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Entretanto numa madraça perto de si

por João Távora, em 31.07.18

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O processo de radicalização dos/as jov@ns incautos pelo Bloco de Esquerda terminou ontem em Martinchel. Alguém sabe informar-me quem ministrou o módulo "A propriedade é roubo: socialização dos meios de produção"?

A árvore ou a floresta

por henrique pereira dos santos, em 31.07.18

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Esta fotografia é de um comentário irónico de Francisco Barros (um dos melhores naturalistas que conheço) que traduz uma ideia geral e, genericamente, correcta: "Assim, sim! Floresta bem gerida, sem mato, sem fogos.... sem nada! Só o solo e eucaliptos. Até uma vinha intensiva é mais biodiversa que isto...."

Do que me interessa falar neste post não é dos eucaliptos que estão na imagem, mas do resto.

Do ponto de vista dos fogos, do solo, da retenção de água, da biodiversidade, da gestão da matéria orgânica no solo, enfim, de qualquer das questões que se possam levantar sobre esta fotografia, estarem ali eucaliptos, pinheiros, carvalhos, oliveiras, milho, magnólias ou margaridas é, essencialmente, indiferente: o que é relevante são as acções de gestão associadas ao que quer que seja que se pretenda produzir, ou não produzir, naquele solo.

Pode argumentar-se que este tipo de gestão só se usa no eucaliptal intensivo, mas isso está longe de ser verdade (o comentário do Francisco fala da vinha, mas podia falar do olival, do milho ou de qualquer outra cultura intensiva, não acontecendo com grande parte das outras espécies florestais apenas porque não pagam este tipo de gestão e, por isso, ardem mais).

É aqui que vale a pena falar das diferentes escalas de análise que nos devem preocupar.

Uma escala de análise é a da parcela (ou da propriedade), que é a escala do dono do terreno, em que discutir, por exemplo, a biodiversidade deste campo é muito pouco útil, seria como discutir a biodiversidade da avenida dos Aliados: se o objectivo é a produção de eucalipto, de espaço urbano, de batatas, é um pouco inútil argumentar que a biodiversidade é mínima, seria como criticar uma exploração leiteira por produzir pouco whiskey.

Outra escala é a da paisagem: se estendêssemos a todo o país o modelo de ocupação do solo da avenida dos Aliados, aquilo que é um belíssimo espaço urbano passaria a ser uma banalidade tenebrosa.

À escala da propriedade que, insisto, é a escala do proprietário, o que interessa é notar que o solo não não se mantém como está na imagem durante todo o ano e que se não houver novas acções de gestão, rapidamente aquilo se enche de mato, melhorando muito a diversidade biológica, a cobertura do solo, a gestão dos ciclos de nutrientes e da água, mas potenciando enormemente o risco de incêndio. Se o objectivo do proprietário for produzir biodiversidade, óptimo, com eucaliptos, magnólias ou margaridas, a ausência de gestão dará origem a uma aproximação ao que se pretende, à custa de um risco de fogo muito maior. Se o objectivo for produzir eucalipto para vender, o proprietário irá gerir esta propriedade com esse objectivo e, na medida em que o retorno económico compensar, vai procurar manter o terreno, tanto quanto possível, na forma como se vê na imagem, com um risco de fogo mínimo (independentemente da espécie que lá esteja), mas também com níveis mínimos de biodiversidade, e máximos de exposição do solo aos elementos, elevada probabilidade de escorrência de água e erosão, etc..

Ao resto da sociedade, que não é dona do terreno, interessa, em simultâneo, a criação de riqueza, mas também de biodiversidade, ciclos da água e dos nutrientes equilibrados, bons solos, etc..

Esta contradição entre querer simultaneamente coisas cuja obtenção implica modelos de gestão opostos não é fácil de resolver à escala da propriedade, embora possa ser amenizada com as melhores práticas disponíveis que não ponham em causa o objectivo principal de produçao económica, por exemplo, plantação ao longo das curvas de nível, manutenção da vegetação nas linhas, limpeza das entrelinhas em anos alternados, etc., mas pode, em grande medida, ser resolvida à escala da paisagem, diferenciando os objectivos das diferentes parcelas, por exemplo, na produção florestal certificada, 10% da área de produção deve ser dedicada à conservação.

O que implica que a sociedade remunere os proprietários pela gestão da produção de serviços de ecossistema nas parcelas que perdem potencial económico, de forma a que as parcelas dedicadas à produção possam fazer a sua função adequadamente (quando Nova York resolveu aplicar isto na cidade, não andou a dizer que os proprietários eram uns malandros que tinham de assegurar funções sociais nas suas propriedades, tratou de reservar 341 hectares para funções sociais, pagas socialmente, para o Central Park).

Mas para que a sociedade chegue a este ponto da discussão, parece-me que, previamente, tem de deixar de confundir a árvore com a floresta, concentrando-se mais nas necessidades de gestão do território e repectivos modelos de gestão, e menos numa discussão, pouco útil, sobre espécies demoníacas e espécies celestiais.

Pontos no ii sobre eucaliptos, fogos e Estado

por henrique pereira dos santos, em 30.07.18

Se se olhar para os números, ver-se-á que o eucalipto se vai expandindo paulatinamente até aos anos 80 do século passado, tem uma expansão bastante rápida nesses anos 80, e depois passa a uma expansão mais lenta a partir dessa altura, com uma quase estabilização nos últimos tempos.
Nada disso tem qualquer relação com o Estado, e passo a explicar.
A expansão inicial corresponde à procura, pelas pessoas comuns, de alternativas ao abandono de terras: a vida era miserável e as pessoas foram procurar uma vida melhor nas cidades, em França, na Alemanha, nos EUA (tal como tinham feito no fim do século XIX, princípios do século XX em relação ao Brasil e América, até à crise dos anos 20).
Na altura, plantar eucaliptos ou pinheiros era mais ou menos indiferente, mas o eucalipto, em Portugal, tem uma área de produção bastante mais restrita que o pinheiro, para além de exigir plantação, enquanto o pinhal já estava instalado e tinha boa regeneração natural. Note-se que ainda hoje o eucalipto não ocupa um milhão de hectares, mas o pinheiro já ocupou bem mais de um milhão de hectares, no seu apogeu, tendo-se hoje reduzido para metade, em poucas décadas.
Acontece que à medida que o consumo de papel aumenta e os processos industriais permitem o fabrico de uma excelente pasta de papel a partir de eucalipto glóbulos, o valor da madeira de pinheiro vai estabilizando ou mesmo diminuindo.
Ao mesmo tempo o abandono agrícola levou ao abandono do aproveitamento dos matos e o pinhal, cujo sub-bosque era gerido pela agricultura e a pastorícia, e começa a acumular-se combustível, dando origem à alteração do padrão de fogo tradicional (muitos fogos, pouco intensos e em mosaico) para o padrão de fogo actual (menos fogos, mas muito mais intensos e contínuos). Este processo está longe de ser específico de Portugal, afecta toda a Europa e está na base do crescimento da ideia de Rewilding, mas a velocidade a que se desenvolvem as plantas é que é, no Noroeste da Península Ibérica (Portugal a Norte do Tejo, Galiza litoral e Astúrias), bastante maior que na maior parte da Europa.
O pinheiro convive muito mal com padrões de fogo abaixo dos vinte a vinte e cinco anos, porque precisa de vinte anos para produzir um bom banco de sementes, ao contrário do eucalipto que convive razoavelmente com fogos com um período de retorno em torno dos 12 a 15 anos, visto que dá um corte aos 10 a 12 anos e rebenta de toiça após fogo.
Esta evolução deu uma vantagem enorme ao eucalipto e, nas zonas do país em que o eucalipto produz bem (essencialmente a faixa litoral a Norte do Tejo, o vale do Tejo, Mochique, e uma ou outra coisa fora destas zonas), o pinhal foi substituído por eucaliptal como alternativa ao abandono, a que acrescem os matos que foram transformados em povoamento florestal, primeiro sobretudo de pinheiro, depois sobretudo de eucalipto.
O eucalipto está mais ou menos no limite da sua área de boa produtividade, em especial porque os custos de produção aumentaram mas o valor da madeira estabilizou, o que vai reduzindo a área em que é rentável produzir eucalipto (o pinheiro, salvo áreas em que está instalado e uma ou outra região, há muito que deixou de ser rentável, ainda por cima com o risco de fogo que existe).
Ora o papel do Estado nisto tudo é um papel marginal (com alguma excepção no tempo do programa florestal do Banco Mundial, que financiou muita florestação, incluindo com eucalipto. A maior parte destas florestações desapareceram por falta de gestão, excepto o eucalipto, quando tinha gestão), entre outras razões porque os instrumentos administrativos têm alguma relevância para conduzir processos económicos dinâmicos, mas são razoavelmente inúteis quando não há processo económico (da mesma forma que uma barragem pode tirar partido de um rio, mas não produz água onde ela não existe).

Se se quiser continuar a ignorar a realidade e achar que são manobras obscuras de interesses inconfessáveis, continue-se, mas o mais provável é simplesmente não se ir a lado nenhum naquilo que verdadeiramente interessa: trazer gestão para onde ela faz falta e o mercado não a financia.

Ricardo Robles do Bloco de Esquerda, vereador da Câmara de Lisboa, é um empresário do imobiliário (notícia revelada pelo jornal onde trabalho). Mas é o mesmo Robles que em discurso exaltado diz que "orgulhamos-nos do 25 de Abril e do que se passou a seguir ao 25 de Abril, naqueles 11 meses, orgulhamos-nos das ocupações, orgulhamos-nos das nacionalizações, orgulhamos-nos das cooperativas de habitação, orgulhamos-nos da reforma agrária".

Ora este seguidor do PREC, devia dar os seus bens para a "cooperativa". Será que o Estado pode ocupar o seu património, a começar pelo prédio que era da Segurança Social e recuperou multiplicando por seis vezes o seu investimento (dele, da irmã, dos pais e do periquito, não interessa)?

É que estes meninos que defendem o PREC deviam ser os primeiros a viver como franciscanos e a ceder o património ao Estado, para "cooperativas de habitação", não?

Eu como defensora da propriedade privada, do lucro e do capitalismo, defendo até o direito ao Robles ter comprado um prédio velho em hasta pública (desde que a hasta tenha sido mesmo pública), tenha investido na recuperação e o venda por 5 ou 6 milhões se conseguir. Eu defendo esse direito dele. Ele pelos vistos não o defende.

A coerência é cada vez mais um luxo, que só as pessoas verdadeiramente de bem se podem orgulhar.

P.S. O pior que aconteceu a Portugal foi o PREC, que derreteu todo o capital acumulado ao longo de gerações. Devemos ao PREC o endividamento privado do país, o facto de as grandes empresas serem hoje quase todas detidas por estrangeiros, devemos a incultura e impreparação das nossas elites e devemos até a queda aparatosa do BES e do GES. Um país que não tem commodities, e que deixou de ter capital acumulado ao longo das gerações (e basta olhar para os nossos palácios e casas apalaçadas para sabermos que o país já foi rico) é um país condenado à pobreza e ao endividamento. Ninguém ganhou com isso. O Estado não se tornou mais rico. A maioria das empresas públicas foram colossos de prejuízos.

Sugestão aos partidos a propósito de Robles

por henrique pereira dos santos, em 29.07.18

O caso de Robles tem duas lições essenciais:

1) O desfasamento entre o que se diz e o que se faz tem limites (aparentemente a desorientação do BE na reacção ao caso resulta de não reconhecer esses limites, o que é compreensível visto que há três anos que o BE faz o mesmo que Robles, isto é, dizer uma coisa e fazer outra, e sempre conseguiu resolver os poucos problemas que isso tem criado no espaço público com histórias da carochinha como a deputada Mariana Mortágua dizer-se enganada pelas cativações de um ministro que só é ministro porque o BE quer);

2) O mercado imobiliário em Lisboa é hoje um mundo de oportunidades.

Juntando estas duas lições, tenho uma proposta a fazer aos partidos, ilustrando-a com o PS mas válida para todos.

A sede nacional do PS é no meio de Lisboa, numa das zonas mais valorizadas do país do ponto de vista imobiliário, num edifício que valerá hoje vários milhões, a julgar pelo valor atribuído aos prediositos de Robles.

O PS tem batalhado bastante, no discurso, claro, pela descentralização, tendo mesmo apoiado o governo na heróica decisão de mudar o Infarmed para o Porto.

Este discurso tem um problema, é que pode alguém perguntar por que razão o partido, qualquer partido nacional, tem a sua sede em Lisboa, ao mesmo tempo que clama pela descentralização, a revitalização do interior, o benefício de quem vive e cria economia no interior, etc. (uso aqui interior por economia de comunicação, que o país não tem interior, é todo litoral).

A oportunidade política de reforçar a confiança dos eleitores no que dizem parece-me evidente: vendem o património em Lisboa, que está muito valorizado e permite financiar os custos desta alteração estrutural, contribuem para o aumento da oferta de edifícios em Lisboa, ao mesmo tempo que deslocam funções, pessoas, economia para outras cidades menos pressionadas, como Braga, Viseu, Castelo Branco, Beja, já para não falar na hipótese de ter a sede nacional em Pedrogão (a associação nacional em cuja fundação me envolvi, por acaso, tem a sede em Vouzela, por mim podemos fazer uma parceria com qualquer um dos partidos que queira levar a sua sede nacional também para Vouzela).

O que Robles fez foi lembrar-nos de António Aleixo: "Vós que lá do vosso império prometeis um mundo novo, calai-vos que pode o povo querer um mundo novo a sério".

Por isso talvez fosse boa ideia antecipar-vos à pergunta que, cedo ou tarde, alguns eleitores vos farão: afinal devemos acreditar no vosso discurso sobre o equilíbrio territorial, ou na vossa prática organizacional?

Domingo

por João Távora, em 29.07.18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João 


Naquele tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe: «Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele lugar e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados, Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte


Palavra da salvação. 

A segurança social e o prédio Robles

por henrique pereira dos santos, em 28.07.18

Vale a pena avaliar os resultados das diferentes opções que a segurança social tinha pela frente face ao prédio Robles.

Uma hipótese seria fazer o que fez Robles: reabilitar com objectivos de mercado e vender com a valorização daí decorrente.

Era uma hipótese muito interessante porque tinha todos os benefícios da hipótese que foi adoptada, com a única diferença de que a mais valia seria da segurança social. Esta hipótese tinha vários problemas: a segurança social precisaria de ter o capital para o fazer, precisaria de ter a competência técnica para a sua execução, teria de ter a competência de gestão para manter o controlo de custos. Ainda que tivesse tudo isto, enfrentaria problemas complicados: o processo de decisão seria muito mais pesado, fazendo derrapar prazos e custos mas, sobretudo, teria pela frente uma forte oposição política, provavelmente com Ricardo Robles à cabeça, porque poucos de nós aceitaríamos que a Segurança Social actuasse como qualquer promotor privado, fazendo sair os inquilinos por acordo, aumentando um andar, vendendo para o mercado de luxo. Ou seja, seria uma hipótese politicamente inviável.

Outra hipótese seria vender melhor, sobretudo eliminando um factor de incerteza muito elevado que é o da decisão que seria tomada pela Câmara Municipal face às obras propostas. Na realidade, comprar um edifício numa zona histórica de Lisboa tem, em si, um factor de incerteza no que diz respeito ao licenciamento que obriga os compradores a pagarem menos para cobrir o risco de não autorização das obras ou, um risco bem mais real, o risco de arrastamento do processo no tempo, que tem custos relevantes. A segurança social poderia, portanto, licenciar primeiro, e vender depois. Ainda assim, aqui, mais uma vez, o mero licenciamento nos termos em que foi mais tarde licenciado ao promotor teria pela frente uma forte oposição política, provavelmente capitaneada por Ricardo Robles, protestando com um programa de onze apartamentos entre os 25 e os 41 metros quadrados, evidentemente desfasado de um programa de habitação social adequado a famílias.

Outra hipótese, a que se terá verificado por muitos anos (e a verdadeira especialidade do actual governo) é não fazer nada.

Comparemos custos e benefícios sociais da situação que existia, face à situação que existe.

O prédio estava degradado, dando abrigo a cinco inquilinos em condições sociais degradantes. A situação actual permitiu que todos os inquilinos melhorassem a sua situação, quer sejam os que ficaram, que têm hoje uma casa em boas condições (aparentemente mais cara que antes, mas com uma melhor relação custo/ benefício), quer os que mudaram para melhor, noutro sítio.

Havia uns edifícios degradados, hoje existem edifícios reabilitados.

A economia associada aos edifícios era marginal (cinco inquilinos em condições degradadas, embora um deles um pequeno restaurante), a economia associada a 11 apartamentos arrendados tem bastante mais potencial (em especial na criação de emprego, o maior problema social que existe em Portugal), para além de ter motivado um investimento de um milhão de euros (dos quais, mais de 300 mil reforçaram o orçamento da segurança social), com um potencial encaixe de investimento, provavelmente estrangeiro, de cinco milhões que a família Robles aplicará no que quiser gerando nova economia.

Dir-se-á que a situação actual pressiona os preços da habitação, aumentando-os e expulsando os residentes tradicionais de Alfama.

Na realidade não é assim: o edifício, tal como estava, não estava no mercado, reduzindo a oferta e pressionando os preços para cima pela limitação na oferta. Tal como está hoje, aumenta a oferta e, por essa via, pressiona os preços para baixo, e não para cima.

O que tem pressionado os preços para cima não é o alojamento local, a promoção imobiliária e a dinâmica do mercado imobiliário, o que tem pressionado os preços para cima é a procura de alojamento e de habitação, matérias que não dependem assim tanto de haver ou não haver oferta (a oferta no centro de Amesterdão não cresce tanto como em Lisboa, e os preços continuam a ser pressionados para cima, enquanto houver procura para isso, o que se resolve pelo aumento de preço se não houver aumento de oferta).

O que o aumento da oferta permite é, pelo contrário, diminuir a pressão da procura e ter um ponto de equilíbrio entre oferta e procura num nível mais baixo que o que se teria se a política de gestão da cidade (e, neste caso, da segurança social) fosse a de manter a oferta anterior, à medida que a procura continuava a aumentar.

Poder-se-á argumentar que a Segurança Social (e o Estado) no seu todo, deveria pôr o seu património no mercado de arrendamento de preços controlados, aumentado a oferta e limitando administrativamente a subida dos preços, com efeitos benéficos no arrefecimento global do mercado.

Por mim, nada contra, mas é útil que se diga que isso não se faz porque o Estado (incluindo a Câmara Municipal e a Segurança Social) prefere usar os seus recursos em aplicações alternativas: aumentar a sua participação no capital da TAP, aumentar a exposição do sector social ao Montepio, pagar festas por dá cá aquela palha, e dezenas de outros destinos cuja utilidade social é discutível. E que a experiência empírica da promoção estatal moderna (já houve tempo em que não era assim) tem tido resultados deprimentes.

O facto é que entre os benefícios sociais operados pela operação imobiliária de Ricardo Robles e a manutenção da situação anterior, não há a menor dúvida que o ganho social global é largamente favorável a Ricardo Robles e deve ser glorificado por isso, não atacado.

A minha esperança é que tendo percebido isto para Ricardo Robles, uma boa parte dos bloqueios políticos a uma gestão socialmente mais responsável, sempre em nome dos deserdados, claro, acabem por desaparecer ao constatar-se que é com investimento e capital que se valorizam os activos e não com conversa de Miss Mundo sobre os probrezinhos.

É com o que Ricardo Robles fez que criamos riqueza e melhoramos a nossa vida, e não com o que Ricardo Robles habitualmente diz.

Coisas que passam despercebidas:

por Vasco Lobo Xavier, em 27.07.18

O episódio do vereador bloquista-capitalista-usufruidor-da lei-que-critica, bem como as suas esfarrapadas explicações, tem o seu quê de pitoresco e cómico. Mas não devemos esquecer outros pontos importantes da novela:

 

O QUE LEVA A SEGURANÇA SOCIAL A VENDER A UM VEREADOR DA CÂMARA LISBOETA, PELO BLOCO DE ESQUERDA, POR APENAS 350 MIL EUROS, UM PRÉDIO COM ESTE POTENCIAL? NINGUÉM PERGUNTA? NINGUÉM RESPONDE? O QUE TEM A DIZER O MINISTRO? O QUE TEM A DIZER O PRIMEIRO-MINISTRO? QUE GESTÃO É ESTA?

 

Há que não esquecer esta parte da história.

Robles

por João Távora, em 27.07.18

 

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 Em coerência com a religião que professa Robles deveria comprometer-se a explorar o prédio com arrendamentos sociais para atrair jovens carenciados ao bairro histórico de Lisboa em vez de se comportar como um "desprezível capitalista".

É um clássico: o vereador do Bloco não resistiu às suas origens burguesas. Se fosse no tempo dos sovietes ia para a sibéria, mas nestes novos tempos irá ministrar um novo módulo sobre o "lucro de esquerda" no próximo acampamento.

Bilhete postal

por João Távora, em 26.07.18

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Tocqueville diz que uma sociedade é tanto mais estável quanto menos expectativas ela gera nos seus membros. O caldo entorna-se definitivamente quando em vez da boa governança se promete "a felicidade", um conceito subjectivo e por isso mesmo inatingivel, em troca de votos (populismo). 


Continuação de boas férias para os meus amigos.

Almas de lacaio

por José Mendonça da Cruz, em 24.07.18

O povo. O povo são os condutores que no passado fim-de-semana, na A12, perto de Palmela, fizeram inversão de marcha na faixa em que seguiam de uma autoestrada porque viram fumo: um bando ovino e medroso, a quem tudo sobressalta e perturba. A plena assunção da condição ovina veio de um dos do grupo que, em entrevista à Sic, se queixou de que não tinha informação, nem havia «apoio».

O Estado. O Estado é aquele corpo adiposo que deixa roubar armamento, deixa arder populações, sorve mais de 50% da riqueza nacional, deixa deteriorarem-se todos os serviços, não presta contas nem cumpre as leis, se engalana de modernidade promovendo a eutanásia dos humanos enquanto proibe a dos cães e gatos, e que pesa sobre o ombro de quem tenha iniciativa, com o hálito fétido regulamentador e a avidez babada de novos saques.

A Comunicação Social. A comunicação social são as televisões comemorando a aterragem de um avião muito grande no aeroporto de Beja, celebrando o que dizem ser o futuro redescoberto da coisa -- sem memória, sem responsabilidade, sem juízo, sem contas, com a habitual e abjeta complacência, o medular servilismo por qualquer coisa de esquerda, mesmo que ruinosa. 

 A CS não existe, não comunica nem é social, é pessoal nas causas, nos enviesamentos e no consciente desprezo da notícia. O Estado é tão fiável que, à simples vista de fumaça, o rebanho dispara tonto, aterrorizado, inimputável, e para onde calhar. Mas, sendo este o Estado e esta a Comunicação Social, é este o rebanho. E sendo este o rebanho, é mais deste Estado que ele quer.

Pois, pois. A culpa foi dos Eucaliptos

por João Távora, em 24.07.18

 

"Está a acontecer no sul quente e seco. Está a acontecer onde os Estados são falhos, governados à vista desarmada e tomados por administrações públicas lideradas por incompetentes promovidos por cunhas e cartões partidários, incluindo nas suas proteções civis. Portugal e Grécia são casos diferentes mas ambos estão há anos tomados por governos com total incapacidade estratégica de longo prazo (o que nos incêndios se vê na floresta e no ordenamento do território), por comportamentos sociais desvinculados e por uma sujeição orçamental a que chamamos austeridade: impostos muito elevados para pagar despesa pública e corte de meios e serviços públicos por exaustão (o que nos incêndios se vê na falta de recursos de combate).

Esta combinação de incompetência na estratégia e na ação, de falta de planeamento e de falta de meios, leva perfidamente à resignação inaceitável: a da fatalidade. Como se morrêssemos nos incêndios porque a natureza está assim e vida é isto."

Pedro Santos Guerreiro

Domingo

por João Távora, em 22.07.18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos 


Naquele tempo, os Apóstolos voltaram para junto de Jesus e contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Então Jesus disse-lhes: «Vinde comigo para um lugar isolado e descansai um pouco». De facto, havia sempre tanta gente a chegar e a partir que eles nem tinham tempo de comer. Partiram, então, de barco para um lugar isolado, sem mais ninguém. Vendo-os afastar-se, muitos perceberam para onde iam; e, de todas as cidades, acorreram a pé para aquele lugar e chegaram lá primeiro que eles. Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-Se de toda aquela gente, porque eram como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas. 


Palavra da salvação. 

Da bondade

por João Távora, em 20.07.18

Curioso é como as nossas limitações e defeitos inatos, devidamente identificados e controlados, podem tornar-se alicerces dum percurso para a santidade.

O Partido Comunista tem razão

por henrique pereira dos santos, em 19.07.18

O Governo (poder-se-á dizer, neste caso, o Estado) decidiram, mal, na minha opinião, que é irrelevante, que era necessário fazer um conjunto de acções de gestão em propriedades privadas para obter uma servidão administrativa a que chamou "faixas de gestão de combustível".

O que está em causa, não discutindo a eficácia da medida, é criar um bem colectivo, a segurança de todos face ao fogo, a partir de uma propriedade privada.

Para isso o Estado impõe restrições de uso que diminuem o potencial produtivo da propriedade (por exemplo, a diminuição de árvores por hectare) e aumentam os custos de gestão (por exemplo, a necessidade de manter a vegetação abaixo de uma determinada altura).

Na verdade isto nunca irá ser feito de forma séria e generalizada pela simples razão de que não há economia capaz de gerar meios para fazer isto e, à medida que o tempo for passando e os fogos forem perdendo importância na sociedade e no debate político, o que acontecerá até ao próximo ano que seja meteorologicamente desfavorável, dando origem a mais um ano catastrófico de fogo, o assunto vai sendo esquecido.

O Partido Comunista, e bem, veio dizer que esta obrigação deveria ser acompanhada do pagamento ao proprietário da perda de rendimento associada a esta servidão administrativa (como aliás se faz por baixo das linhas eléctricas).

Rui Rio resolveu obrigar o grupo parlamentar do PSD a roer a corda (ao que dizem os jornais) e esta medida da mais elementar justiça, proposta pelo Partido Comunista, foi ontem chumbada.

Para além da iniquidade evidente de tudo isto, o mais extraordinário é usar-se o argumento do custo para o Estado que a correcção desta flagrante injustiça acarretaria, argumentando-se com a impossibilidade do Estado arcar com este custo.

Suspeito que só gente completamente alienada é capaz de argumentar que os proprietários têm maior capacidade para arcar com este custo que o Estado e que, por isso, devem ser os proprietários a aguentar os custos de produção de um bem colectivo imposto coercivamente pelo Estado.

Para todos os efeitos, esta imposição é um imposto em espécie e é extraordinária a facilidade com que se defende este imposto sobre o depauperado mundo rural, ao mesmo tempo que se anunciam milhões para resgatar o interior.

Ide ver se chove.

Não se arranja ao menos um mínimo dos mínimos de decência?

por henrique pereira dos santos, em 17.07.18

Caro Duarte Costa,

Não nos conhecemos e quando vi um post do João Távora transcrevendo estas declarações suas, confesso que tive mesmo de ir confirmar em várias origens, porque não acreditei que alguém dissesse tamanha mistificação tendo um mínimo de responsabilidade e, já agora, um mínimo de decência, no exercício do cargo que ocupa.

Infelizmente confirmei noutras fontes que terá dito: "Ao longo deste ano registamos 6035 incêndios rurais, com menos 76% da média de área ardida dos últimos 10 anos. O que quer dizer que o sistema com todas as modificações que introduzimos, mais flexível na gestão operacional dos meios e controlo centralizado permite melhorar a resposta no ataque inicial e na flexibilização dos meios. Tivemos apenas 26% da área ardida, o que indica mais segurança para a população".

Caro Duarte Costa, eu sei que se os conselhos valessem alguma coisa eram vendidos, não eram dados, mas mesmo sabendo que não valem nada aqui vai um: não se esqueça de que a sua vida e a sua reputação não são o cargo que temporariamente ocupa, começaram antes e espera-se que continuem depois.

Ninguém consegue ter uma reputação de pessoa decente com base na apropriação de méritos alheios, mesmo que São Pedro não venha por aí abaixo pedir-lhe explicações, reclamando para si o que é mérito seu.

Faça o seu trabalho, esforce-se o que for preciso, mas não se ponha na posição do homem que salta do 20º andar e, em cada novo andar que passa, vai repetindo: até aqui, vai tudo bem.

De certeza que sabe, tão bem como eu, que quer os bons números deste ano até agora, quer os maus números que possam vir nos anos que estão para vir, devem-lhe muito pouco se a paisagem continuar a acumular combustível, como continua, e devem quase tudo a São Pedro.

Com os melhores cumprimentos,

henrique pereira dos santos

Da excepção como regra

por henrique pereira dos santos, em 15.07.18

Na longa noite passista, a conversa sobre a partidarização das nomeações de dirigentes da administração pública era frequente e bastante audível.

Logo na discussão do Orçamento de Estado, em Março de 2016, Mário Centeno parecia ser muito claro: "O sistema de recrutamento e seleção de dirigentes para a Administração Pública tem “problemas de transparência” e contribui para eternizar pessoas nos cargos, acusa o ministro das Finanças. No debate parlamentar na especialidade sobre o Orçamento do Estado para 2016, Mário Centeno mostrou descontentamento com o sistema de escolha dos altos dirigentes do Estado por parte da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (Cresap), designadamente com o facto de haver nomeações para cargos que depois se “eternizam” no tempo, o que no seu entender pode colocar problemas à renovação e melhoria da qualidade dos recursos humanos do Estado".

Depois, bem depois, António Costa, seguiu o princípio geral da governação em Portugal, tal como em todos os sítios por onde passou, não sendo muito original nisso: "proteger os amigos, perseguir os inimigos e aplicar a lei aos restantes".

Onde António Costa é bastante original e inovador, sendo a nomeação de dirigentes da administração pública uma excelente ilustração, é no que entende por "aplicar a lei aos restantes".

No caso concreto da nomeação de dirigentes a lei estabelece como regra a nomeação precedida de concurso, admitindo, no entanto, a excepção da nomeação em substituição até à realização do concurso.

António Costa resolveu então não mexer na lei - é muito impopular acabar com um sistema de concursos e era um bocado incómodo melhorar o péssimo sistema existente de forma a torná-lo mais meritocrático e menos permeável à influência dos governos - mas adoptar a regra de aplicar a excepção: nomeia quase toda a gente em substituição, não trata dos concursos e está o assunto resolvido.

Aparentemente a sociedade, os jornais, os partidos, os grupos de influência, enfim, todos os que no tempo da longa noita passista denunciavam (aliás bem) a evidente manipulação dos concursos feita pela CRESAP e pelo seu ex-presidente João Bilhim, estão hoje satisfeitos, podendo António Costa nomear ou mandar nomear quem quiser, que as notícias sobre a partidarização, e a quantidade de absolutos incompetentes nomeados até hoje, nunca será notícia.

Há pessoas assim, que têm uma extraordinária habilidade.

Domingo

por João Távora, em 15.07.18

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Marcos 


Naquele tempo, Jesus chamou os doze Apóstolos e começou a enviá-los dois a dois. Deu-lhes poder sobre os espíritos impuros e ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, a não ser o bastão: nem pão, nem alforge, nem dinheiro; que fossem calçados com sandálias, e não levassem duas túnicas. Disse-lhes também: «Quando entrardes em alguma casa, ficai nela até partirdes dali. E se não fordes recebidos em alguma localidade, se os habitantes não vos ouvirem, ao sair de lá, sacudi o pó dos vossos pés como testemunho contra eles». Os Apóstolos partiram e pregaram o arrependimento, expulsaram muitos demónios, ungiram com óleo muitos doentes e curaram-nos. 


Palavra da salvação. 

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«Os mercados»

por José Mendonça da Cruz, em 14.07.18

Cristiano Ronaldo custou à Juventus um pouco menos de 120 milhões de euros.

Antes de jogar, antes mesmo de ser apresentado como jogador do clube, antes de um mês sobre a contratação, a camisola com o seu nome e número já vendeu mais de 500 000 exemplares. Sendo que o preço varia, conforme os «atavios», entre 84 e 94 euros, CR7 já garantiu à Juventus um retorno de entre 42 e 49 milhões de euros, quase metade do custo, e a Juventus continua a garantir a Ronaldo a recompensa dos seus raros e enormes talento e esforço.

Agora, o que aconteceria se alastrassem a Itália e ao futebol as idiossincracias que os portugueses tanto apreciam na geringonça:

- sendo os mercados uma coisa horrível, nem a Juventus, nem Jorge Mendes, nem Cristiano Ronaldo teriam liberdade para gerir os seus negócios; o preço dos jogadores estaria tabelado, segundo algum múltiplo do salário médio português (aproximadamente o salário mínimo);

- as camisolas também estariam tabeladas, talvez por 1 ou 2 euros mais do que os 10 euros do produto normal, justificados pelo suplemento de personalização;

- não existiriam nem Juventus, nem Real, nem Mendes, nem Ronaldo, porque ambição e investimento exigem incentivo e retorno;

- todos os clubes de futebol seriam modestos e provinciais, e a sua audiência local e limitada;

-e ninguém desejaria ser profissional de futebol ou socialista.

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