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A estupidez pode ser uma fatalidade, mas a ignorância é uma escolha

por henrique pereira dos santos, em 09.08.18

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Gonçalo Elias resumiu bem a simplicidade que é usada na discussão sobre fogos e, na verdade, o modelo pode ser aplicado em muitas outras situações.

Vem isto a propósito de uma ideia que Miguel Sousa Tavares terá difundido e que muita gente, incluindo uma série de jornalistas, repetem frequentemente a propósito do fogo de Monchique: aquilo arde tudo porque 70% (nas versões aproximadas), 73% (nas versóes rigorosas), do concelho é eucalipto.

Não é preciso conhecer Monchique para saber que esta percentagem de ocupação por um tipo de povoamento florestal é, com certeza, fantasiosa.

Mas ainda assim, repete-se, repete-se, repete-se, como se fosse um facto.

O estranho disto tudo não é Miguel Sousa Tavares dizer isto, a sua relação aberta com os factos é do domínio público e traz bastante sal e pimenta para o seu comentário político, sempre muito saboroso.

O estranho é a quantidade de pessoas razoáveis e preocupadas em manter-se dentro dos limites da realidade nas discussões, bem como a quantidade de jornalistas e afins que repetem isto sem fazer o que me parece mais evidente: verificar os números.

Eu recorri o Nuno Gracinhas Guiomar (uma fonte inesgotável de informação fiável em matéria de ocupação do solo, fogos florestais e outras coisas mais) porque era mais fácil para mim, mas qualquer pessoa facilmente encontra dos dados da ocupação do solo do país, incluindo análises de transição que permitem saber como tem evoluído essa ocupação do solo, o que aumentou e diminuiu, e esses pormenores que permitem discussões um bocadinho mais rigorosas sobre o assunto, evitando a enorme surpresa que vejo frequentemente quando explico que o eucalipto ocupa menos de 10% da área de Portugal.

Para Monchique temos então, de acordo com o COS 2015, 44,47% de eucalipto, 17,36% de sobreiro, 1,55% de outras folhosas e castanheiros e 26,88% de matos, ou seja, uma ocupação mano a mano entre eucalipto e a famosa vegetação autóctone cuja suposta falta é responsável por estes fogos (a soma do sobreiro e matos é 44,28%).

É claro que não se pode pedir às pessoas que deixem os factos influenciar as suas ideias, mas ao menos aos profissionais da comunicação seria razoável exigir que confirmem os dados que os especialistas que escolhem ouvir vos querem impingir para sustentar as suas agendas políticas, sociais e económicas.

Mas reconheço que escolher a ignorância é uma escolha perfeitamente legítima.

O Balido dos Culpados

por José Mendonça da Cruz, em 08.08.18

Ouviste o que disse o pastor, ovelha? Monchique confirma o sucesso. Arderam mais de 20 mil hectares, arderam casas e carros, mas não importa, é uma exceção, foi um sucesso. Não viste o pastor nutrido apontando o mapa no ecrã, garboso e ativo no domicílio de férias, no comando do teu destino? Viste? O sucesso foi ele. Diz que amas o pastor, ovelha, prova que o amas verdadeiramente. Bale agora, ovelha:

«Méééééééééééééééé»

Foste tu, acaso, ovelha, uma das que foram arrancadas a uma casa em Monchique (por vezes, 5 vezes -- ou 100, ou nenhuma, é a mesma coisa --, como uma família irlandesa) e metida num redil, não fosses arder como os 100 de Pedrógão? Dobra as mãozinhas em vénia, ovelha, faz o que te mandam, como votaste e gostas. Recolhe. Que importam a tua casa, as tuas árvores centenárias,o teu carro, as tuas alfaias, a tua fabriqueta sem importância, as tuas coisas, as tuas fotografias e recuerdos. Essa treta leva-a o vento, nem fica rasto de notícia nos media de reverência. Mas se ardesses, como os de Pedrógão, já não havia exceção nem sucesso, até a reverência dos media lá teria que ficar brevemente (o mais brevemente possível) posta entre parêntesis. De maneira que agradece, ovelha. Vá, fala:

«Mééééééééééééééé»

Mas terás tu, por absurdo, ovelha, alguma desconfiança, algum reparo sobre o descontrolo de Monchique, quererás tu aventar, ovelha, menoridades sobre a total desorientação dos bombeiros, as constantes rajadas de informações contraditórias -ora apaga, ora descontrola -, os gastos desvairados e inconsequentes, ou a geral falta de competência? Ingrata ovelha! Não ouviste o ministro Cabrita? Não sabes quem é o Cabrita? Mas tu aplaudiste-o, ovelha, já o aplaudes há tanto tempo, hás de lembrar-te dele, o homem de confiança de José Sócrates (como o Costa, os dois Silvas, o Campos, o Pereira, enfim, o governo todo) para a campanha do Magalhães, essa bugiganga qu o grande vendedor da banha enfiou pela garganta de escolas e famílias, com grande lucro e contentamento de uns amigos que tinham uma fábrica de computadores e hão de ter lucrado, sem comissão para o vendedor, é claro. Isso, o Cabrita! Esse! E não ouviste o que este teu sub-pastor querido disse? Disse que não se critica! Chiu, ovelha, agora, é calar a boca! Agora é tentar apagar o fogo (que nunca mais se apaga, raios partam!) Boca calada, portanto, ovelha. Mas antes de calar a boca, a tua saudaçãozinha, ovelha:

«Méééééééééééééééééé»

E quando o tempo apagar o fogo, ovelha, agradece ainda, ovelha. Agradece o caos no Serviço Nacional de Saúde. (E agradece conjuntamente o fato de os media falarem disso o menos possível, não como no tempo do odioso anterior governo; os media fazem isso para teu bem, ovelha, são teus familiares, ovelha, não querem apoquentar-te). Agradece o estado comatoso de INEM e 112 (e agradece que os media não te aflijam com notícias de partos em ambulâncias ou pessoas de 137 anos que, salvo erro, foram vítimas do anterior governo). Agradece que os comboios não andem, agradece que haja menos comboios nas linhas onde são mais necessários, agradece que não haja comboios nenhuns onde a CP gere camionetas. Os comboios são sucata ou não existem, mas são teus. Que querias, ovelha, comboios a funcionar e a horas para encherem os bolsos dos horrorosos privados? E agradece a emigração, que bateu recordes este ano (e agradece que os media não vejam, nem ouçam, nem cheirem a coisa, senão iam pôr-se numa choradeira como no tempo do anterior governo, a cada vez que algum jovem profissional talentoso decidia que valia mais que isto, ovelha).

Aplaude agora, ovelha, agradece outra vez, ovelha:

«Méééééééééééééééééééééééééé»

E agora, ovelha, faz como os media de reverência: diz que foram os incendiários, diz que foi o anterior governo, diz que foi o Trump, diz que foi a União Europeia, diz que foram os eucaliptos, diz que é pior na Califórnia, diz que foi um tornado, diz que é o aquecimento, diz qualquer coisa reverente, diz como dizem os media de reverência:

«Mééééééééééééééééééééé»

Monchique já está a arder?

por João-Afonso Machado, em 08.08.18

São conhecidos - e amplamente divulgados - os pormenores tétrico-ridículos desta batalha que leva já quase uma semana, com inúmeros feridos e desalojados.

Por isso, não se trata agora de pormenorizar ou frisar mais esta ou aquela mentira de dois mentirosos encartados, bem conhecidos das nossas gentes. Pela televisão e pelos seus dizeres absolutamente surreais.

Não, a nota principal não é o fenómeno, mas a alma que o prodigaliza. O Algarve interior arde sem controlo e os episódios de obscenidade multiplicam-se (depois do Estado avocar as chamas - onde, infelizmente, não arde - vieram os helicópteros que não molham...), enquanto os locais sofrem e o País se apachorrenta. Com Costa e Cabrita a enaltecerem os gloriosos esforços deles próprios.

No plano nacional este é o drama: as pessoas descarregam a sua raiva no Facebook; ridicularizam duas figuras em si mesmo ridículas; revoltam-se, despem completamente a verdade encapotada...

... E o resultado é nada. Portugal não se levanta. Alguém, fugazmente, desabafa contra as visitas do Presidente Marcelo...

Assim não morra qualquer infeliz no fogo. Porque então... Pensando melhor, - nem desse modo. A impunidade dos próceres da nossa Administração Pública está segura. Essa a grande e demolidora questão. Porque vale tudo para um comunista (gigantesco seja o sapo!) desde que a Direita fique longe do Poder. O mais é - para sermos honestos - assumirmos o nosso egoísmo e sequer votarmos. Quero dizer, deixá-los lá, a política é isso mesmo.

Foio que tais figurões perceberam poder contar de todos nós.

Luta de classes

por João Távora, em 08.08.18

Há uns anos luta de classes ficou seriamente comprometida quando o meu pai comprou um Volkswagen. Agora a empregada lá de casa é freguesa do cabeleireiro da minha mulher, os jogadores de futebol chamam-se Simão, Diogo ou Gonçalo e depois até há uma Cátia na TV que se apresenta como "Tia". Já perceberam a utilidade política dos migrantes?

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Há precisamente quatro anos, o dia 6 de Agosto ficou marcado na memória de milhares de cristãos iraquianos como um dia trágico e doloroso, quando mais de 350.000 cristãos foram expulsos das suas casas pelos jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico. Hoje está a acontecer um verdadeiro milagre graças à generosidade de milhares de benfeitores da Fundação AIS.

Do regime

por João Távora, em 07.08.18

(...) O que aconteceu no PSD entre 2015 e 2017 é que a maioria dos seus militantes parece ter-se convencido de que precisam urgentemente de voltar ao poder, e que isso só será possível à boleia dos antigos ministros de Sócrates. Foi uma tentação que sempre existiu nos aparelhos partidários da direita: em 1978, levou à ASDI; em 1983, ao Bloco Central. Mas o que está em causa não é apenas a existência de uma alternativa ao PS: é a existência de uma força de pressão reformista no regime. Sem essa pressão, anulada através da submissão do PSD ao PS, resta ao regime, endividado e em divergência da Europa, confiar no BCE e na conjuntura mundial. Mas talvez baste os juros subirem ou a massa dos turistas regressar à Tunísia para, como acontece a cada incêndio florestal com a Protecção Civil, redescobrirmos que as coisas não estão bem. Não esperem uma crise do PSD: esperem uma crise do regime.

 

A ler Rui Ramos no Observador

A parte interessada

por João Távora, em 06.08.18

 

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"Quem é que quereria investir centenas de milhares de euros, endividando-se, para apostar num negócio sem segurança jurídica, e no qual o mais certo é ter chatices e perder dinheiro?"

 

Pode parecer estranho, mas esta transcrição é de uma crónica da Fernanda Câncio publicada ontem no Diário de Notícias que eu assinaria por baixo. Infelizmente a racionalidade e lucidez que presidiram à sua redacção explicam-se, não pela capacidade analítica da jornalista, mas pelo facto assumido de “ser parte interessada” no assunto em equação.  
Serve este exemplo para aferir que só um bom jornalista consegue ter uma análise isenta dos factos, sendo ou não sendo “parte interessada”…  ou o seu contrário. Nunca percebi porque no “seu” jornal encarregaram tantas vezes a Fernanda Câncio de reportagens ou artigos sobre a Igreja Católica que ela assumidamente execra, a não ser que isso se torne numa motivação para a rapariga fazer malabarismos retóricos e dessa forma satisfazer um público anticlerical que precisa de ver confirmados os seus preconceitos num jornal do regime. Da mesma forma com motivações de sinal inverso, a perspicaz "jornalista" (chamemos-lhe assim), foi absolutamente incapaz de detectar na forma de vida do aldrabão do seu ex-namorado, à época 1º Ministro, qualquer indício das desonestidades que praticava. Uma vez mais isso justifica-se pelo facto de Fernanda Câncio ser então “parte Interessada”, como mais recentemente tornou-se “parte interessada” em descartar-se do capítulo da biografia de José Sócrates em que foi activamente figurante.
Ser “parte interessada” é legítimo a qualquer pessoa, até ao mais insuspeito jornalista – nada contra os “interesses” que a todos movem. Certo é que ele se distinguirá da mediania na medida em que, pela leitura dos seus trabalhos, nos seja difícil ou impossível detectar quais os seus “interesses” ou “causas” e deles nos mantenha distantes. Mas o que acho mais grave é como a mediocridade de quem só consegue fazer uma análise jornalística através dos seus mesquinhos (no sentido de particulares) preconceitos – a maior parte das vezes reveladores de um provincianismo e ignorância confrangedores – tenha alcançado o estatuto de vedeta num jornal centenário como o Diário de Notícias... a lutar pela sobrevivência.

 

Foto: Jornal de Negócios

Monchique, eucaliptos e espantalhos

por henrique pereira dos santos, em 06.08.18

O grande fogo de Monchique, que anda, neste momento, pelos 15 a 20 mil hectares ardidos, foi anunciado de várias maneiras e feitios.

Andou a ser anunciado como um inevitabilidade nos últimos meses, Monchique foi identificado como o concelho de maior risco de incêndio por José Miguel Cardoso Pereira e a sua equipa de investigação, foi anunciado dias antes por Paulo Fernandes, foi anunciado por Carlos da Câmara, resumindo, todas as pessoas que verdadeiramente estudam os fogos em Portugal tinham identificado a inevitabilidade deste fogo e, quando as condições meteorológicas se começaram a desenhar no horizonte, com uma quase inacreditável precisão, previram quando iria acontecer.

Paulo Fernandes, numa das primeiras fases do fogo, reagindo à expressão usada pela Protecção Civil "o início do fogo foi explosivo", escreveu, com seis ou sete horas de antecedência, que ir-se-ia ver o que era ser explosivo se não agarrassem o fogo até às sete horas da tarde desse dia, como realmente não aconteceu, dando origem à noite mais complicada em Monchique.

Apesar disso, o coro de vozes que se levanta sempre a prometer "matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem" para usar a fantástica caracterização que Caetano Veloso fez dos reaccionários que o assobiavam num festival, lá apareceu com o espantalho da moda: é o eucalipto, o problema é o eucalipto.

Saltemos por cima da hipótese de Henk Feith (tanto mais que o próprio a apresentou como uma mera hipótese não confirmada): "Até ontem à hora de almoço arderam 2 500 ha, em 48 horas, o que dá numa média de 52 ha/ hora. Desde então arderam estimadamente mais 15 mil ha, que dão uma média de 625 ha/ hora. O que se passou então. Na minha modesta opinião: o fogo andou nos primeiros dois dias nos densos eucaliptais a Norte de Monchique. Depois passou para sul da estrada para Alferce e entrou no esteval seco que caracteriza a área até Odelouca. Daí a diferença de velocidade do fogo: bosques densos e mais humidos de eucalipto contra vegetação arbustiva seca". Antes de passar adiante, notemos que Paulo Fernandes confirma a razoabilidade da hipótese: "O simples facto do fogo mudar de floresta para matos duplica a velocidade do vento que actua sobre a chama e reduz a humidade do combustivel".

Mais que isso, perante um coro de alucinados eucaliptofóbicos que nunca estudaram o assunto, mas que não têm qualquer dúvida em qualificar os melhores investigadores do assunto como ignorantes, o próprio Paulo Fernandes confessa a sua dificuldade em responder a argumentos absurdos, filhos do atrevimento da ignorância:

"O comportamento do fogo, no que toca à vegetação, depende globalmente da estrutura e da quantidade de combustível. A composição em árvores é pouco, por vezes nada, influente. Isto está tão bem estudado, descrito, modelado e constatado empiricamente que até me custa responder. Vendo isto a outra escala não há um único estudo que mostre que os incêndios em Portugal são maiores ou mais severos por causa do eucalipto".

Mas ainda que tudo isto seja do mais claro, mesmo pessoas que antes explicavam que Monchique não tinha ardido como ardeu Pedrogão no ano passado por causa da maior presença de sobreiro, azinheira e outras autóctones, em mosaico, insistem que basta olhar para o mar de eucaliptos de Monchique para ser evidente que o fogo de Monchique resulta, na sua velocidade e violência, do excesso de eucalipto.

O facto de em 1966, em que Monchique quase não tinha eucalipto, ter ardido tanto ou mais que neste último fogo, o facto de ter ardido larga e violentamente em 1983, 1991, 2003 e, agora, em 2018, independentemente da cobertura florestal e dentro do que é previsível para a região (um retorno do fogo em torno de 15 anos), o facto de em 2004 e 2012 ter ardido violentamente o Caldeirão (mais ou menos 80% em sobreiro no primeiro, e dominantemente em sobreiro se considerarmos a árvore dominante, mas sobretudo esteva, no segundo), não demove o coro da alucinação eucaliptofóbica que tem dificuldade em perceber que se arde em Monchique, que tem muito eucalipto, arde eucalipto, mas que se arde no Sabugal (como no ano passado), que tem muito carvalhal, arde carvalhal.

Lembro-me bem do grande fogo (sobretudo em pinhal) de Macinhata do Vouga, em 1972, de que se culpou o comboio a vapor do vale do Vouga.

Lembro-me bem do Verão de 1975, em que o PC culpava a reacção e a reacção culpava o PC do ano especialmente difícil no que diz respeito a fogos (o primeiro verdadeiramente generalizado, mais ou menos quinze anos depois de iniciado o grande abandono dos anos sessenta, sinalizando a progressiva acumulação de combustíveis daí resultante).

Mais tarde o espantalho eram os negócios dos madeireiros (um clássico que continua com indefectíveis defensores, como José Gomes Ferreira, que ainda hoje fala disto com a mesma fundamentação com que um dos meus filhos me falava de um urso que lhe desarrumava o quarto).

Depois eram os negócios imobiliários, espantalho que deu origem a uma grande quantidade de legislação sobre a impossibilidade de construir em áreas ardidas.

Os incendiários são outro clássico, hoje um pouco desvalorizados, ao fim de anos e anos de investigação da Polícia Judiciária concluírem que não encontra motivações económicas relevantes nas acções dos incendiários.

Actualmente o espantalho mais vulgar é o eucalipto.

É um espantalho conveniente (como os outros), porque evita qualquer necessidade de informação e trabalho intelectual (quem se arriscar, como faço neste post, a dizer que a ligação entre fogos e eucalipto é uma treta, é porque é um vendido aos interesses económicos, argumentação sempre com muitos adeptos) e, sobretudo, evita a discussão difícil e que exige decisões políticas complicadas.

Enquanto andamos nisto, de espantalho em espantalho, escusamos de discutir o essencial do que temos a fazer: pagar a gestão de serviços ambientais que possam trazer gestão para onde ela faz falta, limitando os efeitos da raiz do problema, a ausência de gestão que permite a acumulação insensata de combustíveis.

Adenda: Ontem, no longo período em que escrevi este post, a protecção civil falava insistentemente, ao início da tarde, em ter 95% do perímetro dominado. Ao mesmo tempo, pessoas como Emanuel Oliveira, ou Nuno Gracinhas Guiomar, iam respondendo à perplexidade das pessoas que, não sabendo muito disto, como eu, mas tendo um bocadinho de informação estruturada que vão coligindo, queriam saber o que era isso de ter 95% do perímetro controlado: não liguem a informação desse tipo, é típico dizer-se no princípio do dia que os fogos estão a evoluir favoravelmente e a ceder ao combate, na parte da manhã e, depois do almoço, falar-se em violentos reacendimentos em consequência de mudança de ventos. Q.E.D., o resto do dia e da noite.

Vai começar a andar por aí

por Vasco Mina, em 05.08.18

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 Pedro Santana Lopes (PSL) enviou ontem carta aos militantes a informar a sua desfiliação do PSD e a anunciar que irá iniciar novo percurso político. Diz que quer “contribuir para dar força à alternativa de que Portugal precisa para substituir a maioria de esquerda”. Candidatou-se, ainda este ano, a líder do PSD e perdeu. Na altura apelou à unidade do partido. Ontem saiu deste partido para ir formar outro. Com quem? Ninguém sabe. Com qual proposta política? Enunciou apenas as suas prioridades: a Cultura, a Inovação, o Ambiente, a Inovação e o Mar. Manifestamente vai andar por aí à procura de gente e de ideias…

 

Nota: Desculpem a qualidade da fotografia mas não quis deixar de partilhar o registo.

Domingo

por João Távora, em 05.08.18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 



Naquele tempo, quando a multidão viu que nem Jesus nem os seus discípulos estavam à beira do lago, subiram todos para as barcas e foram para Cafarnaum, à procura de Jesus. Ao encontrá-l’O no outro lado do mar, disseram-Lhe: «Mestre, quando chegaste aqui?». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: vós procurais-Me, não porque vistes milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados. Trabalhai, não tanto pela comida que se perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna e que o Filho do homem vos dará. A Ele é que o Pai, o próprio Deus, marcou com o seu selo». Disseram-Lhe então: «Que devemos nós fazer para praticar as obras de Deus?». Respondeu-lhes Jesus: «A obra de Deus consiste em acreditar n’Aquele que Ele enviou». Disseram-Lhe eles: «Que milagres fazes Tu, para que nós vejamos e acreditemos em Ti? Que obra realizas? No deserto os nossos pais comeram o maná, conforme está escrito: ‘Deu-lhes a comer um pão que veio do Céu’». Jesus respondeu-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do Céu; meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão do Céu. O pão de Deus é o que desce do Céu para dar a vida ao mundo». Disseram-Lhe eles: «Senhor, dá-nos sempre desse pão». Jesus respondeu-lhes: «Eu sou o pão da vida: quem vem a Mim nunca mais terá fome, quem acredita em Mim nunca mais terá sede». 


Palavra da salvação. 

Aquecimento Global

por João Távora, em 04.08.18

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Há dias escrevi uma crónica humorística em que me atrevi a brincar com o tema da Meteorologia e do Aquecimento Global. Em consequência disso recebi diversas mensagens indignadas, acusações de "Trumpismo" (a mim que até sou monárquico) e comentários ofensivos que foram devidamente apagados e os seus autores banidos da minha página do Facebook. Àqueles que possam ter dúvidas, informo que só professo uma religião. Que não tenho dúvidas que ao longo da História o Homem já assistiu a vários Aquecimentos e Arrefecimentos Globais e que, se Deus quiser sobreviveremos a este. Que é do meridiano bom senso que o Ser Humano deverá respeitar a Criação e reduzir urgentemente as emissões de Carbono. De resto, sem querer ser alarmista, duvido que o Homem consiga fazer algo que altere significativamente as tendências do clima. Teremos de fazer como os nossos sábios antepassados e aprender a viver com ele.

Vamos conversar sobre o tempo?

por João Távora, em 02.08.18

Poucos climas há tão encantadores como o de Portugal. O Inverno é neste país menos áspero que nos países do norte, mesmo menos áspero que a região central de França. A neve só cai nos cumes dos montes. Gozam-se dias admiráveis que rivalizam com os nossos mais amenos dias de Primavera. No Verão, a temperatura é muito mais elevada do que em Espanha. E passam-se aí às vezes calores de abrasar, mal moderados pelos ventos quentes do Oceano Atlântico; mas encontram-se ali tantos sítios maravilhosos, onde reina uma Primavera eterna.  

Maria Rattazzi,

Portugal de Relance,

1880

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À hora que escrevo esta crónica deve estar o estimado leitor em casa, de cócoras debaixo da mesa de jantar para se proteger dos raios UV, com uma garrafa de água gelada numa mão uma peça de fruta fresca na outra, com ar condicionado no máximo e a avó fechada no WC dentro de uma banheira de água fria, enquanto a televisão sintonizada num canal de notícias, emite alertas vermelhos e o repórter questiona os incautos transeuntes sobre que acham do onda de calor - todos temos direito à nossa importante opinião. A Comunicação Social há uma semana antecipa em parangonas que com a chegada do mês de agosto chegarão dias de inclemente canícula.

Triste sina esta de ser da geração em que "o tempo" se tornou conversa séria. Tempos houve em que esse era tema de quem não tinha nada para dizer. Aqui chegados, até eu sou bem ensinado e concedo que o assunto é importantíssimo, numa sociedade em que ao Estado deixou de competir a boa governança da coisa pública e em troca de votos se advogou responsável pela felicidade das suas mal-agradecidas gentes - uma causa obviamente perdida. Em boa verdade fomos todos transformados em Princesas da Ervilha, que merecemos ser educados para o nosso bem-estar, com o aconselhamento da periodicidade conveniente para um retemperador copo-d’água e dos benefícios de nos recolhermos numa revigorante sombrinha quando confrontados com temperaturas altas. Bom é saber que entidades oficiais cuidam de nós, venerandos e obrigados. De resto nesta altura do campeonato, ao sol só trabalham os vendedores de bolas de Berlim, alguns operários da construção civil, os agricultores e uns quantos maduros voluntários a montar festivais de Verão e bailaricos de província – a luta de classes é um assunto quase encerrado.

Em tempos que já lá vão era da sabedoria popular que para o bem-estar da família nestes dias tórridos em casa corriam-se as cortinas e fechavam-se gelosias. Bem sei que corriam tempos em que o sol era um parceiro de duvidoso estatuto: todos os homens usavam chapéu e donzela reputada tinha a tez clara, andava de sombrinha, e só ia á praia mediante receita médica. A pele tisnada não era um bom indicador social, mas sim indício da actividade laboral na pesca, construção civil ou na lavoura. De resto eu sou do tempo em que só os estrangeiros e uma certa elite se entretinha a passar o estio nas nossas paradisíacas praias, besuntados de bronzeador (uma mistela gordurosa à base de tintura de iodo) e pomada Caladril em cima das feridas do nariz e das bochechas. Nos anos sessenta, enquanto Sir Paul McCartney e Sir Miguel Sousa Tavares se deleitavam no paraíso virgem Algarvio, em Milfontes no Baixo Alentejo, onde eu assisti à chegada do homem à lua, a praia no Verão era uma extravagância de dúzia-e-meia de famílias veraneantes que os autóctones exploravam legitimamente e que só acediam ao Domingo para piqueniques tribais, todos vestidos de cima a baixo, homens de chapéu e as senhoras de lenço na cabeça e as viúvas de preto, a distribuírem caldeirada de um grande tacho para a prole de pele alva até aos braços. A democracia demorou a chegar aos banhos.

Voltando ao tema quente da actualidade, quer-me parecer que os portugueses da metrópole (uns mais que outros, bem se vê…) sempre tiveram de enfrentar períodos tórridos durante o Verão, como dizia Maria Rattazzi nos anos 80 do Século XIX. Há que colocar a questão sob perspectiva e sem alarmismo. A minha memória não chega tão longe, mas lembro-me na infância de umas tardes tórridas no 3º andar de Campo d’ Ourique que perturbavam particularmente o génio do volumoso Senhor Marquês, meu saudoso Pai. Recordo-me como arfava nesses dias abrigando-se a escrever fanaticamente atrás de uma ventoinha que, de caminho desaustinava e sublevava também as folhas de papel manuscritas, por entre golos de água fresca que sofregamente consumia de uma garrafa de vidro para seu uso exclusivo. E lembro-me de um célebre dia 13 de Junho, julgo que em 1980, num "Passeio de Domingo" do Centro Nacional de Cultura, em que perto de 100 associados navegaram pelo Tejo acima numa barcaça dos fuzileiros, sob temperaturas perto dos 50º sem uma sombra digna desse nome até Escaroupim, perto de Salvaterra de Magos, onde pernoitámos em tendas cedidas pela marinha – íamos morrendo todos. E do saboroso que pode se tornar uma cerveja morna, já que a excursão tinha o patrocínio da Cerveja Sagres "Europa", novidade na altura em que a CEE era um mito exótico e mobilizador.

Como se verifica pelo atrás descrito, o Tempo pode ser afinal um bom motivo de conversa. E se não tivermos assuntos sérios com que nos preocuparmos, uns dias com dois graus em Lisboa, um nevão em Vila Real de Trás os Montes, ou acima dos trinta na Capital abrem noticiários e convidam-se meteorologistas e sociólogos a dissertar sobre as alterações climáticas e o fim eminente do Mundo como o conhecemos. Nada que por estes dias umas Ameijoas à Bulhão Pato e uma garrafa de Vinho Verde gelado não resolvam. E depois, como nos está prometido um dérbi para a 3ª jornada do campeonato no final de Agosto, descansem os meus amigos animação não nos vai faltar. Como dizem os ingleses, “Stick to the weather”!

 

Nota: agradeço ao Eurico de Barros a inspiração para a ilustração desta crónica.  

Não esquecer:

por Vasco Lobo Xavier, em 01.08.18

Este caso do Ricardo Robles tem imensas ramificações e convém não esquecer nenhuma.

Eu não ganho propriamente 21.000 euros brutos por ano, embora tenha imensas despesas comigo e com a prole que Ricardo Robles não terá. Também é certo que nunca pedi à banca cerca de 800.000 euros para despesas ou investimento, ainda que supostamente a juros magníficos, quaisquer que tenham sido as garantias oferecidas.

Já quanto às garantias oferecidas, e uma vez assente a demissão do cargo ou emprego ou tacho de vereador e o facto de o devedor ter assumido publicamente que não irá revender com lucro o investimento feito com o empréstimo bancário, pergunto-me se o banco não se deveria começar a preocupar com o reembolso…

Não é por nada…, é só porque pela bancarrota Sócrates me puseram num escalão de irs que não mereço, alombo ainda com uma sobretaxa que prometeram acabar e ainda cá está para pagar, e não me apetecia nada ser chamado uma vez mais a contribuir para investimentos mal calculados.

 

SABUGAL!

por Vasco Lobo Xavier, em 01.08.18


Conheci aquela região magnífica por causa de uns clientes, há mais de 15 anos, que se tornaram excelentes amigos. Ofereceram-me iguarias fabulosas da região (ainda hoje recordo com saudade imensa uma manteiga branca magnífica de cabra).

Hoje (ontem) tive também uma trabalheira imensa, uma imensa seca, a vasculhar todos os noticiários televisivos sobre a notícia da Catarina Martins fazer parte de uma sociedade comercial (capitalista) de exploração (exploração) de alojamento local ou turismo rural no Sabugal. Meteu-se-me na cabeça explorar a coisa. Bisbilhotei tudo nas televisões, ainda que admita me tenha escapado qualquer coisa em qualquer canal.

Mas só encontrei ligeira referência à notícia da empresária Catarina Martins (provavelmente por contingências familiares) no noticiário do Correio da Manhã das 19h45.

E mesmo assim só às 21h36.

Perdeu-se uma jornalista:

por Vasco Lobo Xavier, em 01.08.18


Assisti hoje a um episódio lamentável, ao oferecimento de tempo de antena (bem mais de meia hora) a Catarina Martins na RTP 3, que é paga com os nossos impostos. Ao mesmo tempo, à auto-destruição de uma suposta jornalista, Ana Lourenço. Eu sei que todos temos de viver e de pagar as contas mas a sujeição de Ana Lourenço ao papel de pé de microfone foi lamentável, uma verdadeira vergonha. Acho até, das imagens, que Ana Lourenço estava com nojo de si própria, o que compreendo. Estar para ali calada a ouvir Catarina a elogiar “as convicções” de Robles, a repetir a mentira de que Robles teria “travado o negócio” antes das notícias (quando o que aconteceu foi apenas que o especulador não conseguiu vender o prédio a tempo), os disparates das “contingências familiares, uma enorme colecção de imbecilidades, não deve ser fácil nem para quem se aprestou de antemão a fazer o papelucho. 
Não deve ser fácil a um jornalista sério ouvir calado Catarina Martins a dizer que “este caso foi criado pela direita” sem pestanejar quando “o caso” foi criado unicamente por Robles: foi ele quem comprou barato, investiu e pretendeu vender caro (o que por si só não seria criticável) quando apregoava por aí que isso quase seria crime e vociferava contra todos os que o faziam. O tipo é um hipócrita sem vergonha. Catarina Martins e a maltosa do Bloco, quando o defenderam e defendem, são a mesma coisa, e Ana Lourenço é mero pé de microfone. Nada me surpreende vindo do Bloco, mas não contava com o pé de microfone.
O pé de microfone, durante aquele tempo todo, nem se lembrou de fazer qualquer pergunta sobre os investimentos da empresária de hotelaria e alojamento local, Catarina Martins, no Sabugal, ou sobre os subsídios que recebeu para tal coisa. É bem certo que no noticiário da TVI das 20h00 (aquele que vi) também se não tocou no assunto e provavelmente nos restantes canais amantes do Bloco terá acontecido o mesmo, mas é mais estranho que no tempo de antena de hoje, perdão, na suposta entrevista de hoje na RTP 3 à Catarina Martins o tema não tenha vindo à baila. Uma vergonha. Pode até ser que Ana Lourenço tenha um pé bonitinho, mas não passa de um pé de microfone. Não podia descer mais baixo: perdeu-se uma jornalista.

Do teatro

por henrique pereira dos santos, em 01.08.18

Num comentário que fiz noutro lado, acabei a juntar a exclusividade da deputada Catarina Martins com a exclusividade do presidente de câmara António Costa.

Na verdade são coisas muito diferentes.

António Costa usou uma interpretação criativa da lei para aceitar que o pagamento de serviços pela produção de comentário político na quadratura do círculo fosse paga como direitos de autor, o que lhe permitia receber 7 mil euros por mês por essa prestação de serviços, e cinco mil como presidente de câmara em exclusividade (doutra maneira o seu ordenado como presidente de câmara seria metade), para além de um benefício fiscal simpático. É uma típica esperteza saloia para sacar mais dinheiro ao contribuinte, nada mais que isso, matéria que em Portugal é mais um medalha que um estorvo.

Quando Catarina Martins simula uma venda à família de uma empresa da qual é dona em 50% para se poder apresentar como deputada em exclusividade (podia ter mantido a actividade de empresária, foi uma opção de Catarina Martins) tenho poucas dúvidas de que o que a motivou não foi o poder encaixar qualquer coisa mais pela exclusividade, mas o teatro político a que o Bloco se entrega desde a sua fundação: era preciso distinguir politicamente os deputados do Bloco, exclusivamente empenhados na representação política dos seus eleitores, sem quaisquer interesses económicos pessoais à mistura e, para isso, era fundamental ser deputada em exclusividade de funções, ou as funções paralelas serem daquelas que não causam mossa ao discurso do Bloco, como professor numa universidade pública, artista e coisas assim.

Toda a história da Catarina empresária parece-me um assunto menor e um fait divers, mais que isso, para mim, como eleitor, prefiro saber que os que me representam são pessoas como eu e não heróis, parece-me muito mais tranquilizador.

Nem mesmo a utilização de fundo europeus e coisas que tal me parece levantar qualquer dúvida: eu posso achar que seria bom que andássemos mais de transportes públicos, ao mesmo tempo que perante situações concretas me pareça que ir de carro é a melhor solução, isto é, parece-me absurdo exigir uma coerência total entre o que se defende e o que se pratica (o que seria se todos os católicos praticantes de Portugal se decidissem por uma prática radical do que defendem).

O problema de Catarina, e de qualquer dirigente de partidos assentes no sectarismo da superioridade moral, é mesmo a sua preocupação com o teatro, é a sua opção de pretender elevar a fasquia moral a um nível que é o dos santos, e não o das pessoas comuns, adoptando uma imagem pública que nem sempre corresponde à vida real das pessoas.

A vida dos dirigentes do Bloco é entendida como um símbolo político e não como aquilo que é: a vida normal de pessoas normais.

Para essas, as pessoas comuns, como a Catarina e eu, era incomparavelmente mais razoável, tranquilo, digno e etc., que Catarina simplesmente lidasse de forma transparente com a sua condição de empresária, em vez de a procurar esconder em esquemas manhosos envolvendo a família.

Tal como no caso de Robles, o problema de Catarina não está no que fez, que é banal, está essencialmente correcto e não levanta problemas, está no que diz sistematicamente e no embuste do discurso do Bloco, um discurso completamente desfasado da realidade e da vida das pessoas comuns, tornando o Bloco no partido mais populista que existe em Portugal.

Às vezes corre mal, quando se torna evidente a distância entre o discurso sobre a vida dos outros e a vida quotidiana de cada um de nós.

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A propósito das inúmeras insinuações que por aí pululam sobre alegados "interesses escondidos" por detrás da notícia do Jornal Económico sobre Ricardo Robles e que culminou com a sua demissão de vereador da CML, lembrei-me de uma história do Independente. 

Miguel Esteves Cardoso era diretor do jornal quando, a propósito de uma notícia sobre o então presidente de Angola, recebeu uma carta de uma das filhas, não me lembro se seria a Isabel, a acusar o Independente de estar ao serviço de interesses escondidos contra José Eduardo dos Santos, a acusar o jornal de perseguição ao pai dela, and so on...

Miguel Esteves Cardoso brilhantemente respondeu numa nota de redação que acompanhou a publicação da carta: "Fomos apanhados!".

É o que apetece responder agora, porque aos desconfiados não vale a pena contrariar. Vão continuar a desconfiar e ainda usam as justificações que são dadas a seu favor

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