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Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, alguns gregos que tinham vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido: «Senhor, nós queríamos ver Jesus». Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus. Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna. Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo. E se alguém Me servir, meu Pai o honrará. Agora a minha alma está perturbada. E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome». Veio então do Céu uma voz que dizia: «Já O glorifiquei e tornarei a glorificá-l’O». A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: «Foi um Anjo que Lhe falou». Disse Jesus: «Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir; foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a Mim». Falava deste modo, para indicar de que morte ia morrer.
Palavra da salvação.
Com uma pitada de sorte nevará até nas terras baixas do Norte. O resto é o costume: vento, muita chuva, mar levantado. Umas estufas e uns telhados pelo ar, outras tantas inundações e, não é impossível, qualquer fatal imprevidência. Mas, se o Mundo baptiza os seus tufões, porque não havemos nós de levar também à pia as nossas mais caseirinhas tempestades?
Aliás, já nos devíamos ter lembrado mais cedo - o inverno vai para o fim e dificilmente sofreremos este ano as molhas do Zózimo. Coitado, ele que até metera uma cunha para ser temporal e lá lhe ofereceram o distintivo amarelo...
Mas identificar as tempestades faz mais do que sentido. Deviam era escolher nomes truculentos, ou, pelo menos, bonifrates: Fabião, Raimundo, Brás, Judas, Hermógenes, Expedito. De modo a que os afectos presidenciais produzissem resultados duplicados nos seus contactos com os locais (eu ia a escrever "indígenas" mas não quero ser depreciativo...). - Então, portugueses, o que se passou? - Foi o Gedeão, esse mafarrico, que veio por estas bandas... - E logo Marcelo uniria os lesados todos num prolongado abraço (- O Gedeão, quem diria! Mas ele voa sempre fora dos limites! -) jurando voltar para o ano a festejar o aniversário da senhora mais idosa, sem esquecer uma vassoura para lhe varrer a casa.
Atrás de Marcelo, não abdicando da sua vez, Costa e Cabrita, com a entusiasmante promessa de que no próximo inverno já não haverá tempestades, sequer.
Assim vamos vivendo. Mas original, original seria baptizarmos os incêndios. Com nomes estrangeiros, para fazer de conta que eles vieram de fora. Enquanto não, chegará a vez dos horácios. Estão aí a estoirar e oxalá eles não se esqueçam da neve entre o Cávado e o Ave. Aguardemos. Como dizia um deles - carpe diem!
Ontem no Parlamento, António Costa, numa atitude de desbragado populismo à boa maneira de Vasco Gonçalves, desafiou os deputados a juntarem-se ao povo e oferecerem um dia de limpeza das matas com o Presidente da República "numa grande acção de limpeza da floresta nos próximos dias 24 e 25 de Março".
Está criada a ideia que a limpeza das matas é uma missão heróica que será um assunto encerrado numa data determinada pelo governo. Isso é mera propaganda para entreter os pobres de espírito. Acontece que as matas crescem continuamente e a sua limpeza terá de ser uma rotina. O esforço não pode ser hercúleo, tem de ser sustentável. Certo é que para já resta-nos rezar a São Pedro por um Verão ameno, que este ano as condições meteorológicas sejam clementes para com o interior abandonado e um governo de incompetentes.
Imagem daqui
Estou, portanto, sem representação. O meu ínfimo e miserável voto será mais um a juntar-se às colunas nem ínfimas nem miseráveis da abstenção. O meu voto olha para trás sem saudade e deseja aos partidos do sistema que, um dia, olhem em redor e não vejam ninguém, e que, depois, tardiamente, perorem sobre populismo.
O Dr. Rui Rio tem uma ambição: fazer do PSD um verdadeiro PS. Entretanto, até esse momento salvífico, o Dr. Rui Rio quer fazer do PSD o melhor amigo e imitador do PS, o seu aliado para o diálogo, a sua bengala contra o extremismo. O Dr. Rui Rio vê na antiga hoste de Sócrates que agora novamente governa gente perfeitamente fiável e equilibrada, sociais-democratas como ele. Ao Dr. Rui Rio não ocorre crítica ou indisposição alguma sobre carga fiscal ou omnipresença do fisco, sobre a hipoteca do futuro a funcionários e sindicalistas, sobre o estado da saúde, sobre captivações, sobre segurança social, sobre as políticas estatistas e de sacrifício da liberdade na educação e na economia, sobre divergência em relação à UE e oportunidades perdidas. O Dr. Rui Rio e a sua direcção garantem-nos que, salvo erro ou adiamento, o futuro começa em 2022. O Dr. Rio está próximo de Pacheco Pereira, que desconsidera qualquer política que fale de empresas, e não de trabalhadores (a mesma frase, quase ipsis verbis, que Jerónimo Sousa disse ontem ao PS).
O meu voto tem nojo ao Dr. Rui Rio. É atraído por aquilo a que Pacheco Pereira tem nojo, porque eu considero que uma política que opõe «trabalhadores» e «empresas» é reaccionária e retrógrada. O Dr. Rui Rio estará perto de nos presentear com a citação que toda a acção política pusilânime cita: «a política é a arte do possível». Repete-se o paradoxo de um chanceler de ferro proporcionar tão boa desculpa a figurantes de plasticina.
A Dr.ª Assunção Cristas jura que é de direita. Donde se segue – estranhamente, e segundo ela – que não tem nem programa nem ideias, só pragmatismo. Ou seja, a Dr.ª Assunção Cristas garante-nos que não fará mais que o possível, por medo de amedrontar alguém. Não terá valores, só caminhos. Entretanto, o que é o possível? O possível é competir com o PSD, um combate entre os dois, um contra o outro e contra o método de Hondt. A Dr.ª Assunção Cristas promete afirmar-se e ao seu partido, e, de passagem, garantir a vitória do PS nas eleições de 2009 e outras que venham.
O meu voto sempre teve nojo ao CDS, cujos excelentes quadros sinceramente admiro, mas a quem não dou o voto porque nunca sei para onde o levam. Podem ser liberais com dúvidas, um dia, e pender para o intervencionismo, no outro, uma espécie de socialismo menos maligno enroupado em democracia cristã. O meu voto tem nojo à política da Dr.ª Cristas, porque não sabe o que é, porque o pragmatismo manda umas coisas um dia, e o contrário delas no outro.
Para o Dr. Rui Rio e a Dr.ª Assunção Cristas ser-se maximalista, hoje, é considerar que a política do PS não consegue (nem visa) mais do que preservar a cepa torta, e, de passagem, garantir lugares e rendas aos amigos, ou que a actual forma de garantir a paz social entrega porções vitais do país à pré-história. O Dr. Rio e a Dr.ª Cristas combatem-se com a espada da possibilidade. O meu voto tem nojo a ela.
Este artigo de Joaquim Sarmento merece muita atenção.
1) Porque é muito claro e racional na avaliação de duas PPP, demonstrando que o problema não é haver PPP, o problema é haver quem, do lado do Estado, as entenda como meras operações de desorçamentação e não como processos financeiros complexos que, para terem alguma hipótese de serem socialmente úteis, implicam que haja riscos essenciais do lado do privado (este aspecto é especialmente evidente quando se comparam a generalidade das PPP rodoviárias com as PPP da área da saúde, que funcionam razoavelmente bem e cumprem positivamente funções sociais relevantes);
2) Porque permite pôr a discussão sobre concessões de serviços públicos, não apenas sob a forma de PPP, mas também de exploração de transportes públicos e coisas que tal, num plano que não é o da discussão habitual, e habitualmente estéril, de gestão estatal face a gestão privada. Quer a gestão estatal quer a gestão privada de concessões têm riscos e oportunidades, vantagens e desvantagens e os resultados dependem muito mais das regras estabelecidas, e consequentes incentivos às decisões de gestão, que da natureza estatal ou privada do operador do serviço;
3) Porque, por último, permite tornar gritante a forma diferente como é tratada pela sociedade, com a comunicação social à cabeça, a ida de Ferreira do Amaral para a Lusoponte, gerir um contrato que na verdade já estava muito longe de ser o contrato que ele próprio assinou com a Lusoponte (pessoalmente, na posição de Ferreira do Amaral, mesmo reconhecendo que o risco de conflito de interesses está muito diminuído pelo tempo decorrido e pelas alterações contratuais, eu julgo que não aceitaria ser presidente da Lusoponte) e a ida de Jorge Coelho para a Mota-Engil, uma das principais beneficiárias das alterações contratuais feitas e promovidas por Jorge Coelho no contrato da Lusoponte. Estar do lado certo do espectro político é quase uma carta de alforria para as maiores barbaridas éticas e só este facto justifica que Sócrates tenha conseguido fazer o que fez e, acima de tudo, que isso não belisque minimamente um dos seus braços direitos, número dois do PS em 2011, coordenador da moção que Sócrates apresentou ao congresso em 2011, António Costa, o arguto político que vê sempre muito mais longe que os outros, mas foi incapaz de ver o que se passava ao lado, mesmo ali ao perto.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Assim como Moisés elevou a serpente no deserto, também o Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna. Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem acredita n’Ele não é condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas obras. Todo aquele que pratica más acções odeia a luz e não se aproxima dela, para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em Deus.
Palavra da salvação.
"As alterações ocorridas, desde o seu início, na concessão podem ser identificadas através de três modelos contratuais distintos, que representam, na realidade, três sistemas diferenciados de repartição de riscos, de custos e de benefícios, entre o Estado e a Lusoponte, a saber: o modelo delineado no Contrato de concessão inicial; o modelo inerente ao Acordo (FRA 1); e o modelo subjacente ao FRA Global.
No actual modelo, ou seja, no subjacente ao FRA global de 2000, a evolução observada nos termos de afectação de riscos veio acentuar ainda mais o desequilíbrio do contrato de concessão, em favor da concessionária, ao permitir transferir para o Estado riscos que, normalmente, caberiam à concessionária.
O resultado final das sucessivas mutações sofridas pela arquitectura contratual da concessão acabou por se traduzir na celebração de um Acordo que não defendeu da melhor forma o interesse público, já que dele decorrem consequências financeiras mais elevadas para o erário público e, também, para os utentes das duas travessias sobre o Tejo, e uma situação objectivamente mais favorável para concessionária."
Esta é a principal conclusão da auditoria do Tribunal de Contas à concessão das pontes de Lisboa.
Para se perceber melhor, esta é uma das alterações de repartição de riscos alterada:
"Redução efectiva do risco geral do projecto pela anulação da obrigação da concessionária comparticipar nos encargos de manutenção da estrutura da Ponte 25 de Abril e do viaduto de acesso da margem norte do Tejo e pela garantia de uma componente fixa de cash-flow, sem risco de tráfego, a liquidar pelo concedente, entre 2001 e 2019, através do pagamento de rendas semestrais, no montante total de 61,372 milhões de contos.".
Ora o principal responsável por estas alterações, incluindo esta que especifiquei, é Jorge Coelho, e o governo que alterou as condições a favor da Lusoponte, essencialmente cedendo ao buzinão da ponte - uma decisão inqualificável do ponto de vista da coesão territorial, da gestão urbana, da sustentabilidade na mobilidade e da justiça social - foi o governo de António Guterres.
Não se pense que foi um caso único, Jorge Coelho, de forma sistemática, transferiu riscos dos concessionários para o Estado, renegociando concessões em posição de fragilidade: uma coisa é negociar uma concessão através de um concurso em que todos os concorrentes querem ganhar a concessão, outra coisa é negociar alterações a concessões quando já existe um contrato e só há um concessionário, que tem evidentemente a faca e o queijo na mão.
Jorge Coelho perseguia objectivos políticos de curto prazo, querendo obras mais rápidas para estarem prontas ou lançadas a tempo de eleições ou querendo motivar interessados em obras injustificáveis do ponto de vista da racionalidade económica, como algumas das auto-estradas que foram feitas (não deixa de ser uma deliciosa ironia que pelo menos um dos subscritores do processo judicial posto à troica seja um dos principais economistas envolvidos nas marteladas dadas aos números para justificar obras injustificáveis, sustentadas em empréstimos que só não deram pior resultado porque a troica nos pôs a mão por baixo, não sei se por sermos meninos, se por sermos borrachos).
Pois bem, sendo isto assim e estando perfeitamente documentado, o que mais se vê são referências à putativa promiscuidade entre Ferreira do Amaral e a Lusoponte, como justificação para o facto da manutenção da ponte ir agora sair do bolso dos contribuintes, mesmo na imprensa de referência e nos comentadores mais influentes, conseguindo Jorge Coelho (e Guterres) nunca ser responsabilizado pela captação do Estado a favor dos seus interesses políticos (dos outros não falo, a polícia que tome conta do assunto, se houver matéria para isso, do que aliás duvido, neste caso).
Uma sociedade que funciona assim, que em qualquer caso raramente aceita que os factos influenciem as suas opiniões, só pode dar os resultados que temos tido.
O que aliás é bem visível na quantidade de imbecis encartados e cheios de títulos académicos que acham que uma experiência de quatro anos como primeiro ministro, nas condições em que foram exercidas por Passos Coelho (e o mesmo é válido para Guterres, Sócrates, Costa), não qualifica ninguém para dar aulas num instituto de ciência política.
Aparentemente comportamo-nos como meninos mimados que se recusam a comer bróculos por não gostarem, achando que todas as decisões do mundo se tomam com base nesse critério, assumindo-nos como o centro de um mundo que pode prescindir da teimosia dos factos.
Ainda há muito caminho para percorrer no que diz respeito à igualdade entre os homens e as mulheres (a ultima vez que em Portugal tivemos uma mulher na Chefia de Estado foi em monarquia). No entanto, à medida que a força bruta vai paulatinamente perdendo préstimo num lento processo civilizacional que já dura há séculos, eu antecipo que nas próximas décadas, se nenhum cataclismo acontecer no ocidente, a mulher ultrapassará o homem em quase todas as vertentes e assumirá socialmente a liderança. Só espero que, na sua diversidade de estágios, formas e expressões, nunca deixe de ser genuinamente feminina, a única forma de nós os homens aprenderemos alguma coisa nisto de se lidar com a vida.
(...) Faz falta pensar, sobretudo pensar. Os tecnocratas que nos apoquentam, os que nos bombardeiam diariamente com chavões como challenge e leadership e branding, não entenderam, ou não quiseram entender, o poder da marca na política: e essa marca é a ideologia, firme, segura de si.
Ao ambicionar diminuir-se ideologicamente, para com isso assaltar o eleitorado ao centro, o CDS consolida a desconfiança já tremida daquela que é a sua base: a direita. E porque um mal nunca vem só, enxota de vez os desapontados, aqueles que nos mais de 40% de abstenção não se reconhecem neste sistema putrefacto do arco da governação. (...)
A Ler o Ricardo Lima n'O Insurgente
"Mário Centeno
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Interview w/ Athens News Agency: 8 years of adjustment was too long a process. Stronger ownership by #Greece could’ve delivered much sooner good results we see today."
Mais vale tarde que nunca: Centeno faz um dos mais rasgados elogios ao Governo anterior, reconhecendo, finalmente, que a opção de Passos Coelho foi bem melhor que o, nessa altura, proposto por António Costa.
"Para o secretário-geral do PS, António Costa, o triunfo do Syriza nas eleições gregas é "um sinal de mudança" que dá força a Portugal e a outros países europeus para seguirem a mesma linha.
"Este é mais um sinal da mudança da orientação política que está em curso na Europa, o esgotamento das políticas de austeridade e a necessidade de termos uma outra política que permita que a moeda única seja efectivamente uma moeda comum, que seja uma moeda que efetivamente gere ganhos para todos os povos e todas as economias da zona euro", declarou António Costa.
O líder socialista lamentou que não se tenham tirado logo todas as consequências com os resultados das eleições europeias, embora saliente que há alguns "passos positivos", como o plano Juncker e a recente decisão do BCE.
"É importante que outros países europeus deem força a esses resultados na Grécia, que dão força a essa mudança. É preciso contrariar a vontade do Governo português, que não quer a mudança e procura contrariar a mudança. Hoje, os gregos disseram que essa mudança tem que chegar", afirmou.
Segundo António Costa, é necessário travar uma estratégia política que não tem conseguido sucessos económicos, nem a consolidação das finanças públicas. "A Europa tem de ter uma reorientação da sua política se quer ser capaz de manter o apoio dos cidadãos à moeda única", disse.
O líder socialista elogiou ainda o povo grego, que "resistiu a todas as pressões", elegendo "livre e democraticamente" o Syriza, defendendo que a União Europeia (UE) tem que respeitar a decisão do país."
Agora só lhe falta a coragem de dizer o mesmo em Portugal, com todas as letras, explicando que o que tem vindo a dizer de há uns anos a esta parte não é mais que uma fraude para aceder ao poder, enganando os eleitores com um discurso que a prática contraria.
Tenho algumas dúvidas quanto à objectividade das conclusões de Pacheco Pereira neste artigo quando reflecte sobre o triste encerramento e decadência das livrarias e as suas causas. Há números que indiquem a redução das vendas de livros e da actividade editorial? Parece-me que não: a facilidade que as novas tecnologias proporciona para a produção e distribuição de obras especializadas para públicos muito específicos constitui no meu entender um grande avanço. Na minha casa, em que se consomem bastantes livros, estamos a adquiri-los maioritariamente online, seja pela Amazon ou pela Wook, por exemplo. Recentemente, fiz a pesquisa de um livro antigo no Google, e fui parar a um site de um alfarrabista, onde o adquiri - não precisei de me deslocar à loja (que nem sei se existe). Pacheco Pereira dá-se ao direito de "achar coisas" nos jornais e televisão, e eu atrevo-me ao mesmo aqui neste modesto blog: a minha intuição leva-me a diferentes conclusões das suas. Pela minha experiência de vida, hoje como ontem, tenho a viva impressão que resulta impossível incutir sólidos hábitos de leitura (tenho 4 filhos e sou um de 5 irmãos) a quem não tem apetência para tal - e não é por falta de dedicação à "causa". Julgo que o problema do Pacheco Pereira está no desconforto causado pela desilusão com a ausência de efeitos na erudição das massas por via da alta taxa de escolarização. Acontece que o sonho de democratizar a erudição resultou numa falácia porque ela provém mais de dons que nascem com as pessoas que por outros factores, e o ensino democrático pouco mais poderá fazer do que mitigar os danos da boçalidade natural das gentes. É verdade que nunca como hoje a alienação pelo entretenimento esteve tão acessível, ou mesmo invasiva, principalmente através dos videojogos e das redes sociais. Mas apesar de tudo tendo a acreditar que nunca como hoje se leu tanto (em termos meramente quantitativos, evidentemente) justamente por causa do acesso extremamente facilitado aos mais variados conteúdos na Internet - que também os há de qualidade, sejamos justos. Melhor que nada. Quanto à valorização do “conhecimento, do silêncio, do tempo lento, da leitura e da 'verdade factual'” (o que será isso de 'verdade factual' afinal?) desconfio que será sempre apanágio de uma pequena minoria de privilegiados por Deus (ou pela natureza). Ontem como hoje ou amanhã, desfrutar de Schubert ou Dostoievski será privilégio de muito poucos. E já todos percebemos que os escritos de Pacheco Pereira por este caminho estão longe de se tornarem clássicos. Escusa é de se armar aos cucos, que não lhe fica bem.
Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João
Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, de ovelhas e de pombas e os cambistas sentados às bancas. Fez então um chicote de cordas e expulsou-os a todos do templo, com as ovelhas e os bois; deitou por terra o dinheiro dos cambistas e derrubou-lhes as mesas; e disse aos que vendiam pombas: «Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai casa de comércio». Os discípulos recordaram-se do que estava escrito: «Devora-me o zelo pela tua casa». Então os judeus tomaram a palavra e perguntaram-Lhe: «Que sinal nos dás de que podes proceder deste modo?». Jesus respondeu-lhes: «Destruí este templo e em três dias o levantarei». Disseram os judeus: «Foram precisos quarenta e seis anos para se construir este templo e Tu vais levantá-lo em três dias?». Jesus, porém, falava do templo do seu corpo. Por isso, quando Ele ressuscitou dos mortos, os discípulos lembraram-se do que tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra de Jesus. Enquanto Jesus permaneceu em Jerusalém pela festa da Páscoa, muitos, ao verem os milagres que fazia, acreditaram no seu nome. Mas Jesus não se fiava deles, porque os conhecia a todos e não precisava de que Lhe dessem informações sobre ninguém: Ele bem sabia o que há no homem.
Palavra da salvação.
(...) Isto tem porém pernas para andar. Preenche o velho sonho igualitarista de andarmos à mesma velocidade, já que não podemos todos ter automóveis com o mesmo grau de luxo ou performance, nem a mesma apetência e competência para andar depressa; torna as viagens de médio curso (Porto/Lisboa, por exemplo) de tal modo maçadoras que não é impossível que acicate o interesse pelo transporte colectivo, uma velha reivindicação da esquerda, que sempre torceu o nariz à liberdade e autonomia que o transporte individual proporciona; e não é impossível que numa primeira fase (antes de se constatar que cessará a evolução em travões, suspensões e outros sistemas de segurança activa, que sempre progrediram para satisfazer os transgressores, e não os cumpridores) se verifique uma diminuição das consequências dos acidentes viários, por terem lugar a velocidades inferiores. Tão inferiores que o que se recomenda, e vai impor, para as cidades, é a velocidade de um cavalo a galope, sem que ninguém tenha feito um estudo sério sobre as consequências, para a densidade do tráfego, da diminuição da velocidade média.
A ler o José Meireles da Graça no Grémlin Literário, na integra aqui
Paulo Fernandes usou esta fotografia, tirada perto e Álvaro, Oleiros, num comentário sobre o incêndio Sertã/ Oleiros, de 15 de Outubro.
À esquerda temos um povoamento de eucalipto, à direita um povoamento de pinheiro, sensivelmente do mesmo tamanho.
Aparentemente, o fogo foi menos intenso do lado do eucalipto que do lado do pinheiro, o que se percebe pela cor e pelo facto das folhas dos eucaliptos não estarem totalmente calcinadas. Paulo Fernandes fala de um fogo de superfície no eucalipto e num fogo de copas no pinhal.
O relevante aqui é chamar a atenção para o erro que seria dizer, a partir desta fotografia, que o pinheiro é muito mais perigoso que o eucalipto, do ponto de vista dos fogos.
Neste caso pode dizer-se que os pinheiros à direita constituíram um problema maior que os eucaliptos à esquerda. Por serem pinheiros? Não, seguramente, do lado esquerdo está um povoamento, provavelmente gerido, e do lado direito está um conjunto de árvores sem gestão, ser uma ou outra espécie não é muito relevante para o que aqui se vê.
A chave aqui é a gestão.
Esta noite uma colega minha mandava-me uma imagem de uma quinta, cujos combustíveis são geridos por cabras, e com centenas de árvores, carvalhos, castanheiros, oliveiras, fruteiras e alguns pinheiros, pedindo-me conselhos sobre o que fazer.
Se a lei fosse aplicada cegamente, as casas entretanto recuperadas, tal como a quinta, deixariam de ter metade do interesse para os seus proprietários, para a biodiversidade e deixariam de ser uma ilha de diversidade e amenidade numa mar de eucaliptos de produção na envolvente. E com o sol e a luz a entrar francamente até ao chão, o mato explodiria, aumentando, em vez de diminuir, o risco de fogo.
Sugeri-lhe que procurasse fazer, junto da Comissão Municipal de Defesa da Floresta, aquilo que penso que a Câmara de Lisboa terá feito em Monsanto: alegar a qualidade do arvoredo e a gestão de combustíveis que é feita, para que se aplique uma excepção, aliás prevista na lei, que evite o corte estúpido, socialmente absurdo e inútil do arvoredo.
Mais uma vez, a chave aqui é a gestão.
Alegar-se que "quanto mais cortar menos risco existe" é de uma inacreditável indigência e uma poderosa demonstração de como a ignorância é atrevida.
Alegar-se que o problema é não se ter aplicado a lei nos últimos doze anos e portanto agora a coisa resolve-se com um esforço excepcional de cortar a eito, mesmo que seja um bocadinho a mais, é esquecer que a vegetação cresce todos os dias, independentemente do que diz o Diário da República: mesmo que há doze anos a lei tivesse sido aplicada, já teria tido tempo para voltar tudo a crescer, estando em ponto de rebuçado para arder.
Dizem-me que um cálculo preliminar da área envolvida nestas obrigações de cortar a esmo andará pelo milhão de hectares, entre 50 metros de cadas isoladas, cem metros de povoamentos, margens de infraestruturas, redes primárias de gestão de combustíveis, etc..
Ao preço do corte moto-manual seriam mil milhões de três em três anos. Com fogo poder-se-ia reduzir para um quarto, mas a dificuldade técnica é maior e está-se dependente das condições meteorológicas (pretender queimar 300 mil hectares por ano quando o objectvivo do Governo é queimar 15 mil hectares por ano dá bem a ideia da dificuldade da coisa). Mesmo assim, 250 milhões de três em três anos, é muito dinheiro (o governo anda muito satisfeito porque disponibilizou um empréstimo às autarquias de 50 milhões, já não é mau, já deve dar para 20% do que seria preciso fazer com esta lógica, mais coisa, menos coisa).
No fundo, no fundo, a coisa está muito bem caracterizada neste comentário que eu gostaria de ter escrito: "Este pessoal não percebe o que acontece a um terreno quando deixa de ser explorado. Pensarão com certeza que cortam as árvores e o terreno fica assim, sem nada, sem mato, para sempre...".
Que um ou outro responsável pense isto, enfim, é triste mas acontece, mas que uma sociedade inteira deixe que esta ideia parva seja a base da gestão do fogo com que o Estado pretende garantir a segurança de pessoas e bens, é para mim um mistério que me deixa completamente atordoado.
Confesso que não sei mais que fazer nesta matéria, há alturas em que baixar os braços parece ser o mais sensato.
Se as eleições fossem hoje, nas actuais circunstâncias, provavelmente eu votaria no PC (Partido Comunista, para que não restem dúvidas).
Por definição costumo votar por exclusão de partes: vou eliminando possibilidades até não sobrar ninguém em quem votar, depois faço o percurso inverso, repescando possibilidades, depois volto a eliminar até ao momento em que sobra um: voto nesse.
Começo por opções ideológicas, o que normalmente elimina os inimigos da democracia, do mercado e do direito das pessoas comuns fazerem o que entendem, em especial o seu exercício do direito à asneira.
Depois costumo eliminar coisas em forma de assim, como o PNR ou o BE.
Só então me começo a focar na formação de governo.
Essencialmente teria de optar, hoje, por um governo de Costa ou um governo de Rio (um governo dos dois é possível, mas o meu voto é irrelevante para isso. De qualquer maneira não seria muito diferente do que está).
Hoje (pode ser que mude de opinião no futuro, eu costumo discordar muito de mim) não vejo grande diferença entre votar Rio ou Costa, ao contrário do que acontecia antes em que, à falta da possibilidade de votar na troica (isso era mesmo a minha primeira opção), votava com gosto em quem não demonstrou o menor gosto pela captura do Estado pelos grupos de interesse, o menor gosto pelo condicionamento da justiça, o menor gosto pelo controlo da imprensa e, ainda por cima, demonstrou uma grande solidez institucional e coragem política para fazer o que tinha de ser feito para pôr as finanças do país num plano minimamente gerível sem sobressaltos, mantendo os níveis de prestação social bastante altos (com a evidente limitação do elevado desemprego, questão inevitável nas circunstâncias): Pedro Passos Coelho.
Por outro lado, não vejo grande possibilidade de uma maioria politicamente apoiada em manter o rumo de reforço da solidez financeira e libertação da economia do espartilho criado pela aliança entre o Estado e os compadres, privatizando empresas, concessionando serviços públicos de transporte, reduzindo o peso do Estado na economia, na educação e na saúde, mantendo e reforçando o apoio aos mais frágeis e arrefecendo o consumo assente em crédito.
Resumindo, a solução que está, sendo péssima, é a solução que parece ser a escolha da sociedade e não vejo como poderia o meu voto ajudar a uma alternativa real.
Assim sendo, o que o meu voto pode fazer é apenas procurar influenciar a solução que está, tal como votei em Alegre, na sua primeira candidatura, para chatear Sócrates e Soares, objectivo perfeitamente conseguido (que Alegre tenha depois pensado que o milhão de votos que teve eram sua propriedade é um problema que só lhe diz respeito).
Não faz sentido votar em Costa, porque em si mesmo era excessivo, mesmo para um pragmático como eu.
Para além disso, ter um PS com maioria absoluta, dirigido por braços direitos de Sócrates, é um risco que gostaria de minimizar, estando ainda associada a certeza de um assalto partidário ao Estado ainda maior que o que se verifica actualmente.
Votar em cata-ventos e balões coloridos não é muito o meu género, e votar no BE, ou contribuir para um governo PS/ BE, é um risco ainda maior que a maioria absoluta do PS.
Resta-me então contribuir para ter gente crescida a pôr um mínimo de ordem no recreio, com posições institucionais sobre a protecção da pequena propriedade florestal ou o acordo ortográfico que são perfeitamente razoáveis e sensatas, mantendo o PS minimanente controlado.
Tem o preço de aumentar o problema de manter articialmente vivo um sindicalismo que representa muito pouca gente e que tem um contributo excessivamente negativo para a economia, mas enfim, é um preço suportável. Claro que preferia evoluir para um sindicalismo de empresas em vez de manter o anacronismo centralista existente, mas paciência, é o que há.
E é isto, votar no PC é, nas actuais circunstâncias, o menos mau dos votos, pelo menos enquanto Adolfo Mesquita Nunes não mandar no CDS.
Estive hoje a ouvir o debate quinzenal no Parlamento, foi o primeiro debate quinzenal de Costa com o novo líder da bancada do PS, Fernando Negrão, fiquei desconcertada com os elogios rasgados de António Costa a Fernando Negrão e vice-versa. A partir daí tudo me pareceu encenação.
"Queria começar por agradecer as palavras que dirigiu à nova banca do PSD na semana passada" apresentou-se assim Fernando Negrão.
António Costa, que fez os agradecimentos da praxe a Pedro Passos Coelho e a Hugo Soares, dirigiu-se então a Negrão: "Os últimos são os primeiros (...) queria saudar a forma como vê este debate, não como um duelo quinzenal, mas como fazendo parte do exercício democrático (...) e é com gosto que vejo estes debates retomarem a normalidade". Retomarem a normalidade?! Isso significa que se tinha perdido a normalidade? Quando?
Fernando Negrão teve depois um momento muitíssimo nobre quando deu um cumprimento especial a Pedro Passos Coelho e dizer-lhe que "a História saberá fazer-lhe justiça". Aplaudido pelos centristas e pelos social-democratas.
Depois começou a sua intervenção a dizer "Senhor primeiro-ministro será possível nas grandes questões de interesse nacional nós dialogarmos e chegarmos a acordo" e mostrou a "disponibilidade da banca", o que é uma introdução, que diga-se de passagem, na augura grande oposição no debate, mesmo que depois tenha dito entre elogios ao primeiro-ministro socialista que ia "fazer oposição firme". Veja-se o que disse Fernando Negrão: "Senhor primeiro-ministro obviamente também quero cumprimentar todo o Governo, mas queria dizer-lhe que esta é uma bancada da oposição e sendo uma bancada de oposição irá exercer essa oposição com firmeza", soou a desculpe caro amigo, mas vou ter de o confrontar aqui em público.
As perguntas que o novo líder da bancada do PSD escolheu para se estrear no debate foram sobre a entrada da Santa Casa no capital do Montepio. O tema não é mau, mas as perguntas foram bastante fracas e facilmente rebatidas e de forma inteligente pelo "adversário político" formal, António Costa (mas que pelos elogios à entrada na prática mais parecia mais um aliado).
"Contamos com um maior contributo do PSD para uma cultura democrática, que demonstre que a condição de se ser adversário em política não é idêntica à condição de se ser inimigo", disse também Carlos César.
Entre tanta troca de galhardetes faço minhas as palavras de Sebastião R. Bugalho no Twitter: @reis_bugalho
É bom que o PSD (ou este novo PSD) entenda que todos estes elogios do PS e do Governo têm visado uma coisa: diminuir quem estava antes.
P.S.Fernando Negrão disse a certa altura que "Espanta-me um governo de esquerda tomar esta decisão de entrada da Santa Casa no Montepio)". Eu, correndo o risco de estar posição divergente com a direita, digo que a mim espanta-me que a direita se oponha tanto a este negócio de compra de uma participação no Montepio. Pois se tiver racionais económicos porque não? Não vejo uma grande diferença moral entre ficar acionista da Caixa Económica Montepio Geral e ser monopolista nos jogos de sorte e azar, sinceramente. Nesse aspeto dou razão a António Costa.
A mim o que mais me preocupa na entrada da Santa Casa no banco Montepio é se os propósitos são políticos e se a estratégia está a ser desenhada num compadrio de "amiguismo" em vez dos racionais económicos. Se o negócio é combinado e se as avaliações servem apenas para justificar a operação desenhada nos corredores da política e da cumplicidade destes com alguns gestores. Isso já acho mais preocupante. Agora que a Caixa Económica precisa de acionistas que ponham dinheiro no banco em futuros reforços de capital lá isso precisa.
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