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Era só conversa, afinal

por João Távora, em 30.03.17

"Indignados", indignem-se. "Que se lixe a troika", mostrem-se "lixados", um bocadinho que seja, com qualquer coisinha. "Geração à rasca", só passaram dois anos. Ninguém acredita que se desenrascaram com essa facilidade. "Auditoria cidadã à dívida", está alguém em casa? A dívida ultrapassou 132% do PIB. Embora lá tirar do bolso a máquina calculadora. Camaradas do "Congresso das alternativas" e da "Rede economia com futuro", como é que é? A CGD, financiada por "fundos abutres" à taxa de 10,75%, com comissões e impostos pagos em offshore do Luxemburgo, prepara-se para encerrar 180 balcões no Norte, Centro, Sul, Açores e Madeira e despedir 2200 trabalhadores até 2020. O Novo Banco, depois de entregue à Lone Star, vai encerrar 55 balcões e despedir 400 trabalhadores. Mais de 500 foram dispensados das escolas privadas. E os camaradas nem um grito, nem uma lágrima? Francamente. Parte importante do esforço de contestação de rua, nascido depois de 2011 em Portugal, revela-se o que sempre foi. Uma encenação instrumental indecente, dos partidos à Esquerda.

 

Nuno Melo no Jornal de Notícias 

E se ele tivesse falado em Ferraris?

por João-Afonso Machado, em 28.03.17

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Gostei do imortal dito do tal cavalheiro holandês - Jeroen Dijsselbloen - sobre a apetência dos europeus do sul para os copos e as mulheres. Ele saberá porque fala: do que assiste, quando tem tempo, nos fins de semana na sua terra; e do que não se percebe se já provou, ansiaria ter provado, ou não consegue provar - refiro-me à companhia de senhoras, é claro.

E gostei, até, pela onda geral de histeria que provocou. Provavelmente em Portugal apenas, ou sobretudo.

O mais é quase nada. Se adivinho onde o ratinho Dijsselbloen queria chegar, talvez fosse mais acertado falar em Ferraris e na CGTP.

Isto é: nos patos-bravos que transformaram em cavalos, cavalinhos e cavalões (de potência automóvel) os dinheiros - ditos "fundos estruturais" - caídos em Potugal para activar uma economia quase nula. (Vão lá 30 anos...). E no pagode sindical ao serviço da ideologia leninista, sempre implacável quando se trata de fazer qualquer coisinha mais além do horário.

De cima a baixo, na realdade, somos o que somos porque não queremos ser mehor. O irrequieto Djsselbloen (fora ser socialista) é o que é mas, principalmente, os holandeses são o que são.

E o noso estoico Costa continua - igual a si mesmo, sempre no seu melhor. Agora quer "varrer" o seu camarada... Como se não o fosse.

Boa-fé

por Corta-fitas, em 27.03.17

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Muita alma por este país se ofendeu com as declarações do Sr. Dijsselbloem. Pois eu achei-as bem-vindas. Acontece que, para variar, desde 2011 que o argumento não anda a surtir o efeito desejado, e, como tal, o esgotamento da paciência de quem é de boas contas utilizou agora a metáfora como método. Felizmente esta chegou de uma forma directa e incisiva, não fosse o ilusionista invocar uma qualquer dificuldade de interpretação para fugir ao assunto. Embora a espuma do acontecimento ainda não permita bem digerir o que está em causa, a verdade é que em algum ponto não muito distante a infantilidade reinante nalguns países vai ter de ser posta à prova. E o que está em causa é ver quem fica e quem sai da zona euro.

A zona euro é uma parada muito alta e exige aos seus aderentes um comportamento nórdico. O euro não foi criado para servir os propósitos dos países do sul em atingir o nível de vida dos países do norte por via da ilusão à boleia da falsificação de contas, e à custa de viver pendurado nos outros por via de perdões de dívida. O euro foi criado com o objectivo de aprofundar a EU e de criar laços fortes entre os seus constituintes. Convém ainda reter que o Euro não tem o propósito de ser utilizado como arma concorrencial para satisfazer os dislates e as estroinices de povos menos ajuizados.

Como num casamento, os países também se vão conhecendo com o tempo. E também como num casamento existem altos e baixos. Os consecutivos resgates e programas foram uma boa resposta à crise conjugal do Euro, provando que o norte se solidarizou bem com o sul. Compete ao sul cuidar-se e aproveitar a ajuda, tomando a si a responsabilidade de fazer o que lhe compete para merecer confiança no futuro. O caminho pode ser mais ou menos sinuoso e apresentar mais ou menos dificuldades inesperadas. Mas nada que a persistência e a boa conduta não possa vencer.

Algum tempo passou, e nesta fase é crucial perceber bem que existe um ponto fundamental que se não for cumprido tem a ruptura como resultado final. Esse ponto chama-se: boa-fé. Ou percebemos e interiorizamos isto, e depois agimos em conformidade, ou então o resultado e o todo o processo serão muito penosos.

Muitos julgaram que o Euro seria um instrumento formal e eterno de uns viverem pendurados nos outros, um verdadeiro idílio para o socialista meridional. Esqueceram-se que os parceiros com quem corremos na pista andam muitos avisados, conhecem-nos melhor do que imaginamos, e sabem muito bem distinguir quem necessita de solidariedade e quem quer viver pendurado. Por outras palavras, topam-nos à distância.

Mas muito mais do que esquerda e direita, o que está em causa nesta matéria é distinguir de entre todos aqueles que julgam que viver à conta dos outros é um modo de vida e aqueles que entendem essa postura como perversa e contrária ao bom convívio entre os diferentes povos.

 

Pedro Bazaliza
Convidado Especial

Reformar

por henrique pereira dos santos, em 26.03.17

Portugal tem cerca de 9 milhões de hectares.
Destes, dois terços, cerca de seis milhões, são espaços florestais, divididos entre um terço de matos e um terço de povoamentos florestais, ou seja, 3 milhões de hectares de povoamentos florestais.
Admite-se que uma gestão de fogo sensata e eficiente, isto é, que permita manter o fogo em níveis que evitem grandes fogos e permita ter um risco de fogo compatível com a exploração económica dos povoamentos, deverá implicar 20% de área de tratamento de combustíveis, desde que executados de forma muito estratégica (seja por corte matos, fogo ou pastoreio).
Como a gestão de combustíveis pode ser feita mais ou menos de cinco em cinco (há variações, mas agora são irrelevantes para a discussão), isto significaria um tratamento anual de combustíveis em 4% dos povoamentos (20% em cinco anos).
4% de três milhões de hectares são cerca de 120 mil hectares em que deveriam ser tratados combustíveis todos os anos.
As mais de duzentas equipas de sapadores florestais existentes tratam, na melhor das hipóteses, cerca de 20 mil hectares de combustíveis (a maior parte, pagos pelos interessados às organizações que gerem estas equipas, que em grande parte são pagas pelo Estado, portanto em grande medida isto é simplesmente uma forma encapotada de financiar autarquias e organizações de produtores, muitas delas de representatividade mais de duvidosa).
O actual governo promete uma reforma da floresta, contratando mais vinte equipas de sapadores, isto é, passaremos, na melhor das hipóteses, de um défice anual de 100 mil hectares de tratamento de combustíveis, para um défice de 98 mil hectares.
Se alguém tiver acesso fácil a quem decide no governo, talvez fosse útil fazer-lhe chegar a informação de que reformar a floresta não é pegar num sistema que não funciona e reforçá-lo em 10%.
Reformar seria acabar com a ideia de que o Estado é que vai conseguir gerir matos onde os proprietários não o fazem (por falta de viabilidade económica), passando a pagar os serviços de ecossistema a fileiras económicas como a da resina, a do pastoreio ou mesmo a da biodiversidade (declaração de interesses: esta é a minha área de actividade), como por exemplo, o serviço de gestão de combustíveis que fazem.
É que uma equipa de sapadores com cinco homens e equipamento pago pelos contribuintes gere em média 40 hectares de matos, mas um pastor sozinho, os seus cães e 150 cabras, gerem 100 hectares e ainda produzem bens transaccionáveis a partir de fontes renováveis de recursos: sai mais barato, cria mais emprego, é mais interessante socialmente e ainda tem melhor desempenho ambiental, para lá de um uso mais eficiente dos recursos dos contribuintes.

O silêncio dos inocentes

por João Távora, em 26.03.17

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O meu amigo Filipe Nunes Vicente por vezes não resiste à sua costela jacobina e agora vem (uma vez mais) reclamar do silêncio da Igreja a propósito da violência doméstica e para tanto propõe-nos uma pesquisa no Google à qual eu me atrevo a sugerir outra: “Patriarcado do Lisboa + Violência Doméstica”. Aí encontrará o Filipe diversas referências ao tema com proveniência de diferentes sectores da hierarquia da Igreja - claro está que, se o Estado decidisse legalizar a violência doméstica, de outro modo tocariam as trombetas. Nesse jogo de retórica o Filipe demonstra algo que já sabíamos: que não frequenta e mal conhece a Igreja dos dias de hoje, lugar em que diariamente se acolhem e socorrem os casos mais dramáticos de pessoas em busca de caminho, de redenção, quantas vezes nossos vizinhos envergonhados. Esses casos tanto podem ser de  agredidos ou agressores: essa é a radicalidade do acolhimento de Jesus Cristo. Ora acontece que é na Igreja, não isenta de erros e limitações na sua actuação capilar e profundamente orgânica, que diariamente se apela à evangelização e à consequente partilha da mensagem de Jesus Cristo de Misericórdia, de Amor e de Perdão aos homens e mulheres de boa vontade. Pusessem em prática as comunidades cristãs os ensinamentos de Cristo e não se encontraria aí exemplos de violência doméstica. Como disse o papa Francisco certo dia, “a Igreja não é um hotel de santos, é antes um hospital de pecadores”. Mas acontece que, se há algum local na sociedade civil em que se empreende um trabalho profundo de prevenção à violência doméstica é entre os cristãos. É na Igreja que se realizam os CPM (Clubes de Preparação para o Matrimónio) cada vez mais exigentes, e é também na Igreja onde os casais encontram à sua disposição movimentos de leigos que têm em especial atenção a vida do casal na coerência com a mensagem de Cristo, nomeadamente as Equipas de Nossa Senhora de que faço parte, movimento mundial fundado pelo Padre Henri Caffarel nos anos 40 para uma catequese e caminhada na fé em casal. Por todas estas razões, por causa da intervenção eminentemente orgânica que a igreja promove na vida dos seus fiéis e nas suas comunidades, o comentário do Filipe me parece profundamente injusto. De resto, tenho algumas reservas quanto à exacerbação do conceito de “violência doméstica” em contraste com a “simples” violência física ou psicológica que uma mente perturbada é capaz de praticar contra o seu próximo, seja por motivos passionais ou crendices intelectualizadas. A crueldade humana mascara-se de várias formas - tem de ser veementemente punida e denunciada. Curioso como um crime como o perpetrado em Barcelos produz quase as mesmas consequências práticas que o acto de terrorismo de Londres. Em comum, para além da utilização da faca como arma, têm o facto de ambos provirem de mentes profundamente perturbadas e nos atirarem à cara o potencial malévolo que reside coração do Homem, de qualquer raça ou credo. Isto sim é para mim profundamente inquietante.

Domingo

por João Távora, em 26.03.17

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São João


Naquele tempo, Jesus encontrou no seu caminho um cego de nascença. Os discípulos perguntaram-Lhe: «Mestre, quem é que pecou para ele nascer cego? Ele ou os seus pais?». Jesus respondeu-lhes: «Isso não tem nada que ver com os pecados dele ou dos pais; mas aconteceu assim para se manifestarem nele as obras de Deus. É preciso trabalhar, enquanto é dia, nas obras d’Aquele que Me enviou. Vai chegar a noite, em que ninguém pode trabalhar. Enquanto Eu estou no mundo, sou a luz do mundo». Dito isto, cuspiu em terra, fez com a saliva um pouco de lodo e ungiu os olhos do cego. Depois disse-lhe: «Vai lavar-te à piscina de Siloé»; Siloé quer dizer «Enviado». Ele foi, lavou-se e ficou a ver. Entretanto, perguntavam os vizinhos e os que antes o viam a mendigar: «Não é este o que costumava estar sentado a pedir esmola?». Uns diziam: «É ele». Outros afirmavam: «Não é. É parecido com ele». Mas ele próprio dizia: «Sou eu». Perguntaram-lhe então: «Como foi que se abriram os teus olhos?». Ele respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez um pouco de lodo, ungiu-me os olhos e disse-me: ‘Vai lavar-te à piscina de Siloé’. Eu fui, lavei-me e comecei a ver». Perguntaram-lhe ainda: «Onde está Ele?». O homem respondeu: «Não sei». Levaram aos fariseus o que tinha sido cego. Era sábado esse dia em que Jesus fizera lodo e lhe tinha aberto os olhos. Por isso, os fariseus perguntaram ao homem como tinha recuperado a vista. Ele declarou-lhes: «Jesus pôs-me lodo nos olhos; depois fui lavar-me e agora vejo». Diziam alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, porque não guarda o sábado». Outros observavam: «Como pode um pecador fazer tais milagres?». E havia desacordo entre eles. Perguntaram então novamente ao cego: «Tu que dizes d’Aquele que te deu a vista?». O homem respondeu: «É um profeta». Os judeus não quiseram acreditar que ele tinha sido cego e começara a ver. Chamaram então os pais dele e perguntaram-lhes: «É este o vosso filho? É verdade que nasceu cego? Como é que ele agora vê?». Os pais responderam: «Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego; mas não sabemos como é que ele agora vê, nem sabemos quem lhe abriu os olhos. Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós». Foi por medo que eles deram esta resposta, porque os judeus tinham decidido expulsar da sinagoga quem reconhecesse que Jesus era o Messias. Por isso é que disseram: «Ele já tem idade para responder; perguntai-lho vós». Os judeus chamaram outra vez o que tinha sido cego e disseram-lhe: «Dá glória a Deus. Nós sabemos que esse homem é pecador». Ele respondeu: «Se é pecador, não sei. O que sei é que eu era cego e agora vejo». Perguntaram-lhe então: «Que te fez Ele? Como te abriu os olhos?». O homem replicou: «Já vos disse e não destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo novamente? Também quereis fazer-vos seus discípulos?». Então insultaram-no e disseram-lhe: «Tu é que és seu discípulo; nós somos discípulos de Moisés. Nós sabemos que Deus falou a Moisés; mas este, nem sabemos de onde é». O homem respondeu-lhes: «Isto é realmente estranho: não sabeis de onde Ele é, mas a verdade é que Ele me deu a vista. Ora, nós sabemos que Deus não escuta os pecadores, mas escuta aqueles que O adoram e fazem a sua vontade. Nunca se ouviu dizer que alguém tenha aberto os olhos a um cego de nascença. Se Ele não viesse de Deus, nada podia fazer». Replicaram-lhe então eles: «Tu nasceste inteiramente em pecado e pretendes ensinar-nos?». E expulsaram-no. Jesus soube que o tinham expulsado e, encontrando-o, disse-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?». Ele respondeu-Lhe: «Quem é, Senhor, para que eu acredite n'Ele?». Disse-lhe Jesus: «Já O viste: é quem está a falar contigo». O homem prostrou-se diante de Jesus e exclamou: «Eu creio, Senhor». Então Jesus disse: «Eu vim a este mundo para exercer um juízo: os que não vêem ficarão a ver; os que vêem ficarão cegos». Alguns fariseus que estavam com Ele, ouvindo isto, perguntaram-Lhe: «Nós também somos cegos?». Respondeu-lhes Jesus: «Se fôsseis cegos, não teríeis pecado. Mas como agora dizeis: ‘Nós vemos’, o vosso pecado permanece».


Palavra da salvação.

Resultado de imagem para cgdDe repente da esquerda à direita só oiço elogios à decisão de não privatizar nada da CGD (acabo de ouvir António Lobo Xavier a criticar a privatização parcial da Caixa). Não se me acaba o espanto!

Mas qual é a vantagem desta emissão de obrigações subordinadas a 10,75% de juros (53,75 milhões por ano só na primeira tranche, que passa para 100 milhões com a conclusão da segunda tranche em 2018)? Digam-me! A Caixa se pudesse não emitia estes títulos. Só para os pagar retira aos resultados quase 54 milhões de euros todos os anos. Como é que a CGD, que tem prejuízos há sucessivos exercícios, vai ter lucros no fim de 2018, que é obrigada a ter por compromisso com Bruxelas? Acordem!

Vejam bem que quando a CGD estiver a levantar a cabeça (no fim de 2018) tem de fazer outra emissão destas e eleva o custo para 100 milhões de euros por ano.

Ora se tivesse vendido a um privado parte do capital não era melhor? Tinha feito o mesmo aumento de capital de 2,5 mil milhões de euros sem que tal fosse considerado ajuda de Estado por Bruxelas e era muito mais barato, e ainda por cima havia um privado a pôr dinheiro em futuros aumentos de capital.

Esta solução é um desastre! Escrevam na pedra para não se esquecerem.

Ainda por cima, politicamente não é boa, porque o Estado pagará os 100 milhões sobretudo a estrangeiros. Ao passo que os CoCo´s (tão criticados pelos anti-Passos) custavam 80 milhões de euros por ano aos bancos mas entravam nos cofres do Estado português. 

Esta solução adoptada para que o aumento de capital da Caixa não fosse considerado ajuda de Estado (o que obrigava a remédios violentos) é o pior dos mundos. Porque não resolve o problema de capital no futuro e ainda custa uma pipa de massa.

Mais um prego no Caix(ão)

por José Mendonça da Cruz, em 23.03.17

A procura de obrigações da Caixa foi, diz a Sic num acesso de estupidez ou desinformação galáctico, «4 vezes superior à oferta».

Será por causa dos juros de 11%? (os depósitos a prazo dão quanto?)

E quem vai pagar «só» os juros, quem é? (na mesma altura em que PS, Bloco e PCP hão de bramir por «solidariedade» dos credores e gritar contra os compradores/emprestadores desta operação criminosa). 

O nível do debate público

por henrique pereira dos santos, em 23.03.17

""O Estado português dá um lucro superior ao do Estado alemão: 2,5 pontos percentuais do PIB", afirmou Mariana Mortágua, recordando que Portugal tem "o melhor saldo primário da Europa" e que isso se traduz numa sangria de recursos para alimentar a dívida."

A ser correcta esta citação (não ponho as mãos no fogo), isto significa que uma deputada, economista, considerada fora de série, exactamente pela sua competência técnica, pode ser, em Portugal, considerada tecnicamente fora de série apesar de dizer coisas destas (não é um lapso pontual, existem dezenas de citações com o mesmo nível de sofisticação intelectual).

Isto significa que o problema não está na qualidade dos deputados, que será sempre a que será, está sim na qualidade dos avaliadores de deputados, a opinião publicada.

Não admira por isso a qualidade do debate público em Portugal.

Adenda: esta verificação de factos do Observador é um excelente exemplo do nível e qualidade da opinião publicada. Depois de uma demonstração cabal de que uma coisa é falsa, a jornalista que faz a demonstração conclui que é verdadeira.

Oh London, London...

por João Távora, em 23.03.17

 

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Cavalo de Troia

por João Távora, em 23.03.17

Londres foi abalada por um mais um acto de terrorismo. A sociedade inglesa deveria envergonhar-se por gerar estes fenómenos, de gente desenraizada, coitada, temerosa do desemprego e ameaçada pela cultura dominante que segrega as culturas forasteiras. É o capitalista na sua ânsia do lucro e da riqueza que a montante gera a segregação das religiões minoritárias, a islamofobia, e o egoísmo dos povos contra os migrantes que procuram apenas um espaço para se instalarem com as suas culturas exóticas para depois serem explorados em empregos de baixos salários. Uma austeridade que promove a revolta nos bairros periféricos, que favorece os populismos e os extremismos de direita como Marine Le Pen e Geert Wilders que são uma ameaça à Europa democrática e multiculturalista. Que devia envergonhar-se por deixar crescer no seu seio fenómenos de segregação de culturas minoritárias e exóticas cujos membros, radicalizados pelas contingências, com a revolta se vêm obrigados a enveredarem pela violência, coitados.

Bem me queria parecer...

por João Távora, em 22.03.17

Alcool.jpg

 Os calvinistas não costumam mentir... 

 

Imagem daqui

O presidente do Eurogrupo, no Verão do ano passado, foi um defensor de que Portugal e Espanha deviam ser multados no âmbito do Procedimento por Défices Excessivos referente ao défice de 2015 (ultrapassado por causa da Resolução ao Banif no fim do ano). A Comissão Europeia na altura optou por suspender a multa aos dois países, mas contra a vontade do ministro holandês. 

"É dececionante que não haja seguimento da conclusão de que Espanha e Portugal não tomaram ações eficazes para consolidar os seus orçamentos", referia na altura, Jeroen Dijsselbloem, que deixou sempre claro que, "apesar de todos os esforços realizados, Espanha e Portugal ainda estão em perigo".

Como se sabe o mandato do presidente do Eurogrupo acaba em janeiro de 2018, e Luís Guindos (espanhol) está a tentar ser o sucessor. 

Isto porque Dijsselbloem (socialista) não vai ser reconduzido como ministro das Finanças no seu país, dada a derrota histórica do seu partido (PvdA) nas eleições da passada quarta-feira.

Ora para Portugal há nova ameaça de sanções desta vez por desequilíbrios macroeconómicos excessivos. 

Serve isto tudo para contextualizar a reação à entrevista do presidente do Eurogrupo que usou uma metáfora (que se pode apelidar de infeliz), mas que foi convertida pela imprensa numa acusação.

O que disse Dijsselbloem?

"Tornamo-nos previsíveis quando nos comportamos de forma consequente e o pacto no seio da zona euro baseia-se em confiança. Na crise do euro, os países do norte da zona euro mostraram-se solidários para com os países em crise. Como social-democrata, considero a solidariedade da maior importância. Porém, quem a exige também tem obrigações. Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em aguardente e mulheres e pedir-lhe de seguida a sua ajuda. Este princípio é válido a nível pessoal, local, nacional e até a nível europeu", respondeu Jeroen Dijsselbloem quando o jornalista do "Frankfurter Allgemeine Zeitung" (FAZ) o confrontava com o entendimento do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, relativamente ao rigor com que a Comissão Europeia e a UE em geral devem observar as regras em vigor.

(tradução do Expresso)

O mundo mudou as palavras do holandês e transformou a metáfora numa acusação aos países da Europa do Sul de que gastavam tudo em mulheres e alcool e depois iam pedir ajuda.

Esta interpretação motivou uma reação (exagerada e grotesca) do primeiro-ministro português que rapidamente insultou o ministro holandês (sem qualquer metáfora) dizendo: 

Dijsselbloem "tem uma visão xenófoba, racista e sexista" sobre parte da Europa e "numa Europa a sério, o senhor Dijsselbloem a esta hora já estava demitido".

Claro que a fúria de Costa não colheu (a sua maior frustração é não mandar nas instituições da Europa, mas não manda e como tal não correram com o Dijsselbloem).

Os espanhóis, mais interessados no lugar de Dijsselbloem foram mais "polite" e pedem apenas que se retrate publicamente do que disse.

Reparem em como é tratado o assunto num jornal espanol (El País):

El ministro español Luis de Guindos, que peleó por el puesto de jefe del Eurogrupo hace dos años y sigue con esa idea rondando su cabeza —pese a que en público se descarta—, ha vuelto a tachar de "desafortunadas" esas declaraciones y ha insistido en que Dijsselbloem debería arrepentirse. "Las declaraciones me parecen desafortunadas desde el punto de vista de la forma y del fondo" , ha expresado en los pasillos del Congreso.

Como vêem os insultos e pedidos de demissão agressivos só mesmo de Portugal e de Itália (que também está lá com um problemazito com os bancos).

... e o álcool

por José Mendonça da Cruz, em 22.03.17

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As mulheres...

por José Mendonça da Cruz, em 22.03.17

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Sócrates e os 6,83%

por henrique pereira dos santos, em 22.03.17

Um destes dias acusaram-me de querer atirar lama para cima do PS e de António Costa cavalgando o processo judicial a José Sócrates.

Vejamos então uma história muito antiga, muito antes de qualquer processo judicial, para se perceber bem quem espalha lama para cima de quem.

No início do primeiro mandato de Sócrates, o governo de então resolveu fazer uma coisa nunca vista: encarregou uma comissão, chefiada pelo governador de Portugal, de calcular o défice que se obteria no fim do ano se o governo anterior tivesse continuado a governar.

O Banco de Portugal prestou-se a essa farsa e chegou à conclusão de que o défice de 2005 seria 6,83%.

A partir desse momento o governo Sócrates passou a poder manter o défice anterior (pouco acima dos 6%) ao mesmo tempo que dizia que o tinha descido porque fazia sempre a comparação com um défice que nunca existiu, os tais 6,83%.

Nesta história estão muitas das características de Sócrates: uma noção muito clara e precisa do seu interesse político, uma imensa capacidade de usar a informação para obter vantagem política, mas também a total ausência de escrúpulo em usar os meios do Estado para montar uma fraude que lhe permitisse ganhar vantagem na comunicação e no combate político.

O que, naturalmente, só foi possível com uma imprensa que engoliu esta patranha sem a escrutinar e com uma entourage política (em que nessa altura pontificava Costa, o seu número 2) que não só aceitava esta forma fraudulenta de criar uma realidade paralela, como aceitava e aplaudia o uso ilegítimo dos recursos do Estado a favor de uma estratégia partidária (na melhor das hipóteses, hoje sabemos, mas na altura era possível que não se soubesse, que era uma mera estratégia de poder pessoal).

Não são as pessoas que denunciam o contexto partidário e social que permitiu a emergência e manutenção de Sócrates que lançam lama sobre o PS e sobre António Costa.

Foi Sócrates quem lançou lama sobre o PS e os seus dirigentes, e foi o PS, e os seus dirigentes que, com a conivência de uma imprensa domesticada, não se importaram de ser enlameados e, até hoje, ainda não tiveram oportunidade para ir tomar um banho regenerador.

A reforma das florestas

por henrique pereira dos santos, em 21.03.17

    

 

 

 

 

Uma Caixinha sem fundo

por José Mendonça da Cruz, em 21.03.17

Ficámos a saber esta semana que o PSD e o CDS também consideram que a Caixa Geral de Depósitos não deve guiar-se por critérios estritamente financeiros. 

Os contribuintes que são chamados a pagar «só» dois mil milhões de euros para tapar os roubos e assaltos da Caixa devem estar ainda mais felizes agora (os iletrados financeiros, esses, estão sempre) que até os partidos da direita e o Presidente lhes garantem que mais tarde ou mais cedo terão que pagar «só» uns milhões mais.

A nossa triste sina

por João Távora, em 20.03.17

(...) Na verdade Santana não seria um extraordinário primeiro-ministro mas não só foi substituído por outro bem pior como ao aceitar-se que Santana Lopes fosse corrido daquela forma se deixou implícito que a legitimidade dos primeiros-ministros em Portugal não resulta apenas dos votos.

Esta é a lição que Sampaio nos deu em 2004: em Portugal existe quem mande – a esquerda que para o efeito obedece ao PS – e depois temos os subalternos que não vale a pena dizer que são de direita porque na verdade eles vivem num não lugar que, por prudência, definem como “não ser de esquerda”. (...)

 

A Ler Helena Matos no Observador

 

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