será o défice no fim do ano. Pois as despesas a mais que estão inscritas no OE, são limites, não vinculam a gastos obrigatórios. Portanto o truque de Mário Centeno é inscrever despesas a mais no OE. Despesas discricionárias, que pode não cumprir, e depois se as receitas previstas não se cumprirem Centeno não cumpre as despesas em nome do défice.
"A inscrição de uma despesa não significa a obrigação de gastar aquele montante, significa apenas um limite. Não posso ultrapassar aquele limite, mas não sou obrigado a chegar lá", é o lema de Centeno no que se refere ao OE.
Isto é, a geringonça está toda contente com as suas medidas estarem no OE 2019, mas algumas são despesas que Mário Centeno inscreve como teto máximo, mas que se for necessário, essas despesas que não são obrigatórias vai cortá-las. Portanto os ministérios têm verbas inscritas no OE que nada garante que possam usar.
A estatística da execução orçamental é que dita a verdade do OE.
Faltam receitas nos documentos do OE, o Ministro joga com uma carga fiscal que será provavelmente maior, e a despesa inscrita só vai ser usada naquela dimensão.
Hoje, no Jornal das 8 da Tvi, chegou-se a novas profundezas de incompetência e desorientação. Judite de Sousa entrou em directo para anunciar que estava numa situação «absolutamente inédita». E que situação «absolutamente inédita» era essa? Apenas o facto de estar, em directo, a dois metros do candidato Jair Bolsonaro, que dava a última conferência de imprensa antes das eleições presidenciais de domingo no Brasil. Judite estava (tinha ali um furo jornalístico, mesmo), mas, pelos vistos, não sabia nem percebia nada de nada.
Fez Judite de Sousa alguma pergunta?
Não.
Esperou Judite de Sousa que o candidato terminasse e outros fizessem perguntas?
Não
Permitiu, ao menos, Judite de Sousa que se ouvisse o que dizia o candidato?
Não.
De costas para o candidato, falando em surdina, pálida e franzida, queixou-se apenas da sua situação, após o que passou a emissão para uma reportagem da chegada do filho de Bolsonaro, gravada horas atrás, a uma reunião com Paulo Marinho.
Do estúdio, José Alberto Carvalho passou depois a emissão para Victor Moura Pinto, que opinou sobre as hipóteses de Haddah e deu parte de um comício, gravado, do PT.
Estes apontamentos congelados foram sendo acompanhados das imagens de Bolsonaro, a falar em directo e perante Judite (de costas), obviamente sem som.
Em anos de jornalismo e de atenção à profissão este foi, sem dúvida, o momento mais ridículo, incompetente e vergonhoso a que me foi dado assistir. Digo ridículo, incompetência e vergonha porque não posso crer nem por um segundo que se tratasse de enviesamento ou incómodo ideológico -- manifestá-los dessa forma seria demasiado estúpido até para a própria estupidez.
"Entre homofobia e direitos, Cristas preferia não votar. Entre machismo e direitos, Cristas preferia não votar. Entre tortura e direitos, Cristas preferia não votar. Entre racismo e direitos, Cristas preferia não votar. Entre fascismo e democracia, Cristas preferia não votar".
Esta declaração de Mariana Mortágua é um bom exemplo de como a esquerda sectária ajuda a fazer Bolsonaros.
Pega numa posição moderada (certa ou errada é outra discussão) e para a contestar não se argumenta, apenas se empurra Cristas para o extremo que convém à Mariana de forma a legitimar o seu próprio extremismo.
Mariana Mortágua, que não me lembro de fazer uma escolha clara pela Democracia contra candidatos anti-democráticos, por exemplo, na Venezuela (ou em Cuba, onde também existem eleições, peculiares, é certo, mas existem e seriam uma boa oportunidade para Mariana Mortágua se posicionar sempre a favor dos candidatos mais democráticos contra os apoiantes da ditadura mais ortodoxos) vem agora dizer que Cristas não escolhe entre Democracia e fascismo.
A estupidez (peço desculpa, eu sei que não devia usar esta palavra aqui, mas não encontro outra para caracterizar a declaração acima) de pretender que Cristas está a evitar fazer uma escolha entre Democracia e fascismo, fundando essa estupidez numa dicotomia intelectualmente indigente (homofobia/ direitos, machismo/ direitos, tortura/ direitos, racismo/ direitos) para caracterizar o que está em causa nas eleições brasileiras, corresponde ao modus operandi do BE a quem a realidade não interessa nada, apenas o poder.
Por isso o BE não tem adversários, apenas inimigos, sendo natural que os queira esmagar em vez de reconhecer o valor do contraditório para chegar a melhores soluções para os problemas de todos, o princípio fundador da Democracia.
Como demonstração de quem afinal não está interessado na Democracia é uma boa demonstração, mas não é Cristas que fica mais bem definida nessa declaração, é Mariana Mortágua.
O problema é que sao exactamente tolices destas que vão predispondo as pessoas para a guerra de trincheiras que, evidentemente, só interessa aos extremistas como a Mariana e os fascistas.
Vamos ter, no próximo Sábado, mais uma Caminhada Pela Vida. É uma manifestação da sociedade civil que traz para a praça pública as questões da Vida. Da sua concepção até à morte! Não, não é apenas uma manifestação contra o aborto! É um apelo público a que se respeite a Vida dos que são impedidos de nascer, dos que são violentados desde que nascem, dos que querem ter cuidados continuados, dos que querem ter acesso aos cuidados paliativos e dos que querem morrer com dignidade. Avizinham-se eleições (europeias e legislativas) e é por isso o tempo de perguntar aos partidos políticos e aos candidatos a deputados o que vão defender quando forem eleitos. O recente debate parlamentar sobre a eutanásia foi bem elucidativo: os partidos e os seus deputados tomaram posição sobre um assunto que não tinham colocado previamente aos seus eleitores! Mas os que perderam na votação na AR já anunciaram que voltarão a colocar (a debate e votação) a eutanásia no próximo Parlamento. E quais as apostas políticas (e, já gora, orçamentais) quer para os cuidados continuados quer para os cuidados paliativos? Vão continuar apenas os mais ricos com acesso a estas terapêuticas? Importa esclarecer quem vota, ou seja, o povo! Eu estarei nesta Manifestação pois quero ser esclarecido, quer pelos partidos quer pelos candidatos (sim, também por estes, para que não voltemos às falácias das liberdades de voto). É o povo quem mais ordena, ou seja, quem vota!
Só se fala de Cavaco, o ex-presidente em cujas memórias surgem bastas queixas sobre o actual e lamentável primeiro-ministro, esse mesmo primeiro-ministro cujo futuro ele, Cavaco, garantiu ao marcar eleições para um momento em que já não podia dissolver a Assembleia e convocar novas eleições. É um livro acabado de sair, cheio de interessantes bisbilhotices e autojustificações, eu sei... mas as memórias que gostaria de ler, a vida que realmente me intriga é a de Francisco Pinto Balsemão, o magnata da comunicação social. Gostaria, nomeadamente de saber, por que vias e motivações o antigo líder do PSD, o antigo primeiro-ministro, criou uma colecção de orgãos de (digamos assim) informação -- Sic, Expresso, Visão, etc. -- que constituem , hoje, o abono de família da esquerda, e cuja linha editorial consiste, resumidamente, em promover o socialismo cá e em todos os países estrangeiros, calando tudo o que possa diminui-lo ou contrariá-lo, e atacando com notícias verdadeiras e sobretudo falsas todos os adversários ou opositores.
Hoje, a propósito de bombas enviadas para personalidades do Partido Democrata americano, a Sic, depois da reportagem, ouviu o seu correspondente em Washington, Luís Costa Ribas, a quem perguntou se os investigadores já tinham descoberto os autores do atentado. E Ribas, depois de confirmar que os investigadores nada tinham dito ainda, acrescentou que os atentados eram certamente de autoria de apoiantes de Trump. Seguidamente, desesperada com as preferências da maioria do eleitorado brasileiro, a Sic dedicou vários minutos a propaganda pró-Haddad e anti-Bolsonaro. Em resumo: as invenções de um palhaço, seguidas de propaganda pêtista. É a Sic.
No combate aos adversários do socialismo, o Expresso, por seu lado, mostra-se capaz, até, de ir às bruxas, como se vê. E logo após consultar as bruxas, o autor da pecinha faz sobre o seu detestado juiz alguns considerandos meio tontos, cuja fiabilidade vos convido a confrontar com a seriedade e o tom do blog do Supremo Tribunal americano ou com o teor das intervenções reais de Kavanaugh que podem consultar nesta transcrição.
A Visão e o Expresso, sendo semanais, optam por temas de longo prazo. Expresso e Visão (que embora vendida a Delgado, mantém a linha do criador) mostram agora grande nervosismo e atenção ao que chamam fake news (no que os julgo acompanhados por Sic, Público, Tvi, DN, e demais orgãos de desinformação nacionais). «Fake news», na acepção do Expresso e da Visão (e da Sic, e de... etc.) não são notícias falsas,como a tradução faria supor; são, sim, todas as notícias que contrariem a narrativa pró-socialista, politicamente correcta, conformista e conformadora que produzem, e todas as notícias que desmascarem as omissões e os processos da desinformação. As «fake news», nesta curiosa acepção, são emitidas exclusivamente pelos «fassistas» que Expresso e Visão ( e Sic e... etc.) vislumbram em todo o lado. Ou, a contrario: para este tipo de centrais de intoxicação, quando uma jovem brasileira apoiante de Haddad diz que apoiantes de Bolsonaro a agrediram e lhe gravaram uma suástica no pescoço, isso é notícia; quando se descobre que a piquena se automutilou para acusar os eleitores de Bolsonaro, como ficou provado que aconteceu, isso nem é notícia, nem torna fake a «notícia» anterior.
As redacções de Sic, Visão, Expresso, etc. sabem, evidentemente, que este tipo de «jornalismo» abre boas perspectivas de futuro. Por enquanto, abre. Como abriu a Nicolau Santos, o jornalista que previu que «cai(u) a pique» o défice durante o governo de Sócrates -- o qual em vez disso disparou para 11% -- ; ou que proclamou que o «FMI já não vem» -- o qual veio semanas depois-- ; ou que atacou o governo de Passos Coelho com a ajuda de burlões; ou que celebrou vitórias socialistas que só ele vislumbrou. Por suas acções meritórias, Santos ganhou a presidência da Lusa, uma agência de...
O que me traz de volta às memórias. Eu anseio por ler as memórias de Balsemão. Como, porquê e para quê, com que intenções ou desgostos ou benefícios decidiu o Dr. Balsemão constituir e desenvolver a maior e mais zelosa central portuguesa de promoção e defesa do socialismo, contra todos os factos e adversários. Terá sido por gosto, ou por convicção, ou por projecto de poder ou popularidade, ou a contragosto, ou por pragmatismo? Não sei. Gostava de saber. A mim, ter-me-ia dado urticária ou algum outro problema de pele.
Reagan era fascista. Thatcher era fascista. Bush pai era fascista. Bush filho era fascista. Suárez era fascista. Aznar era fascista. Chirac era fascista. Sarkozy era fascista. Freitas do Amaral era fascista. Cavaco era fascista. Sá Carneiro era fascista. Passos Coelho era fascista. Shimon Peres era fascista. Merkel era fascista. De Gaulle era fascista. Nelson Rodrigues era fascista. Vargas Llosa era fascista. Scruton era fascista. Sergio Moro era fascista. Aécio Neves era fascista. Henrique Capriles era fascista. Os Americanos são fascistas. Os brasileiros são fascistas. Os alemães são fascistas. Os austríacos são fascistas. Os húngaros são fascistas. Os italianos são fascistas. Os portugueses do norte são fascistas. Os espanhóis são fascistas, excepto na Catalunha. Bento XVI era fascista. João Paulo II era fascista. Quem pediu a demissão de Maduro era fascista. Quem fugia de Cuba era fascista. Passaram os últimos 50 anos a chamar fascista a toda a gente. Agora que aparecem fascistas a sério, admiram-se por já ninguém lhes ligar nenhuma. Chegou o inverno para os moderados.
Nuno Gonçalo Poças
Cavaco Silva acaba de lançar o II volume das suas memórias com o título “Quinta-feira e outros dias”. Volta a partilhar a sua leitura política das reuniões que teve com os PM Passos Coelho e António Costa. Sobre este último comenta o seguinte: “Retive a ideia de que era um homem pessoalmente simpático e bem-disposto, de sorriso fácil. Um hábil profissional da política, um artista da arte de nunca dizer não aos pedidos que lhe eram apresentados”. O ex-PR salienta uma característica muito evidente (e reconhecida por quase todos ) do atual PM e que é a sua habilidade política; mas acrescenta uma nova abordagem: a arte de nunca dizer não. Nunca tinha encontrado, nos inúmeros comentários políticos que já li desde que Costa chegou a PM, semelhante análise.
Por coincidência, estas revelações de Cavaco Silva acontecem na mesma data em que Helena Roseta se demite de coordenadora do grupo de trabalho sobre Habitação no Parlamento. Para esta deputada, é inaceitável que os socialistas tivessem avançado com novo adiamento da votação dos projectos sobre habitação e arrendamento em negociação há meses na AR. Mais, manifestou o seu desagrado por nunca o grupo parlamentar do PS ter agendado para votação a Lei de Bases da Habitação e que é de sua autoria. Acrescentou ainda que se os socialistas "não conseguem uma maioria para esta votação indiciária, isso não pode ser motivo para uma nova suspensão". Os temas habitação e arrendamento são, talvez, dos mais quentes e delicados entre os partidos da geringoça. A título de exemplo recorde-se o que se passou com o “caso” Robles e o que agora acontece com o Alojamento Local da Casa do Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Aparentemente, é muito difícil a conciliação de posições e por isso é necessária grande habilidade política. É aqui, também, que entra o comentário de Cavaco Silva, ou seja, o PS de António Costa tem conseguido a arte de não dizer não aos seus parceiros de esquerda e, por isso, adiou, uma vez mais, uma decisão. Também não disse não a Helena Roseta e como também Costa não disse ao ex-PR que não apresentava um acordo por escrito para a governação. Tudo isto lembra os orientais que, numa negociação, se esforçam sempre por “não perder a face”. Por outras palavras, a habilidade está, de facto, em nunca dizer não, mas voltar, sempre, a negociar até que se chegue a um acordo. Para tal é necessário engenho e arte e, sobretudo, muita paciência (a vulgarmente chamada “paciência de chinês”). Atente-se também com o que se passa com os enfermeiros e os professores quanto às suas carreiras e atualizações salariais: o Governo de António Costa nunca diz não e sempre que há uma greve ou manifestação aparece sempre um ministro ou secretário de estado a marcar nova reunião. Esta tática leva a exaustão (quase ao desespero) os parceiros de negociação e a um ponto tal que os sindicatos já perderam os combates na praça pública. Outro exemplo recente é o do ministro Vieira da Silva que nunca disse não à despenalização das reformas antecipadas para os trabalhadores com 40 anos de descontos para a Segurança Social, mas…
Em resultado desta habilidade política, o PCP e o BE foram totalmente “enfiados no bolso” de António Costa e, apesar do folclore dos últimos meses, rapidamente anunciaram a sua votação favorável ao OE. Helena Roseta que não é militante do PS e que não é dada a negociações é que não embarcou nesta encenação e demitiu-se citando Miguel Torga: “o que me resta é o terrível poder de recusar”. Valeu-lhe de nada pois hoje mesmo o grupo parlamentar não só aceitou a demissão como também a retirou do já citado grupo de trabalho. Aliás, outra característica do poder socialista: quem empata tem de ser desempatado e posto fora do caminho.
Não paro de me espantar com o facto de tanta gente descobrir agora que os boatos são um instrumento de combate político.
Não recuando a 1314, quando Jacques de Molay foi queimado por Filipe, o Belo, com base em boatos, posso exemplificar com esta magnífica capa do Público, no auge da contestação ao Governo de Passos Coelho, anunciando o decréscimo do PIB de 5,3 para o ano de 2013 (na realidade foi de 1,13%) com base numas contas malucas e completamente absurdas.
Também poderia usar a altura em que os jornais anunciavam que Bruxelas estava já a negociar um segundo resgate a Portugal e Catarina Martins garantia que o governo negociou às escondidas um segundo programa de resgate, por volta de 2013 como exemplos da utilização de boatos (agora pomposamente chamados fake news) na luta política.
Mas prefiro usar, com autorização da autora, este texto, por ser mais neutro politicamente mas ilustrar muito bem como tendemos a achar que se for a favor de valoresa mais altos, estamos quase sempre dispostos a prescindir dos factos e do estudo para reafirmar as nossas convicções.
"É só para avisar que:
1 - não dei autorização para que o meu nome constasse de uma providência cautelar contra as dragagens na barra e canal Norte (e não no estuário como andam a fazer crer) do porto de Setúbal;
2 - não tenho nada contra estas dragagens que não correspondem a criar um canal novo (nem um porto) dado que canal e porto já existem há bastantes anos e têm bastante importância económica, e inclusivamente acho que são necessárias, até por questões de segurança, tão necessárias que quando foi estabelecido o Parque Marinho e no Plano de Ordenamento do Parque são tidas em conta;
3 - não é verdade que as dragagens afectem as praias do Portinho, a areia que saiu das praias está na baía do portinho e numa zona entre a pedra da Anicha e a restinga da Figueirinha (informação que me deu o Clube da Arrábida e que resulta de um estudo feito pela DGEG);
4 - tenho em muito boa conta os conhecimentos técnicos da equipa que estudou os impactes sobre os golfinhos e que irá acompanhar a execução das dragagens (e não é por um dos membros dessa equipa ser meu primo direito, é mesmo porque anda a estudar os golfinhos do Sado há mas de 30 anos);
5 - há uns anos (1998/1999) coordenei um estudo que analisou várias possibilidades de desenvolvimento do porto de Setúbal e que previa dragagens superiores às que estão agora previstas sem que tivessem sido detectados impactes significativos sobre as praias e sobre os golfinhos (e outros), até porque o estudo não tendo um AIA formal analisou os impactes dos vários cenários de desenvolvimento;
6 - não vou discutir o assunto aqui, poderei dar elementos a quem quiser e participar num debate sobre o assunto se acharem que é útil e por conseguinte apagarei todos os comentários que considerar como desinformação, até porque cada vez tenho menos paciência para manipulação de informação e a propósito acrescento que o projecto foi sujeito a AIA (que teve uma consulta pública em que quem tivesse alguma coisa a dizer deveria ter participado) e cujo processo está aqui http://siaia.apambiente.pt/AIA1.aspx?ID=2942, com informação bastante detalhada sobre o assunto."
Que a generalidade do movimento ambientalista (de que aliás faço parte, embora uma parte minoritária) deixou há muito de se fundamentar no pensamento científico para abraçar ferverosamente o pensamento mágico e as teorias de conspiração (a religião anti-eucalipto, que nenhum dos investigadores que conheço e que estudaram o assunto subscrevem, sem que isso cause a menor perturbação no movimento anbientalista, é um bom exemplo), é um dado conhecido e adquirido.
Que as empresas, neste caso turísticas associadas ao estuário do sado, prefiram deixar de lado a fundamentação das posições que apoiam por razões de comunicação, é mais preocupante.
Que a generalidade da imprensa desistiu de avaliar os factos para transmitir posições, é também bastante comum.
Não admira que, ao fim de algum tempo com toda a gente a aceitar mentiretas e pequenas ou grandes manipulações em troca da defesa de valores maiores e das boas causas que apoiamos, acabe por irromper alguém que usa o mesmo método para se evidenciar politicamente.
Como terá dito Madeleine Albright (citação em terceira mão, não verificada): ""O fascismo cresce onde as pessoas são convencidas de que toda a gente mente".
E neste tempo são aos milhões as pessoas que aceitam facilmente mentiras ou aderem a causas sem verificar factos ou estudar os assuntos, contribuindo para este ambiente malsão em que todos achamos que todos mentem.
Não, não é uma montagem! Nem fake news. Apenas uma sondagem!
Esta esquerda, que há muito se habituou a condicionar as cabeças e os corações dos eleitores, controla o léxico da comunicação, continuando a distribuir qualificativos destinados a acordar fantasmas de tiranias passadas (só as "fascistas") e a toldar a dura realidade das presentes tiranias. Mas se ainda domina nos grandes media, na Academia e até nas Artes, perdeu o domínio do povo. E é isso que lhe dói: deixar de controlar o que deve ouvir, ver, pensar e escolher "o povo".
A Ler o artigo de Jailme Nogueira Pinto aqui no Diário de Notícias
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos
Naquele tempo, Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se de Jesus e disseram-Lhe: «Mestre, nós queremos que nos faças o que Te vamos pedir». Jesus respondeu-lhes: «Que quereis que vos faça?». Eles responderam: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o baptismo com que Eu vou ser baptizado?». Eles responderam-Lhe: «Podemos». Então Jesus disse-lhes: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis baptizados com o baptismo com que Eu vou ser baptizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado». Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
Palavra da salvação.
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